terça-feira, 2 de abril de 2019

'Poeira mortífera': como EUA expõem todo o mundo à radiação

MUNDO
Em seu novo livro "Poeira Mortífera – Made in USA: Armas de Urânio Contaminam o Mundo" o diretor de filmes e escritor Frieder Wagner revela como os EUA contaminaram vastos territórios com munições que contêm urânio.
© Sputnik / Mikhail Voskresensky
Segundo o autor, as munições de urânio podem ser consideradas mortíferas porque são feitas de resíduos nucleares, que são uma fonte de radiação extremamente tóxica. 
Em entrevista à Sputnik Alemanha, Wagner lembrou que, há 30-40 anos, os engenheiros militares fizeram uma descoberta importante: o urânio é duas vezes mais pesado que o chumbo. Se transformarmos o urânio empobrecido em munição e imprimirmos a aceleração certa, ele perfurará a blindagem de um tanque, estruturas de concreto ou cimento.
Além disso, quando uma munição desse tipo perfura a blindagem de um tanque, é formada poeira que explode a uma temperatura de 3.000 a 5.000°C. A tripulação do tanque pega fogo e o tanque é destruído.
O autor do livro sublinha que, após esta munição ser usada, o urânio empobrecido se queima e se formam nanopartículas que são 100 vezes menores que os glóbulos vermelhos. 
"Desse modo, se forma uma espécie de gás metálico que as pessoas podem respirar, que penetra na atmosfera e pode ser transportado pelo vento para qualquer lugar. As pessoas que o respiram correm o risco de ter câncer. Essas nanopartículas podem penetrar no organismo da mulher grávida atravessando a barreira entre a mãe e filho, afetando a saúde do nascituro, podem penetrar diretamente no cérebro ou atingir qualquer órgão das pessoas ou animais", revelou Wagner.
O autor revelou que essas armas foram amplamente usadas durante a Guerra do Iraque de 1991 (segundo os militares, seu volume atingiu 320 toneladas) e a Guerra do Iraque de 2003 – cerca de 2.000 toneladas, nas guerras na Iugoslávia de 1995 e no Afeganistão depois 2001, onde continuam sendo usadas atualmente.
Segundo o autor, embora muitos países tenham desenvolvido esse tipo de armas, incluindo a Rússia e a Alemanha, apenas os EUA as usaram.
"Eles não prestaram atenção a quaisquer efeitos colaterais – como aconteceu na momento do primeiro uso das bombas nucleares. Por isso chamei meu livro de 'Poeira Mortífera – Made in USA'", explicou Wagner.
Explicando como ele conseguiu provar o uso de munições de urânio durante as investigações, Wagner disse que, por exemplo, os sérvios dispõem de mapas onde foram indicados os lugares de uso dessas armas. 
"Quando estivemos no Iraque falamos com os moradores locais. Visitamos os lugares onde ocorreram grandes batalhas de tanques, trouxemos amostras de solo e de poeira de tanques. Se olharmos para um tanque, é possível dizer se ele foi atingido por uma munição comum ou por uma munição com urânio. As munições de urânio deixam uma poeira que queima tudo ao redor dos buracos de munição. Dessa maneira, é possível estabelecer o uso deste tipo de munições. Encontramos urânio em todas as amostras do solo", afirmou ele.
Segundo Wagner, o uso das munições de urânio é um crime militar. A poeira tóxica formada no sul do Iraque se espalha para norte durante as chamadas tempestades do deserto. 
"Isso significa que o urânio que assentou no solo no sul do Iraque agora também se disseminou no norte do país, onde crianças nascem doentes ou com deformidades. Isso se espalha por todo o mundo", revelou ele.
O autor do livro sublinhou que agora, no Kosovo, um grupo de advogados está trabalhando em um processo contra a OTAN, porque, depois que a guerra foi desencadeada, tem se observado o aumento na incidência de câncer entre os moradores locais. Observa-se também o aumento na incidência de câncer entre os militares que participaram das operações desse tipo. 
Segundo Wagner, cerca de 600 militares intentaram processos nos tribunais nos EUA. "Agora não se trata dos 'ridículos' valores de 90 ou mesmo 900 milhões, mas de bilhões de dólares. É claro que os EUA tentarão adiar a tomada de decisões correspondentes tanto quanto possível e esperam uma solução 'biológica' da situação — que os demandistas simplesmente morram", concluiu ele.

FONTE: SPUTNIK

Xiaomi Mi 9 bate um milhão de unidades e é o celular mais potente do mundo

TECNOLOGIA
Smartphone chinês, que alcançou a marca de um milhão de unidades enviadas no mundo, foi eleito o Android mais potente
Xiaomi Mi 9 bate a marca de um milhão de unidades pelo mundo em um mês — Foto: Divulgação/Xiaomi
O Xiaomi Mi 9 chama a atenção por oferecer um bom conjunto fotográfi
Xiaomi Mi 9 atingiu a marca de 1 milhão de unidades enviadas após um mês do lançamento. As informações foram confirmadas pelo diretor de produtos da Xiaomi, Donovan Sung, via Twitter. Segundo o executivo, o número corresponde à quantidade de celulares distribuídos pelo mundo, e não apenas na China, principal mercado da marca.  Com ficha técnica avançada e câmera tripla de 48 megapixels, o smartphone ocupa a posição de celular Android com melhor desempenho, de acordo com o ranking do AnTuTu. O modelo está disponível no mercado internacional a preços a partir de 449 euros (cerca de R$ 1.938 em conversão direta, sem impostos). Ainda não há previsão de disponibilidade do telefone no Brasil.  e ficha técnica avançada a preços competitivos. Além do trio de câmeras, com um sensor de 48 megapixels, o smartphone conta com o processador Snapdragon 855 e diversas opções de memória RAM, a partir de 6 GB. A versão Transparent Edition com 12 GB de RAM foi eleita o celular Android com melhor desempenho pelo benchmark AnTuTu, seguido pelo modelo tradicional Xiaomi Mi 9, com 8 GB. Um dos principais celulares do segmento premium, o Xiaomi Mi 9 chegou ao mercado chinês em fevereiro com preços a partir de 2.999 yuans (cerca de R$ 1.719 em conversão direta). O smartphone foi apresentado ao público global durante a MWC 2019, e desembarcou com valores a partir de 449 euros (aproximadamente R$ 1.938).  Por enquanto, não há previsão de lançamento do smartphone no Brasil, visto que a marca não atua por aqui de forma oficial. Recentemente, o Redmi Note 6 Pro e o Pocophone F1, celulares da Xiaomi, chegaram ao mercado nacional importados pela DL Eletrônicos. Os preços começam em R$ 1.999.  É importante observar que Donovan Sung escreveu que a Xiaomi “forneceu mais de 1 milhão de unidades mundo a fora”. Isso mostra que as contas da fabricante chinesa consideram o total de smartphones que saíram das fábricas e chegaram aos pontos de venda, e não necessariamente o total efetivo de celulares vendidos ao consumidor final. Apesar disso, durante as primeiras 24 horas após o lançamento, a Xiaomi chegou a receber mais de um milhão de reservas do Mi 9 apenas na China. Então, é possível que o número de smartphones que já foram comercializados esteja bem perto dessa quantidade.

Ficha técnica do Xiaomi Mi 9

  • Lançamento: fevereiro de 2019
  • Tela: 6,39 polegadas
  • Resolução de tela: Full HD+
  • Câmera principal: tripla, 48, 16 e 12 megapixels
  • Câmera frontal: 20 megapixels
  • Processador: Snapdragon 855
  • Memória RAM: 6 GB, 8 GB ou 12 GB
  • Armazenamento: 128 GB ou 256 GB
  • Bateria: 3.300 mAh
  • Sistema: Android 9 (Pie)
  • Cores disponíveis: violeta, azul e preto

FONTE: TECHTUDO

--:--/--Ficha técnica do Xiaomi

A cidade suíça que é obcecada pelo número 11

MUNDO
Por mais de 500 anos, Solothurn desenvolveu uma relação intrigante com o número – não é à toa que tem 11 igrejas 11 capelas, 11 fontes, 11 torres e 11 museus.

O relógio de 11 horas de Solothurn é composto por 11 engrenagens e 11 sinos — Foto: Mike MacEacheran/BBC Travel
Em uma manhã recente, precisamente às 11h, Therese Stählin me esperava em silêncio na entrada da cidade barroca de Solothurn, na Suíça, observando o relógio.
"Às 12h, nós precisamos estar no relógio de 11 horas", disse ela, toda afobada quando eu cheguei.
Onze horas era o horário mais auspicioso para se encontrar na cidade, ela me dissera por e-mail alguns dias antes, mas era igualmente importante que não chegássemos atrasados para o meio-dia. Tivemos de nos apressar.
Cruzamos uma ponte de pedestres sobre o Rio Aare, viramos à esquerda na Klosterplatz e passamos por um grande armazém do século 18 - apertando o passo - para chegar a um lugar que revelaria muito sobre a história e a obsessão inusitada desta cidade pouco conhecida, localizada à sombra das montanhas da cordilheira do Jura, na Suíça.
À vista de todos, na fachada de um banco de investimentos, estava o relógio pendurado na parede. Ele é a chave para uma curiosidade desconhecida até mesmo pela maioria dos suíços.
O relógio - que tem um mostrador de 11 horas, sem o número 12 - pode parecer uma anomalia desconcertante para qualquer visitante desavisado. Mas não se engane; não é por acaso. Quando as 11 engrenagens giram para tocar seus 11 sinos, o Solothurner Lied, hino não oficial da cidade, é executado.
O mecanismo não informa apenas as horas (ainda que de forma enigmática). Também ajuda a revelar o fascínio da cidade com o número 11.
Referências ao número 11 podem ser encontradas por toda a cidade — Foto: Mike MacEacheran/BBC TravelReferências ao número 11 podem ser encontradas por toda a cidade — Foto: Mike MacEacheran/BBC TravelReferências ao número 11 podem ser encontradas por toda a cidade — Foto: Mike MacEacheran/BBC Travel

História de uma obsessão

Solothurn, fundada pelos romanos há 2 mil anos, mas esquecida por muitos turistas hoje em dia devido à proximidade com a capital, Berna, é uma cidade preocupada com o número 11. Não se trata de uma estratégia de marketing, tampouco coincidência. Mas a cidade abriga 11 igrejas, 11 capelas, 11 fontes, 11 torres e 11 museus - um conjunto arquitetônico surpreendente.
As construções datam do século 15 até os dias de hoje. Algumas são antigas e desgastadas pelo tempo, enquanto outras são supermodernas - como é o caso do Enter, único museu da Suíça dedicado a computadores e tecnologia.
Em geral, os visitantes se detêm a contemplar o edifício mais antigo da cidade - o relógio astronômico, todo decorado com estrelas douradas e a figura de um rei, um cavaleiro e um esqueleto que se movimentam. Mas eu queria me aprofundar mais.
Stählin não se diz uma especialista em numerologia, apenas uma entusiasta. Sua autoridade sobre o assunto vem de ter crescido na cidade e do prazer em compartilhar seu conhecimento como historiadora.
"Essa história nunca vai morrer", ela me diz, enquanto observamos o relógio de 11 horas dar suas últimas badaladas.
"Mas agora, precisamos ir - você ainda tem de ver a nossa obra-prima numérica."
Descemos à Judengasse, ou rua dos judeus, passando por um prédio impressionante que já abrigou a Blacksmith's Guild - uma das 11 sociedades medievais da cidade - e não demorou muito para chegarmos ao lugar sobre o qual Stählin estava falando: a magnífica Catedral de St. Ursus, resplandecente ao sol do meio-dia.
Neste patrimônio histórico, o número 11 está presente de maneira quase inimaginável. A catedral foi construída, como era de se esperar, em 11 anos, e concebida pelo arquiteto italiano Gaetano Matteo Pisoni, que projetou o edifício com uma infinidade de símbolos e sinais.
A catedral evoca alguns elementos enigmáticos do processo da sua criação, mas também sequências numéricas que, em última análise, se somam a algo muito mais poderoso.
Em frente à sua fachada românica, o que impressiona o visitante é o brilho calculado por trás da moldura da catedral. Há três lances de escada com 11 degraus cada. E duas fontes clássicas que acompanham a escadaria - uma com a estátua de Gideão (personagem bíblico) e outra de Moisés com chifres de diabo - cada uma decorada com 11 pequenas torneiras, por onde a água escorre para uma bacia, refrescando o calor do verão.
Há ainda 11 portas, com um pé direito dividido em três partes - de 11 metros cada - que culmina em um campanário de 66 metros de altura.
"Pisoni ficou desnorteado com a ideia", afirma Stählin, como se ainda estivesse perplexo com o conceito depois de todos esses anos.
"Ele foi obrigado pelo governo da época a incluir o número 11. E ele fez isso. Em toda parte. Até mesmo um dos altares é feito de 11 tipos de mármore", acrescenta.
Em qualquer outro lugar, a catedral da cidade costuma ser barulhenta devido ao burburinho dos visitantes. Aqui, não. É como se Solothurn tivesse sido apagada da história e caído no esquecimento. Éramos apenas eu, minha guia e os ecos dos nossos passos cruzando a nave da igreja.

Religião e geopolítica

Caminhamos até a 11ª pedra, que se encontra na parte central da construção, único lugar de onde você pode ver os 11 altares da catedral. Eu reparei também que os bancos estavam dispostos em fileiras de 11.
Todo mundo em Solothurn conhece essa história, é claro, mas ninguém consegue lembrar exatamente como ou por que sua cidade natal se tornou tão obcecada pelo número 11.
Reza uma lenda popular que elfos mágicos saíam da montanha de Weissenstein, localizada nas redondezas, para encorajar os habitantes da cidade que trabalhavam duro, mas nunca prosperavam. A adoção do número 11, ou "elf" em alemão, teria sido a forma do povo homenagear seus salvadores. Pelo menos é o que diz a lenda.
Uma explicação mais razoável é a conotação bíblica do número - muitos moradores de Solothurn veem o 11 como um número "sagrado" e profético. Na numerologia, 11 é considerado o mais intuitivo de todos os números, comumente associado à fé e à vidência.
Mas outras crenças mantidas pelos fiéis da Catedral de St. Ursus são igualmente interessantes.
"Havia 12 apóstolos, mas 11 representam o sonho de tentar alcançar algo melhor", diz Stählin, fechando a porta da catedral, enquanto voltamos a caminhar sob a luz do dia.
"Para nós, simboliza a busca incessante pela perfeição - é um código de esperança."
Se a religião é um dos filamentos numerológicos do DNA de Solothurn, a geopolítica é outro. Ao longo da história, a singularidade deste número pode ser rastreada até o fim da Idade Média, sem ter que procurar muito para encontrar um padrão.
Em 1481, Solothurn se tornou o 11º Cantão da Confederação Suíça e, no século 16, foi dividido em 11 protetorados. Além disso, o número aparece pela primeira vez, em 1252, quando as guildas medievais votaram para eleger 11 membros do conselho da cidade.
É impossível entender completamente a mentalidade da Solothurn medieval, mas a presença do número 11 é algo natural para a cidade agora. É especialmente fascinante saber que as crianças ganham uma comemoração especial no 11º aniversário.
Muitos empreendimentos em Solothurn adotaram o número 11, incluindo a cervejaria familiar Öufi-Bier — Foto: Mike MacEacheran/BBC TravelMuitos empreendimentos em Solothurn adotaram o número 11, incluindo a cervejaria familiar Öufi-Bier — Foto: Mike MacEacheran/BBC TravelMuitos empreendimentos em Solothurn adotaram o número 11, incluindo a cervejaria familiar Öufi-Bier — Foto: Mike MacEacheran/BBC Travel
Da mesma forma, a Confiserie Hofer, uma padaria centenária, criou astutamente 11 tipos de barras de chocolate, e a principal cervejaria da cidade também pegou carona no conceito.
"Meu pai é de Berna e ele nunca tinha ouvido falar da 'história do número 11'", diz Moritz Künzle, enquanto me mostra a cervejaria da família - Öufi-Bier (Cerveja Onze, em tradução livre) -, que fica a uma curta caminhada do centro de Solothurn.
"Mas gostamos da ideia de um número como marca. É inusitado e fácil de lembrar. Fomos os primeiros a fazer isso, mas agora há um tal de '11' para lá, '11' para cá. Está aumentando a cada ano."
O projeto de um uísque de 11 anos envelhecido em barris de cerveja também está em andamento.
Por mais de 500 anos, Solothurn desenvolveu uma relação excepcional com o número 11. É tempo demais para ser uma mera coincidência. E a tendência não parece que vá mudar tão cedo.

FONTE: BBC