terça-feira, 2 de abril de 2019

A cidade suíça que é obcecada pelo número 11

MUNDO
Por mais de 500 anos, Solothurn desenvolveu uma relação intrigante com o número – não é à toa que tem 11 igrejas 11 capelas, 11 fontes, 11 torres e 11 museus.

O relógio de 11 horas de Solothurn é composto por 11 engrenagens e 11 sinos — Foto: Mike MacEacheran/BBC Travel
Em uma manhã recente, precisamente às 11h, Therese Stählin me esperava em silêncio na entrada da cidade barroca de Solothurn, na Suíça, observando o relógio.
"Às 12h, nós precisamos estar no relógio de 11 horas", disse ela, toda afobada quando eu cheguei.
Onze horas era o horário mais auspicioso para se encontrar na cidade, ela me dissera por e-mail alguns dias antes, mas era igualmente importante que não chegássemos atrasados para o meio-dia. Tivemos de nos apressar.
Cruzamos uma ponte de pedestres sobre o Rio Aare, viramos à esquerda na Klosterplatz e passamos por um grande armazém do século 18 - apertando o passo - para chegar a um lugar que revelaria muito sobre a história e a obsessão inusitada desta cidade pouco conhecida, localizada à sombra das montanhas da cordilheira do Jura, na Suíça.
À vista de todos, na fachada de um banco de investimentos, estava o relógio pendurado na parede. Ele é a chave para uma curiosidade desconhecida até mesmo pela maioria dos suíços.
O relógio - que tem um mostrador de 11 horas, sem o número 12 - pode parecer uma anomalia desconcertante para qualquer visitante desavisado. Mas não se engane; não é por acaso. Quando as 11 engrenagens giram para tocar seus 11 sinos, o Solothurner Lied, hino não oficial da cidade, é executado.
O mecanismo não informa apenas as horas (ainda que de forma enigmática). Também ajuda a revelar o fascínio da cidade com o número 11.
Referências ao número 11 podem ser encontradas por toda a cidade — Foto: Mike MacEacheran/BBC TravelReferências ao número 11 podem ser encontradas por toda a cidade — Foto: Mike MacEacheran/BBC TravelReferências ao número 11 podem ser encontradas por toda a cidade — Foto: Mike MacEacheran/BBC Travel

História de uma obsessão

Solothurn, fundada pelos romanos há 2 mil anos, mas esquecida por muitos turistas hoje em dia devido à proximidade com a capital, Berna, é uma cidade preocupada com o número 11. Não se trata de uma estratégia de marketing, tampouco coincidência. Mas a cidade abriga 11 igrejas, 11 capelas, 11 fontes, 11 torres e 11 museus - um conjunto arquitetônico surpreendente.
As construções datam do século 15 até os dias de hoje. Algumas são antigas e desgastadas pelo tempo, enquanto outras são supermodernas - como é o caso do Enter, único museu da Suíça dedicado a computadores e tecnologia.
Em geral, os visitantes se detêm a contemplar o edifício mais antigo da cidade - o relógio astronômico, todo decorado com estrelas douradas e a figura de um rei, um cavaleiro e um esqueleto que se movimentam. Mas eu queria me aprofundar mais.
Stählin não se diz uma especialista em numerologia, apenas uma entusiasta. Sua autoridade sobre o assunto vem de ter crescido na cidade e do prazer em compartilhar seu conhecimento como historiadora.
"Essa história nunca vai morrer", ela me diz, enquanto observamos o relógio de 11 horas dar suas últimas badaladas.
"Mas agora, precisamos ir - você ainda tem de ver a nossa obra-prima numérica."
Descemos à Judengasse, ou rua dos judeus, passando por um prédio impressionante que já abrigou a Blacksmith's Guild - uma das 11 sociedades medievais da cidade - e não demorou muito para chegarmos ao lugar sobre o qual Stählin estava falando: a magnífica Catedral de St. Ursus, resplandecente ao sol do meio-dia.
Neste patrimônio histórico, o número 11 está presente de maneira quase inimaginável. A catedral foi construída, como era de se esperar, em 11 anos, e concebida pelo arquiteto italiano Gaetano Matteo Pisoni, que projetou o edifício com uma infinidade de símbolos e sinais.
A catedral evoca alguns elementos enigmáticos do processo da sua criação, mas também sequências numéricas que, em última análise, se somam a algo muito mais poderoso.
Em frente à sua fachada românica, o que impressiona o visitante é o brilho calculado por trás da moldura da catedral. Há três lances de escada com 11 degraus cada. E duas fontes clássicas que acompanham a escadaria - uma com a estátua de Gideão (personagem bíblico) e outra de Moisés com chifres de diabo - cada uma decorada com 11 pequenas torneiras, por onde a água escorre para uma bacia, refrescando o calor do verão.
Há ainda 11 portas, com um pé direito dividido em três partes - de 11 metros cada - que culmina em um campanário de 66 metros de altura.
"Pisoni ficou desnorteado com a ideia", afirma Stählin, como se ainda estivesse perplexo com o conceito depois de todos esses anos.
"Ele foi obrigado pelo governo da época a incluir o número 11. E ele fez isso. Em toda parte. Até mesmo um dos altares é feito de 11 tipos de mármore", acrescenta.
Em qualquer outro lugar, a catedral da cidade costuma ser barulhenta devido ao burburinho dos visitantes. Aqui, não. É como se Solothurn tivesse sido apagada da história e caído no esquecimento. Éramos apenas eu, minha guia e os ecos dos nossos passos cruzando a nave da igreja.

Religião e geopolítica

Caminhamos até a 11ª pedra, que se encontra na parte central da construção, único lugar de onde você pode ver os 11 altares da catedral. Eu reparei também que os bancos estavam dispostos em fileiras de 11.
Todo mundo em Solothurn conhece essa história, é claro, mas ninguém consegue lembrar exatamente como ou por que sua cidade natal se tornou tão obcecada pelo número 11.
Reza uma lenda popular que elfos mágicos saíam da montanha de Weissenstein, localizada nas redondezas, para encorajar os habitantes da cidade que trabalhavam duro, mas nunca prosperavam. A adoção do número 11, ou "elf" em alemão, teria sido a forma do povo homenagear seus salvadores. Pelo menos é o que diz a lenda.
Uma explicação mais razoável é a conotação bíblica do número - muitos moradores de Solothurn veem o 11 como um número "sagrado" e profético. Na numerologia, 11 é considerado o mais intuitivo de todos os números, comumente associado à fé e à vidência.
Mas outras crenças mantidas pelos fiéis da Catedral de St. Ursus são igualmente interessantes.
"Havia 12 apóstolos, mas 11 representam o sonho de tentar alcançar algo melhor", diz Stählin, fechando a porta da catedral, enquanto voltamos a caminhar sob a luz do dia.
"Para nós, simboliza a busca incessante pela perfeição - é um código de esperança."
Se a religião é um dos filamentos numerológicos do DNA de Solothurn, a geopolítica é outro. Ao longo da história, a singularidade deste número pode ser rastreada até o fim da Idade Média, sem ter que procurar muito para encontrar um padrão.
Em 1481, Solothurn se tornou o 11º Cantão da Confederação Suíça e, no século 16, foi dividido em 11 protetorados. Além disso, o número aparece pela primeira vez, em 1252, quando as guildas medievais votaram para eleger 11 membros do conselho da cidade.
É impossível entender completamente a mentalidade da Solothurn medieval, mas a presença do número 11 é algo natural para a cidade agora. É especialmente fascinante saber que as crianças ganham uma comemoração especial no 11º aniversário.
Muitos empreendimentos em Solothurn adotaram o número 11, incluindo a cervejaria familiar Öufi-Bier — Foto: Mike MacEacheran/BBC TravelMuitos empreendimentos em Solothurn adotaram o número 11, incluindo a cervejaria familiar Öufi-Bier — Foto: Mike MacEacheran/BBC TravelMuitos empreendimentos em Solothurn adotaram o número 11, incluindo a cervejaria familiar Öufi-Bier — Foto: Mike MacEacheran/BBC Travel
Da mesma forma, a Confiserie Hofer, uma padaria centenária, criou astutamente 11 tipos de barras de chocolate, e a principal cervejaria da cidade também pegou carona no conceito.
"Meu pai é de Berna e ele nunca tinha ouvido falar da 'história do número 11'", diz Moritz Künzle, enquanto me mostra a cervejaria da família - Öufi-Bier (Cerveja Onze, em tradução livre) -, que fica a uma curta caminhada do centro de Solothurn.
"Mas gostamos da ideia de um número como marca. É inusitado e fácil de lembrar. Fomos os primeiros a fazer isso, mas agora há um tal de '11' para lá, '11' para cá. Está aumentando a cada ano."
O projeto de um uísque de 11 anos envelhecido em barris de cerveja também está em andamento.
Por mais de 500 anos, Solothurn desenvolveu uma relação excepcional com o número 11. É tempo demais para ser uma mera coincidência. E a tendência não parece que vá mudar tão cedo.

FONTE: BBC

'Estou pronto para fechar fronteira com México se preciso', diz Trump

MUNDO
Foto: Saul Loeb/AFP
Foto: Saul Loeb/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta terça-feira fechar a fronteira com o México por causa do fluxo imigratório, se necessário. Segundo ele, isso certamente teria um peso econômico negativo, mas na opinião dele a segurança é mais importante que o comércio.

Trump insistiu que o Congresso americano deve aprovar mudanças no sistema imigratório, de modo a garantir maior segurança na fronteira. Segundo ele, o sistema imigratório americano atual é "o mais estúpido do mundo", com estratégias como por exemplo prender e soltar ilegais antes de uma audiência que pode demorar muitos meses e na qual muitos imigrantes não comparecem. O presidente voltou a criticar os democratas, ao dizer que eles por questões políticas insistem em manter uma fronteira fraca.

O México também sofreu cobranças de Trump. Para ele, o vizinho precisa fazer mais para controlar o fluxo de imigrantes vindos da América Central. Segundo Trump, outra opção se não houver melhoras no quadro seria fechar parcialmente a fronteira. 

Trump comentou o assunto após reunião na Casa Branca com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg. Ele elogiou a Otan e comentou que houve progressos na arrecadação, mas insistiu que outras nações do grupo devem pagar mais para não sobrecarregarem os EUA. Stoltenberg, por sua vez, agradeceu o compromisso de Trump com a Otan.


FONTE: AE


Pelé diz que Mbappé pode ser o melhor do mundo no PSG: “Nunca deixei o Santos”

ESPORTES
Pelé e Mbappé se aproximaram pelas redes sociais durante da Copa da Rússia (Foto: FRANCK FIFE / AFP)
Depois de quase 10 meses da aproximação pelas redes sociais, Pelé e Mbappé finalmente se encontraram pessoalmente. Nesta terça-feira, o jovem francês do Paris Saint-Germain e o Rei do Futebol trocaram elogios, com auxílio da tradução, após serem apresentados em evento de uma patrocinadora de ambos realizado em um hotel de luxo de Paris. O ídolo brasileiro, inclusive, aproveitou para aconselhar o atacante de 20 anos.
“Ele não precisa sair do PSG para ser o melhor do mundo. Ele deve continuar a jogar da mesma maneira, porque ele se tornará o melhor do mundo. Isso é importante. Se tivermos que fazer uma comparação com Pelé, o Pelé nunca deixou Santos para ser o melhor jogador do mundo”, disse o tricampeão do mundo durante entrevista coletiva.
“Ele treina para se tornar o rei. Ele está passando por testes para se tornar o rei. Ele ainda tem muitos passos pela frente, é jovem, acabou de começar. No futebol, você nem sempre sabe tudo. Sempre há algo para aprender. Se posso dar alguns conselhos, cuide do corpo. A técnica, ele já tem. O físico é o aspecto mais importante para um atleta”, completou.
Perguntado sobre o que falta para Mbappé alcançá-lo, Pelé citou as diferenças do futebol praticado na época em que atuava se comparado com o de atualmente. Além disso, o Rei disse que o prodígio francês precisava melhorar sua capacidade de arremate com a cabeça.
“Ele não pode ser como eu porque meus pais fecharam a fábrica [risos], mas ele tem a oportunidade de ter a mesma sorte que eu tive no futebol. Eu tive este presente, esse presente de Deus. Depois, é o que eu sempre digo aos mais jovens: hoje, o futebol é muito mais físico do que no meu dia. Será necessário que Mbappé esteja muito bem preparado fisicamente para alcançar seus objetivos”, declarou.
“O que está faltando para ele? Não muito. Talvez o jogo com a cabeça, o impulso e o salto. Isso é o que nos faz diferentes. Eu tive muito impulso. Eu pulava bem alto e marquei muitos gols de cabeça”, disse.

O encontro entre Mbappé e Pelé estava inicialmente programado para novembro do ano passado, mas, por conta de problemas de saúde do ídolo do Santos e do futebol brasileiro, foi adiado. Na última segunda-feira, através de suas redes sociais, o atleta do Paris Saint-Germain já havia demonstrado sua expectativa em conhecer o Rei.


FONTE: GAZETA ESPORTIVA