sexta-feira, 22 de março de 2019

Astronauta Marcos Pontes avalia ida ao espaço 10 anos depois da viagem

Publicado em 29/03/2016 - 18:38
Por Leyberson Pedrosa - Do Portal EBC  Brasília
Dez anos após entrar para a história a bordo da Soyuz TMA-8 e se tornar o primeiro astronauta brasileiro a vencer a atmosfera terrestre rumo à Estação Espacial Internacional (ISS), o coronel da reserva Marcos Pontes se sente dividido entre as melhores lembranças da experiência e as decepções com o programa espacial brasileiro. "Estamos muito aquém do que era o mínimo esperado para um país da categoria e intenções de desenvolvimento que é o Brasil", afirma o paulista de Bauru que passou 10 dias no espaço em entrevista ao Portal EBC. 
Formado em engenharia aeronáutica e com experiência como piloto de testes da Força Aérea Brasileira (FAB), Marcos Pontes ingressou em 1998 na Nasa, a agência espacial norte-americana. Mas o governo brasileiro da época não arcou com os compromissos firmados e a parceria foi encerrada.
Quando tudo parecia não dar certo, Marcos Pontes assumiu o seu papel de especialista da missão (em suas palavras, espécie de engenheiro de voo ou "o mecânico da missão"), junto aos cosmonautas russos podendo, enfim, concretizar sua missão espacial. Além de realizar a manutenção na ISS, Pontes foi responsável à época por aplicar projetos comerciais, científicos e experimentos educacionais. No dia 8 de abril de 2006, o astronauta brasileiro voltou ao planeta Terra dentro da cápsula de reentrada da Soyuz TMA-7, um dos momentos mais críticos de toda a viagem espacial.
Depois de 10 anos da chegada do Brasil ao espaço, Marcos Pontes relembra dos "demônios do negativismo", referindo-se a pessoas que tentavam dissuadí-lo do seu sonho. Confira abaixo a entrevista em que o astronauta brasileiro faz uma avaliação dessa experiência e avalia sobre o rumo da Astronomia no Brasil e no mundo.

A viagem espacial

Em 1997, o Brasil havia feito um acordo com o Programa da Estação Espacial Internacional (ISS) por meio da Nasa e deveria produzir seis partes da estação e fornecer um astronauta para a equipe de manutenção e operação da estação.
Marcos Pontes, militar da Força Aérea Brasileira (FAB), participou de concurso público específico e foi selecionado. Nesse momento, viu-se obrigado a largar sua carreira militar já que o programa não permitia qualquer tipo de envolvimento militar ou bélico.
Em seu site, Marcos Pontes descreve o exato momento que precisou optar pelo caminho civil: "aquilo me deu um frio na barriga, era como abandonar um porto seguro, pois minha carreira militar estava indo muito bem, e embarcar em um projeto que eu não tinha certeza que iria ter sucesso. Havia muitas variáveis a serem definidas ainda."
Decidido, foi para a Johnson Space Center, em Houston (Texas), para participar de um curso de dois anos para obter o "brevê de astronauta". Achando que iria viajar em 2001, o astronauta relata diferentes problemas políticos que fizeram com que o país não cumprisse o acordo com a Nasa.
Posteriormente, a Agência Espacial Brasileira (AEB) fez um acordo com a Rússia, também parceira majoritários da ISS, para que ele fosse escalado para o voo em 2006. 
"De repente, de acordo com a AEB, eu teria apenas 5 meses (o tempo normal para treinar um cosmonauta é de 2 anos) para aprender tudo sobre os sistemas russos para incluí-los nas minhas tarefas técnicas a bordo e, de quebra, aprender a língua russa, em paralelo, nos primeiros três meses em Star City, Moscou, no Centro de Treinamento de Cosmonautas, para onde eu estava sendo transferido."
Entre suas missões no espaço, Marcos Pontes levou ao espaço quatro pesquisas tecnológicas com finalidade comercial, quatro pesquisas científicas e dois experimentos educacionais.
O fato de realizar experimentos com alunos do ensino fundamental virou alvo de crítica da imprensa brasileira, ao que rebateu veemente Pontes:
"No Brasil, a imprensa e alguns “cientistas” - as aspas são para ressaltar o meu espanto com a falta de visão científica e estratégica desses críticos - se limitaram apenas a criticar o custo da missão e citar, muitas vezes de forma irônica, os experimentos das crianças de São José dos Campos."
A pesquisa com os estudantes envolvia a germinação de sementes de feijão e a cromotografia da clorofila (medição da graduação da clorofila). As demais pesquisas envolveram testes sobre os efeitos da microgravidade na cinética das enzimas, danos e reparos do DNA na microgravidade, evaporadores capilares, minitubos de calor e nuvens de interação protérica,
Portal EBC: A sua ida ao espaço é resultado de uma longa trajetória dentro da Força Aérea Brasileira. Já tentaram desacreditá-lo do sonho de se tornar astronauta? Se sim, o que fez o senhor continuar? 
Pontes: Certamente. Foram muitos anos de trabalho, estudo e muita persistência para vencer os “demônios do negativismo” dentro da própria mente e a sua torcida externa. O que me fez e me faz continuar é perceber que a satisfação de vencer esses demônios é muito maior que o medo de enfrentá-los. 

Efeitos no corpo

A partir dos resultados de pesquisas e dos próprios relatos dos próprios astronautas, a ida do ser humano ao espaço gera uma série de efeitos indesejáveis ao corpo, a maioria deles determinada pela falta de gravidade e da maior radiação sobre o corpo dos astronautas, já que não há atmosfera para agir como "filtro solar".
Recentemente, o norte-americano Scott Kelly retornou de uma missão de um ano a bordo da ISS, o maior período em que um astronauta ficou exposto aos efeitos da microgravidade. Scott chegou a "esticar" cinco centímetros de tamanho por causa da falta de pressão em sua coluna vertebral.
A viagem de Marcos Pontes foi bem menor. Ele ficou dois dias a bordo da Soyuz e oito dias dentro da ISS. Mesmo exposto por menos tempo, teve que enfrentar muitos dos efeitos indesejados ao corpo por causa da falta de gravidade e contatos com a radiação.

A osteoporose, perda de células ósseas, é um dos efeitos mapeados. Já a fraqueza muscular é consquência da atrofia dos músculos que são menos usados em ambiente com microgravidade. No espaço, a desorientação espacial é acompanhada de dores na cabeça, coriza, alteração na pressão intraocular e desidratação.
Mas o que chama a atenção do público é o envelhecimento precoce devido a maior radiação sobre as células, deteriorando-as e dificultando sua recomposição.
"O envelhecimento precoce é um dos efeitos na saúde. Durante o tempo no espaço não tive grandes problemas. O real problema é depois do voo: alterações no sistema hormonal, radiação, envelhecimento, perda de densidade óssea, alterações no sistema imunológico."
Portal EBC: Há alguma sequela que o senhor sentiu ou sente desde a sua volta à Terra?
Pontes: Isso se traduz em alguns inconvenientes como sangramento dos ouvidos, alergias, alterações de peso, além de ter acompanhamento médico constante para manter a boa saúde.

Volta à Terra

Depois de cumprir suas missão no espaço, Marcos Pontes, o cosmonauta Valery Tokarev e o turista espacial norte-americano Gregory Olsen precisaram se preparar para um dos momentos mais tensos da viagem, a volta.
O procedimento de volta do espaço ocorreu com a espaçonave Soyuz TMA-7 se desacoplando da Estação Espacial Internacional.
A aeronave é dividida em três partes. Uma dessas partes é uma cápsula contendo os três tripulantes, que queima ao reentrar na atmosfera. Contudo, ela é feita de material que resiste até 2500 graus. Mas não é só o calor que incomodou Marcos Pontes e seu colegas. A carga de pressão na cápsula chega a ser 11 vezes maior do que o próprio peso na Terra. Ou seja, eles foram pressionados contra os assentos.
No roteiro da reentrada, paraquedas se abrem para diminuir a velocidade. Por fim, foguetes de pouso são acionados levantando a poeira do deserto do Cazaquistão. Mesmo assim, a cápsula atinge o chão a 50 km/h.
Portal EBC: A sua volta dentro da Soyuz TMA-8 apresenta-se como um dos momentos marcantes da sua volta. Qual é a sensação de estar dentro da cápsula "furando" a atmosfera do Planeta?
Pontes: A reentrada é o momento mais crítico do voo, sem qualquer dúvida. A sensação é de impotência, ja que não há praticamente nada que possamos fazer para resolver um eventual problema estrutural.
Portal EBC: No futuro breve, conseguiremos algum tipo de mecanismo de propulsão como aparecem nos filmes como Star Wars e outros? 
Pontes: No futuro breve, teremos novos sistemas de propulsão, mas chegar à sofisticação do Star Treck ou Star Wars ainda vai demorar um tanto. 

Programa espacial brasileiro

O Programa Espacial Brasileiro é coordenado pela AEB. Mesmo tendo uma base de lançamento localizada em local propício (perto da linha do Equador), o Brasil precisou fechar uma parceria com a China para lançar satélites sino-brasileiros em território oriental.
O programa é alvo de críticas e necessita de recursos significativos para o projeto. Para o astronauta Marcos Pontes, há muito o que ser feito para recolocar o Brasil rumo à conquista do espaço.
Portal EBC: O senhor tem acompanhado o Programa Espacial Brasileiro? Como o senhor o avalia?
Pontes: Sim. Estamos muito aquém do que era o mínimo esperado para um país da categoria e intenções de desenvolvimento que é o Brasil.
Portal EBC: Para que o Programa possa engrenar, o que precisa ser feito daqui em diante?
No curto prazo, grande mudança estrutural do programa, incluindo gestão; parceria racional com países líderes do mercado internacional e Intercâmbio de pesquisadores.
No médio prazo, inclusão de diretoria de formação e educação; melhoria grande da divulgação do programa (Publico e autoridades); criação de cursos de formação técnica e otimização de portfólio de projetos.
No longo prazo, a mudança das leis de participação de setor privado em universidades públicas e centros de pesquisa; mudança de leis de licitação de produtos de alta tecnologia; reposição de Recursos Humanos do programa; otimização e ampliação das instalações técnicas; criação de laboratórios compartilhados com universidades e empresas; Centro de Lançamento de Alcântara via parceria comercial internacional.

Novos "astronautas"

Em maio de 2006, Marcos Pontes foi transferido para a reserva militar por motivos de regulamento e por ser mais útil ao campo civil, conforme explica em sua biografia. Contudo, o astronauta reclama que parte da imprensa brasileira disse que ele teria se aposentando logo depois da missão para ganhar dinheiro com palestras.
"A repercussão negativa das calúnias foi tão grande que até hoje existem alguns idiotas que acreditam e repetem essa bobagem! Do meu ponto de vista, a repercussão daquelas calúnias teve lados bons e ruins."
Sem apoio dos órgãos públicos, Pontes afirma que contou mais com o auxílio do setor privado e de órgãos internacionais. Em 2010, criou a Fundação Astronauta Marcos Pontes para focar na promoção do setor espacial, da educação, ciência, tecnologia e sustentabilidade. 
O astronauta criou uma agência de turismo espacial e tem o executivo paulista Bernardo Hartogs, de 53 anos, como cliente. Ele será o primeiro turista espacial do Brasil a participar do projeto internacional Virgin Galatic. Contudo, Pontes não considera que um possível turista espacial possa ser chamado de segundo astronauta brasileiro.
"Para ser astronauta profissional, é necessário fazer o curso na NASA ou em Star City, com duração de dois anos e ser declarado pela NASA ou Roscosmos como astronauta ou cosmonauta profissional"
Sobre a formação desses novos profissionais, Pontes se mostra bastante preocupado:
Portal EBC: O senhor tem trabalhado bastante com educação e sustentabilidade. Nesse sentido, como veem os jovens brasileiros em relação ao interesse pela astronomia?
Pontes: A astronomia é uma ótima ferramenta para atrair jovens para as carreiras de ciência e tecnologia, tão necessárias ao desenvolvimento do país. Uso isso e outras na minha fundação. Contudo, obviamente nosso alcance é pequeno perante as necessidades (números) do país.
Portal EBC: Faltam profissionais mais dedicados nessa área? 
Pontes: O que me deixa triste e preocupado é ver praticamente a ausente participação do governo em programas desse tipo (STEM - Science, Technology, Engineering and Math) para nossos jovens em grande escala.
Portal EBC: Se compararmos com outros países como o próprio Estados Unidos, os brasileiros de hoje seriam menos adaptáveis a uma exploração do espaço ou de Marte? 
Pontes: Não. Temos jovens brilhantes no Brasil. Espero poder ajudá-los a realizar essas missões.

Diplomacia no espaço

A Estação Internacional Espacial possui os Estados Unidos e a Rússia, antigos inimigos de Guerra Fria, como parceiros majoritários. Montado por módulos desses e de outros países parceiros, a ISS não pode ter fins militares. Para Marcos Pontes, que treinou para viajar com os norte-americanos, e teve que se adaptar a uma viagem com os russos, o espaço se coloca como oportunidade para um novo arranjo político e social.
Portal EBC: A ISS une duas grandes potências mundiais (EUA e Rússia) que vivem em grande tensão. Essa tensão é sentida também no espaço? Ou a política ganha novos sentidos no espaço?
Pontes: Uma das belezas do programa da ISS é poder mostrar na prática que é possível convivermos em paz, independentemente de partidos políticos, religião, raça etc. Todas essas divisões são criadas por pessoas ou organizações que, de uma forma ou de outra, lucram com os resultados ruins advindos (guerras, desentendimentos etc). O ser humano intrinsecamente foi criado para conviver bem socialmente. Coloque crianças de todos os países diferentes para brincar juntas e verás que, em poucos minutos, não há barreiras de cultura, língua etc. As tensões políticas são criadas sempre com o interesse de alguém. Se esses pessoas realmente dependessem (ou tivessem a noção que realmente dependem) da vida umas das outras, isso não seria assim.

Rumo à Marte

Concepção artística de uma base humana em Marte. No corte, é mostrada uma área de horticultura interna. NasaCerca de 80 milhões de quilômetros separam a órbita terrestre da marciana. Mesmo assim, a Europa e a América do Norte realizam uma nova corrida espacial de colonização do planeta vermelho. A ideia é levar uma tripulação de novos colonizadores com passagem somente de ida. O projeto audacioso ganhou impulso com a descoberta da existência de água líquida salgada e corrente em Marte.
Mas quando falamos em sustentabilidade, será que não era melhor se focar na Terra em vez de outros planetas? Sobre esses pontos, o primeiro astronauta brasileiro considera que os dois projetos estão interligados.
Portal EBC: A ida à Marte é o projeto principal da Nasa no momento. O senhor acredita que é esse o foco correto? Ou deveríamos olhar mais para como garantir uma maior sobrevida da Terra no Universo?
Pontes: As duas coisas são diretamente interligadas. Quando desenvolvermos sistemas para chegar e sobreviver em Marte, também teremos desenvolvido soluções para problemas essenciais da Terra: alimentação, água, energia, saúde etc.
Portal EBC: Em Marte, o senhor daria alguma dica de como as pessoas precisariam se relacionar politicamente para serem capazes de, literalmente, sobreviverem ao novo? 
Pontes: Que o dinheiro seja proibido. Que o amor e a compaixão sejam os critérios. Que o conhecimento seja compartilhado com sabedoria. Que a igualdade seja parceira da meritocracia.
Fotos: Divulgação/Nasa

Edição: Luiz Claudio Ferreira e Lana Cristina

Governo quer explorar Base de Alcântara comercialmente, diz Pontes

Publicado em 22/03/2019 - 17:52
Por Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil  Rio de Janeiro
O acordo assinado esta semana com os Estados Unidos para Salvaguardas Tecnológicas (AST) é um passo importante para que o Brasil transforme a base de lançamento aeroespacial de Alcântara, no Maranhão, em um centro comercial, o que “vai ser muito bom para o Estado e para a região”, disse hoje (22), o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes.
Segundo o ministro, o objetivo é fazer de Alcântara o que foi feito no Centro Espacial John F. Kennedy, no Cabo Canaveral, Ilha Merritt, nos Estados Unidos. De acordo com Pontes, a exploração comercial da base de lançamento conseguiu retomar a economia local, após as dificuldades enfrentadas com o fim do programa do ônibus espacial da Nasa.
“Ali fazia o recolhimento, manutenção e decolagem do ônibus espacial. Quando acabou aquilo, perdeu um monte de emprego lá dentro, perdeu o shopping, as cidades afundaram, quase que virou uma cidade fantasma. Quando virou um centro comercial, aquilo reergueu. O pessoal está com uma qualidade de vida excelente, tem muita riqueza no entorno”.
 O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, apresenta o novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), João Luiz Filgueiras de Azevedo.
Ministro Marcos Pontes: informações que estão sendo divulgadas sobre o acordo de salvaguarda estão incorretas - Arquivo/Agência Brasil
O ministro adiantou que o governo está preparando um plano para incentivar a formação de profissionais e a geração de empregos em Alcântara. A intenção é preparar profissionais “para trabalhar no centro e nas empresas que vão trabalhar no centro, ajudar no crescimento de empresas, startups locais, que podem trabalhar com o centro também. Isso tudo aumenta a riqueza local, a qualidade de vida local, e assim por diante, é a única maneira de fazer isso funcionar bem”.
Um relatório técnico sobre o uso comercial de Alcântara foi publicado no ano passado, produzido pelo Programa Espacial Brasileiro e pela Agência Espacial Brasileira. Na conclusão, o texto aponta a janela de oportunidades que pode ser aproveitada com a infraestrutura já instalada no Centro Espacial, mas destaca que a operação comercial deve ocorrer por um curto período de tempo, tendo em vista que a concorrência está crescendo com a instalação de “novos spaceports em diversas localidades do globo”. O texto destaca também a necessidade de se definir a modelagem institucional para a gestão e as questões jurídicas envolvidas.

Acordo de salvaguarda

Pontes disse que as informações que estão sendo divulgadas sobre o acordo de salvaguarda estão incorretas. Segundo o ministro, não será permitido que os Estados Unidos lancem foguetes do Brasil, muito menos mísseis. “Não é permitido, pelo acordo ou qualquer definição daqui, lançar qualquer tipo de míssil, isso não existe. Ali o uso é civil, pacífico”.
“Não é ‘o Brasil está autorizando os Estados Unidos a lançar foguete aqui’. Não tem nada disso. É ‘os Estados Unidos estão autorizando o Brasil a lançar foguetes ou satélites de qualquer empresa e qualquer país que tenham componentes americanos’. Em troca, a gente garante que vai preservar essa tecnologia, para não deixar roubar”, afirmou o ministro, adiantando que o Brasil deve firmar acordos semelhantes com o Japão e Israel, entre outros países.
Na próxima semana, o ministro participa de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para dar mais detalhes sobre o acordo, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional.

Coppe

O ministro Marcos Pontes ministrou a aula inaugural no Coppe-UFRJ e conheceu alguns projetos desenvolvidos pelo instituto, como o trem de levitação magnética Maglev-Cobra, desenvolvido pelo Laboratório de Aplicações de Supercondutores; o ônibus híbrido elétrico-hidrogênio; a parceria com a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern); o Laboratório Oceânico, que tem o maior tanque para pesquisa oceânica do mundo; e a tecnologia de dessalinização por membranas, desenvolvida pelo Laboratório de Processos de Separação com Membranas e Polímeros.
Edição: Fernando Fraga

Justiça manda prender Rennan, funkeiro idealizador do 'Baile da Gaiola'


O funkeiro já gravou com Nego do Borel e participou do bloco Fervo da Lud, de Ludmilla

Justiça manda prender Rennan, funkeiro idealizador do 'Baile da Gaiola'
Notícias ao Minuto Brasil
HÁ 56 MINS POR NOTÍCIAS AO MINUTO
JUSTIÇA RIO DE JANEIRO
AJustiça do Rio determinou nesta sexta-feira (22) a prisão do funkeiro Rennan da Silva Santos, de 25 anos, popularmente conhecido como DJ Rennan da Penha, por associação ao tráfico de drogas. Com a condenação, ele deve cumprir seis anos e oito meses em regime fechado
Segundo o desembargador Antônio Carlos Nascimento Amado, citado pelo jornal “Extra”, o DJ atuava como "olheiro" do tráfico e, ainda, era responsável pela organização de bailes e produção de músicas que enalteciam traficantes. Além dele, outras dez pessoas estão envolvidas no mesmo processo.
"O 35º denunciado Rennan, vulgo 'DJ Rennan', e o 36º denunciado, Lucas, exercem a função de 'atividade' ou 'olheiro', eis que relatam a movimentação dos policiais. Ademais, destaca-se que o 35º denunciado Rennan, vulgo 'DJ Rennan', e o 36º denunciado Lucas atuam organizando bailes clandestinos nas comunidades e produzindo músicas ('funks') enaltecendo o tráfico de drogas", diz o texto.
O funkeiro chegou a ser inocentado na primeira instância, mas foi condenado em segunda instância após recurso do Ministério Público do Rio (MP-RJ).
A produção do DJ Rennan da Penha foi procurada pela reportagem do “Extra” e informou que iria entrar em contato com o advogado cantor. Porém, o contato não foi retornado.
Rennan é um dos idealizadores de um dos mais populares bailes funks do Rio de Janeiro, o  "Baile da Gaiola", promovido na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte da cidade. O funkeiro já gravou com Nego do Borel e participou do bloco Fervo da Lud, de Ludmilla.

Chilenos pedem que Bolsonaro seja declarado persona non grata



Opositores e movimentos sociais farão protesto contra brasileiro

Chilenos pedem que Bolsonaro seja declarado persona non grata
Notícias ao Minuto Brasil
HÁ 1 HORA POR ANSA
MUNDO POLÊMICA
Representantes das legendas da coalizão de esquerda Frente Ampla e um grupo de parlamentares de oposição entregaram nesta sexta-feira (22) ao presidente do Chile, Sebastian Piñera, uma carta na qual pedem para que o mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro, seja declarado "persona non grata". No documento, o grupo questiona a posição do governo sobre a visita de Bolsonaro, considerado um presidente que "incita o ódio" com medidas que afetam diretamente milhares de mulheres, idosos, comunidades indígenas e LGBT.



Rafa Brites comenta fim de contrato com a Globo: 'Sigo com gratidão'


A apresentadora afirmou que continuará tocando os projetos pessoais

Rafa Brites comenta fim de contrato com a Globo: 'Sigo com gratidão'
Notícias ao Minuto Brasil
HÁ 1 HORA POR NOTÍCIAS AO MINUTO
FAMA BASTIDORES
A apresentadora Rafa Brites comentou nesta quinta-feira (22), através de seu perfil no Instagram, o fim do contrato com a Globo. Nos mais de cinco anos em que esteve na casa, ela integrou o elenco dos programas 'Vídeo Show' e 'Superstar'. 
"Pessoal realmente eu e a TV Globo não renovamos nossa parceria. Nesses quase 5 anos, cresci muito como profissional e como mulher, tenho muito orgulho dessa trajetória e de tudo o que vivi e aprendi com pessoas tão especiais”, escreveu Rafa na rede social (veja abaixo).
Depois, a apresentadora afirmou que continuará tocando os projetos pessoais dela: “Sigo com gratidão e alegria para meu próximo passo: o Transformando sonhos em realidade, projeto que desde o ano passado tenho estruturado para lançar. Algo que trago em mim desde os 11 anos de idade e agora sinto que estou pronta para compartilhar com vocês”.
A apresentadora finalizou agradecendo o apoio dos seguidores e fãs: “A todos que me acompanharam até aqui: seguimos juntos com coragem, honestidade e fé”.
Rafa Brites é casada com o jornalista Felipe Andreoli, que apresenta o 'Esporte Espetacular', também na Globo, e juntos têm um filho de dois anos.

Rumo muda projeções para 2019 devido a novas normas contábeis


A empresa de logística Rumo anunciou nesta terça-feira que mudou algumas projeções de desempenho para 2019, devido ao uso de novas normas contábeis
Rumo muda projeções para 2019 devido a novas normas contábeis

Data de Publicação: 22/03/2019 às 15:40hs
Fonte: Reuters

Portal do Agronegócio

“Nano agulha” pode facilitar edição de genes


Técnica auxilia a falta de rigidez da fita de DNA

“Nano agulha” pode facilitar edição de genes

Com uma nova técnica desenvolvida pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, os cientistas poderiam fazer com que a engenharia genética de qualquer tipo de planta, em particular a edição de genes com CRISPR-Cas9, seja simples e rápida. Eles utilizam uma “nano agulha” para “brincar com os genes da planta” de maneira mais eficiente.
Os pesquisadores explicam que modificar a genética de uma planta requer a obtenção de DNA de suas células e que é muito fácil fazer com células animais, mas com plantas é um assunto diferente. "As plantas não têm apenas uma membrana celular, mas também uma parede celular", diz Markita Landry, professora assistente de engenharia química e biomolecular da Universidade da Califórnia.
Os cientistas tentaram diferentes maneiras de obter DNA e outras moléculas biológicas importantes através da parede celular. Os dois principais são a inserção de DNA em bactérias, que podem infectar células de plantas, ou atirando ouro revestidas com DNA microscópico na célula de planta, utilizando uma pistola de genes. Ambos os métodos têm limitações, já que as armas genéticas não são muito eficientes e algumas plantas são difíceis, se não impossíveis, de infectar com bactérias.
Com a nova técnica, uma fita de DNA é pequena o suficiente para passar pela parede celular da planta, mas não é rígida o suficiente. "Você pode pensar nisso como uma corda", diz Landry. "Se você tentar empurrar uma corda através de uma esponja, ela realmente não vai funcionar, mas se você pegar uma agulha sólida e tentar empurrá-la através de uma esponja, isso funcionará muito melhor”, completa.
A ideia de usar nanotubos de carbono para obter DNA em células vegetais é intrigante para os cientistas, mas "eu acho que eles têm algumas maneiras de fazer isso realmente interessante”, finaliza.

Data de Publicação: 22/03/2019 às 15:20hs
Fonte: Agrolink

Portal do Agronegócio

EUA querem que Brasil deixe lista de beneficiados da OMC em troca de apoio a entrada na OCDE, diz Guedes


A proposta foi feita ao governo brasileiro pelo representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, em uma reunião na segunda-feira

EUA querem que Brasil deixe lista de beneficiados da OMC em troca de apoio a entrada na OCDE, diz Guedes

Os Estados Unidos querem que o Brasil deixe a lista de países de tratamento especial e diferenciado da Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do apoio norte-americano à entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), disse nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes.
A proposta foi feita ao governo brasileiro pelo representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, em uma reunião na segunda-feira.
A lista de países de tratamento especial e diferenciado da OMC, em que os países se autodenominam, dá vantagens especiais como mais tempo para cumprir acordos e outras flexibilidades.
Contrário à lista, o governo norte-americano quer terminar com o modelo, do qual o Brasil participa até hoje, e quer ajuda do governo brasileiro.
Segundo Guedes, Lighthizer disse que o Brasil precisa entender que para entrar na OCDE teria que deixar a lista de países de tratamento diferenciado.
“Não tem troca, ele que está fazendo essa demanda”, disse Guedes.
Pelo menos dois países membros da OCDE, Coreia do Sul e Turquia, estão na lista de países com tratamento diferenciado.
De acordo com uma fonte que acompanha essas negociações, a questão do governo norte-americano com o Brasil é mais complexa.
“Eles não querem que o Brasil entre por motivos que não sabemos. Cada vez que resolvemos uma questão que levantamos eles criam outro problema”, disse a fonte.

Data de Publicação: 22/03/2019 às 15:00hs
Fonte: Reuters


Portal do Agronegócio


ABCS abre inscrições para o XVIII Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura


Site do evento já está no ar e reúne as principais informações como programação e opções de pacotes

ABCS abre inscrições para o XVIII Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura

As inscrições para o principal evento de lideranças da suinocultura estão abertas. O XVIII Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (SNDS) vai acontecer nos dias 01 e 02 de agosto, no Sheraton Grand Rio Hotel & Resort, localizado no bairro Leblon, no Rio de Janeiro. Organizado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) com apoio do Sebrae Nacional, o evento é focado em fortalecer a união do setor na busca por objetivos comuns.
O site com todas as informações sobre o encontro já está no ar. No portal www.snds.com.br, os interessados podem realizar a pré-inscrição e acessar a programação, os pacotes disponíveis, os detalhes sobre a localização do evento e em breve as informações sobre os palestrantes. A identidade visual do site traz praticidade em sua navegabilidade e um design moderno, que convergem com o tema desta edição, “ O poder da evolução está nas novas maneiras de ver o mundo”.
Pacotes de inscrição
Os pacotes de inscrição incluem transfer de ida e volta para os aeroportos do Galeão ou Santos Dumont, inscrição no seminário, hospedagem do dia 1º de agosto no Sheraton Grand Rio Hotel & Resort, festa de abertura e alimentação executiva no hotel durante os dias do evento. Dentre as possibilidades de hospedagem estão o apartamento individual, o apartamento duplo e o apartamento de casal. Para informações de valores e inscrições, entre em contato pelo telefone (61)3030-3200 ou pelo e-mail cassia@abcsagro.com.br.
O poder da evolução na suinocultura
Transformar a suinocultura tradicional em um setor dinâmico e competitivo, sustentado em ciência e tecnologia é o novo desafio para todos os integrantes da cadeia. Com isso, são necessárias informações atualizadas e qualificadas para apoiar a tomada de decisão.
É por meio dessa estratégia que o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (SNDS) propõe intensificar a capacidade do setor de capturar e prospectar tendências e de identificar futuros possíveis, podendo vislumbrar, assim, cenários que permitam à suinocultura brasileira melhor se preparar diante de potenciais oportunidades, riscos e desafios.
Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o tema do SNDS está em consonância com os principais desafios do setor e a programação proposta potencializará o debate entre os principais players da cadeia suinícola. “Contamos com o apoio das nossas afiliadas e com a presença de líderes e representantes de todos os elos da suinocultura em nosso seminário. Vamos juntos nos preparar para as mudanças e evolução que já estão em um futuro próximo”.
Painéis
O SNDS passa por nova reformulação, com formato dinâmico e executivo. O evento conta com programação diversificada em sintonia com o momento vivido pela cadeia, ampliando o debate e discutindo competitividade, inovação, marketing, consumo e gestão de negócio.
O encontro é uma oportunidade de desenvolver coletivamente um planejamento para identificar mudanças e pensar maneiras de fortalecer a suinocultura diante do novo cenário, a partir das interações e do compartilhamento de saberes de diferentes agentes da cadeia. Além disso, é uma ocasião favorável para ampliar o networking e estar em contato direto com importantes nomes do cenário brasileiro de produção de suínos.

Data de Publicação: 22/03/2019 às 14:40hs
Fonte: ABCS


Portal do Agronegócio


Pesquisa desenvolve farinha de banana-verde com alto teor nutritivo


Estudo da Embrapa desenvolveu o passo a passo para a produção de uma farinha de banana-verde de qualidade e com alto teor de amido resistente, um tipo de carboidrato que se comporta como fibra no organismo

Pesquisa desenvolve farinha de banana-verde com alto teor nutritivo

Esse carboidrato não é digerido, mas fermentado por bactérias benéficas do intestino grosso, contribuindo para evitar doenças inflamatórias do sistema digestório e diminuir os riscos de câncer do cólon intestinal.
Além disso, o amido resistente ajuda a reduzir a velocidade da liberação dos açúcares do alimento no sangue (índice glicêmico), prevenindo e auxiliando no tratamento do diabetes tipo 2. A principal inovação é a utilização do plátano (banana-da-terra) em substituição às bananas Prata e Nanica na fabricação dessa farinha. Além do elevado teor de amido resistente, os plátanos apresentam maior quantidade de matéria seca (porção que sobra dos alimentos após a retirada de toda a sua umidade) e maior rendimento para a produção da farinha.
A banana-verde é considerada o alimento não processado mais rico em amido resistente. E, de acordo com as cientistas envolvidas na pesquisa, a farinha é a melhor forma para disponibilizar esse tipo de amido na dieta da população brasileira. É um produto nutritivo e saudável, pois apresenta ainda altos teores de magnésio, manganês e potássio e baixos teores de gorduras e sódio.
A banana no mundo
A banana está entre os dez alimentos mais importantes do mundo. De acordo com os dados coletados no estudo, a produção mundial em 2016 foi de aproximadamente 114 milhões de toneladas e o valor bruto de produção alcançou US$ 34 bilhões (dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO, 2018).
O Brasil ocupa a terceira posição no cenário mundial, com cerca de 6,8 milhões de toneladas produzidas em 470 mil hectares, o que representa um valor bruto de produção de US$ 3,4 bilhões anuais, correspondendo a 3% da riqueza gerada pela produção agrícola brasileira, reforçando a importância da fruta para o agronegócio nacional (FAO, 2018).
Oportunidade para a agricultura familiar
Outra vantagem da farinha de banana-verde é a sua facilidade de produção, que requer uma tecnologia simples, criando oportunidades de negócios para as agroindústrias familiares. A contribuição dessa pesquisa é padronizar as etapas de produção, que incluem descascamento, fatiamento, desidratação, trituração e acondicionamento.
Para a produção de farinha de qualidade (muitas encontradas hoje nos mercados apresentam baixa qualidade visual e nutricional), as pesquisas estabeleceram padrões nas etapas de processamento e buscaram utilizar variedades com grande quantidade de amido resistente.
Por meio do projeto “Identificação de bananas e plátanos promissores em amido resistente para o desenvolvimento de produtos com potencial prebiótico”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) Ronielli Reis e parceiros analisaram 20 genótipos (cultivares) de bananas e plátanos que integram o Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa, localizado em Cruz das Almas (BA). Os plátanos se mostraram mais interessantes para a produção de farinha do que as bananas.
Plátanos rendem mais
“Selecionamos três genótipos de plátanos do nosso BAG e a Terra Maranhão, cultivar de plátano comercial, pois foram as mais interessantes para a produção de farinha. Hoje, no Brasil, a farinha de banana-verde é feita usualmente com Grand Naine, Pacovan, Prata-Anã, que são tipos de banana. Os plátanos apresentam mais matéria seca, alto teor de amido resistente e maior rendimento”, explica Reis. O maior diferencial está no rendimento. Enquanto as bananas Grand Naine, Pacovan e Prata-Anã obtiveram 17,23%, 18,70% e 20,28%, respectivamente, os genótipos de plátanos indicados no estudo apresentaram valores bem maiores: Chifre de Vaca, 24,31%; Comprida, 27,71%; Trois Vert, 25,32%; e Terra Maranhão, 25,17%. Por exemplo, para cada 100 quilos do plátano Terra Maranhão (com casca), será possível obter 25 quilos de farinha.
Uma razão para o mercado não utilizar hoje os plátanos como matéria-prima na produção de farinha de banana-verde é o fato de eles não estarem presentes em todo o País, com sua produção concentrada no Nordeste e consumidos cozidos, fritos ou na forma de farinha. A Embrapa vem trabalhando para mudar esse quadro e aumentar a produção de plátano no País, introduzindo variedades, por exemplo, no Vale do Ribeira (SP), maior região produtora de banana do Brasil.
Reis diz que para haver uma mudança de paradigma é necessário que o produtor passe a enxergar a produção de farinha não como mero aproveitamento do descarte de produção. Ele deve observar, como pontua a pesquisadora, o conjunto de fatores para a obtenção de um produto de melhor qualidade e com maior potencial funcional, como a escolha da variedade, o ponto de maturação adequado, a técnica de secagem, ou seja, todas as etapas recomendadas na pesquisa, que tem como parceiros a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Farinha bonita por mais tempo
“O que a Embrapa está fazendo é mostrar esse passo a passo para a obtenção de uma farinha de qualidade, com coloração mais clara e atraente, inclusive utilizando substâncias que previnem o escurecimento, a oxidação da farinha. Por exemplo, armazenamos essa farinha por quatro meses em temperatura ambiente, sem tecnologia nenhuma, simplesmente embalada em uma embalagem plástica normal, barata. A farinha ficou estável do ponto de vista microbiológico, e a cor, um indicativo de qualidade do alimento, alterou muito pouco. O teor de amido resistente não caiu. Enfim, são coisas que vemos faltar no mercado, esse tipo de padrão de qualidade”, salienta.
A pesquisa indica a utilização da Terra Maranhão, cultivar facilmente encontrada no mercado. Reis ressalta que, caso o produtor queira usar outra variedade de plátano, vai obter um produto com melhor qualidade de qualquer forma, desde que siga as etapas corretas de processamento.
“Em termos de amido resistente, por exemplo, se usarmos a Terrinha, variedade de plátano também facilmente encontrada no mercado, é possível obter 40% de amido resistente, enquanto a Terra Maranhão chega a 62%”, informa. Ela frisa ainda que, se houver a padronização do estádio de maturação, temperatura de secagem, umidade final, forma de trituração, e outros aspectos, o produtor já terá uma farinha de melhor qualidade visual e nutricional se comparada às comercializadas hoje.
A farinha de banana-verde encontrada hoje é escura, sem padronização. “Usam-se frutos verdes, maduros, sem qualidade, o que resulta em um produto de péssima qualidade. O nosso papel é mostrar que podemos ter uma farinha de boa qualidade, com uma coloração superatraente, com alto teor de amido resistente e que pode ser aplicada em diversos produtos, visando ao seu enriquecimento nutricional”, acredita Reis.
Biscoito e pão de forma com farinha de plátano
Outra parte da pesquisa, sob a responsabilidade da pesquisadora da Embrapa Eliseth Viana, sugere a aplicação da farinha de banana-verde no desenvolvimento de produtos agroindustriais. “Já se sabe que o amido resistente é benéfico à saúde, por isso, estudamos formas de o consumidor ter acesso a essa substância em sua alimentação diária”, afirma a pesquisadora. Ela incorporou a farinha de banana-verde no desenvolvimento de um pão de forma mais rico em amido resistente. “Trabalhamos com quatro concentrações de farinha de banana-verde: 0%, ou seja, sem esse produto, 10%, 15% e 20%. Conseguimos incorporar até quatro vezes mais amido resistente nas formulações de pão com a farinha em relação ao pão sem a farinha de banana. E tivemos mais de 90% de aprovação em um teste sensorial realizado com 71 provadores, aqui na Unidade de pesquisa, em Cruz das Almas”, informa Viana, que realizou esse trabalho em conjunto com a estudante de mestrado da Faculdade Maria Milza (Famam) Andrea dos Santos de Souza.
A pesquisadora explica que o objetivo inicial era chegar a uma farinha padronizada de qualidade, com a utilização de genótipos de plátanos, e agora o intuito é mostrar o seu uso no enriquecimento de produtos. “Mostramos que é viável usar esse ingrediente para a produção de pão, pois não há perda de qualidade sensorial. Agora iniciamos um estudo para o desenvolvimento de biscoito, que também vem apresentado alto teor de amido resistente. Conseguimos fazer um biscoito com 75% de farinha de banana. É sem glúten, feito com fécula de mandioca. E, novamente, conseguimos incorporar quatro vezes mais amido resistente. Enquanto nos alimentos sem a farinha de banana havia 3% de amido resistente, naqueles com 75% de banana-verde, obtivemos 12% de amido resistente. A cada 100 gramas de biscoito, 12g são de amido resistente. Um valor muito significativo, e o sabor ficou muito bom. O ponto-chave é que a gente está usando a farinha de plátano, que ninguém usa”, complementa.
Pelo projeto, serão desenvolvidas ainda massas de pizza e de bolo com a farinha de banana-verde. Todos em parceria com bolsistas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal da Bahia (Ufba), Universidade Estadual da Bahia (Uesb) e Faculdade Maria Milza (Famam), que dedicam seus projetos a essa pesquisa.

Data de Publicação: 22/03/2019 às 14:20hs
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura

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