domingo, 8 de setembro de 2019

Instituições se mobilizam contra "fake news" em 2020

Enquanto o Legislativo e o Judiciário anunciam ações para fazer frente ao fenômeno de propagação da desinformação, analistas avaliam caminhos que possam ir além de discursos

Foto: Agência Senado

Militares brasileiros acompanharão testes em caças suecos

MUNDO

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil.)
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil.
Brasília – Depois do primeiro voo do caça Gripen encomendado pelo governo brasileiro — no último dia 26 —, integrantes da alta cúpula militar vão à Suécia, nesta semana, acompanhar o início dos testes da aeronave na parte dos sistemas táticos e sensores. Na comitiva que viaja a Linköping, a 200 quilômetros de Estocolmo, estão o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Antônio Carlos Moretti Bermudez. A entrega do primeiro lote de aviões está prevista para 2021. Os testes são um passo efetivo de uma novela que se arrasta por quase duas décadas para renovação da frota de caças brasileiros. Iniciado ainda em 2001, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso começou o programa F-X, o processo de compra passou pelos governos Lula, Dilma e Temer até chegar à gestão Bolsonaro. A disputa de quase R$ 17 bilhões envolveu diretamente a norte-americana Boeing, a francesa Dassault e a sueca Saab, que acabou vitoriosa.
A expectativa é de que o financiamento brasileiro começará a ser pago quando os aviões efetivamente forem entregues, em 2021. No orçamento para o próximo ano não estão previstos recursos para compra de aeronaves, segundo levantamento da Associação Contas Abertas. A assessoria do comando da Aeronáutica não confirmou aspectos sobre a dotação orçamentária para o processo de compra, mas garantiu que o cronograma está mantido, detalhando aspectos como as etapas de certificação.

“O cronograma de entregas contratado pela Força Aérea Brasileira contempla o recebimento das aeronaves a partir de 2021 até 2026. Um total de 36 aeronaves serão inicialmente operadas por unidades aéreas a partir da Ala 2, em Anápolis (GO). Os pilotos brasileiros efetuarão o treinamento na Suécia a partir de 2020”, diz a nota da assessoria militar. Cerca de 350 profissionais brasileiros participam do programa de transferência de tecnologia na Suécia, que envolve 62 projetos de diversas disciplinas aeronáuticas.

Os representantes do país tentam, na Organização das Nações Unidas, regulamentar, em nível global, o desenvolvimento de armas inteligentes. Atualmente, a tecnologia não chegou ao patamar ameaçador como visto no filme O exterminador do futuro. Mas, neste momento, nações industrializadas e até mesmo países em desenvolvimento trabalham para criar armas com capacidade de tomar decisões.

A depender do controle sobre o desenvolvimento desse tipo de tecnologia, nos próximos anos ou décadas, robôs podem ter o poder sobre a vida e a morte. O assunto está causando um debate profundo entre as nações filiadas à ONU, tanto que foi criada, em Genebra, a Convenção sobre Certas Armas Convencionais. A expectativa da entidade é de que, entre 2030 e 2050, existam desde armas comuns automatizadas até robôs humanoides – com capacidade de raciocinar –, empregados em conflitos armados.

Brasil defende regulamento global sobre uso de armas autônomas

POLÍTICA

Foto: Reprodução/CB. (Foto: Reprodução/CB.)
Foto: Reprodução/CB.
Em seus últimos anos de vida, o físico britânico Stephen Hawking se dedicou a alertar a humanidade sobre os perigos do desenvolvimento indiscriminado e sem limites da inteligência artificial. Para ele — uma das mentes mais brilhantes da história —, o caminho do avanço tecnológico poderia levar à destruição da civilização. Três anos após a morte dele, o governo brasileiro tem preocupações semelhantes, embora mais moderadas. Os representantes do país tentam, na Organização das Nações Unidas, regulamentar, em nível global, o desenvolvimento de armas inteligentes. Atualmente, a tecnologia não chegou ao patamar ameaçador como visto no filme O Exterminador do Futuro. Mas, neste momento, nações industrializadas e até mesmo países em desenvolvimento trabalham para criar armas com capacidade de tomar decisões.
A depender do controle sobre o desenvolvimento desse tipo de tecnologia, nos próximos anos ou décadas, seres robóticos podem ter o poder sobre a vida e a morte. O assunto está causando um debate profundo entre as nações filiadas à ONU, tanto que foi criada, em Genebra (SUI), a Convenção sobre Certas Armas Convencionais. A expectativa da entidade é de que, entre 2030 e 2050, existam desde armas comuns automatizadas até robôs humanoides — com capacidade de raciocinar —, empregados em conflitos armados. O tema é tão polêmico que, dentro da própria organização, já se formaram grupos de países com diferentes correntes de pensamento. O Brasil está numa ala intermediária, que pede a regulamentação sobre essa tecnologia, mas não é contra o uso da IA no desenvolvimento de armas autônomas, que podem funcionar parcial ou totalmente sem o auxílio humano.

Se por um lado essa tecnologia pode ajudar a evitar mortes de inocentes em guerras e até mesmo reduzir o sofrimento humano em conflitos bélicos, por outro, há o risco de serem usadas na dominação de uma nação sobre a outra. Até mesmo, tomar um rumo apocalíptico, se os humanos derem total liberdade e capacidade para que redes neurais artificiais decidam sobre o alvo de ataques sem a necessidade de consultar um operador humano. Caso essa novidade caia nas mãos de grupos terroristas, rebeldes ou religiosos radicais, o estrago pode ser imprevisível.

Na ONU, os países mais industrializados, com exceção do Japão, se manifestam contra a criação de um protocolo para regular o desenvolvimento dessa tecnologia. Organizações civis internacionais, como a Human Rights Watch e a Cruz Vermelha mobilizam uma força-tarefa para impedir o avanço dela. Juntas, entidades de diversas nações lançaram a campanha Stop Killer Robots (parem os robôs assassinos), com o objetivo de protestar contra o desenvolvimento de sistemas letais robóticos. Elas rejeitam a criação e a continuidade do uso de qualquer arma autônoma.

Protocolo
O Brasil defende uma série de regras sobre quais tecnologias podem ser criadas e a aplicação de direitos internacionais para normatizar o uso e o desenvolvimento da tecnologia. A nação tem liderado os debates e recebe apoio de países como Chile, Alemanha, Áustria, Austrália.

O diretor do Departamento de Defesa do Ministério das Relações Exteriores, Alessandro Candeas, afirma que, em âmbito nacional, estão em andamento estudos e avaliações para criar um modelo de protocolo a ser apresentado à ONU, com a proposta de que seja assinado pelo resto do mundo. “O Brasil está conversando com a academia, com universidades, institutos militares, Forças Armadas, ONGs do setor. Tudo isso para criar a posição do país que será levada para Genebra”, diz. “Vamos fazer uma convenção de juristas para discutir a necessidade de um protocolo que normatize a aplicação do direito internacional nesse tema.”

Candeas lembra que a humanidade vive numa corrida contra o tempo. Num cenário em que a tecnologia evolui rápido, os debates não podem travar, sob risco de que novas armas e sistemas sejam colocados em prática antes de regulados seus efeitos. Governos de diversos países e empresas privadas trabalham para avançar nesse campo. “Este é o momento, senão, nossos filhos viverão em um mundo mais perigoso”, ressalta.

Apesar da preocupação, Candeas afirma que o Brasil também tem interesse no setor. “Já existe, em menor escala, o desenvolvimento dessa tecnologia em empresas privadas por aqui. Mas o Brasil pretende ser um comprador e desenvolvedor. É um mercado que nos interessa. A própria Embraer, por exemplo, investe muito no que existe de ponta em tecnologia de defesa.”

O assunto está sendo levado tão a sério pelo governo brasileiro que o Executivo criou uma força-tarefa para tratar do tema. O grupo envolve Itamaraty, Ministério da Defesa, Forças Armadas, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ministério da Ciência e Tecnologia e Secretaria de Assuntos Estratégicos. Atualmente, a ONU tem quatro protocolos que regulamentam o uso de armas e sistemas de defesa. O último deles cita o laser, que tem a capacidade de ser usado, por exemplo, para ofuscar a visão de pilotos em combate. (LC e RS).


Senado terá semana de negociações para votar reforma da Previdência

REFORMA
O presidente da Casa, Davi Alcolumbre, espera firmar os acordos com as lideranças partidárias e de bancadas para acelerar os prazos. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O presidente da Casa, Davi Alcolumbre, espera firmar os acordos com as lideranças partidárias e de bancadas para acelerar os prazos. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Depois de mais de dois anos de articulações, a reforma da Previdência foi analisada e aprovada pelo plenário da Câmara dos Deputados e ganha fôlego no Senado, onde, com um número menor de parlamentares (81 contra 513 na Câmara), a expectativa é de um trâmite mais rápido.
O texto aprovado pelos deputados passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e uma votação, na próxima semana, tem o apoio do presidente da Casa, Davi Alcolumbre. Ele espera firmar os acordos necessários com as lideranças partidárias e de bancadas para acelerar os prazos.

Pelo regimento, o texto precisa passar por cinco sessões de discussão no plenário antes de ser votada em primeiro turno. Mas um acordo entre líderes da base, do centro e da oposição poderia reduzir esse prazo. “Estamos em processo de diálogo. Eu falei, desde a primeira vez que me perguntaram, que eu ia tentar construir um acordo, falar com os líderes. Então estou tentando convencê-los a votar na semana que vem”, disse Alcolumbre na última quinta-feira (5).

O acordo de líderes a ser tentado por Alcolumbre precisa ter a anuência também da oposição. E, segundo o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (REDE-AP), o acordo para abreviar a votação não será fechado. “Não aceitamos atalhos em um tema tão sensível aos direitos do povo, em retirar direitos do povo. Não tem acordo com os líderes da oposição para abreviar ritos de procedimentos. Para nós, a proposta de emenda constitucional vai ser votada no tempo que tiver que ser votada, cumprindo todos os prazos regimentais”, disse Randolfe.

Caso o acordo não seja possível, o prazo de cinco sessões de discussão antes da votação deverá ser cumprido. Em todo caso, a votação em segundo turno está marcada para 10 de outubro. O presidente do Senado está otimista quanto à aprovação no próximo mês. “Nosso prazo é ainda o que estabelecemos no acordo, que é de votar em 10 de outubro a PEC número 6 e marcarmos uma sessão para promulgarmos”, disse Alcolumbre.

Para esta terça-feira (10), está marcada uma sessão temática para discutir a Previdência. A sessão será realizada no plenário da Casa do Senado e está prevista a participação secretário especial de Previdência, Rogério Marinho, e do ex-ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini.

PEC Paralela

Durante votação do relatório da reforma, produzido por Tasso Jereissati (PSDB-CE), foram votadas oito sugestões de emendas, apenas uma foi aprovada. A emenda de autoria do senador Eduardo Braga (MDB-AM) estipula que pensionistas não podem receber valor inferior a um salário-mínimo.

As demais emendas foram rejeitadas. Elas previam queda de receita para a União, conforme argumentou o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). No intuito de atender demandas consideradas meritórias, Jereissati propôs a criação de uma nova proposta de emenda à Constituição, uma espécie de emenda paralela, que traz pontos não incluídos na PEC original. A ideia é, principalmente, não fazer mudanças que obrigassem a proposta original a voltar para a Câmara.

O carro-chefe da PEC paralela é a possibilidade de incluir servidores estaduais e municipais na reforma da previdência. Mas ela também traz outras questões, como o fim das renúncias fiscais para entidades filantrópicas e regras mais brandas de aposentadoria para policiais, bombeiros, agentes prisionais, guardas municipais e outras carreiras ligadas à segurança pública.

Rito

A PEC paralela já existe formalmente e tem número 133/2019, mas precisa ser lida em plenário por Alcolumbre. Em seguida, ela retorna à CCJ, onde foi criada, e ganhará um relator. Jereissati, por estar inteirado de seu teor, fará a relatoria. A partir daí, ele poderá convocar audiências públicas, além de conversar com setores da sociedade.

O senador tucano adiantou que aguardará uma semana pelas sugestões de emendas e também para ouvir e debater com a sociedade em audiências públicas. Em seguida, apresentará seu relatório à presidente da comissão, Simone Tebet (MDB-MS). Após a leitura do parecer, é concedida vista coletiva de, ao menos, por cinco dias úteis. Em seguida, o relatório é votado na comissão.

Independentemente do relatório ser aprovado ou não na CCJ, ele irá para votação no plenário. Nesse caso, o veredito da comissão é apenas um balizador para o plenário. No plenário, a PEC precisa ser aprovada em dois turnos por 3/5 do total de senadores.

A proposta precisa de, pelo menos, 49 votos. Aprovada em dois turnos, ela segue para a Câmara dos Deputados. Lá, também passará pela CCJ da casa – e, nesse caso, a aprovação do relatório é necessária para assegurar o prosseguimento da proposta – e por uma comissão especial antes de ir para votação em plenário.


Aeronáutica vai ouvir sargento preso com cocaína na Espanha

POLÍTICA
O sargento Silva Rodrigues está preso há mais de dois meses. Foto: Reprodução/Facebook
O sargento Silva Rodrigues está preso há mais de dois meses. Foto: Reprodução/Facebook
Preso há mais de dois meses quando tentava desembarcar do avião reserva da comitiva presidencial em Sevilha, portando 39 quilos de cocaína, o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues deve ser ouvido nesta semana pela Força Aérea Brasileira. O coronel Lincoln Ramos Hungria, encarregado do Inquérito Policial Militar (IPM) aberto pela Aeronáutica para investigar o caso, chega à Espanha nesta semana para tomar o depoimento do sargento. O inquérito, que pede o indiciamento de Silva Rodrigues por tráfico de drogas, já foi encerrado e está nas mãos no Ministério Público Militar, desde o mês passado, mas ainda assim o sargento será ouvido.

Mesmo depois de inúmeros pedidos do Brasil, enquanto o IPM estava aberto, somente agora o governo espanhol autorizou que os militares brasileiros seguissem para Sevilha. As informações que chegaram à FAB, no entanto, dão conta que o sargento não vai querer se pronunciar e permanecerá calado durante a visita dos militares brasileiros. Ele está em prisão provisória em Sevilha, sem direito a fiança. Apesar de o IPM ter sido finalizado, pedindo que o sargento seja condenado por tráfico de drogas, o que lhe custará a expulsão da FAB e pelo menos 15 anos de prisão, dois outros processos estão em curso. Um no Brasil, comandado pela Polícia Federal, e outro na Espanha.

Na Espanha, a Justiça apura quem seria o receptor da droga. A droga não estava apenas na bagagem despachado do sargento, mas também em sua maleta de mão e em um porta-terno. De acordo com as investigações realizadas pela Aeronáutica, o sargento teria agido sozinho. Sua mulher, no entanto, tinha conhecimento dos ilícitos praticados por ele.As ações de busca e apreensão realizadas na casa do casal revelaram que ele possuía uma coleção de relógios, um celular avaliado em R$ 7 mil e eletrodomésticos caros que pareciam recém-adquiridos.

A Policia Federal, por sua vez, descobriu que a moto usada pelo militar, foi comprada em maio, por R$ 32 mil, e a compra foi paga em dinheiro vivo. O Estado apurou que as últimas investigações apontam ainda que o sargento guardava uma quantia em dinheiro, cerca de R$ 40 mil, encontrada por sua mulher, mas retirada do apartamento onde mora dias antes da chegada da Justiça Militar à casa. O salário mensal do sargento é de cerca de R$ 7,2 mil.Pelo menos 40 militares foram ouvidos no IPM, para checar quais foram os passos do militar no dia do embarque e se outras pessoas poderiam tê-lo apoiado na operação.

Segundo apurou o Estado, na noite anterior ao embarque, o sargento Silva Rodrigues esteve na Base Aérea de Brasília, de onde partiria o avião da FAB para Sevilha, e deixou seu carro. No dia seguinte, data do seu embarque, o sargento chegou ao local do embarque com três horas de antecedência, antes dos demais passageiros e tripulantes, e colocou sua bagagem no porão, sem passá-la por detector de metais ou qualquer tipo de vigilância ou registro.

A checagem de bagagens e dos passageiros em aviões do Grupo de Transportes Especiais (GTE), órgão ao qual o sargento estava ligado, é aleatória e, neste dia, não foi realizada. A seus colegas, o sargento disse que viajava apenas com bagagem de mão. O IPM apontou também que o militar sabia onde ficavam as câmeras da base. No armário dele, foram encontradas plantas com informações sobre a distribuição dos equipamentos.

Ao ser preso em Sevilha com a droga, o sargento declarou à Justiça espanhola que não sabia que sua bagagem continha cocaína. Silva Rodrigues fez pelo menos 30 viagens nacionais e internacionais em aviões da Força Aérea nos últimos cinco anos. Em algumas delas, ele integrava a equipe de servia, ou diretamente ou em apoio, os últimos três ex-presidentes Michel Temer, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

O sargento não estava no avião que atenderia ao presidente Jair Bolsonaro, mas no avião reserva. Usava, então, avião sob responsabilidade da Força Aérea e não da Presidência da República. Após este episódio, a Aeronáutica reformulou todos os procedimentos de vigilância nos embarques de bagagens e passageiros em suas aeronaves.

Talibãs ameaçam EUA após interrupção do diálogo no Afeganistão

MUNDO
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President Donald Trump. | Alex Brandon/AP Photo

Os talibãs ameaçaram os Estados Unidos, neste domingo (8), embora tenham deixado a porta aberta para futuras negociações, depois que o presidente Donald Trump suspendeu, abruptamente, as conversas em curso.

O objetivo destas negociações que se arrastam há mais de um ano é pôr fim à mais longa guerra em que os Estados Unidos já se envolveram.

Por causa desta suspensão - advertiram os talibãs -, os Estados Unidos "vão sofrer mais do que ninguém, toda sua credibilidade se verá minada. As perdas humanas e financeiras aumentarão".

"Ainda (...) acreditamos que o lado americano voltará a esta posição (...) Nossa luta durante os últimos 18 anos tinha de ter mostrado aos americanos que não ficaremos satisfeitos até vermos o fim completo da ocupação", tuitou o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid.

"Pedimos uma compreensão mútua há 20 anos. Seguimos nesta posição e acreditamos que a parte americana deve voltar à mesma", completou o porta-voz.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, reagiu, afirmando em vários programas de televisão americanos neste domingo que os EUA estão dispostos a reabrir as negociações, se os talibãs mudarem de atitude e respeitarem seus acordos.

"Espero que os talibãs mudem seu comportamento e voltem a se comprometer com as coisas de que estamos falando. No final, isso se resolverá com uma série de conversas", declarou Pompeo ao programa de televisão da rede ABC "This Week".

Pompeo disse também que o presidente Donald Trump "ainda não decidiu", se levará adiante a decisão de retirar os milhares de soldados americanos estacionados no Afeganistão, conforme previsto no projeto de acordo em discussão com os talibãs.

Ao ser questionado pela emissora ABC sobre as negociações depois do anúncio de Trump, o chefe da diplomacia americana confirmou que o enviado de Washington, Zalmay Khalilzad, "voltará para casa por enquanto".

"Precisamos de um compromisso significativo" dos talibãs para retomar as conversas, insistiu Pompeo, em entrevista à rede CNN.

O secretário de Estado advertiu, porém, que haverá uma maior pressão militar, se os ataques continuarem.

"Se os talibãs não se comportarem, se não cumprirem os compromissos que nos fizeram durante semanas e, em alguns casos, meses, o presidente dos Estados Unidos não vai reduzir a pressão", garantiu.

"Não vamos reduzir nosso apoio às forças de segurança afegãs, que lutaram tanto", completou.

No anúncio do cancelamento, feito ontem (7), Trump alegou que os talibãs mataram um militar americano com um carro-bomba em Cabul, na última quinta-feira.

Os talibãs "admitiram um ataque em Cabul que matou um dos nossos grandes soldados e outras 11 pessoas", tuitou Trump, decidindo pelo "cancelamento imediato" de uma "reunião secreta" com líderes dos talibãs em Camp David, assim como pela suspensão das negociações para retirar as tropas americanas do Afeganistão.

Trump lamentou que, "para tentar conseguir um falsa vantagem" nas negociações, o Talibã tenha realizado um atentado na quinta-feira.

Foi o segundo ataque dos rebeldes em poucos dias na capital afegã, apesar do "acordo de princípio" que o negociador americano, Zalmay Khalilzad, afirmou ter fechado com os talibãs durante negociações em Doha. O texto havia apresentado ao presidente afegão, Ashraf Ghani, no começo da semana.

"Que tipo de pessoas matam tanta gente para conseguir uma aparente vantagem nas negociações? Fracassaram. Só conseguiram piorar as coisas!", tuitou Trump ontem.

"Se são incapazes de aceitar um cessar-fogo durante estas negociações de paz tão importantes, e estão, inclusive, dispostos a matar 12 inocentes, é porque, provavelmente, não têm capacidade de negociar um acordo significativo. Por quantas décadas querem continuar combatendo?", insistiu o presidente.

Washington estava prestes a fechar um acordo para permitir o início da retirada progressiva dos cerca de 13 mil soldados americanos mobilizados no Afeganistão em troca de garantias, por parte dos talibãs, de uma redução da violência e do lançamento de negociações de paz diretas com o governo de Cabul. Esta condição era rejeitada pelos rebeldes até o momento.


FONTE: AFP

Paraense cruzou o mundo, comeu morcego e esperou 37 anos por 1ª convocação

ESPORTES
Crédito: Acervo pessoal

Alberto Gonçalves da Costa nasceu no Pará. Jogou no Remo, na Tuna Luso e no Bragantino. Atravessou o planeta em busca de melhores oportunidades profissionais. Comeu carne de morcego e de cachorro. Teve de viajar um dia direito para disputar uma partida de futebol. E precisou esperar longos 37 anos para realizar o sonho de infância: defender uma seleção. 

Convocado desde outubro de 2018 pela Indonésia, o centroavante é hoje a principal referência ofensiva da equipe que disputa as eliminatórias asiáticas da Copa do Mundo-2022 e marcou dez vezes nas primeiras nove partidas que disputou pelo país. 
Mesmo assim, enfrenta preconceito diário… não por ser um jogador naturalizado que está tirando espaço de um atleta local na seleção, mas sim por ter 38 anos, idade em que boa parte dos atletas já estão aposentados."Direto pego jogadores falando em campo que não podem perder para um velho como eu. Minha primeira convocação foi bastante polêmica. Muita gente criticou. 

Mas eu me cuido bastante e corro mais que muitos novinhos", afirma Beto Gonçalves, como é conhecido.Mas a história de como um paraense de Belém se tornou o maior astro da seleção de um país cujo território está a 17 mil quilômetros de distância de sua cidade-natal é bem mais completa e recheada de episódios incomuns.Beto chamou a atenção de um empresário com conexões no futebol asiático quando ajudou o Remo a conquistar a Série C do Campeonato Brasileiro, lá em 2005."

O que eu sabia da Indonésia na época era o tsunami, que havia acontecido no ano anterior [e matado cerca de 230 mil pessoas]. 

Mas, no fim de 2006, fiquei sem clube e resolvi arriscar. Eu não tinha outra opção. Fui para ficar só um ano, mas estou até hoje", relembra.Nesses quase 13 anos, o atacante já defendeu oito clubes diferentes. 

Casado com uma indonésia, Beto rapidamente se inseriu na cultura local e viveu experiências que causam espanto aos olhos ocidentais."Já comi carne de cachorro, mas fui enganado, porque meus amigos não disseram do que era e ela estava bem temperada. Outra vez, em uma ilha mais afastada, saímos para pescar de barco e encontramos uma árvore imensa. Meus companheiros pegaram uma cartucheira e derrubaram uns cinco morcegos. Assamos e comemos os bichos."
As viagens para os jogos do Campeonato Indonésio são outro tipo de aventura que Beto costuma viver. Como o país é um arquipélago espalhado pelos Oceanos Índico e Pacífico, a comunicação entre as ilhas está longe de ser das melhores."Pessoal acha que é mentira, mas já fiquei 26 horas viajando para disputar uma partida. 
Fomos de avião, mas ele parava de ilha em ilha para embarque e desembarque de passageiros", relembra.A chance na seleção da Indonésia até poderia ter vindo mais cedo. Mas, quando estava completando os cinco anos de residência no país para obter a naturalização, Beto machucou o Tendão de Aquiles e precisou voltar ao Brasil. A nova oportunidade chegou bem mais tarde, só no ano passado, quando o atacante já era veterano e havia desistido de ser convocado.

"O Sriwijaya [clube que defendeu de 2016 a 2018] queria montar um time forte e pediu para que eu me naturalizasse para abrir uma nova vaga de estrangeiro. Aceitei porque percebi que era uma possibilidade de prolongar a carreira. Mas aí a seleção precisou de um centroavante e acabei tendo a minha chance", completa o paraense de 38 anos.

Fonte: Blogosfera

Copa do Mundo: Seleção feminina de vôlei inicia preparação em Tóquio

ESPORTES

A estreia na competição ocorrerá no próximo sábado, às 5h, contra a Sérvia, atual campeã mundial

Divulgação/CBV
ASeleção Brasileira feminina de vôlei realizou, neste domingo (08/09/2019), em Tóquio, o seu primeiro treino na capital japonesa visando a sua participação na Copa do Mundo. A estreia na competição ocorrerá no próximo sábado, às 5h, contra a Sérvia, atual campeã mundial, na cidade japonesa de Hamamatsu.
Bicampeão olímpico no vôlei feminino, o Brasil nunca conseguiu conquistar o título deste torneio, no qual ficou com a medalha de prata em três ocasiões, em 1995, 2003 e 2007. Para esta edição do evento, o técnico José Roberto Guimarães convocou as levantadoras Macris e Roberta, as opostas Sheilla e Lorenne, as ponteiras Gabi, Drussyla, Amanda e Gabi Cândido, as centrais Bia, Mara, Carol e Fabiana e as líberos Léia e Camila Brait.
Este primeiro treino em Tóquio após a desgastante viagem até o Japão foi comentado pelo preparador físico da seleção, José Elias Proença. “No primeiro momento do treinamento cuidamos do alinhamento do corpo, devolvendo o movimento das articulações para as jogadoras trabalharem em função da bola. Depois fomos para academia e fizemos ações visando um maior cuidado dos grandes grupos musculares para devolver as funções corporais buscando a evolução nos próximos dias”, explicou, por meio de declarações reproduzidas pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
Lorenne, por sua vez, lembrou das dificuldades iniciais impostas pela grande diferença de fuso horário de Tóquio em relação ao Brasil, que é de 12 horas. “Foi importante chegarmos uma semana antes para nos adaptarmos ao fuso horário do Japão. Hoje já começamos o nosso período de aclimatação e fizemos tanto atividades na quadra como na academia. Temos tudo para fazer uma boa Copa do Mundo”, afirmou a jogadora.
Após encarar a Sérvia na estreia na Copa do Mundo, a seleção brasileira terá pela frente a Argentina no domingo, também às 5h (de Brasília), e no complemento de sua campanha medirá forças com Holanda, Quênia e Estados Unidos em seus outros desafios em Hamamatsu. Na sequência da competição, o time nacional terá pela frente China, República Dominicana e Japão em Sapporo, antes de finalmente fechar a sua participação no torneio em partidas contra Camarões, Coreia do Sul e Rússia, em Osaka. A última delas, diante das russas, será no próximo dia 29.
Pelo regulamento, as 12 seleções que integram a competição se enfrentam em turno único e a que somar o maior número de pontos se sagrará campeã.

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

Analfabetismo resiste no Brasil e no mundo do século 21

EDUCAÇÃO

FOTO: REPRODUÇÃO
Este domingo (8) marca a passagem do Dia Internacional da Alfabetização, data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), no século passado (em 1966), para incentivar o pleno letramento da população internacional. Apesar da melhoria do acesso às escolas, nos últimos 53 anos em diversos países, ainda existem em todo planeta 750 milhões de jovens e adultos que não sabem ler nem escrever.
Se todas essas pessoas morassem em um único país, a população só seria inferior a da China e da Índia, que têm cada uma mais de 1 bilhão de habitantes. A nação hipotética do analfabetismo tem mais do que o dobro de toda a população dos Estados Unidos. Nesse contingente, duas de cada três pessoas que não sabem ler são mulheres.
Ainda segundo a Unesco, o problema do analfabetismo perdurará por muito tempo. No ano passado, 260 milhões de crianças e adolescentes não estavam matriculados nas escolas.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, havia 11,3 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais de idade. Se todos residissem na mesma cidade, este lugar só seria menos populoso que São Paulo – a capital paulista tem população estimada de 12,2 milhões.
A taxa do chamado “analfabetismo absoluto” no Brasil é de 6,8%. Como ocorre com os dados internacionais, o analfabetismo não atinge a todos da mesma forma. “Na análise por cor ou raça, em 2018, 3,9% das pessoas de 15 anos ou mais - de cor branca - eram analfabetas, percentual que se eleva para 9,1% entre pessoas de cor preta ou parda. No grupo etário 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo das pessoas de cor branca alcança 10,3% e, entre as pessoas pretas ou pardas, amplia-se para 27,5%”, descreve nota do IBGE.

Netos e avós

Segundo os pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil, o volume de analfabetos é bastante alto e não diminui por falta de investimentos na Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Para um gestor público, prefeito, governador, interessa muito mais investir em educação básica, não na Educação de Jovens e Adultos, porque é uma parcela muito pequena”, critica Maria do Rosário Longo Mortatti, professora titular da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e também presidente emérita da Associação Brasileira de Alfabetização. Segundo ela, o investimento no EJA é “secundarizado”.
Por trás desse comportamento, há antigo raciocínio entre gestores públicos de que a “dinâmica demográfica”, com a renovação das gerações, extinguiria o analfabetismo absoluto no passar dos anos, conforme lembra Maria Clara Di Pierro, professora de Educação da Universidade de São Paulo (USP), especializada em políticas públicas de jovens e adultos.
“Esse raciocino não é novo. O ex-ministro [da educação] já falecido Paulo Renato usava muito esse argumento, dizendo ‘vamos concentrar os nossos esforços nas novas gerações. A sucessão geracional se encarregará de eliminar o analfabetismo’. Alguns pesquisadores e jornalistas compartilham essa visão, mas ela é duplamente equivocada”, aponta.
“De um lado, porque a gente continua produzindo analfabetismo, não se trata apenas de um resíduo do passado e os idosos estão vivendo mais. De outro lado, nós temos o analfabetismo funcional mediado pelo sistema educativo. Então, essa esperança ‘vamos deixar os velhinhos morrerem para acabar com o problema’ é uma ilusão, e não faz frente ao que temos de enfrentar”, complementa Di Pierro.
A mesma visão tem a professora Francisca Izabel Pereira Maciel, diretora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela ressalta que o poder público “não pode descuidar do analfabetismo absoluto” e que “é direito das pessoas aprender a ler e escrever”.
Ainda que o analfabetismo absoluto atinja predominantemente os mais idosos, a professora Francisca Izabel salienta que em muitas famílias são os avós que cuidam dos netos enquanto os pais trabalham. A falta de escolaridade entre os mais velhos dificulta o acompanhamento escolar e pode desestimular o interesse pelos estudos entre os mais novos.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL/Por Gilberto Costa – Repórter da Agência Brasil 

Onda de calor deixa 1.500 mortos na França

MUNDO
Cerca de metade das vítimas tinha mais de 75 anos, segundo ministra da saúde
Turistas entram em fonte em frente a Torre Eiffel, em 7 de agosto de 2018, em Paris. - DANIELA SOUZA / FOLHAPRESS
A onda de calor intensa que atingiu a França —com temperaturas que chegaram a 46º graus, recorde no país —em junho e julho deste ano, causou a morte de aproximadamente 1.500 pessoas. Entre elas, cerca de metade tinha mais de 75 anos. Os dados mostram aumento de 9,1% em relação à média anual de óbitos durante o verão, declarou Agnès Buzyn, ministra da saúde, em entrevista à rádio France Info.
O total de mortes, no entanto, foi dez vezes menor em relação à última onda de calor que assolou o país, em 2003, que durou vinte dias e levou à morte de 19.490 pessoas, segundo dados do Inserm, instituto francês de pesquisa e saúde. 

"Destes 1.500 mortos, a metade tinha mais de 75 anos", explica Buzyn, mas "há também adultos, e até mais jovens, que foram impactados pelo calor".
A ministra também afirmou que, apesar das dificuldades, o país conseguiu diminuir o número de fatalidades, "graças à prevenção e às campanhas que a população absorveu". 

Ela aproveitou a entrevista para agradecer e exaltar a mobilização de profissionais da saúde.Segundo o jornal Le Monde, a publicação do relatório relativo às ondas de calor, em especial à mortalidade no período, demora cerca de um mês, tempo necessário para analisar os dados e verificar a relação entre o aumento de mortes e as temperaturas elevadas.

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Ricardo Salles diz que mundo teria de dar US$ 50 bi por ano para ajudar Amazônia

MEIO AMBIENTE

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles
Imagem: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse neste domingo em uma reportagem especial da rede de televisão britânica BBC que, se o mundo realmente tiver interesse em ajudar na manutenção da floresta, teria que enviar mais de US$ 50 bilhões por ano para o Brasil."Fizemos aqui um cálculo: se cada hectare da Amazônia receber US$ 100,00 por ano - estamos falando de mais de US$ 50 bilhões por ano - este é o volume de recursos que seria necessário para a gente realmente ter condições de dizer que a Amazônia está realmente sendo ajudada pela comunidade internacional", afirmou.

Esta foi a única fala do ministro, dada como porta-voz do governo para a longa reportagem de 23 minutos veiculada há pouco pela emissora estatal e que traz vários aspectos sobre a Amazônia. A floresta chamou atenção internacional depois do início das queimadas que vem sofrendo.O assunto virou ainda mais polêmico quando o presidente da França, Emmanuel Macron, levou o tema para o grupo dos sete países mais ricos do mundo (G7) e que seus líderes decidiram enviar recursos para o País para conter os incêndios - o Reino Unido também enviou uma quantidade extra. O montante foi inicialmente negado pelo presidente Jair Bolsonaro, alegando interferência na soberania nacional.

Após fazer uma apresentação sobre as espécies que correm risco de extinção e o desmatamento no local, a reportagem diz: "o Brasil agora está dizendo para a comunidade internacional: nos pague para manter a floresta".

A hipótese também foi veiculada nesta semana em um artigo escrito para a versão online do jornal britânico Financial Times pelo membro do Instituto Romeno para o Estudo da Ásia-Pacífico Andrea Leonte. 

Ele argumentou que salvar as florestas as torna mais valiosas para seus países do que liberar a exploração da terra pela agricultura ou mineração. Mas, para isso, precisam de alguma compensação.A reportagem da BBC exibida há pouco mostra comunidades indígenas, a posição de fazendeiros que produzem no local e a importância das exportações de carne para o Brasil. Também destaca avaliações sobre a destruição do local por um jornalista que atua como voluntário para proteger a floresta e dá longo espaço para uma cientista brasileira, da Universidade de Oxford, que estuda a Amazônia.Uma das falas mais impactantes é a de que, se o ser humano destruir a floresta não terá capacidade de reconstruir um ambiente como aquele novamente. A avaliação foi feita após o repórter da BBC mostrar que o tamanho equivalente de um campo de futebol é destruído por minuto na Amazônia.

ESTADÃO CONTEÚDO