quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

ESPORTE

Com dupla recém-formada, Igor e Rafa avançam no Nacional de Vôlei de Praia

Sem sequer terem treinado juntos, jogadores surpreendem na etapa de Maceió




Vôlei de praia Igor e Rafa (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)



A dupla foi formada agora. Igor e Rafa não tiveram tempo de treinar, se juntaram pouco tempo antes do Circuito Nacional de Vôlei de Praia começar, e já estão voando na competição. Invictos, carioca e paranaense venceram os três primeiros jogos que disputaram, todos por 2 a 0. Nesta quarta, eles enfrentaram Guto e Luccas, de São Paulo. A partida foi dura e acabou sendo decidida no tie-break por 2 a 1 (19/21, 21/18 e 7/15). A sétima etapa do Nacional vale vaga para o Open, que começa nesta sexta, também em Maceió. 

– A gente tem que somar pontos e com certeza a gente vai chegar lá. Eu já joguei várias vezes a etapa classificatória do Nacional e nessa a gente teve a sorte de passar. Jogamos muito bem todos os jogos e é isso, vamos seguir firmes. Estamos jogando com o pessoal adulto, a gente ainda é sub-21, então, estamos começando bem – disse Rafa. 
Rafa e Igor vôlei de praia (Foto: Raissa Matias/GloboEsporte.com)Rafa e Igor comemoram muito a vitória desta quarta (Foto: Raissa Matias/GloboEsporte.com)
Sincronismo
É a primeira vez que Igor e Rafa jogam juntos. A dupla foi formada como uma espécie de teste para o Mundial, em junho. Antes do Nacional, Igor disputou o campeonato sub-21 ao lado de Gabriel, em Maceió, no último domingo, e ficaram com o título da categoria.

– São dois parceiros muito bons, eu tive a sorte de jogar com os dois. Na verdade, o Rafael e eu somos dois defensores, então a parte do bloqueio, a parte mais defensiva fica um pouco mais difícil. A gente nunca tinha treinado, a primeira vez que a gente jogou junto foi ontem e a gente foi pegando entrosamento durante o campeonato e por enquanto tem dado certo – analisou Igor.
Open
Elite do vôlei de praia brasileiro, o Open é o campeonato que todo jogador que estar. Rafa e Igor querem muito conseguir uma vaga na competição. Pelo menos, Rafa está animado e diz que a dupla começou a competição com o pé direito. 
– Tô com a expectativa lá em cima porque é minha primeira vez aqui na etapa principal do Nacional e eu acho que a gente tá começando com o pé direito, a nossa dupla, esse é o primeiro campeonato juntos e estamos seguindo para Argentina daqui a alguns dias. Estamos começando com o pé direito, isso é muito bom, muito gratificante para gente – completou o paranaense.
Embalado pela vitória do sub-21, Igor também está confiante e aposta na boa campanha que a dupla está desempenhando na sétima etapa do Nacional. 
– A gente que tá vendo a arena sendo montada e fica nessa expectativa de conseguir chegar no Open, jogar contra os melhores e vamos trabalhar pra isso. Por enquanto a gente está somando pontos, quem sabe nas próximas etapas a gente consegue jogar lá dentro. Já consegui acostumar um pouco com o clima daqui de Maceió que é muito quente. Desde aquele campeonato eu ainda não perdi nenhum jogo, então a gente tem conseguido manter uma cabeça muito boa sempre, manteve a calma na hora dos jogos e é isso aí.
Confira os confrontos desta quarta-feira:
MASCULINO
1 - Fernandão e Bruno 2x0 Renato e Rafael
2 - Lipe e Jefferson 2x0 Anderson Melo e Gabriel Pereira
3 - Márcio Gaudie e Jeremy 2x0 Gabriel Santiago e Romildo
4 - Maia e Jonas Paixão 1x2 Nilton e Fabio
5 - Luccas Lima e Guto 1x2 Rafa e Igor Borges
6 - Borlini e Vinicius 2x1 Ramon Gomes e Pedro Marins
7 - Fernandão e Bruno x Lipe e Jefferson
8 - Márcio Gaudie e Jeremy x Nilton e Fabio
9 - Rafa e Igor Borges x Borlini e Vinicius
10 - Renato e Rafael x Anderson Melo e Gabriel Pereira
11 - Gabriel Santiago e Romildo x Maia e Jonas Paixão
12 - Luccas Lima e Guto x Ramon Gomes e Pedro Marins

ESPORTE

Atlético abre venda de ingressos para o adeus ao estádio Vicente Calderón

Clube dá preferência para os sócios, e público em geral terá acesso na segunda



Atlético de Madrid abriu a venda de ingressos para o último jogo oficial da equipe no Vicente Calderón, contra o Athletic Bilbao, pela última rodada do Campeonato Espanhol no dia 21 de maio. No primeiro momento, apenas os sócios poderão comprar os bilhetes, e a partir de segunda-feira o público em geral terá acesso. Na próxima temporada, os colchoneros passarão a jogar no novo estádio do clube.
Vicente Calderón Atlético de Madrid PSV Tempo Real (Foto: Reprodução / Twitter)Vicente Calderón não receberá mais jogos do Atlético de Madrid na próxima temporada (Foto: Reprodução / Twitter)
A última partida oficial marcada para o Vicente Calderón é a final da Copa do Rei entre Barcelona e Alavés no dia 27 de maio. A escolha do palco foi alvo de uma enorme discussão na Espanha. O Real Madrid recusou emprestar o Santiago Bernabéu, o Athletic Bilbao também alegou não ter condições de abrir seu novo estádio na data da decisão. As opções, então, foram o Mestalla, do Valencia, e o campo do Atlético de Madrid, que acabou sendo escolhido pela Real Federação Espanhola de Futebol.
O novo estádio do Atlético de Madrid está em fase final de construção, e vai receber os jogos do clube a partir da próxima temporada. A capacidade será em torno de 70 mil torcedores, e o custo final da obra está estimado em € 240 milhões (R$ 779 milhões). O clube já colocou o palco na disputa para receber a decisão da Champions League de 2019.

ECONOMIA

Setor de serviços fecha 2016 com a maior queda da série histórica da pesquisa

Volume do segmento acumulou recuo de 5% no ano anterior, segundo o IBGE. Desempenho do setor de transportes influenciou negativamente o setor de serviços.




O volume do setor de serviços do país fechou 2016 em queda de 5%, a maior da série histórica do indicador, que teve início em 2012, segundo informou nesta quarta-feira (15) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2016, foram os transportes que puxaram para baixo o desempenho do setor de serviços, de acordo com a pesquisa. A queda registrada pelo segmento foi de 7,6%, com destaque para transporte terrestre, que recuou 10,4%.
"É importante ressaltar a forte dependência do transporte de cargas (rodoviário, ferroviário e dutoviário) em relação ao setor industrial, maior demandante deste serviço, tanto para o consumo de matérias-primas, como para a distribuição da produção. Dessa forma a recuperação dessa atividade vai depender da recuperação do setor industrial", explicou o IBGE.
O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares - como serviços jurídicos, contábeis, de auditoria, consultoria empresarial - também registrou forte queda, de 5,5% em 2016. Os serviços técnico-profissionais, por exemplo, recuaram 11,4%.


"Essas atividades, que abrangem serviços intensivos em conhecimento, dependem da demanda de outros setores institucionais, como indústria, comércio e governos, que restringiram seus gastos e investimentos em 2016, afetando sobremaneira seus resultados", justificou o IBGE.
Em dezembro, o setor de serviços cresceu 0,6%, após ter registrado alta de 0,2% em novembro e recuo de 2,3% em outubro. Na comparação com dezembro de 2015, o segmento de serviços recuou 5,7%, a maior queda para o mês de dezembro nessa comparação desde o início da série em 2012.
"Não dá para dizer que o setor de serviços entrou numa fase de recuperação. Outubro foi muito ruim e dezembro ficou longe de um bom resultado", afirmou o coordenador da pesquisa no IBGE Roberto Saldanha.
"Para o setor de serviços reagir precisa que o setor industrial retome seu crescimento contínuo e que haja a retomada de investimentos que implicam na contratação de empresas e consultorias", acrescentou.
Na comparação mensal, o que puxou o crescimento foi o desempenho positivo do setor de serviços prestados às famílias (alta de 2%), bem como o de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (alta de 0,4%).

Receita

A receita nominal registrou variação de 0,5%, em dezembro frente a novembro, e na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 1,5%. A taxa acumulada da receita no ano de 2016 ficou negativa, em 0,1%.

BRASIL

PF prende 28 pessoas em ação contra desvio de recursos públicos na UFPR

Secretária da pró-reitoria de planejamento é suspeita de desviar R$ 7,3 mi. 
Operação 'Research' cumpre mandados em cidades do PR, MS e RJ.






A Polícia Federal (PF) realiza uma operação para combater a prática de desvio de recursos públicos destinados à Universidade Federal do Paraná (UFPR) na manhã desta quarta-feira (15) em cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. A ação foi batizada de 'Research'.
De acordo com a Polícia Federal, 28 pessoas tinham sido presas até o fim da manhã.
A secretária da pró-reitoria de Planejamento e Orçamento, Tânia Márcia Catapan, e Conceição Abadia de Abreu Mendonça, que é chefe do setor de Orçamento e Finanças do mesmo setor, são suspeitas de ser as principais responsáveis pelo desvio de, pelo menos, R$ 7,3 milhões em bolsas de pesquisa para 27 pessoas.
Ambas foram presas pela manhã e tiveram o exercício da função pública suspenso pelo juiz Marcos Josegrei da Silva.
"Há indícios substanciais, portanto, de autoria delitiva direta em relação às servidoras públicas federais CONCEIÇÃO ABADIA DE ABREU MENDONÇA e TÂNIA MARCIA CATAPAN quanto aos desvios de recursos públicos objeto de investigação. A esta altura vale a pena recordar que CONCEIÇÃO MENDONÇA anteriormente já foi denunciada pelas práticas no ano de 2008 dos crimes capitulados nos arts. 312 do CP (peculato) e no art. 89 da Lei nº 8666/93 (fraude em procedimento licitatório)", disse o juiz no despacho em que autorizou as prisões.
Na decisão, o juiz ressaltou ainda que "os processos concessórios das bolsas não foram encontrados e, ao que tudo está a indicar, nem mesmo existiam". 

"Os desembolsos eram autorizados pela Instituição de Ensino com base em singelos expedientes que levavam os nomes dos beneficiários e os valores a serem pagos. Esse estado de coisas conduziu a pagamentos mensais a quem sequer vínculo com a Universidade possuía ocasionando um desfalque inaceitável de mais de R$ 7 milhões em um período superior a três anos sem que, para dizer o mínimo, ninguém da instituição de ensino percebesse, ainda que os fatos se repetissem mensalmente", declarou Josegrei.
G1 tentará contato com os advogados dos envolvidos. De acordo com a Justiça Federal, até as 10h50, os investigados não tinham advogado constituído.
Ao todo, foram expedidos 73 mandados judiciais, sendo 29 de prisão temporária, 8 de condução coercitivas, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento, e 36 mandados de busca e apreensão. Entre os alvos, estão dois funcionários públicos federais.
As prisões têm prazo de cinco dias e podem ser prorrogadas pelo mesmo período ou convertidas para preventivas, que é quando os presos ficam detidos por tempo indeterminado.
Investigações apuram repasse irregular de recursos
As investigações apuraram o repasse irregular de recursos mediante pagamentos sistemáticos, fraudulentos e milionários de bolsas a inúmeras pessoas sem vínculos com a universidade no período entre 2013 e 2016, segundo a PF.
Ainda conforme os policiais, há indícios concretos de fraudes em pagamentos de título de auxílio a pesquisadores, bolsas de estudo no país e no exterior a diversas pessoas que não tinham vínculo com a Universidade Federal do Paraná.
As cidades onde os mandados estão sendo cumpridos são CuritibaAlmirante TamandaréSão José dos PinhaisAntoninaFrancisco Beltrão e Ponta Grossa, no Paraná; Rio de Janeiro; e Campo Grande e Maracaju, no Mato Grosso do Sul.
O nome da operação, segundo a PF, é uma referência ao objetivo central das bolsas concedidas pela unidade, destinada a estudos e pesquisas pelos contemplados.
A operação é realizada em parceria com a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União.
O que a UFPR diz 
Em nota, a UFPR disse que as suspeitas de irregularidades no pagamento de bolsas e auxílios são objeto de investigações internas na UFPR desde dezembro de 2016, quando a própria universidade também tomou a iniciativa de encaminhar o caso à Polícia Federal, para investigação criminal. Veja a íntegra da nota abaixo:
"Diante da operação deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Federal, a Universidade Federal do Paraná informa:
1.As suspeitas de irregularidades no pagamento de bolsas e auxílios são objeto de investigações internas na UFPR desde dezembro de 2016, quando a própria universidade também tomou a iniciativa de encaminhar o caso à Polícia Federal, para investigação criminal.
2. Assim que tomou conhecimento da suspeita de desvios de verba pública, em dezembro de 2016, a administração anterior da Reitoria determinou a abertura de sindicância para apurar responsabilidades. O procedimento é conduzido por uma comissão formada por dois professores e uma servidora técnico-administrativa e, por força de lei, corre em sigilo. O prazo para conclusão do trabalho é de 60 dias, prorrogáveis por mais 60. A previsão de término dos trabalhos é meados de abril de 2017.
3. Por determinação do atual reitor, Ricardo Marcelo Fonseca, as duas servidoras suspeitas de envolvimento no caso foram suspensas do exercício de suas atividades funcionais, nos termos da Lei 8112/90.
4. O reitor Ricardo Marcelo Fonseca também determinou a criação do Comitê de Governança de Bolsas e Auxílios, visando aperfeiçoar os mecanismos de controle sobre esse tipo de pagamento. Também está criada, por meio de portaria, uma comissão para trabalhar no Plano de Transparência e de Dados Abertos da Universidade, instrumento para garantir que a sociedade tenha acesso a todas as informações de caráter público.
5.A Universidade Federal do Paraná tomou todas as providências cabíveis para esclarecer os fatos e responsabilizar os eventuais envolvidos. Com o resultado da investigação, a UFPR solicitará a restituição dos valores ao erário.
6. A gestão do reitor Ricardo Marcelo Fonseca reafirma seu compromisso com a transparência e a ética. Reforça ainda que condena veementemente qualquer prática ilícita e que continuará colaborando com as investigações, tanto no âmbito do Tribunal de Contas da União quanto da Polícia Federal".

BRASIL

STJ mantém liminar que bloqueia bens de governador do RJ

Ministro Sergio Kukina não conheceu de recurso especial do governador que buscava reverter decisão liminar do bloqueio em ação de improbidade administrativa.




O supremo Tribunal de Justiça (STJ) manteve a decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) de bloquear bens do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Em decisão única, divulgada nesta quarta-feira (15), o ministro do STJ Sergio Kukina não conheceu de recurso especial do governador que buscava reverter a decisão liminar do bloqueio, proferida pelo TRF-2, em ação de improbidade administrativa.
A decisão liminar de bloqueio foi expedida pela 1ª Vara Federal de Barra do Piraí (RJ), no Sul do estado, no curso de processo de improbidade proposto pelo Ministério Público Federal. A ação apura supostos atos de improbidade praticados pelo governador quando ele ocupava o cargo de prefeito de Piraí, entre 1997 e 2001.
Contra a decisão de bloqueio, a defesa de Pezão recorreu em primeira instância com agravo de instrumento, mas o juiz indeferiu o recurso por entender que ele deveria ter sido apresentado diretamente em segunda instância. A decisão foi mantida pelo TRF2, que também lembrou que o recurso foi apresentado após o término do expediente forense, no último dia do prazo.

ECONOMIA

Chamadas entre telefone fixo e móvel ficarão mais baratas a partir do dia 25

Segundo a Anatel, redução pode chegar a 19,25%, dependendo da empresa de telefonia fixa; redução foi possível devido à queda da tarifa cobrada das companhias pelo uso da rede.





As chamadas entre telefone fixo e móvel ficarão até 19,25% mais baratas a partir do dia 25 de fevereiro, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
De acordo com o órgão, os valores das chamadas locais de fixo-móvel terão redução de 16,49% a 19,25%, dependendo da empresa de telefonia fixa. Já as ligações interurbanas terão queda de 7,05% a 12,01%.
O motivo da queda é a redução da tarifa de interconexão, que é o valor que uma empresa cobra da outra pelo uso da rede.
Em 2014, a Anatel aprovou um cronograma de redução da tarifa de interconexão, que se estenderá até 2019. Desde o ano passado essa tarifa é calculada pelo chamado modelo de custo.
Assim, a Anatel calcula qual o custo real das empresas com equipamentos e organização interna.

MUNDO

'Minha mão congelou': por que cada vez mais imigrantes ilegais se arriscam cruzando a fronteira dos EUA ao Canadá

Autoridades no Canadá relatam preocupação com segurança de pessoas que tentam cruzar a fronteira ilegalmente a temperaturas de -20º C.




Cada vez mais imigrantes ilegais estão cruzando a fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá em busca de asilo. 
O fenômeno foi notado especialmente em Emerson, pequena cidade do sul canadense, que está tendo de lidar com a chegada de refugiados que correram sério risco de morte nessa jornada.
Foi em Emerson, na Província de Manitoba, que os ganenses Seidu Mohammed e Razak Iyal foram parar em dezembro do ano passado, após enfrentar o frio intenso na travessia sobre a neve profunda que normalmente cobre a região nesta época do ano.
Os dois haviam se conhecido apenas algumas horas antes em uma estação de ônibus de Minneapolis. Ambos iriam ser deportados de volta para Gana, na África, após terem seus status de refugiado negado nos Estados Unidos.
Eles haviam ouvido de outros refugiados e expatriados africanos que, se conseguissem entrar no Canadá, teriam uma nova chance de pedir asilo.
Para isso, o caminho seria conseguir chegar à fronteira saindo de Minneápolis em direção a Grand Forks, na Dakota do Norte, e seguir adiante evitando patrulhas até chegar a solo canadense. Ali, deveriam entregar-se às autoridades e solicitar asilo.
Iyal e Mohammed decidiram fazer o trajeto juntos. Eles pagaram US$ 200 (R$ 640) cada um para que um motorista de táxi os deixasse perto do país vizinho. Depois, andaram pela beira da estrada até estarem perto da fronteira.
"Foi quando vimos uma grande fazenda coberta por neve. A luz da fronteira estava longe, mas conseguíamos enxergá-la", lembra-se Iyal.
Eles logo perderam suas luvas em meio à neve. O ventou levou o boné que Mohammed usava. "O vento era muito frio e, com ele, vinha neve em nossos rostos. Não conseguíamos enxergar nada."
Quando voltaram à estrada, já em Manitoba, no Canadá, suas mãos haviam congelado. Eles sequer podiam usá-las para pegar o celular do bolso e ligar para as autoridades. Mohammed também não conseguia abrir os olhos.
Os únicos veículos na estrada, naquela madrugada de Natal, eram caminhões de carga que transportavam mercadorias entre os dois países. Muitos passavam direto por eles, até que um parou para os ajudar.



agora, estão sendo tratados uma unidade especializada em queimaduras de um hospital de Winnipeg. Os dois tiveram dedos amputados por causa do frio, por causa da travessia de dez horas.
Sua história chamou atenção para um fenômeno que não é novo, mas que está se intensificando nos últimos anos.
Um número recorde de pessoas fizeram essa travessia na faixa próxima a Emerson nas últimas semanas. E isso não vem ocorrendo apenas em Manitoba, mas também nas Províncias de Quebec e British Columbia.
Em Manitoba, a pequena cidade rural de Emerson, com 700 habitantes, é o principal polo. Tomado por fazendas, o município fica a 625 km de Minneápolis, onde está a maior população somali da América do Norte.
A fama da cidade se espalhou pela comunidade de expatriados africanos e latinos nos Estados Unidos.
"Sempre tivemos pessoas cruzando a fronteira. Mas, no passado, elas normalmente estavam fugindo da polícia americana", diz Greg Janzen, responsável por comandar uma reunião de emergência realizada em Emerson para tranquilizar os moradores.
Mais recentemente, esse fluxo passou a ser composto em sua maioria por refugiados, principalmente da Somália, mas também de Gana, Djibouti e Etiópia. A maioria deles teve seu pedido de asilo negado nos Estados Unidos.
Yahya Samatar, que trabalhava na área de direitos humanos na Somália, deixou seu país por causa da violência do grupo rebelde islâmico local Al-Shabab.
Buscou refúgio primeiro nos Estados Unidos, onde ficou sete meses em um centro de imigrantes, até ter seu pedido de asilo recusado.
Ao mesmo tempo, as autoridades americanas diziam ser muito perigoso deportá-lo de volta para a Somália, que está tomado por uma guerra civil.
Ele foi liberado, mas recebeu um aviso de que poderia ser deportado a qualquer momento caso a situação mudasse.
Assim como Iyal e Mohammed, ele havia ouvido falar da possibilidade de buscar refúgio no Canadá e, em agosto de 2015, viu-se às margens do Red River, um rio que percorre Minnesota e Dakota do Norte (nos EUA) e depois Manitoba (Canadá).
Quando chegou ao Canadá, ele atravessou o rio a nado e, tremendo de frio e coberto por lama, andou até Emerson, onde um morador lhe deu um casaco e chamou oficiais da fronteira.
"Recebi roupas, recebi comida, tudo", diz Samatar, que teve seu status de refugiado reconhecido. Hoje, ele vive em Winnipeg.
Mas, agora, tem crescido a preocupação entre quem vive em Emerson.
A cidade abriu suas portas para refugiados, mas, agora, os moradores tem dúvidas sobre quantas pessoas será possível receber com os recursos disponíveis e o que fazer com a eventual chegada de alguém que possa representar um risco à segurança dos habitantes.
Também há o receio com os sérios riscos enfrentados pelas pessoas que tentam a empreitada - a travessia por campos congelados onde a temperatura pode facilmente chegar a -20ºC. Muitos acreditam que as tentativas se intensificarão quando o clima esquentar.
Por enquanto, eles não veem outra opção além de fazer o possível para ajudar. "Se não fizermos isso, eles vão congelar ou morrer de fome, e teríamos de viver com isso, não?", diz Walter Kihn, que vive na região leste de Emerson.
Janzen diz que a maioria das pessoas da cidade está mais preocupada do que assustada com os estranhos que chegam.
Nas últimas três semanas, quase 60 pessoas percorreram o trajeto. Autoridades dizem que a fronteira está sendo bem vigiada e que aqueles que a atravessam são rapidamente avistados ou logo se entregam às autoridades para pedir asilo.



Eles são então identificados, revistados e cadastrados. Se têm direito a pedir asilo, são liberados para entrar no país e levados para o Conselho de Imigração e Refugiados do Canadá.
Funcionários de centros de recepção de refugiados sugerem que o recente aumento neste fluxo se deve ao atual clima política pouco acolhedor nos Estados Unidos.
Rita Chahal, diretora-executiva do Conselho de Imigração Interfaith de Manitoba, registrou 300 pedidos de asilo desde abril de 2016 feitos por quem cruzou a fronteira na região de Emerson.
"Muitas destas pessoas dizem estar preocupadas com o que viram ocorrer em aeroportos e outros locais dos Estados Unidos recentemente", afirma.
Em novembro passado, em Minnesota, o então candidato Donald Trump destacou em um discurso a comunidade somali do Estado.
"Aqui, vocês viram de perto os problemas causados pelas falhas no sistema de veto a refugiados, com um grande número de somalis chegando sem que vocês saibam, sem seu apoio ou aprovação", disse ele.
Mohammed diz que via os Estados Unidos como um lugar acolhedor, mas que, chegando ali, achou que não era esse o caso.
Ele e Iyal terão audiências em março para determinar se poderão ficar no Canadá. Eles dizem que foram orientados pelo advogado a não dar muitos detalhes sobre seus pedidos de asilo, mas Iyal afirma ter deixado Gana por motivos políticos e pessoais. Mohammed saiu por causa de sua orientação sexual - ser gay é ilegal no país africano.
Eles dizem que, enquanto se recuperam, aprendem a viver com a perda de dedos. "Esperamos impacientemente pelo que vem a seguir", diz Iyal.