terça-feira, 30 de abril de 2019

Hospital Materno Infantil é ordenado a desocupar prédio e está proibido de receber pacientes encaminhados, em Goiânia

SAÚDE
Por Sílvio Túlio e Thaís Luquesi, G1 GO e TV Anhanguera
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HMI é ordenado a desocupar prédio e está proibido de receber pacientes encaminhados

HMI é ordenado a desocupar prédio e está proibido de receber pacientes encaminhados
JA 1ª Edição
--:--/--:--HMI é ordenado a desocupar prédio e está proibido de receber pacientes encaminhados
Auditores Fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho em Goiás (SRTE-GO) interditaram, nesta terça-feira (30), o Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia para receber novos pacientes encaminhados pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). A medida deve respeitar a lotação da instituição. Além disso, deu um prazo de dez dias para que o governo estadual e a administração apresentem um cronograma de desocupação da unidade de saúde, removendo todos os pacientes do prédio.
O motivo para as decisões é a estrutura precária do imóvel, além da falta de insumos e medicamentos para fazer o atendimento. A situação foi constatada após auditoria no local realizada entre janeiro e abril deste ano, realizada após denúncias dos próprios servidores.
A SES-GO e o Instituto de Gestão e Humanização (IGH), Organização Social (OS) responsável pela gestão do hospital foram notificadas durante um encontro nesta manhã.
Atingida sua capacidade máxima, o encaminhamento de novos pacientes - feito pela Central de Regulação - não será mais permitido. No entanto, como obedece o sistema "portas abertas" (que mantêm prontos-socorros e ambulatórios onde a população é atendida imediatamente de acordo com a capacidade) pacientes que chegarem ao local por conta própria com serão atendidos.
Hospital Materno Infantil deve desocupar prédio  — Foto: Reprodução/TV AnhangueraHospital Materno Infantil deve desocupar prédio  — Foto: Reprodução/TV AnhangueraHospital Materno Infantil deve desocupar prédio — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Desocupação 'responsável'

A auditora fiscal do trabalho, Jacqueline Carrijo informou que não vai deixar nas mãos dos servidores do HMI a decisão sobre "quem vai morrer e quem vai viver" no hospital. Ela explica que as soluções para resolver os problemas devem ser apresentadas por quem é responsável pela unidade de saúde.
"O que nós estamos trabalhando é para que a regulação não encaminhe mais pacientes atingida a capacidade máxima. Também exigimos o cronograma de desocupação do prédio. Que o governo do estado juntamente com a OS terão que nos apresentar esse cronograma em dez dias corridos a contar de hoje", destaca.
Segundo ela, a desocupação deve ser realizada de forma "responsável e programada", uma vez que o prédio "configura risco grave e eminente para todos que circulam nele".
A auditora salientou, porém, que por conta de um "problema sistêmico enorme", o atendimento dentro do sistema de "portas abertas" seguirá sendo realizado.
“Será atendido. Nós estamos exigindo o prazo de dez dias para desocupação programada, responsável, mas existe um problema sistêmico enorme. Inclusive, como eu falei, em relação a responsabilidade das prefeituras que não investem na saúde local e acabam direcionando seus pacientes, que poderiam ter sido atendidos no município, para o Materno Infantil. A regulação, atingida a capacidade do Materno Infantil, ela não pode mais encaminhar novos pacientes”, afirma.
Veja detalhes sobre os problemas estruturais do Hospital Materno Infantil, em Goiânia
JA 1ª Edição
--:--/--:--Neste contexto, Jacqueline criticou o sistema de saúde municipais, que muitas vezes deixam de fazer o atendimento básico em suas unidades e contribuem para a superlotação do HMI, que deveria atender somente casos graves.
“Outra coisa, paciente em cima do perfil. Materno Infantil é um hospital de média e alta complexidade. Não caberá aos trabalhadores do Materno decidir que eles vão ou não atender. Isso é uma responsabilidade da secretaria estadual de Saúde”, salienta.

Estrutura e remédios

O relatório dos auditores apontou que o HMI não possui alvará do Corpo de Bombeiros que tem uma central de gás "com forte risco de incêndio e explosão".
O engenheiro eletricista Arthur Pinheiro, responsável pela avaliação da estrutura, disse que o hospital tem uma "edificação doente" e que os riscos de problemas como incêndios são "iminentes". Ele citou eventos recentes para embasar seu raciocínio.
"A elétrica sempre é um ignitor de um incêndio, que, proporcionalmente, dentro de um hospital, que tem crianças, gestantes com dificuldades de rota de fuga. O risco é eminente, a qualquer momento. Quem está dentro daquele ambiente está exposta a esse risco. Quando vai acontecer a gente não tem condições [de saber], mas temos vários exemplos, como o CT do Flamengo, Igreja de Notre Dame", lembra.
Já a Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (CRF-GO), que também participou da auditoria, encontrou medicamentos armazenados fora da temperatura ideal, o que pode fazer com que seu efeito seja diminuído.
Auditoria do Superintendência Regional do Trabalho registra falta de estrutura no Hospital Materno Infantil — Foto: Divulgação/ SRT-GOAuditoria do Superintendência Regional do Trabalho registra falta de estrutura no Hospital Materno Infantil — Foto: Divulgação/ SRT-GOAuditoria do Superintendência Regional do Trabalho registra falta de estrutura no Hospital Materno Infantil — Foto: Divulgação/ SRT-GO

Governo se manifesta

O governador de Goiás Ronaldo Caiado (DEM) se manifestou sobre o assunto e disse que está trabalhando para resolver o problema.
"É um assunto recorrente há 20 anos. O que eu quero deixar claro é que aquilo que nós herdamos, que foi o total desrespeito a gestantes e os recém-nascidos em estado grave de saúde, vamos consertar. Aquilo que eles apresentaram no cronograma nós mesmo fizemos e estamos fazendo”, afirmou.
Já a procuradora-Geral do Estado, Juliana Prudente, disse que foi pega de surpresa com a decisão de interdição, mas que também vai analisar o caso para apresentar uma forma de resolver a questão.
“Fomos notificados para comparecer para tomarmos conhecimento do relatório de auditoria que foi realizado no Materno Infantil. Mas não sabíamos ainda que o hospital já tinha sido interditado quando da notificação. Soubemos hoje cedo que seria então interditado e que teríamos esse prazo de dez dias, mas precisamos tomar conhecimento de todas as informações e documentos que constam no relatório de auditoria para que a gente possa avaliar as medidas adequadas ao caso”, esclarece.
Diogo, de 5 anos, morreu no Hospital Materno Infantil a espera de vaga — Foto: Reprodução/TV AnhangueraDiogo, de 5 anos, morreu no Hospital Materno Infantil a espera de vaga — Foto: Reprodução/TV AnhangueraDiogo, de 5 anos, morreu no Hospital Materno Infantil a espera de vaga — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Crise

A falta de leitos no HMI começou a ser denunciada no início do ano, por pais de pacientes que estavam recebendo tratamento nos corredores da unidade. Mães relataram que estavam há dias com os filhos em cadeiras.
Na época, a administração do hospital informou que a superlotação ocorria por falta de especialistas na rede pública municipal. Outra razão apontada foi a política deles de não negar atendimento a quem os procura, mesmo que os casos sejam menos complexos do que os usualmente recebidos pelos médicos do local.
Também na época das denúncias, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que planeja inaugurar uma maternidade ainda este ano para desafogar o atendimento pediátrico.
Em março, Diogo Soares Carlo Carmo, de 5 anos, morreu após esperar por atendimento por mais de 10 horas no HMI.
No último dia 12 de abril, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, inaugurou novos leitos de pediatria no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia. O objetivo era, justamente, desafogar o atendimento no HMI.

FONTE: G1 GO

Casos de dengue crescem 339% no Brasil em 2019; quase mil cidades têm risco de surto

SAÚDE
Por G1
 

Aedes aegypti  — Foto: Raul Santana/Fundação Oswaldo Cruz/DivulgaçãoAedes aegypti  — Foto: Raul Santana/Fundação Oswaldo Cruz/Divulgação
Aedes aegypti — Foto: Raul Santana/Fundação Oswaldo Cruz/Divulgação
O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (30) novos dados sobre dengue, zika e chikungunya. Até o dia 13 de abril de 2019, foram registrados 451.685 casos prováveis de dengue no Brasil, um aumento de 339,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
No mesmo intervalo de 2018, os casos registrados chegaram a 102.681.
Ainda segundo o boletim do ministério, 994 municípios apresentam alto índice de infestação, com risco de surto para dengue, zika e chikungunya.
Rodrigo Said, Coordenador Geral dos Programas Nacionais de Controle e Prevenção da Malária e das Doenças Transmitidas pelo Aedes, informou durante coletiva de imprensa que a maioria dos casos está na região Sudeste, principalmente em São Paulo e Minas.
"O ano de 2019 tem sido caracterizado pelo aumento de casos. O cenário geral para dengue são de 451.685 casos prováveis da doença. Sendo 65% dos casos registrados na região sudeste, principalmente pelo nas regiões de São Paulo e Minas Gerais", disse em entrevista coletiva.
Segundo ele, os casos prováveis são os que foram notificados e levam em conta, também, casos já descartados.

Epidemia localizada

Oito unidades federativas tem incidência superior de 300 casos por 100 mil habitantes, número preocupante. Tocantins tem o maior número de incidência de casos de dengue. Seguido de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Acre, Espírito Santo, São Paulo, Distrito Federal. O Paraná tem incidência acima de 100 casos por 100 mil habitantes.
Questionado se estes estados e o DF vivem epidemias da doença, Said alerta que os números indicam epidemia, mas pede cautela: "Quando a gente olha para estes estados, sabemos que alguns são muito grandes então nem toda área terá epidemia. O dado do estado é muito agregado", alerta Said.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, disse que o país não vive uma epidemia generalizada da doença: “Mesmo com aumento no número de casos da doença, a taxa de incidência de 2019 está dentro do esperado para o período. Sendo assim, até o momento, o país não está em situação de epidemia, embora possa haver epidemias localizadas em alguns municípios e estados”, disse.
Segundo Said, o aumento do número de casos de dengue mesmo fora do verão, época de proliferação do mosquito aedes aegypti, se deve a alguns fatores: "Nos últimos dois anos o país passou por períodos fora da sua sazonalidade, com redução de casos, e, desde o ano passado, as condições ambientais foram propícias para a proliferação dos mosquitos com aumento de temperatura e mais chuvas".
Mapa mostra a situação da dengue pelos estados — Foto: Arte/G1Mapa mostra a situação da dengue pelos estados — Foto: Arte/G1Mapa mostra a situação da dengue pelos estados — Foto: Arte/G1

Sorotipo diferente

Said alerta para o retorno do sorotipo 2, que há bastante tempo não era identificado no país e a mudança deixa a população mais suscetível. Mais de 85% dos casos avaliados eram do sorotipo 2, quando nos últimos anos não passavam de 5%.
"Em dengue, quando há mudança do sorotipo circulante, há aumento do número de casos. Nos últimos anos, os tipos 1 e 4 eram predominantes, no final do ano passado o sorotipo 2 começou a prevalecer", explicou Said.

Zika e Chikungunya

Foram registrados 3.085 casos de Zika em todo o país, com incidência de 1,5 casos para cada 100 mil habitante. Não foram registradas mortes pela doença.
A chikungunya tem incidência de 11,6 para cada 100 mil, sendo 24. 120 casos registrados. Houve uma redução quando comparado com o mesmo período do ano passado e também não foram registradas mortes.
Segundo Said, o vírus da chikungunya é bastante localizado e não teve uma dispersão nacional.

BEM ESTAR