sexta-feira, 31 de maio de 2019

Papa visita a Romênia para reforçar o diálogo com os ortodoxos

MUNDO
Última visita de um papa ao país foi há 20 anos; população é majoritariamente ortodoxa.
Papa Francisco e o presidente da Romênia, Klaus Iohannis, se encontram na cidade de Bucareste — Foto: Andreas Solaro/AFP
papa Francisco desembarcou nesta sexta-feira (31) na Romênia, onde permanecerá por três dias, para reiterar a vontade de diálogo com os ortodoxos, mas também para recordar a repressão soviética e demonstrar sua proximidade com o povo cigano.
Francisco foi recebido no aeroporto de Bucareste pelo presidente romeno, Klaus Iohannis, um pró-europeu de confissão luterana, que na quinta-feira (29) manifestou satisfação com o encontro "cristão ortodoxos, católicos romanos e greco-católicos" em seu país.
"Venho como peregrino e irmão", anunciou o pontífice argentino em um vídeo ao povo romeno divulgado na quinta-feira.

Última visita de um papa à Romênia foi há 20 anos

Esta é a 30º viagem ao exterior em seis anos de pontificado e acontece 20 anos depois da visita de João Paulo II, o primeiro papa a visitar um país de maioria ortodoxa.
Francisco percorrerá em três dias boa parte da Romênia, um país de 20 milhões de habitantes e composto por um mosaico de religiões e línguas, com 18 minorias oficialmente reconhecidas.
O pontífice "deseja visitar todas as regiões do país, que representam a riqueza étnica, cultural e religiosa da Romênia", afirmou o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti.
No sábado (1), o papa visitará o santuário mariano de Sumuleu Ciuc (centro do país), frequentado principalmente pela minoria húngara, assim como Iasi (nordeste), o maior centro de católicos latinos. No domingo seguirá para Blaj (centro), sede da igreja greco-católica.
"O desafio do papa é demonstrar à comunidade ortodoxa que a igreja de Roma não quer latinizá-la" explicou à AFP o bispo Pascal Gollnisch, diretor geral da Obra do Oriente.
"A unidade que se busca não é institucional, não pretende reunir todos os cristão sob a etiqueta de católicos, e sim que todos se reconheçam como cristãos", completou.

Vínculo da Igreja com a Romênia se rompeu depois da Segunda Guerra

Situada entre a Europa oriental e ocidental, a Romênia estabeleceu relações diplomáticas com a Santa Sé em 1920, mas os vínculos se romperam depois da Segunda Guerra Mundial, com a chegada dos comunistas ao poder.
Na atualidade, 85% dos romenos se declaram ortodoxos. Os católicos são 7%, cerca de 1,4 milhão de fiéis, inclusive os 200 mil que pertencem à igreja greco-católica ou uniata.
A partir de 1948, esta comunidade minoritária foi integrada à igreja ortodoxa e, oficialmente, desapareceu. Sacerdotes e fiéis foram presos, e alguns, executados. Parte deles, no entanto, conservou os rituais em sigilo até a queda do líder comunista Nicolae Ceausescu, em 1989, que governou o país com mão de ferro.
Para honrar a memória desses católicos, no domingo, o papa beatificará sete bispos uniatas que foram detidos e torturados por agentes do regime comunista em 1948, morrendo em isolamento.
Outro momento importante será a missa de sábado no santuário de Sumuleu Ciuc, na Transilvânia, onde são esperadas 200 mil pessoas. O ato é considerado um reconhecimento da identidade húngara desta região pelas autoridades locais .
O papa completará a viagem com uma visita à comunidade romani, o povo cigano.

FONTE: AFP

Filipinas devolvem toneladas de lixo ao Canadá

MUNDO
Países do sudoeste da Ásia aceitaram receber lixo do Ocidente, mas agora reveem essa política.

Navio que levará lixo das Filipinas para o Canadá chega a porto perto da capital de Manila — Foto: Noel Celis/AFP

O governo das Filipinas enviou de volta ao Canadá toneladas de lixo que recebeu há vários anos e que foram objeto de disputa bilateral.
Países do sudeste da Ásia têm afirmado que não pretendem servir como os depósitos de lixo do Ocidente.
Após uma longa campanha para que o Canadá aceitasse o lixo de volta, o presidente filipino, Rodrigo Duterte, decidiu na semana passada ordenar o envio imediato da carga.
No total, 69 contêineres viajam a bordo do cargueiro que partiu de Subic Bay, porto do noroeste da capital Manila, rumo ao Canadá.
Malásia também devolveu lixo de países ricos
A Malásia anunciou há alguns dias que vai devolver 450 toneladas de resíduos plásticos a vários países, incluindo Austrália, Bangladesh, Canadá, China, Japão, Arábia Saudita e Estados Unidos.
Durante muito tempo, China aceitou o resíduos plásticos de todo o planeta, mas no ano passado interrompeu o processo, alegando preocupações ambientais.
Vários países do sudeste da Ásia ocuparam o espaço deixado pela China, mas agora voltam atrás na decisão.

FONTE: AFP

EUA proíbem uso de sistema de comércio com Irã

MUNDO
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FOTO: REPRODUÇÃO O GLOBO
O governo americano disse que vai adotar sanções contra países que usarem o Instrumento de Apoio às Trocas Comerciais (Instex, nas siglas em inglês).
O mecanismo da União Europeia, criado em janeiro, permitiria transações bilaterais com o Irã contornando as sanções dos EUA, reimpostas com a saída unilateral de Washington do Plano Conjunto de Ação Integral (JCPOA), o acordo nuclear iraniano.
O mecanismo busca legitimar o comércio com o Irã em meio às sanções contra o Irã. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Contra antissemitismo, governo alemão convoca passeata de quipá

MUNDO
Comissário governamental de combate ao antissemitismo havia recomendado aos judeus que evitassem usar o acessório em público.
Após alertar judeus a não usarem o quipá em público, governo alemão volta atrás e convoca população a usar o chapéu — Foto: Frank Rumpenhorst / dpa / AFP


governo alemão convocou a população para sair às ruas no sábado (1) usando quipá, chapéu usado pelos judeus, na maior parte do tempo em ocasiões especiais. A ideia é um protesto contra o antissemitismo, que vem aumentando no país.
A iniciativa acontece após o comissário governamental de combate ao antissemitismo, Felix Klein, ter recomendado aos judeus que evitassem usar o acessório em público. A declaração foi feita em uma entrevista à imprensa, no último final de semana.
O conselho foi duramente criticado por representantes da comunidade judaica. O presidente de Israel, Reuven Rivlin, acusou a Alemanha de "capitular” diante do antissemitismo, ao sugerir que judeus evitem chamar a atenção, em vez de trabalhar para que eles transitem de forma livre e segura em lugares públicos no país.
Depois das reações, Klein voltou atrás e afirmou que sua intenção era "provocar o debate", sugerindo que os alemães saíssem às ruas em Berlim e outras cidades alemãs em solidariedade aos judeus.
O dia escolhido foi o Dia Mundial do Al-Quds, data instituída em 1979 pelo líder iraniano aiatolá Khomeini contra Israel e em solidariedade ao povo palestino. A data é marcada por passeatas e outras manifestações de caráter antissemita em algumas cidades do planeta, incluindo Berlim.
O governo alemão escolheu esse dia para marcar sua oposição ao crescimento do antissemitismo, associado, entre outras coisas, ao sucesso da extrema direita nas urnas. O maior exemplo disso é a ascensão do partido AfD (Alternativa para a Alemanha), legenda eurocética e com características xenófobas, que entrou no Parlamento alemão em 2017 e possui a maior bancada parlamentar de oposição.

Imigração muçulmana

Parte do antissemitismo crescente também é atribuída a migrantes muçulmanos que chegaram recentemente à Alemanha, vindos do norte da África ou de países como Afeganistão, Síria e Iraque.
Segundo dados do governo alemão, no ano passado, os casos de antissemitismo no país cresceram cerca de 20% em relação a 2017, enquanto o número de agressões físicas contra judeus cresceu de 37 em 2017 para 69 em 2018.
O ministro do Interior, Horst Seehofer, afirmou que cerca de 90% dos 1.800 incidentes registrados foram realizados por apoiadores de grupos de extrema direita. Entre os casos estão discursos de ódio, pichações antissemitas e exibição de símbolos proibidos pela legislação alemã, como a suástica nazista. A chanceler alemã, Angela Merkel disse que o governo alemão está comprometido a combater o antissemitismo de forma determinada.
Em meio à discussão, o tabloide Bild, jornal alemão de maior circulação, imprimiu em suas páginas um quipá para os leitores recortarem e usarem. Dois jornais de Berlim já haviam tomado a iniciativa em abril de 2018, dias depois de dois homens que usavam o acessório terem sido atacados na rua da capital alemã por um refugiado sírio de 19 anos. Na época, milhares de pessoas foram às ruas em Berlim usando a quipá como símbolo da luta contra o antissemitismo. Os jovens que foram atacados afirmaram que não eram judeus e estavam usando o quipá apenas para testar se é mesmo perigoso andar em Berlim.

'Derrubem os muros', diz Merkel em Harvard

MUNDO
Em discurso a formandos da universidade americana, chanceler alemã alfineta Trump ao criticar o protecionismo e o isolacionismo e defende perspectiva multilateral. 'Devemos ser honestos, não chamar mentiras de verdade'.
                           Angela Merkel, primeira-ministra alemã, discursa em Harvard — Foto: Allison Dinner / AFP
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, fez um discurso para os formandos da Universidade de Harvard na quinta-feira (30) nos Estados Unidos, onde aproveitou alfinetar o presidente americano, Donald Trump, sem mencionar diretamente seu nome.
Merkel, recebida com fortes aplausos ao ser anunciada como "uma das mais respeitadas e influentes líderes da era do pós-guerra", começou seu discurso em inglês, mas logo mudou para o alemão. Com a ajuda de um tradutor, ela mencionou vários temas em sua fala, começando por sua infância na antiga Alemanha Oriental, sob a sombra do muro de Berlim.
Os muros, aliás, foram tema recorrente em seu discurso, como ao fazer alusões aos "muros nas mentes das pessoas". "Derrubem os muros da ignorância e da intransigência, porque nada tem de ficar como está", disse Merkel, na 368ª cerimônia de formatura da instituição.
A chanceler falou sobre temas como as oportunidades e ameaças impostas pelas novas tecnologias e o combate às mudanças climáticas. Ela alertou os formandos de que nada deve ser sempre tomado como certo. "Qualquer coisa que pareça estar gravada em pedra e inalterável pode ser mudada. Todas as mudanças começam em nossa mente."

Merkel fez alusões às relações entre EUA e Alemanha no pós-Guerra

Ela reconheceu a responsabilidade histórica da Alemanha e exaltou a capacidade de se conceder o perdão. "As relações entre a Alemanha e os EUA demonstram como antigos inimigos podem virar amigos".
A chanceler destacou a importância das relações transatlânticas com base em valores compartilhados, e lembrou o famoso discurso do general George Marshall aos formandos de Harvard em 1947, quando ele revelou sua estratégia para ajudar a reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial, conhecida como o Plano Marshall.
Em outra referência velada às politicas de Trump, ela disse que "o protecionismo ameaça as fundações de nossa prosperidade". Ela defendeu uma perspectiva que seja "multilateral ao invés de unilateral, global ao invés de nacional, com um olhar para fora ao invés de isolacionista".
"Devemos trabalhar juntos ao invés de sozinhos. Devemos ser honestos para com os outros e com nós mesmos, o que significa não chamar as mentiras de verdade ou as verdades de mentiras", disse a chanceler, aplaudida de pé pelos presentes.

FONTE:Deutsche Welle

Crise em Israel ameaça plano de paz de Trump

MUNDO
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Matty Stern/U.S. Embassy Jerusalem
A crise política em Israel e a convocação de novas eleições para setembro afetou o plano de paz entre israelenses e palestinos que o presidente americano, Donald Trump, e seu genro Jared Kushner planejavam apresentar no mês que vem. Nesta semana, Kushner esteve na região para buscar apoio ao plano, que Trump chama de “acordo do século”.
Ontem, ao lado de seu braço direito, Jason Greenblatt, e do emissário americano para o Irã, Brian Hook, Kushner se encontrou com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém. Ele disse a Netanyahu que “não vai desistir do plano”. Netanyahu chamou de “inconveniente” a incapacidade de formar um governo e a convocação de eleições.
“Mesmo com um pequeno incidente na noite passada (quarta-feira), vamos continuar a trabalhar em conjunto. Tivemos uma reunião importante que fortalece a aliança entre EUA e Israel”, disse o premiê.
Apesar do discurso otimista, analistas acreditam ser quase impossível a divulgação de qualquer plano entre israelenses e palestinos com a nova eleição, marcada para 17 de setembro. O plano de paz de Kushner e Trump ainda nem foi esboçado e atraiu críticas de todos os lados.
Kushner é o responsável por elaborar as propostas e Greenblatt, um advogado que trabalha com Trump há muito tempo, tem atuado como seu braço direito nas questões relacionadas ao Oriente Médio.
Sem garantias de que uma coalizão liderada por Netanyahu permaneça no poder após a nova votação em Israel, e sem a recepção entre os países árabes esperada por Trump, analistas acreditam que o plano ficará “temporariamente engavetado”.
“Haverá eleições em setembro. Depois, a formação do governo. E a poeira só deve baixar no fim do ano, quando Trump estará engajado em sua campanha pela reeleição”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo Dan Shapiro, ex-embaixador dos EUA em Israel e especialista em resolução de conflitos. “O plano de paz está congelado, talvez para sempre, porque ninguém na região apoia este plano.”
O governo dos EUA planeja apresentar entre 25 e 26 de junho, em uma conferência em Manama, capital do Bahrein, um projeto econômico para a Palestina que faria parte do plano de paz palestino-israelense, que não teve o conteúdo político anunciado até o momento. A Autoridade Palestina já anunciou que não comparecerá e outros países árabes já demonstraram descontentamento com o plano.
Liderança
“A conferência de investidores no Bahrein vai ocorrer apenas para provar que o plano continua de pé e não morreu, eles não podem cancelar para não demonstrar fraqueza”, afirmou ao jornal israelense Haaretz Aaron David Miller, um ex-negociador de paz no Oriente Médio durante governos republicanos e democratas. “Mas, se eles forem espertos, usarão a eleição para arquivar a parte dois do plano e reavaliar os passos depois de 17 de setembro. A dúvida é: eles são espertos?” (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agronegócio dá as cartas em governo Bolsonaro

BRASIL

Embora vejam suas demandas atendidas, sobrepondo-se a ambientalistas e movimentos sociais, ruralistas não garantem apoio integral às pautas do Planalto


Agronegócio dá as cartas em governo Bolsonaro
Cientes de que são uma das bases de sustentação do governo, os ruralistas querem mais (Foto: Montagem/EBC)
No princípio era a desconfiança: em 2017, quando poucos levavam a sério as chances presidenciais de Jair Bolsonaro, o então deputado se reuniu com representantes da bancada ruralista em busca de apoio para sua candidatura. “Genérico” e “inconsistente” foi como o classificaram, em reservado, os congressistas.
O deputado Domingos Sávio (PSDB) foi além, expondo, em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, as divergências do grupo com o aspirante ao Planalto: “Às vezes somos estigmatizados. O setor agropecuário não pode e não tem o egocentrismo de pensar o Brasil só sob o olhar do campo e da produção. Olhamos questões como saúde, educação e segurança”.
Mas o mundo deu voltas, e o candidato preferido dos ruralistas, o discreto Geraldo Alckmin (PSDB), foi soterrado politicamente pelas pesquisas eleitorais. Assim, faltando cinco dias para o primeiro turno das eleições de 2018, a bancada retirou o apoio ao ex-governador de São Paulo e declarou Jair Bolsonaro como o seu nome para a presidência da República.
Vitorioso no segundo turno, muitos analistas davam como certo que Bolsonaro não teria dificuldades para montar maioria no Congresso. Os ruralistas, afinal, congregavam parlamentares do PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade – o chamado “centrão” –, que, a despeito dos áudios de Joesley Batista, garantiram uma relação tranquila com o legislativo para o impopular Michel Temer (MDB).
Novamente, o tempo mostrou que os analistas estavam errados, e o presidente preferiu entrar em guerra retórica contra o centrão para alimentar sua base eleitoral. As demandas dos ruralistas, entretanto, têm sido devidamente atendidas, com um ou outro desvio de rota, de janeiro até aqui.
Ruralistas empoderados
Aconteceu o que o deputado Sávio temia: a produção agropecuária foi colocada em primeiro plano, contribuindo para a “estigmatização” do setor como inimigo de indígenas, ambientalistas e profissionais da saúde, o que pode impactar negativamente nas exportações brasileiras.
A vontade de Bolsonaro em agradar era tanta que os próprios ruralistas tiveram de frear o governo em sua tentativa de pôr fim ao Ministério do Meio Ambiente. Isso porque, caso se concretizasse, a medida poderia fazer com que os empresários perdessem mercados na Europa, que leva em conta questões ambientais na hora de importar produtos agrícolas.
Mas, na prática, a manutenção do Ministério do Meio Ambiente não fez  diferença. Se por um lado Tereza Cristina (DEM), apelidada “musa do veneno” por ONGs como o Greenpeace por sua defesa ferrenha do uso de agrotóxicos em plantações, tornou-se ministra da Agricultura, atendendo aos ruralistas, para o Ministério do Meio Ambiente foi escolhido Ricardo Salles (Novo), notório rival dos ambientalistas e afinado às pautas dos grandes produtores do agronegócio, que emplacaram, assim, dois ministros.
Neta e bisneta de ex-governadores do Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina é empresária atuante no ramo rural, mantendo negócios com o grupo JBS, de Joesley Batista – quando deputada, Cristina votou, inclusive, contra as denúncias criminais que poderiam ter derrubado Michel Temer.
Desde que tomaram posse, ela e Salles trabalham em conjunto em duas frentes principais: na flexibilização do uso de agrotóxicos e na mudança das regras para licenciamento ambiental, facilitando a derrubada de matas e enfraquecendo as atribuições do Ibama na fiscalização.
Muitos sucessos já foram alcançados pela dupla: em março, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) suspendeu por tempo indeterminado a demarcação de novos terrenos no Brasil, paralisando ao menos 250 processos de aquisição de terras para assentamentos rurais.
O orçamento do Incra, que em 2015 chegou a R$ 800 milhões, não passa hoje de R$ 42 milhões, o que contribui para a concentração de terras nas mãos de uns poucos latifundiários e na elevação dos conflitos violentos no campo.
Em entrevista ao portal “De olho nos ruralistas”, Sandra Alves, coordenadora nacional do Movimento Camponês Popular (MCP), reclama do “abandono total” da agricultura familiar e camponesa pelo governo. “O empobrecimento no campo tem sido notório, o não acesso às políticas públicas e aos programas sociais têm impactos fortes”, lamenta.
Surpreende também a eficácia do ministério na liberalização dos agrotóxicos. Em menos de cinco meses, informa a revista “Piauí”, 169 novas substâncias passaram a ser permitidas, uma média três vezes maior do que a de 2009 a 2015. O que não é pouco se levamos em consideração que, em 2016, o Brasil, quinto maior exportador agrícola do mundo, aplicou o dobro de agrotóxicos em lavouras que os Estados Unidos, os maiores exportadores mundiais. Foram 777 mil toneladas de substâncias tidas como venenosas aplicadas nas plantações.
Desavenças com o Planalto e pressão ruralista
Mas nem tudo são flores no casamento – para ficar em uma metáfora que o presidente gosta de usar – entre governo e ruralistas. A tensão chegou ao nível máximo em abril, quando o deputado Alceu Moreira (MDB), líder da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), disse aos governistas que “não dá mais”.
O choque se deu justamente com a área “ideológica” do governo, formada por discípulos do escritor Olavo de Carvalho. O primeiro lance aconteceu em uma aula magna no Itamaraty,  ocasião na qual o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que o Brasil se dispõe a vender soja e minério para os chineses, mas que não “venderia a alma”. A declaração pegou mal, pois as China é, atualmente, o maior parceiro comercial do país.
Em seguida, Bolsonaro, que visitaria Israel, cogitou anunciar a transferência da embaixada brasileira para Jerusalém, promessa feita à bancada evangélica e que contraria interesses palestinos na região. Os ruralistas temiam uma represália dos países árabes, grande compradores de carnes produzidas no Brasil.
Uma reunião de emergência com Ernesto Araújo foi marcada, e Bolsonaro, que depende dos votos dos deputados ruralistas para aprovar, entre outras medidas, a reforma da Previdência, deu para trás. A embaixada em Jerusalém se transformou em um escritório de negócios, e o Planalto confirmou uma viagem à China para desfazer “mal-entendidos”.
Cientes de que são uma das bases de sustentação do governo, os ruralistas querem mais. De acordo com o Estado de S.Paulo, a ministra da Agricultura pressiona o Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, para que a política dos subsídios ao agronegócio permaneça – o que vai contra a cartilha neoliberal do “posto Ipiranga” de Bolsonaro.        
Os ruralistas atuam, também, para que o presidente cumpra uma difícil promessa de campanha, feita ainda no primeiro encontro com eles em 2017: o perdão à divida do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funral), espécie de previdência social do campo.
Os cálculos sobre o tamanho da dívida vão de R$ 10 bilhões, nas estimativas mais tímidas, até R$ 30 bi. A Advocacia Geral da União, contudo, alertou o Planalto de que a anistia pode configurar crime de responsabilidade – o que poderia levar a um impeachment de Bolsonaro.
A moeda de troca oferecida pela bancada ruralista é apoiar a reforma da Previdência – contanto que as regras que endurecem a aposentadoria rural sejam retiradas do texto apresentado ao Congresso.
Outro perdão reivindicado por esses deputados está contido no Novo Código Florestal, a ser votado em breve na Câmara. A bancada pretende anistiar fazendeiros que devastaram áreas de preservação, o que pode “legalizar” até 5 milhões de hectares de vegetação desmatada. Em nome da reforma da previdência, o governo pode apoiar o projeto.

FONTE: OPINIÃO E NOTÍCIA

PIB do agro no primeiro trimestre teve redução de 0,5%

AGRONEGÓCIO

Já a taxa acumulada nos últimos quatro trimestres registra crescimento de 0,9% em relação a igual período anterior
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FOTO: REPRODUÇÃO MAIS SOJA

O IBGE divulgou nesta quinta feira (30) os resultados do PIB (Produto Interno Bruto) referente ao primeiro trimestre do ano, apontando taxa negativa de 0,2 % em relação ao trimestre anterior. A Agropecuária teve taxa de -0,5 %, Indústria, -0,7%, e serviços, 0,2 %.
Em valores correntes, o PIB no primeiro trimestre totalizou R$ 1,714 trilhão, a Agropecuária, R$ 90,234 bilhões, Indústria, R$ 296, 996 bilhões, e Serviços, R$ 1,074 trilhão. A participação setorial mostra a Agropecuária com 5,3 %, Indústria, 17,3 % e Serviços, 62,7 %.
A taxa acumulada nos últimos quatro trimestres em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, registra crescimento do PIB de 0,9 %, para a Agropecuária, 1,1 %, Indústria, 0,0 %, e Serviços 1,2 %.
Em três dos quatro trimestres de 2018 a Agropecuária teve taxas negativas de crescimento. Como as taxas são comparativas, isso se deve, também aos resultados de 2017 que foram excepcionais, analisa José Garcia Gasques, coordenador-geral de Estudos Econômicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Com exceção do último trimestre, que teve algum crescimento a Agropecuária vem acumulando desde 2018 trimestres com redução de crescimento, observou o cooordenador.
Os destaques positivos neste ano têm sido o comportamento das exportações do agronegócio, o bom desempenho da safra de milho e da pecuária. Como contribuições negativas se destacam a redução em 10,6 % na produção de Arroz, (-4,4 %) da produção de Soja e de (-2,9) % na produção de Fumo.
Fonte: Mapa

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Investidores se preparam para nova e longa "Guerra Fria" entre EUA e China

MUNDO
"Esta disputa será um processo que provavelmente vai durar o tempo de nossas carreiras"
Investidores se preparam para nova e longa "Guerra Fria" entre EUA e China - InfoMoney

(Bloomberg) -- Ray Dalio classifica de "longa guerra ideológica". Mark Mobius vê poucas chances de uma resolução rápida. E Stephen Jen diz que estamos testemunhando o início de uma luta de 15 rounds.
Ao mesmo tempo que Estados Unidos e China entram em conflito sobre tudo, alguns dos maiores investidores globais se preparam para uma disputa prolongada entre as superpotências e ajustam seus portfólios com base nessa perspectiva.Mobius, por exemplo, tem evitado ações de exportadoras chinesas e investido em empresas que vendem para o mercado doméstico."Esta disputa será um processo que provavelmente vai durar o tempo de nossas carreiras", disse Jen, ex-economista do Fundo Monetário Internacional e do Morgan Stanley, que atualmente comanda o Eurizon SLJ Capital, um hedge fund e consultoria.“Nós, como investidores e analistas, precisamos ditar nosso ritmo e tentar não apenas acompanhar as últimas notícias. Precisamos entender a economia e as diferenças culturais.”As apostas na melhora das tensões comerciais que ajudaram a impulsionar as ações para níveis recordes há apenas quatro semanas estão rapidamente sendo desfeitas.O mercado acionário global perdeu US$ 4 trilhões este mês, enquanto os retornos dos bônus do Tesouro dos EUA caíram para o menor nível desde 2017, sob o impacto da decisão de Donald Trump de elevar as tarifas sobre produtos chineses e incluir a Huawei Technologies em uma lista negra que interrompeu o fornecimento de produtos para empresa de forma devastadora.O presidente da China, Xi Jinping, fez um apelo para que seus compatriotas se unam em uma "nova Longa Marcha" e Pequim se prepara para armar seu domínio de terras raras - principais elementos usados em smartphones e carros elétricos.Para Dalio, o bilionário fundador da Bridgewater Associates, o conflito vai muito além de uma guerra comercial. À medida que a China surge como uma potência mundial capaz de desafiar os EUA, os países vão se confrontar de "todos os tipos de maneiras" por causa de diferentes abordagens em relação ao governo, negócios e geopolítica, escreveu em uma série de posts no LinkedIn este mês, que não mencionavam seus investimentos.Mesmo que Trump e Xi consigam fechar um acordo comercial (espera-se uma reunião dos dois líderes na cúpula do G-20 em junho), a China e os EUA continuarão se confrontando sobre questões como tecnologia no futuro previsível, de acordo com Mobius."Estamos em um novo jogo - Trump realmente abriu essa lata de vermes", disse em entrevista à Bloomberg Television o veterano dos mercados emergentes, que saiu da Templeton Asset Management no ano passado para cofundar a Mobius Capital Partners.

Ele sinalizou a Índia, Vietnã e Bangladesh como potenciais países beneficiados, já que o conflito leva os fabricantes a diversificar a produção para longe da China.Proteja seu dinheiro das instabilidades: abra uma conta gratuita de investimentos na 

XP©2019 Bloomberg L.P.

FONTE: INFOMONEY