ECONOMIA Independentemente do compasso de espera, ciclo de crescimento recomeçou, diz Bernardo Paiva
Bernardo Paiva, diretor-geral da Ambev - Raquel Cunha - 4.mai.15/Folhapress
Contrariando o discurso em voga no empresariado, de que apenas será possível investir no Brasil quando a reforma da Previdência estiver aprovada, o diretor-geral da Ambev, Bernardo Paiva, avalia que já é hora de investir.“A gente acredita que um ciclo de crescimento no Brasil recomeçou. Ele está aí”, disse o executivo à coluna. Paiva releva a paradeira geral acentuada pelas dúvidas em relação à capacidade do governo de se articular politicamente para garantir a reforma. Vai passar “Independentemente do compasso de espera. Historicamente, se você analisar todos os momentos que o país teve, depois de crises profundas como a gente teve no PIB do Brasil, que caiu nos últimos três anos praticamente, sempre teve uma retomada”, afirmou o executivo.Copo meio cheio A Ambev registrou queda de 3,1% no volume de cerveja comercializada no Brasil em 2018. Durante a divulgação de resultados, os administradores da empresa manifestaram insatisfação com o desempenho no ano passado, mas apresentaram perspectiva positiva para 2019.Copo meio vazio A estratégia de sucesso da gestora 3G Capital —cujo trio de investidores Marcel Telles, Jorge Lemann e Beto Sicupira criou a Ambev— foi fortemente questionada no início deste ano. Um dos motivos: a falta de investimento em suas marcas, como a Kraft Heinz. “O momento de investir e de acreditar no Brasil é agora. Ele até já foi. Quem investir agora não só fará um benefício importante para o país, mas para as suas empresas." Bernardo Paiva diretor-geral da Ambev Prosa Vai mudar O novo conselho da Gafisa terá mudança antes mesmo de ser aprovado: André de Almeida, advogado indicado para o posto, não deve permanecer após a assembleia desta segunda (15). Demais conselheiros, inclusive o investidor ativista Nelson Tanure, já foram comunicados. Em todas Almeida será o secretário da assembleia e depois se afastará para não sinalizar conflito de interesses. Advogado de outras empresas de grande porte, já representou Tanure no caso Oi e também a gestora GWI, que tomou o controle da própria Gafisa em 2018. Café O setor cafeeiro se surpreendeu com a notícia da extinção de colegiados no ‘revogaço’ do governo Bolsonaro. O CDPC (Conselho Deliberativo da Política do Café) está na lista de possíveis cortes porque foi criado por decreto, não por lei. No bule Nathan Herszkowicz, da Abic (associação do setor), diz que seria “prova de desconhecimento absoluto” eliminá-lo. O CDPC gere o Funcafé, fundo próprio da cafeicultura. Grupo... Depois que esta coluna publicou, na sexta (12), que uma coordenadora do movimento de empresários Brasil 200 em Santa Catarina protocolou pedido de impeachment do ministro do STF Gilmar Mendes, Luciano Hang (Havan), membro do grupo, disse que discorda da solicitação e confia nos três Poderes.... variado “Esse movimento Brasil 200 é como se fosse uma grande empresa. Alguém tomou uma decisão, e nós [dissemos]: ‘opa, opa, tira o nosso nome dali’”, diz Hang. Porta-voz A informação de que a petição faz parte das ações do grupo foi fornecida pelo presidente-executivo do Brasil 200, Gabriel Kanner. “A conduta recente do ministro Gilmar Mendes não é condizente com o cargo”, disse Kanner, que depois também enviou nota afirmando que os empresários do grupo não têm relação com a solicitação.Geração distribuída Até março, 67 mil brasileiros geravam energia no próprio local de consumo, mais que o dobro do mesmo período de 2018, segundo a ABGD (do setor). FONTE: FOLHA DE S. PAULO com Igor Utsumi e Paula Soprana / PAINEL S.A
Gastos do Brasil com refugiados chegam a R$ 265,2 milhões
Ricardo Moraes/Reuters
Os gastos com as ações militares que o Brasil realiza na fronteira com a Venezuela superam, com folga, a média anual dos custos que as Forças Armadas do País dedicaram às ajudas humanitárias no Haiti, um país devastado pela guerra civil e terremotos.
Nos últimos 12 meses, o governo sacou R$ 265,26 milhões dos cofres públicos para apoiar as ações militares em Roraima, na fronteira com o país governado por Nicolás Maduro. Isso equivale a mais que o dobro da média anual que o Brasil dedicou às operações no Haiti, entre 2004 e 2017. Na média, nos 13 anos da missão realizada no país caribenho, foram injetados R$ 130 milhões por ano pelo Brasil.
Ao jornal O Estado de São Paulo, o Ministério da Defesa confirmou que o presidente Jair Bolsonaro já sinalizou que serão feitos mais investimentos na ação militar em Roraima. Por trás desses custos, justifica o governo, está a complexidade e abrangência da missão nas bordas da Venezuela. Trata-se de uma atuação muito mais complexa, pela abrangência das responsabilidades que temos hoje, disse o general Carlos Teixeira, que coordena a operação de ajuda humanitária em Roraima.
Teixeira, que também atuou em missões no Haiti, afirma que as ações militares em Boa Vista e Pacaraima abrangem desde a manutenção do efetivo até o suporte de toda atividade humanitária, diferentemente do que foi feito no país caribenho. No Haiti, o gasto brasileiro foi feito para manter nossa tropa por lá, pagar o treinamento, a alimentação e os insumos dos militares. Agora, na Venezuela, esse custo para manter a tropa é só uma pequena parcela. A maior parte dos recursos é usada para receber os refugiados que chegam doentes e famintos. Temos de receber essas pessoas, dar alimento, medicar. E tudo isso custa dinheiro.
620 militares trabalham nas fronteiras do País
Atualmente, o efetivo de oficiais brasileiros deslocados para os trabalhos na fronteira é de 620 militares, entre agentes da Marinha, Exército e Aeronáutica. O governo brasileiro mantém, em alojamentos, 8.500 venezuelanos refugiados. Cada uma dessas pessoas precisa tomar café, almoçar e jantar todo dia. Numa conta rápida, são mais de 25 mil refeições, diariamente. Por isso, o custo é muito maior mesmo.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmou que o governo já admite a necessidade de colocar mais dinheiro nas ações, mas que avalia como isso será feito, para que não afete o orçamento da própria pasta. O presidente determinou que haja aporte de mais recursos para dar continuidade ao trabalho da Operação Acolhida.
O Ministério da Defesa, a Casa Civil e o Ministério da Economia avaliam a forma como esse aporte será feito, afirmou Silva. Vale destacar que a Operação Acolhida tem sido muito elogiada, virou referência. É um trabalho conjunto de várias instituições e entidades.
Os R$ 265,26 milhões que o governo já usou para lidar com a crise na fronteira com a Venezuela saíram do Tesouro Nacional, em créditos extraordinários sacados em março e novembro do ano passado. Medidas provisórias liberaram a verba para os programas de assistência emergencial, segurança na fronteira, acolhimento humanitário e interiorização de venezuelanos no Brasil.
A fronteira com o país vizinho foi fechada por Maduro no dia 21 de abril e assim permanece até hoje. A crise prossegue e, na avaliação do general Carlos Teixeira, não há prazo para o fim da operação, devido às incertezas políticas do País e a situação de caos em atendimentos sociais básicos. Apesar do bloqueio, venezuelanos continuam a entrar no Brasil pela mata, em áreas mais isoladas.
Sabemos que, no total, cerca de 160 mil venezuelanos entraram no País desde 2015. A maioria está em Roraima. Desse total, 8.500 são refugiados e estão abrigados conosco. Outros 8 mil foram interiorizados por meio do Ministério da Defesa e da ONU, diz Teixeira.
Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da USP Pedro Feliú, os recursos que o Brasil tem injetado nas ações são altos, mas necessários não só pela situação trágica vivida pela população venezuelana, mas também pela consequência da posição política que o País adotou. É claro que esse gasto se justifica pela urgência da ajuda humanitária. O Brasil não poderia fechar a sua fronteira. Quem fez isso foi Maduro. Agora, é preciso admitir que há um custo político nessa conta. O Brasil, ao reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela, dispensou a possibilidade de mediar o conflito, avalia Feliú.
O Brasil poderia ter sido a força neutra para atuar nesse caso, mas acabou por romper uma tradição política histórica.
Manaus vira opção para venezuelanos
A cidade de Manaus tem sido a segunda parada para muito refugiados venezuelanos que, com a demora em conseguir trabalho ou regularização de suas situações em Pacaraima e Boa Vista, partem rumo à Zona Franca. Isso tem acontecido, de fato. Muita gente não quer aguardar a regularização de sua entrada no País e parte para se aventurar em Manaus. Tivemos problema, mas agora a situação já está regularizada. Estamos cuidando disso, disse o general Carlos Teixeira, que coordena a operação de ajuda humanitária.
Atualmente, há 13 abrigos montados em Roraima, sendo 11 deles em Boa Vista e dois em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Os abrigos foram organizados para receber, separadamente, mulheres solteiras, homens solteiros, casais com e sem filhos, LGBTs e indígenas. Toda pessoa tem o direito de sair, de circular, de arrumar o trabalho. Nós estimulamos isso. Mas há um processo que deve ser cumprido para a interiorização das pessoas. É preciso que um município do País abra uma vaga, comentou Teixeira.
Duas semanas atrás, durante a madrugada, uma ação integrada do governo do Amazonas com o Ministério Público e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) fez a realocação voluntária de 230 refugiados venezuelanos que estavam dormindo no entorno da rodoviária de Manaus. Eles foram levados para espaços provisórios da prefeitura da capital. A ação mirou pessoas de maior vulnerabilidade, idosos, mulheres, gestantes e famílias com crianças. A ONU informou que 3 milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos anos, o equivalente a 10% de sua população total.
A 214 quilômetros da fronteira com a Venezuela, dentro de um galpão em Boa Vista, 200 toneladas de alimentos e remédios estão armazenadas há um mês e meio, à espera que o governo venezuelano libere a entrada dos mantimentos e medicações para a população.
Os produtos são não perecíveis, mas têm limite. Hoje, estão em condições de serem entregue. Assim que o governo venezuelano sinalizar, vamos enviar, disse o general Carlos Teixeira. Os alimentos e remédios, que chegaram em 23 de fevereiro, foram doados pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Direito de imagemSERGIO LIMA/AFPImage captionAutor de dezenas livros sobre política da América Latina, Scott Mainwaring diz que se surpreendeu positivamente com a atuação do vice-presidente Hamilton Mourão e elogiou 'visão coerente' de militares que ocupam cargos no governo Bolsonaro
Antes de Jair Bolsonaro tomar posse como presidente da República, o professor da Universidade de Harvard Scott Mainwaring, que estuda política brasileira há mais de 30 anos, previu que o ex-deputado teria dificuldades na relação com o Congresso Nacional, que sua coalizão poderia sofrer divisões e manifestou preocupação com a proteção de diretos de minorias a partir de janeiro de 2019.
Após 100 dias de governo, o americano avalia que essas três previsões se confirmaram, mas destaca que os últimos três meses também trouxeram uma "surpresa positiva".
Em entrevista à BBC News Brasil, o professor da Kennedy School of Government diz que se surpreendeu com a atuação dos militares que ocupam cargos-chave no Executivo, em particular com a do vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB).
"Durante a campanha, Mourão fez declarações que indicavam que ele era cético em relação à democracia. Mas, desde que assumiu a Vice-Presidência, ele aderiu de maneira consistente a um discurso e comportamento democráticos. Isso foi uma surpresa positiva", afirma.
Mainwaring é autor de dezenas de livros premiados sobre política da América Latina, entre os quais Democracies and Dictatorships in Latin America: Emergence, Survival and Fall (Democracias e Ditaduras na América Latina: Surgimento, Sobrevivência e Queda), e Party Systems in Latin America: Institutionalization, Decay and Collapse (Sistemas Partidários na América Latina: Institucionalização, Decadência e Colapso).
Direito de imagemMATT CASHORE/HARVARDImage caption'Durante a campanha, Mourão fez declarações que indicavam que ele era cético em relação à democracia. Mas, desde que assumiu a vice-presidência, ele aderiu de maneira consistente a um discurso e comportamento democráticos. Isso foi uma surpresa positiva', diz Scott Mainwaring
Além de fazer um balanço do início de governo Bolsonaro, ele arrisca novas previsões. Em política externa, o professor de Harvard acha que a proximidade de Bolsonaro com o presidente americano, Donald Trump, pode trazer benefícios para o Brasil, se o governo brasileiro souber manter, ao mesmo tempo, uma boa relação com a China.
Na política doméstica, Mainwaring afirma que Bolsonaro possivelmente terá que mudar a estratégia de negociação com o Congresso Nacional, se quiser ver a reforma da Previdência e outras propostas importantes aprovadas.
Desde que assumiu o governo, o presidente tem se recusado a usar mecanismos tradicionais de negociação com deputados e senadores, como emendas parlamentares e nomeação para cargos, além de não abrir um canal de diálogo com líderes de partidos.
Direito de imagemRICARDO MORAES/REUTERSImage captionJair Bolsonaro completou 100 dias de governo na última quarta-feira
"Se a economia está crescendo e há apoio popular, um presidente pode usar a própria popularidade como um instrumento eficiente para aprovar propostas no Legislativo", observou.
"Mas a aprovação de Bolsonaro caiu fortemente e rapidamente, e a economia não se recuperou ainda. As condições favoráveis não estão presentes para usar esse mecanismo na votação da reforma da Previdência."
Veja os principais trechos da entrevista:
BBC News Brasil - Após 100 dias de governo, qual a sua avaliação sobre o desempenho de Bolsonaro como presidente? Algo te surpreendeu em relação ao comportamento apresentado na campanha?
Scott Mainwaring - Estava claro desde o início que uma coalizão muito heterogênea apoiava o governo Bolsonaro. Algumas divisões eram previsíveis. Alguns dos grupos que apoiavam Bolsonaro provavelmente estão surpresos com a magnitude das divisões e o fato de terem ocorrido já no início do governo. Mas algo que eu acredito que foi uma surpresa positiva é o comportamento do vice-presidente. Durante a campanha, Mourão fez declarações que indicavam que ele era cético em relação à democracia. Mas, desde que assumiu a Vice-Presidência, ele aderiu de maneira consistente a um discurso e comportamento democráticos.
Imaginava que Bolsonaro perderia parte do apoio popular, mas a rapidez com que isso ocorreu surpreendeu um pouco. E não estou surpreso em ver que a reforma previdenciária está andando lentamente. Parte da coalizão de Bolsonaro é formada por políticos clientelistas que fizeram a carreira usando recursos do Estado e, para eles, a reforma da Previdência não é necessariamente algo bom. Há interesses poderosos que querem proteger o sistema atual e há políticos ligados a esses interesses.
Uma grande reforma da Previdência é essencial para o Brasil. Mas algumas pessoas estavam excessivamente otimistas com a possibilidade de aprová-la rapidamente.
BBC News Brasil - Bolsonaro nos primeiros meses de governo se recusou a usar os modelos tradicionais de negociação com o Congresso e entrou em atritos com o presidente da Câmara. É possível manter essa estratégia e aprovar projetos impopulares, como a reforma da Previdência?
Direito de imagemLUIS MACEDO/HANDOUTImage captionNos primeiros meses de governo, Bolsonaro entrou em atrito com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ambos trocaram ofensas pelas redes sociais e em entrevistas
Scott Mainwaring - Acho que ele terá que mudar de estratégia. O exemplo anterior de presidente que usou uma estratégia parecida com a de Bolsonaro é Fernando Collor, que tentou não negociar com o Congresso. Você pode tentar convencer a população e os membros do Congresso por meio de discurso e pressão popular.
Se a economia está crescendo e há apoio popular, um presidente pode usar a própria popularidade como um instrumento eficiente para aprovar propostas no Congresso. Mas o fato de a aprovação de Bolsonaro ter caído forte e rapidamente pode dificultar o uso desses mecanismos para aprovar a reforma da Previdência. Essas condições extremamente favoráveis não estão presentes no momento.
BBC News Brasil - As últimas pesquisas de opinião mostram Bolsonaro com o pior percentual de aprovação popular nos primeiros três meses de governo que todos os presidentes eleitos após 1985. O que explica esse resultado?
Scott Mainwaring - As pessoas que votaram no Bolsonaro queriam uma mudança profunda. Mas você não consegue reverter tão rapidamente o cenário de corrupção, crime e de crise econômica. Essas coisas levam tempo. E Bolsonaro não é uma pessoa particularmente impressionante. Ele foi eleito com votações expressivas tanto no primeiro quanto no segundo mandato. Então, havia grandes expectativas. Mas agora que ele está no papel de presidente algumas de suas fraquezas estão mais aparentes.
BBC News Brasil - Por outro lado, a última pesquisa Datafolha mostra que 60% aprovam que militares ocupem postos estratégicos no governo. De onde vem esse crescimento no prestígio dos militares?
Scott Mainwaring - Em parte isso se deve a uma rejeição à classe política. Além disso, as Forças Armadas brasileiras têm algumas qualidades significativas. É uma instituição num país afetado por grandes escândalos de corrupção. Que eu saiba nenhuma grande liderança militar está sendo processada por corrupção. (Em 2016, o almirante da Marinha Othon Luiz Pinheiro da Silva foi condenado a 43 anos de prisão na Lava Jato após denúncias de corrupção referentes ao programa nuclear brasileiro.)
E alguns líderes militares, entre eles o vice-presidente Mourão, têm demonstrado capacidade técnica e expressado visões coerentes e inteligentes do mundo atual. Eu não estou, com isso, defendendo uma expansão da participação militar nos governos. Mas esses são alguns dos fatores que garantiram o aumento do prestígio dos militares no Brasil.
Direito de imagemADRIANO MACHADO/REUTERSImage captionScott Mainwaring afirma que visão de mundo dos militares é muito diferente da defendida pelos seguidores de Olavo de Carvalho. Segundo o professor de Harvard, quando há divisões entre integrantes do governo, com o tempo, uma ala costuma se sobrepor a outra
BBC News Brasil - Parece haver no governo Bolsonaro uma diferença clara entre o modo de pensar da ala militar do governo e a chamada ala olavista, de ministros que seguem as ideias de Olavo de Carvalho. O senhor conhece Olavo de Carvalho?
Scott Mainwaring - Não conheço. Conheço a reputação dele, mas nem mesmo em detalhes. Alguém aqui nos Estados Unidos me disse que ele é equivalente a um Alex Jones (apresentador de rádio famoso nos EUA por defender posições de extrema-direita e difundir teorias da conspiração) brasileiro. Ou seja, alguém que acredita em teorias da conspiração e que não aceita muito a ciência.
BBC News Brasil - O senhor observa uma divisão no governo quanto à forma de pensar políticas públicas e relações internacionais?
Scott Mainwaring - Sim, os militares brasileiros têm uma visão muito racional e, na maioria dos casos, científica do mundo. Costumam observar evidências, com exceção de uma parcela que parece acreditar nas teorias da conspiração de que ONGs internacionais de defesa do meio ambiente são uma ameaça na Amazônia.
Mas a maioria dos militares tem uma visão racional e age diferente dos seguidores de teorias da conspiração. O setor olavista tem uma visão muito diferente da dos militares e da ala econômica do governo. Esse é o tipo de racha profundo que estava claro na coalizão de Bolsonaro mesmo durante a campanha.
Direito de imagemJOSHUA ROBERTS/REUTERSImage captionScott Mainwaring diz que não conhece Olavo de Carvalho. 'Conheço um pouco da reputação dele', afirmou
BBC News Brasil - E como resolver esse racha entre grupos com cargos no Executivo?
Scott Mainwaring - Claro que todos os governo em democracias são, em alguma medida, heterogêneos. O que é diferente no caso Bolsonaro é que existem divisões profundas em questões fundamentais, inclusive na política externa. O que costuma ocorrer é que ao longo do tempo há vencedores e derrotados.
Ou seja, uma ala ganha maior controle sobre o governo que a outra. Com a recente mudança no Ministério da Educação, me parece que o setor olavista sofreu uma derrota. Se isso vai significar uma derrota da facção olavista em outros setores ainda estamos por ver.
BBC News Brasil - O que a agenda internacional de Bolsonaro nos primeiros 100 dias, com as visitas aos Estados Unidos e a Israel, indica sobre os rumos das relações exteriores do Brasil?
Scott Mainwaring - Está claro que ele vai se aliar, principalmente, com governos conservadores e do Ocidente. Israel não está geograficamente localizado no Ocidente, mas está na órbita do Ocidente. Netanyahu e Trump têm semelhanças com Bolsonaro.
Uma aliança forte com os Estados Unidos pode ser positiva para o Brasil, embora o relacionamento com a China também seja muito importante economicamente. Se Bolsonaro conseguir se tornar um aliado próximo do governo Trump sem estremecer as relações com a China, será uma ótima estratégia de política externa.
BBC News Brasil - O PT parece continuar focado na defesa da liberdade de Lula e em manifestar forte oposição a partidos de centro-direita e direita, sem buscar alianças com partidos de centro e esquerda. Essa é a melhor estratégia para reconquistar espaço e votos nas próximas eleições?
Direito de imagemSEBASTIAO MOREIRA/EPAImage captionPara professor de Harvad, PT deveria abandonar 'postura instransigente' e dialogar com Ciro Gomes e alas do PSDB
Scott Mainwaring - Podemos dividir a resposta entre o que pode ser bom para o Brasil e bom para o PT. Para o Brasil, essa postura intransigente do PT é ruim. Ela reforça a polarização e torna mais difícil para o PT dialogar com alas democrática de centro e centro-esquerda.
O PT tem que ser capaz de dialogar com pessoas como Ciro Gomes (PDT) e também com setores do PSDB. Mas o partido permanece atrelado a uma visão problemática, de que o PT era tão importante para o Brasil que a corrupção era aceitável. Claro que não era uma lógica dita abertamente. Mas a lógica silenciosa era a de que o PT era necessário para o futuro do Brasil a ponto de justificar engajar em corrupção. Mas esses crimes não são desculpáveis para a maioria da população brasileira e da elite brasileira.
Para o partido, é improvável que essa estratégia de polarização seja eficaz em capturar uma maioria de votos, mas certamente é uma maneira eficaz de restabelecer o perfil da legenda como oposição radical. De certa maneira, o partido está retornando a 1982, com uma grande diferença: nos primeiros anos de PT, ele tinha uma reputação merecida de ser um partido honesto. Agora ele tem a reputação de praticar corrupção.
BBC News Brasil - Antes da eleição, o senhor classificou Bolsonaro como representante de uma direita autoritária e afirmou que havia risco de que alguns aspectos da democracia fossem afetados, como respeito a direitos de minorias. Após 100 dias de governo, o senhor está mais pessimista ou otimista?
Direito de imagemBRENDAN SMIALOWSKI/AFPImage captionScott Mainwaring avalia que Brasil pode ganhar com aliança com Trump, se não se indispor com a China
Scott Mainwaring - Eu diria que nenhum dos dois. Minha preocupação sobre direitos se verificou correta. Não estou surpreso. O que o discurso em âmbito nacional faz é que ele legitima grupos que acreditam que podem atacar gays ou pessoas com características A ou B.
Esse tipo de discurso de defender mais armas nas ruas e maior impunidade para assassinatos cometidos por policiais legitima ataques à imprensa, gays, jornalistas, ativistas e também legitima o uso de força indiscriminada contra negros, pobres, pessoas que vivem nas favelas. Eu não estou tão preocupado quanto à possibilidade de uma completa quebra democrática. Os perigos à democracia no Brasil dizem respeito ao contínuo exercício de direitos, não em relação a uma erosão completa do sistema democrático.
BBC News Brasil - Bolsonaro determinou que houvesse comemorações pelo 31 de março de 1964 e o governo quer rever o entendimento de que o regime militar foi uma ditadura. Como estudioso de democracias e ditaduras na América Latina, o que acha dessa posição?
Scott Mainwaring - É absurdo dizer que não houve golpe em 1964. O governo, claro, não pediu meu conselho, mas a declaração mais forte que ele poderia ter feito é a de que se tratou de um golpe militar, mas um golpe justificável. Eu não acho, pessoalmente, que era justificável.
Mas aquele era um período de grande temor em relação ao comunismo. Era Guerra Fria e a revolução cubana inspirou a esquerda a acreditar que a revolução era possível e desejável. E inspirou a direita a acreditar que uma tomada de poder comunista era possível e preocupante. Então, o Brasil era parte de uma tendência generalizada. Agora, a ideia de que não houve golpe militar em 1964 é um absurdo completo.
Aposentados e pensionistas do DF que fizeram aniversário em
janeiro terão até 10 de maio para fazer o recadastramento nas agências do BRB O
Instituto de Previdência dos Servidores do DF – Iprev/DF estendeu o prazo para
a realização do recadastramento dos aposentados e pensionistas que fizeram
aniversário em janeiro e ainda não realizaram o seu recadastramento.
Em um levantamento feito pelo Instituto, foi detectado que
cerca de mil beneficiários que deveriam ter feito o seu recadastramento no mês
de janeiro ainda não o fizeram. Diante desse número, e buscando evitar a
suspensão do pagamento dos benefícios, o Iprev, junto ao BRB, decidiu estender
o prazo para a realização do recadastramento nas agências bancárias.
Estes beneficiários terão até 10 de maio para fazer o
recadastramento com prova de vida em qualquer agência do BRB, de segunda a
sexta-feira, das 11h às 16h. A relação das agências com endereço completo
também já se encontra disponível no endereço
www.iprev.df.gov.br/recadastramento.
A não realização do recadastramento com prova de vida dentro
do prazo estabelecido levará à suspensão do pagamento dos benefícios já a
partir do mês de maio.
Uma agência bancária da Caixa foi interditada nesta sexta-feira (12) em Brasília após um surto de caxumba. Os acessos à unidade em uma importante avenida de Brasília (W3 Norte) foram isolados. Uma equipe da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal foi enviada ao local para apurar o ocorrido e apresentar orientações de como lidar com o caso.
Segundo informações da secretaria, 12 funcionários terceirizados do banco teriam contraído a doença. Os técnicos do órgão estão avaliando os casos. Caso haja confirmação do quadro, serão aplicadas vacinas do tipo tríplice-viral.
A Caixa informou por meio de sua assessoria que está “realizando todos os procedimentos cabíveis, conforme orientações da Vigilância Sanitária no local.” Questionada pela Agência Brasil, a assessoria da instituição não detalhou quais as medidas adotadas no episódio.
O Ministério da Saúde estabelece como diretrizes que haja o alerta aos órgãos de vigilância quando houver mais de dois casos em um mesmo local. Em situações com vários registros, como nesta, é preciso isolar os pacientes e observar a caderneta de vacinação de quem teve contato com eles.
Segundo a Secretaria de Saúde, neste ano, até o momento foram recebidas 420 notificações de casos de caxumba no Distrito Federal. No ano passado, foram registradas 720 ocorrências da doença na capital do país.
A caxumba é uma doença viral, cujo contágio se dá por meio de gotículas de saliva. Conforme a Secretaria de Saúde, ela provoca sintomas como febre, calafrios, dores de cabeça e musculares, bem como fraqueza.
ESPORTES O São Paulo tentará quebrar um jejum histórico contra o Corinthians na decisão deste domingo do Campeonato Paulista. A última vitória em um confronto de mata-mata foi em 2000, na semifinal do Estadual. Desde então, só deu Corinthians, com uma sequência de bons resultados diante do rival em fases decisivas. CRÉDITOS:Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
FONTE: Agência Estado Na Copa do Brasil, em 2002, o alvinegro levou a melhor na semifinal e naquele mesmo ano ganhou a decisão do Torneio Rio-São Paulo sobre o time do Morumbi. No ano seguinte, foi campeão em cima do São Paulo na final do Paulistão. Depois, em 2009, o resultado se repetiu, desta vez na semifinal.
Em 2013, as duas equipes se encontraram pela decisão da Recopa Sul-Americana. O Corinthians levou a melhor mais uma vez. Nos anos de 2017 e 2018, pelo Campeonato Paulista, o Corinthians passou pelo São Paulo nas semifinais e depois se sagrou campeão estadual.
Esse retrospecto recente favorável em partidas decisivas se junta a um histórico vencedor para o Corinthians. Até hoje, as duas equipes disputaram nove finais, com seis vitórias do time do Parque São Jorge e apenas três do São Paulo.
Agora, os dois rivais de longa data voltam a se enfrentar em uma decisão e cada lado joga o favoritismo para o outro. O Corinthians tem um time mais experiente e com jogadores com um currículo vitorioso. O São Paulo, por sua vez, tem jovens querendo um lugar ao sol.
"O Corinthians tem um time vencedor, é só ver os títulos do Cássio, Fagner, Jadson, Ralf, Vagner Love... São muitos jogadores vitoriosos, assim como o Palmeiras também tem, mas temos jovens buscando isso", comentou o técnico Cuca.