MUNDO Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionSaída do Reino Unido da UE sem acordo afetaria sobretudo exportações do setor agrícola no Brasil
A possível saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem um acordo - o chamado hard Brexit - significaria "um caos" para a economia global, na visão de analistas, e o Brasil poderia sentir esse impacto, em um primeiro momento, "no bolso" e no mercado de trabalho.
Um estudo do Instituto Halle de Pesquisa Econômica (IWH), da Alemanha, que considera o cenário em 43 países, calcula que quase 10 mil trabalhadores em território brasileiro poderiam ser afetados em dezenas de setores ligados às exportações, mas principalmente na agricultura, atividade em que o país se destaca como maior fornecedor da UE.
Internacionalmente, há previsão de que o hard Brexit afete 600 mil empregos, com um baque maior na Alemanha. Sozinho, o país teria aproximadamente 100 mil vagas "em risco", a maioria em funções ligadas à produção e comércio na indústria automotiva. Países como China, França, Polônia e Itália, seriam, nessa ordem, os outros quatro da lista mais afetados.
"Mais de 5 mil dos 10 mil empregos estariam em risco na agricultura brasileira. Outras atividades sentiriam menos", diz em entrevista à BBC News Brasil Oliver Holtemöller, chefe do departamento de macroeconomia e vice-presidente do instituto, umthink tankmembro da Associação Leibniz, que reúne institutos de pesquisa alemães de diversos ramos de estudo.
No entanto, especialistas ressalvam que também poderiam haver oportunidades para o Brasil em possíveis negociações individuais com o Reino Unido.
O Halle foi fundado em 1992 por um acordo entre o governo da Alemanha e o Estado federal da Saxônia-Anhalt para a realização de pesquisas econômicas empíricas, institucionais e para terceiros, nas áreas de dinâmica e estabilidade macroeconômica, instituições e normas sociais, produtividade, inovação, estabilidade financeira e regulação.
Holtemöller, um dos autores do estudo sobre os potenciais efeitos de um hard Brexit no mercado de trabalho internacional, explica que o cenário turbulento é previsto diante da perspectiva de o Brexit reduzir exportações de países da União Europeia para o Reino Unido em um percentual que estima em 25%. A queda ocorreria caso a saída seja efetivada sem o chamado "acordo de retirada" - que o governo britânico negociou com os líderes da União Europeia, mas que já foi rejeitado três vezes pelo Parlamento.
Para estimar os impactos, por país e indústria, o instituto construiu coeficientes que indicam quantas pessoas empregadas são necessárias para produzir nas unidades de produção, baseando seus cálculos em informações extraídas do Banco de Dados Mundial de Insumo-Produto (WIOD, da sigla em inglês).
Direito de imagemREUTERSImage captionPrimeira-ministra britânica, Theresa May, espera adiar mais uma vez o Brexit, previsto para a semana que vem
Mas o que é Brexit e em que pé ele está?
Brexit é uma abreviação para "British exit" ("saída britânica", na tradução literal para o português) e é o termo mais comumente usado quando se fala sobre a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia.
Ele foi aprovado em um referendo em 23 de junho de 2016, quando os britânicos foram perguntados se o Reino Unido deveria permanecer ou deixar a União Europeia. A maioria - 52% contra 48% - decidiu em um referendo que o país deveria deixar o bloco. Mas a saída não aconteceu de imediato e acabou virando um processo cheio de incertezas.
Diante de impasses envolvendo o acordo que prevê como seria essa retirada, a probabilidade de um não-acordo, ou hard Brexit, segundo analistas, só cresce. A data do Brexit em si também é incerta. Originalmente, estava marcado para 29 de março. O prazo acabou adiado para 12 de abril com possibilidade de novas mudanças.
Nesta sexta-feira, a primeira-ministra britânica, Theresa May, pediu oficialmente uma nova prorrogação, desta vez para 30 de junho. No entanto, a editora da BBC na Europa, Katya Adler, foi informada por uma fonte na UE de que o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, vai propor uma extensão "flexível" de 12 meses, com a opção de abreviar este prazo.
O pedido de May foi feito em meio a tentativas de chegar a um entendimento com a oposição para destravar o caminho de saída do bloco e precisa ser aprovado por unanimidade pelos líderes da União Europeia, na próxima quarta-feira, 10 de abril.
Ela propôs que, se os parlamentares britânicos aprovarem um acordo a tempo, o Reino Unido saia do bloco antes das eleições para o Parlamento Europeu, que terão início em 23 de maio. Mas afirmou que o país se preparará para participar dessas eleições caso nenhum acordo seja aprovado até lá.
Direito de imagemIWHImage captionPara Oliver Holtemöller, cinco mil empregos estariam em risco na agricultura brasileira com hard Brexit
Efeitos indiretos de um não-acordo
Em um horizonte em que o Brexit ocorra sem esse acordo, o Instituto Halle analisa que os produtos da União Europeia passariam a ser tarifados nas negociações com o Reino Unido, o que os deixaria mais caros e reduziria o apetite britânico para consumi-los.
Os efeitos disso, afirma, se alastrariam pela cadeia produtiva que abastece esse mercado e acabariam chegando de forma "indireta" a vários países, inclusive ao Brasil.
"Os efeitos não estão relacionados às exportações brasileiras para o Reino Unido (que não foram objeto do estudo), mas a insumos intermediários que as empresas brasileiras entregam a exportadoras de produtos da UE para o Reino Unido", disse Holtemöller.
"O setor alemão de fabricação de produtos alimentícios, por exemplo, exportaria menos para o Reino Unido e, portanto, também importaria menos insumos intermediários do setor agrícola do Brasil". O impacto é visto num horizonte de curto prazo.
A longo prazo a expectativa é que "as empresas possam se ajustar à nova situação".
Retração
Enquanto essa acomodação não chegasse, porém, uma vez reduzidas as exportações para o bloco, as empresas atingidas reduziriam suas áreas de produção, demitiriam pessoal ou diminuiriam seus horários de trabalho, segundo projeções de Holtemöller.
"Existem também outras possibilidades. As empresas podem reduzir os preços, o que pode levar a lucros menores ou a aumentos salariais mais baixos."
O Departamento de Inteligência e Competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) confirmou em nota à BBC News Brasil - sem estimar possíveis impactos no mercado de trabalho - que "uma saída não negociada do Reino Unido da União Europeia implicaria, no curto prazo, em maior custo de aquisição destas mercadorias pelas empresas do Reino Unido, com impactos financeiros negativos para as vendas de alimentos do Brasil".
"Essa dificuldade", segundo a associação, poderia ser superada por um futuro acordo comercial entre o Brasil e o Reino Unido. "Todavia este processo demanda tempo, e também está sujeito a imprevistos".
Qual é a importância da UE e do Reino Unido para o comércio do Brasil?
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a União Europeia e a Europa (bloco que considera a UE, a Rússia e outros países) detêm juntas o posto de segundo principal destino das exportações brasileiras hoje.
A fatia que abocanham das exportações é de aproximadamente 28% e segue de perto a da Ásia - para quem perderam a liderança a partir de 2017.
Excluindo o Oriente Médio, o chamado bloco Ásia compra atualmente 30% do que o Brasil vende lá fora.
Mas a força do comércio Brasil-UE resiste e é ressaltada pela própria União Europeia, que mantém uma página dizendo que o Brasil é o seu 10º maior parceiro comercial e também seu maior fornecedor de produtos agrícolas.
A lista do que compra inclui, por exemplo, carnes, soja, café, milho, algodão, frutas, sucos e outros subprodutos.
Direito de imagemREUTERSImage captionSoja e subprodutos, como bagaços e outros resíduos sólidos, da extração do óleo, estão entre os que o Brasil exporta para UE
Isoladamente, o Reino Unido também é um parceiro importante para diversos setores brasileiros, incluindo ramos do setor agrícola e da indústria de alimentos.
Dados do MDIC levantados pela BBC News Brasil mostram que a região - que engloba Inglaterra, País de Gales, Irlanda do Norte e Escócia - é a 17º principal compradora internacional dos produtos brasileiros, em meio a 253 parceiros.
Dentro da União Europeia, é a sexta mais importante, atrás de Holanda, Alemanha, Espanha, Itália e Bélgica.
Só no ano passado, as exportações totais do Brasil para o mercado britânico alcançaram US$ 3 bilhões.
A força dos bens intermediários
Um levantamento do Departamento de Inteligência e Competitividade da ABIA, realizado a pedido da BBC News Brasil, mostra que, só no ano passado, as exportações de alimentos in natura e de alimentos industrializados do Brasil para os britânicos alcançaram US$ 859,7 milhões - ou seja, 28,65% do total de US$ 3 bi negociados com esse mercado no período.
"Deste montante, mais de dois terços podem ser classificados como bens intermediários, bens manufaturados ou matérias-primas empregados na produção de outros bens intermediários ou de produtos finais", diz a associação, acrescentando que "as cadeias produtivas de valor britânicas, inclusive as indústrias de alimentos e bebidas, dependem fortemente de matérias-primas importadas, sendo o Brasil um de seus principais fornecedores."
Do ponto de vista global, o Instituto Halle destaca que "tanto para bens intermediários quanto para uso final, a UE é o parceiro comercial quantitativamente mais importante do Reino Unido".
E o acordo do Brexit?
O acordo de retirada do Reino Unido do bloco foi negociado entre a primeira-ministra, Theresa May, e os países remanescentes em 25 de novembro de 2018.
O documento estabelece que a relação comercial de produtos entre as duas partes deve ser o mais próxima possível da atual, viabilizando a facilidade de negociação.
"Isto significa uma área de livre comércio de mercadorias", explica o Instituto Halle no material de divulgação do estudo.
Em entrevista à BBC News Brasil, o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP), Kai Enno Lehmann, complementa que "com um possível acordo começaria um período de transição e durante esse período as regras da União Europeia continuariam se aplicando ao Reino Unido".
Já no caso de não acordo, "no minuto em que o Reino Unido sair da União Europeia vai perder qualquer acordo que a União Europeia tenha com outro país. Todos os acordos que regem de um lado a relação entre Reino Unido e União Europeia e, de outro, a da União Europeia com o resto do mundo não teriam mais validade".
A situação do Reino Unido nesse caso, segundo o professor, seria "dramática" economicamente.
Direito de imagemRENATA MOURA / BBC NEWS BRASILImage captionFrutas estão entre os produtos agrícolas que encontrariam oportunidades com um possível Brexitmesmo sem acordo, diz Associação
"Potencial caos", mas também "oportunidades"
"O problema com uma saída abrupta seria o potencial caos que se criaria. O Reino Unido simplesmente perderia do dia para a noite a base do seu comércio mundial, teria que renegociar seus acordos individualmente", explica Lehmann. "O impacto seria global simplesmente porque o Reino Unido é uma das maiores economias da União Europeia e do mundo".
Com relação ao Brasil, como não existe um acordo de livre comércio vigente - mas sim em negociação - entre o Mercosul e a União Europeia, a repercussão da saída do Reino Unido seria menos intensa do que em outros mercados, na avaliação dele, e também poderia haver um lado positivo.
"Sem esse acordo vai ter impacto? Não há dúvida. Vai ser uma coisa negativa? Com certeza também. Uma ruptura brusca seria ruim para todos os estados membros da UE, embora o impacto seja muito pior para o Reino Unido. A economia britânica sofreria bastante e isso teria impacto em todos os seus parceiros comerciais, inclusive o Brasil", diz o professor, observando, porém, que como o Reino Unido "ficaria muito frágil e com menor poder de barganha", poderia haver vantagens para o Brasil em possíveis negociações individuais, mas não no curto prazo.
"Para o Brasil e vários setores as oportunidades são grandes, caso o país assuma um pensamento estratégico e estabeleça o que quer do Reino Unido e de um acordo de livre comércio. Se eu fosse representante de um setor estratégico faria muita pressão no governo (para assumir essa postura) e tentar se aproveitar dessa situação."
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, faz coro. Segundo ele, os produtores do setor esperam, em vez de queda com o Brexit, impulsionar as vendas para o Reino Unido, para onde seguem atualmente, por exemplo, 26% de todo o melão que o Brasil exporta.
A fruta é a que os britânicos mais importam dos produtores brasileiros, mas uvas, mangas, melancias e limões também estão na lista.
A expectativa é buscar um acordo nos moldes do que estamos negociando com a comunidade europeia e tentar reduzir o imposto de importação, que hoje é de 8,8%, para zero", diz Barcelos. "O percentual vai caindo ao longo de 10 anos até zerar".
Direito de imagemRENATA MOURA / BBC NEWS BRASILImage captionProdutores de melão, que vendem hoje para supermercados britânicos, tentariam reduzir imposto
"Acordo crucial"
Lehmann, da USP, diz que apesar das possíveis oportunidades que um hard Brexit pode trazer, um acordo seria crucial, uma vez que "o processo de saída do país do bloco seria ordenado".
Holtemöller também afirmou que "no caso de um acordo que implique o livre comércio entre UE e o Reino Unido, os efeitos sobre o emprego seriam muito menores".
"No entanto, sem um acordo formal, se aplicariam tarifas nas transações entre o Reino Unido e a UE. Carros e peças de automóveis, por exemplo, seriam tributados em 10%. As tarifas agrícolas são ainda maiores", prevê o instituto em nota para apresentação do estudo.
Em um texto publicado no site, em que também analisa os dados, o economista ressalta que "um Brexit sem acordo desestabilizaria as cadeias globais de valor (ou seja, o conjunto de atividades necessárias para produzir e entregar o produto ao consumidor final" e que "é por isso que a retirada desordenada da Grã-Bretanha da UE tem o potencial de causar uma perda significativa de riqueza".
Do ponto de vista econômico, defende, "é crucial que um acordo ainda possa ser alcançado".
GOVERNO Desempenho do presidente nos três primeiros meses é o pior entre governantes da República em primeiro mandato desde a redemocratização Bolsonaro conta com uma fatia esperançosa da população: 59% ainda acreditam em uma administração "ótima" ou "boa" Bruno Alencastro / Agencia RBS Completados os três meses iniciais no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro(PSL)registra a pior avaliação entre governantes da República de primeiro mandato em igual período desde a redemocratização no país, em 1985. A pesquisa foi realizada pelo Datafolha e divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo neste domingo (7). Para 30% dos brasileiros, a administração de Bolsonaro é "ruim" ou "péssima".
O índice dos que consideram o governo "ótimo" ou "bom" é quase o mesmo: 32%. Escolheram a opção "regular" 33% dos entrevistados. O total de pessoas que não soube opinar ficou em 4%.
A esperança, entretanto, parece estar em bom patamar: 59% dos respondentes ainda acreditam que ele fará uma administração "ótima" ou "boa".
Antecessores que ocuparam o mais alto cargo do Executivo, nas mesmas condições de Bolsonaro, obtiveram avaliações melhores: Fernando Collor (então no PRN) era reprovado por 19% dos brasileiros em 1990. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) chegou a 16% de "ruim" ou "péssimo" em 1995.
Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, foram reprovados por 10% e 7% da população, respectivamente, ao final dos primeiros três meses. Dilma se destaca com a melhor posição entre todos os presidentes do período: em 2011, contava com 47% de "ótimo" ou "bom".
Foram ouvidas 2.086 pessoas, com idade acima de 16 anos, em 130 municípios brasileiros, nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O presidente Jair Bolsonaro está programando uma viagem à região Nordeste e deve aproveitar a ocasião para anunciar o pagamento do 13.º salário do Bolsa Família. O dinheiro para bancar a medida já está reservado no Orçamento. A incursão de Bolsonaro à única região em que não foi vitorioso nas eleições faz parte da tentativa de reaproximação com o Congresso e de alavancar novamente sua popularidade após o recuo no início de sua gestão.
O 13.º do Bolsa Família foi uma promessa de campanha de Bolsonaro e deve ser mencionado no balanço dos primeiros 100 dias de governo. Mas a ideia é usar a viagem para mostrar, numa região com muitos beneficiários do programa, que o governo está atuando em outras frentes além da reforma da Previdência, pauta considerada impopular.
Parlamentares da região reclamam que a reforma da Previdência tem sido até agora a única pauta do governo, o que aumenta as cobranças na base eleitoral sobre os congressistas. O anúncio do 13.º seria um afago no sentido de dar aos deputados e senadores uma bandeira num momento de tentativa de construção de uma base aliada, além de apontar para uma agenda mais positiva. A equipe econômica também tem se debruçado sobre medidas para tentar alavancar o crescimento, como antecipou o Estado.
No Congresso, a principal reclamação nos bastidores é a falta de clareza na agenda que será tocada por Bolsonaro durante seu governo, não só na economia mas também em outras áreas. Sem essa visão de mais longo prazo, o presidente encontra dificuldades em convencer potenciais aliados a carimbar em si mesmos o selo de "base do governo", que se traduz no compromisso de apoiar e atuar em defesa das iniciativas do Executivo.
A ida de Bolsonaro ao Nordeste ajuda a azeitar esse caminho na tentativa de construção da base, pois garante momentos de exposição dos parlamentares ao lado do presidente numa situação positiva, de anúncio de expansão do programa social.
Orçamento
O dinheiro necessário para bancar o 13.º do Bolsa Família já foi reservado no Orçamento de 2019, apesar do corte bilionário em outras despesas para assegurar o cumprimento da meta fiscal para o ano. São R$ 2,6 bilhões destinados à medida, elevando os recursos do programa social para R$ 32,1 bilhões neste ano.
O coordenador da bancada do Nordeste, deputado Julio Cesar (PSD-PI), diz que os parlamentares estão tentando estabelecer uma ponte com Bolsonaro e esperam ser recebidos pelo presidente nos próximos dias para tratar de assuntos da região. "Essa reaproximação é importante", afirma.
A bancada do Nordeste também é uma das mais resistentes a pontos polêmicos da reforma da Previdência, como o endurecimento das regras de aposentadoria rural e do benefício assistencial para idosos miseráveis. A região concentra 27% dos beneficiários da Previdência Social e quase metade dos aposentados rurais no País
A data da viagem e o itinerário de Bolsonaro no Nordeste ainda não foram definidos. Uma possibilidade em estudo é que o presidente e sua comitiva desembarquem na região no fim do mês ou no início de maio. A iniciativa já tem sido sinalizada a congressistas em reuniões com a área econômica.
Região Norte
O presidente deve iniciar a série de viagens que pretende fazer pelo País na região Norte. Ele vai inaugurar o novo aeroporto de Macapá (AP) na sexta-feira (12), ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Bolsonaro também tem intenção de ir a Campina Grande, na Paraíba, para uma cerimônia de entrega de casas populares, ao lado do prefeito Romero Rodrigues (PSDB). A viagem ainda não tem data definida.
Na semana passada, o presidente citou outros potenciais destinos, como Pará e Amazonas, além da própria Paraíba. A aproximação com prefeitos também é um movimento importante, uma vez que o PSL ganhou força apenas nas últimas eleições e não tem essa capilaridade que pode ajudar nas articulações pela reforma
O ministro da Economia, Paulo Guedes, também definiu o "contato político" como prioridade para as próximas semanas, em prol da aprovação da reforma da Previdência. Ele já se reuniu com as bancadas do PSD e do PSL – partido de Bolsonaro – e deve ter encontros com PP, PSDB e DEM.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Há a suspeita de que parte dos pagamentos da Nissan Motor a uma empresa de Omã foram desviados para contas de uma companhia em nome de Carole Ghosn REUTERS/Issei Kato
A promotoria do Japão está considerando interrogar a mulher de Carlos Ghosn diante da suspeita de que parte dos pagamentos da Nissan Motor a uma empresa de Omã foram desviados para contas de uma companhia em nome dela, disseram à agência de notícias “Kyodo” fontes ligadas ao caso.
A Promotoria suspeita que a companhia em nome de Carole Ghosn usou parte destes fundos desviados para adquirir um iate para uso particular.
A própria Promotoria requisitou na quinta-feira passada, dia no qual Ghosn foi novamente detido acusado de um quarto crime, o passaporte e um telefone celular da mulher,
As novas diligências que levaram Ghosn outra vez para a prisão estão relacionadas com uma série de transferências feitas em 2015 e 2018 para uma distribuidora de Omã e que, segundo a Promotoria, acabaram em parte em contas bancárias controladas por Ghosn e por sua família, entre eles nos cofres de uma empresa representada pela sua esposa.
O tribunal de Tóquio que instrui o caso aprovou na sexta-feira estender a detenção de Carlos Ghosn por mais dez dias até 14 de abril.
A prisão preventiva poderia ser estendida depois por outros dez dias se a corte considerar que é preciso mais tempo para investigar e se apresenta uma acusação formal contra o empresário franco-brasileiro.
O líder opositor e presidente interino autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, lançou neste sábado (6) o que promete ser a escalada da pressão definitiva para tirar do poder o presidente Nicolás Maduro, que insistiu em um diálogo com mediação internacional para resolver a crise.
Diante de milhares de partidários em Caracas, Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como chefe de Estado encarregado, ativou a "operação liberdade", uma estratégia para articular suas bases para a queda de Maduro.
"Aqui estamos, vamos prosseguir! Todos às ruas, à fase definitiva do cessar da usurpação!", convocou o chefe do Parlamento, de maioria opositora, falando na plataforma de um caminhão.
Para tanto, Guaidó convocou nova manifestação para a próxima quarta-feira, destinada a multiplicar um voluntariado que, segundo disse, será encarregado de organizar e manter viva a pressão nas ruas.
Começa "a maior escalada de pressão que já vimos na nossa história", afirmou Guaidó, que também convidou os funcionários públicos a comparecer ao Legislativo, na segunda-feira, em seu empenho para que parem de apoiar Maduro.
Também anunciou um encontro na Venezuela com líderes mundiais para abordar a crise no país, a pior da história moderna.
O líder opositor disse que sua ofensiva inclui, ainda, uma marcha até o palácio presidencial de Miraflores, em data não especificada, mas não voltou a tocar no assunto.
Chamado ao diálogo
Perante milhares de chavistas vestidos de vermelho, que se concentraram em vários pontos de Caracas para caminhar rumo ao palácio presidencial e "ratificar o caráter anti-imperialista" do país, Maduro pediu que se retome uma proposta de dialogo de México e Uruguai para resolver a crise.
"A Venezuela pede apoio e acompanhamento para um grande diálogo de paz, de entendimento", afirmou o presidente, que reiteradamente se mostra disposto a negociar, ao que Guaidó nega por considerar que Maduro só quer ganhar tempo para se manter no poder.
Como contrapartida aos "comandos de ajuda e liberdade" (o voluntariado de Guaidó), Maduro pediu para multiplicr as chamadas "quadrilhas da paz", que aglutinam todas as organizações de base, "para a defesa da pátria".
"Devem estar atentos aos grupos de mercenários, de violentos. Não vamos permitir a violência", advertiu.
As quadrilhas incoroporam os chamados "coletivos", organizações de base da situação, que Guaidó tacha de "paramilitares e terroristas", que reprimem a oposição.
Pas Larry Moreno, verdureiro de 65 anos, defende que os chavistas estão em legítima resistência e tacha a operação liberdade de camuflagem para uma intervenção americana.
Durante as manifestações da oposição, houve distúrbios em Maracaibo (oeste), onde os deputados Renzo Prieto e Nora Bracho foram detidos momentaneamente pelos militares.
"A repressão foi brutal, lançaram bombas de gás lacrimogêneo do helicóptero, mandaram blindados da Guarda e depois da repressão dos militares, chegaram os coletivos (civis armados)", contou à AFP a deputada Elimar Díaz.
O próprio Guaidó ficou sob ameaça de prisão, depois de a governista Assembleia Constituinte suspender na terça-feira sua imunidade e autorizar processá-lo por usurpar as funções de Maduro.
Deter Guaidó "seria um erro muito grave, talvez o último do regime" de Maduro, advertiu na sexta-feira Elliott Abrams, representante especial dos Estados Unidos para a crise venezuelana.
"Não vamos aqui dizer exatamente o que vamos fazer, mas a reação, asseguro-lhes que temos planos e será muito forte", afirmou, em declarações ao canal NTN24.
O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, reagiu neste sábado às declarações de Abrams, a quem chamou de "assassino".
"Quem deveria estar preso é Abrams, condenado nos Estados Unidos por genocídio na América Central", disse Cabello a jornalistas durante a marcha governista em Caracas.
Cabello acrescentou que "nem Abrams, nem ninguém" impõe os tempos à Justiça venezuelana e assegurou que um processo contra Guaidó está em curso, segundo a Constituição e as leis do país.
"Abrams não tem nada a ver com a Justiça venezuelana (...). Sua opinião não significa nada para nós", emendou Cabello.
O governo de Donald Trump não descarta uma ação armada no país sul-americano, que detém as maiores reservas de petróleo do planeta. Guaidó, por sua vez, considera pedir ao Legislativo que autorize a entrada de uma missão militar estrangeira no país.
As marchas em Maracaibo se dirigiam às empresas estatais de serviços públicos, arruinados como o restante do país por apagões que se sucedem desde 7 de março, afetando o abastecimento de água.
"Estamos cansados, mas temos que ir às ruas porque é a única maneira de tirar essa gente!", disse à AFP Verony Méndez, de 48 anos.
Apostando no desgaste
Enquanto Guaidó estimula a pressão popular, Washington aperta o cerco sobre Maduro, apoiado pelas Forças Armadas, que enfrentará um embargo petroleiro a partir de 28 de abril.
Na sexta-feira, a Casa Branca também sancionou 34 embarcações da estatal PDVSA e duas empresas que enviam petróleo venezuelano a Cuba.
Durante as mobilizações opositoras deste sábado em Caracas, Guaidó advertiu o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, que o envio de petróleo venezuelano à Havana chegou ao fim, denunciando a commodity financia um grupo de Inteligência cubana, denominado pela oposição como "G2".
Segundo o líder do Parlamento, este suposto comando reprime militares contrários a Maduro.
"Acabou a exploração do petróleo da Venezuela. Sendo assim, senhor Díaz-Canel, a única ingerência que não vamos permitir é a que seu G2 cubano quer fazer na Venezuela e por isso chega de petróleo, não vão usar o petróleo da Venezuela para submeter nossos militares e investigá-los", disse Guaidó.
A pedido dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança da ONU vai abordar, na próxima quarta-feira, a situação humanitária na Venezuela.
Em sua contra-ofensiva, o chavismo também inabilitou Guaidó, através da Controladoria, de exercer cargos públicos durante 15 anos. O deputado não reconhece a medida e a suspensão da imunidade.
"O governo está jogando no desgaste de Guaidó", disse à AFP o analista Luis Salamanca.
Guaidó se declarou presidente interino depois que o Legislativo declarou Maduro um "usurpador", alegando que seu segundo mandato, iniciado em 10 de janeiro, resultou de eleições fraudulentas.
Durante seu governo, iniciado em 2013, a Venezuela mergulhou na pior crise de sua história moderna, com escassez de alimentos e medicamentos e uma inflação que o Fundo Monetário Internacional estima em 10.000.000% para 2019.
O líder socialista tem entre seus aliados a Rússia, que em 23 de março enviou dois aviões com uma missão militar, provocando a reação da Casa Branca.
Guaidó "pode se desgastar porque a realidade venezuelana é uma espécie de moedor de líderes", avalia Salamanca, que por enquanto descarta que o opositor esteja perdendo força.
O Exército israelense anunciou que os pontos de acesso a partir da Faixa de Gaza e da Cisjordânia ocupada ficarão fechados durante toda a terça-feira para as eleições em Israel.
A decisão de fechar todos os postos de controle e travessia a partir da meia-noite local (18h de Brasília) de segunda-feira se baseou na "avaliação da segurança", explicou o Exército em um comunicado publicado neste domingo.
Só serão abertos para casos médicos, acrescentou.
As eleições vão começar às 07H00 locais (01H00 de Brasília) de terça-feira e vão se encerrar às 22H00 (16h00 de Brasília).
Israel costuma fechar suas fronteiras com os territórios palestinos em dias festivos para evitar possíveis ataques.