Queimadas
no Cerrado reduzem
oferta de água para o DF
Os recursos hídricos ficam mais escassos com o fogo porque ele destrói a flora. “Com isso, reduz-se muito a superfície de absorção da água quando chove. A vegetação ajuda a amortecer a queda de água. Sem ela, a água vai direto para o rio”, explica o secretário do Meio Ambiente, André Lima.
Nesse processo, o solo passa pelo processo de erosão e fica menos propício à recomposição da cobertura vegetal, outra causa da redução da disponibilidade hídrica.
Esse fenômeno se intensifica nos Reservatórios como o do Descoberto e o de Santa Maria, que têm grandes superfícies de água. Nessas condições, a disponibilidade de água fica ainda mais escassa.
As chamas também rompem o ciclo reprodutivo do Cerrado por destruir polinizadores. Esses agentes são espécies de árvores com frutos que lançam sementes, aves que não conseguem fugir das labaredas e até mesmo ovos de pássaros. Com isso, a oferta genética diminui e se perde biodiversidade.
Incêndios florestais têm sido maiores e mais frequentes
O Cerrado tem convivência com o fogo em razão de incêndios naturais, provocados por queda de raios, por exemplo. Dessa forma, o bioma desenvolveu características morfofisiológicas resistentes às chamas e à seca, como caules grossos e raízes profundas.17.392 Quantidade de hectares consumidos pelo fogo no DF em 2016Apesar disso, a perda em biodiversidade tem sido significativa nos últimos anos. “O Cerrado é o bioma mais resistente ao fogo se comparado aos outros existentes no País. No entanto, temos tido incêndios com intensidade e frequência muito superiores à capacidade dele de se regenerar”, ressalta o secretário do Meio Ambiente.
O Distrito Federal registrou, em 2016, 6.887 ocorrências por queimadas. Foram 17.392 hectares consumidos pelo fogo no período.
Somente o Parque Nacional de Brasília, uma das principais unidades de conservação de proteção integral — e onde fica a Barragem de Santa Maria —, teve 2 mil hectares atingidos pelo fogo — cinco vezes a área do Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek.
As queimadas também oferecem risco à vida das pessoas, uma vez que as chamas podem ficar descontroladas e atingir casasDo total de registros de incêndios florestais em 2016, mais de 90% se refere a causas não-naturais. Eles são provocados por queima de lixo, de poda de árvores ou de pasto para manejo de solo, e por parcelamento irregular. “Se as chamas atingem uma área por dois, três anos seguidos, a vegetação é eliminada, e o solo fica descoberto, o que facilita a ocupação urbana irregular”, esclarece André Lima.
Além dos danos patrimoniais e da perda vegetal, as queimadas também oferecem risco à vida das pessoas, uma vez que as chamas podem ficar descontroladas e atingir casas.
Na seca de 2016, por exemplo, uma queimada na área de segurança do Complexo Penitenciário da Papuda ficou a poucos metros de atingir os prédios do Jardins Mangueiral, em São Sebastião.
Responsáveis por incêndios podem ser multados
Colocar fogo em podas de árvore e em lixo é crime ambiental, conforme estabelece o Decreto nº 4.329, de 5 de junho de 2009. Os responsáveis podem ser punidos com aplicação de multa e obrigatoriedade de reparação do dano ambiental causado.A legislação determina que os resíduos sejam usados no processo de compostagem para produção de adubo orgânico.
Para colaborar na identificação de causadores de incêndios florestais, a população pode fazer denúncia anônima pelo telefone (61) 3214-5602.
Fonte: Agência Brasília/ Edição: Raquel Flores