quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

BEM ESTAR

O segredo da Islândia para fazer com que seus jovens deixassem de beber e fumar

País era um dos líderes europeus em incidência de consumo de álcool, tabaco e maconha entre os jovens no final dos anos 90, mas em menos de duas décadas se converteu em modelo a ser seguido.





Na Islândia, não é moda entre adolescentes consumir bebidas alcóolicas. E encontrar um jovem que fume tabaco ou maconha é até difícil.
Os dados sobre o uso de substâncias que causam dependência expõem um cenário em que apenas 5% dos jovens entre 14 e 16 anos dizem ter consumido álcool no mês anterior.
Além disso, apenas 3% dizem fumar tabaco diariamente e 7% consumiram maconha ao menos uma vez nos últimos 30 dias.
Enquanto isso, a média europeia é de 47%, 13% e 7%, respectivamente. Na América Latina, 35% dos jovens entre 13 e 15 anos dizem ter consumido álcool no último mês e 17% fumam diariamente, segundo dados da Unicef.
Mas a Islândia nem sempre foi um modelo a se seguir: no final dos anos 90, era um dos países europeus com maior incidência de consumo de álcool e tabaco entre jovens.
Como foi possível transformar, em menos de duas décadas, os hábitos de adolescentes no território de pouco mais de 300 mil habitantes?

Pesquisa de comportamento

As razões do êxito islandês estão no programa Youth in Iceland (Juventude na Islândia), iniciado em 1998, cujo pilar está na pesquisa contínua dos hábitos e preocupações dos adolescentes.
"Se você fosse o diretor de uma empresa farmacêutica, você não lançaria um novo analgésico no mercado sem fazer uma pesquisa prévia", disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Jón Sígfusson, diretor do Centro Islandês para a Pesquisa e Análise Social, responsável pelo Youth in Iceland.
"É o mesmo com qualquer setor, desde a agricultura à infraestrutura. Por que não seria assim quando se trata de jovens?", pergunta, retoricamente.
"Muitas vezes se atua em função apenas de impressões. E isso é muito perigoso. É preciso ter informações que sejam confiáveis e, a partir disso, podem ser tomadas decisões", explica Sígfusson.
Ele explica que o programa mapeia, por meio de questionários aplicados a cada dois anos, adolescentes de todas as escolas do país.
Entre outras variáveis, são coletados dados sobre padrões de consumo, características das famílias, evasão escolar e problemas emocionais dos jovens.
Com esses elementos, são elaborados informes específicos para cada distrito e escola.
"Fazemos a coleta de dados e, dois meses depois, as escolas recebem os resultados novos", destaca o responsável pelo programa.

Responsabilidade dos adultos

O passo seguinte é analisar esses dados num trabalho conjunto entre escolas, comunidades e municípios, que identificam os principais fatores de risco e proteção contra o consumo de álcool e drogas.
A partir daí, pensa-se em como fortalecer os segundos e enfraquecer os primeiros.
"Nada aconteceu de um dia para o outro. Mas foi possível atuar porque os dados nos ensinavam, por exemplo, a grande importância do fator parental", indica Sígfusson.
"Isso mostrou a necessidade de informar os pais e lhes explicar que eles são o principal fator preventivo para seus filhos: passar tempo com eles, apoiá-los, controlá-los, vigiá-los", explica.
Segundo o diretor do Youth in Iceland, antes de começar o programa, uma das principais medidas preventivas que era ensinar às crianças os efeitos negativos do uso de drogas.
Porém, essa ação sozinha não funcionava. Foi então que o enfoque sofreu uma drástica mudança.
"Os responsáveis não são as crianças, e sim nós, adultos. Devemos criar um entorno onde eles fiquem bem e tenham a opção de preencher seu tempo com atividades positivas. Isso diminui a probabilidade de eles consumirem substâncias maléficas", afirma.
Os estudos mostraram que a maior participação em atividades extracurriculares e o aumento do tempo passado com os pais diminuem o risco de se consumir álcool e outras substâncias.
Por isso, a Islândia aumentou os recursos destinados à oferta de atividades para adolescentes, como esportes, música, teatro e dança.
E desde 2002 foi proibido que, salvo exceções, as crianças menores de 12 anos e adolescentes de 13 a 16 anos andem sozinhos na rua depois das 20h e das 22h, respectivamente.

Projeto internacional

Os resultados obtidos pela Islândia levaram à criação, em 2006, do programa Youth in Europe (Juventude na Europa), cujo objetivo é expandir a metodologia do país nórdico a outras localidades do continente.
Em apenas dez anos, mais de 30 municípios europeus adotaram o projeto.
"Nunca trabalhamos com países inteiros porque, por um lado, é muito difícil ter o apoio do governo nacional. E, sobretudo, porque este é um trabalho que deve ser desenvolvido a nível local", afirma Sígfussen, que também dirige o projeto europeu.
Todas as cidades participantes conduzem os mesmos questionários. Assim elas têm uma ideia dos hábitos dos adolescentes e dos fatores de risco e proteção em cada lugar.
"Essa metodologia é participativa, comunitária e se faz de baixo para cima, baseada em evidências científicas. É o que nós tentamos imitar do modelo da Islândia", aponta Patricia Ros, diretora do Serviço de Prevenção de Vício da Prefeitura de Terragona, que participa desde 2015 do Youth in Europe.
Foram coletados dados de 2,5 mil jovens de escolas do município espanhol.
"São coisas tão óbvias que todo mundo", diz Ros. "O esporte, por exemplo. Qualquer criança de 5 anos entende que quem pratica esporte se droga menos. Mas o que não entendem é que quando a criança passa para ensino secundário (entre 12 e 16 anos), pelo menos em Terragona, não há mais atividades extracurriculares", afirma.
"Então, claro que é o esporte. Mas temos que colocá-lo ao alcance da maioria desses adolescentes que, quando acabam as aulas, não têm muitas alternativas ao ócio", acrescenta.
Como no caso islandês, as medidas tomadas após a análise dos dados dependerão de cada momento e de cada bairro.
A exemplo do que acontece na cidade espanhola, cada município participante adota a metodologia islandesa para buscar suas próprias respostas.
"Claro que as culturas são diferentes. Não podemos dizer que o que funciona na Islândia vai funcionar em outros lugares", diz Sigfusson.
"Mas se estivermos num município, digamos, da América Latina, e trabalharmos com gente de lá que conhece como funciona seu sistema, o primeiro passo seria a realização de uma mapeamento para ver como é a situação. E partir daí, localizaríamos os fatores preventivos para se avançar", explica.
"Alguns me dizem que é um enfoque quase ingênuo, porque é muito lógico. Mas é assim mesmo", conclui.

NATUREZA

Gelo marinho ao redor da Antártica alcança baixa recorde, mostram dados preliminares dos EUA

Nova medição nos próximos dias deverá ser feita para confirmar informações captadas por satélite.





O gelo marinho em volta da Antártica encolheu para a sua menor extensão anual já registrada depois de resistir por anos à tendência de aquecimento global provocado pelo homem, mostraram dados preliminares norte-americanos por satélite nesta terça-feira (14).
O gelo flutuando ao redor do continente gelado geralmente se derrete para alcançar o seu menor registro do ano ao redor do fim de fevereiro, verão no hemisfério sul, e depois aumenta novamente com a chegada do outono.
Neste ano, a extensão do gelo marinho contraiu para 2,287 milhões de quilômetros quadrados em 13 de fevereiro, segundo as informações diárias do centro de dados norte-americano sobre gelo e neve.
Essa extensão é uma fração menor do que a baixa anterior de 2,290 milhões de quilômetros quadrados de 27 de fevereiro de 1997, em registros por satélite que vêm desde 1979.
Mark Serreze, diretor do centro de dados norte-americano, disse que esperaria as medições dos próximos dias para confirmar a baixa recorde.
“Contudo, a não ser que algo estranho tenha acontecido, estamos diante de um mínimo recorde na Antártica. Algumas pessoas dizem que já aconteceu”, afirmou ele à Reuters.
“Tendemos a ser conservadores e a olhar a média de cinco dias.”

MUNDO

Califórnia suspende ordem de evacuação por dano à represa

Cerca de 200 mil pessoas afetadas poderão voltar para suas casas, pois a situação é considerada estável.




As autoridades suspenderam nesta terça-feira (14) a ordem de evacuação no norte da Califórnia devido ao risco de colapso da represa de Oroville. Cerca de 200 mil pessoas afetadas poderão voltar para suas casas, pois a situação é considerada estável. Porém, o estado permanece em emergência.
"Esta redução permite às pessoas voltar às suas casas, retomar seus negócios, mas têm que estar vigilantes", disse o xerife do condado de Butte, Kory Honea, em coletiva de imprensa.
Quando a ordem de retirada foi anunciada no domingo, as autoridades alertaram os moradores que a área próxima da represa poderia entrar em colapso em uma hora.
O presidente Donald Trump "autorizou a Agência Federal para a Administração de Emergências (FEMA) e o Departamento de Segurança Interna a coordenar todos os esforços de assistência a desastres que buscam aliviar a adversidade e o sofrimento causado pela emergência" na Califórnia, afirma um comunicado divulgado pela Casa Branca.
Moradora da região, Patricia teve menos de uma hora para recolher alguns pertences e deixar a sua casa, localizada na zona evacuada do norte da Califórnia onde há risco de inundações devido a danos em uma represa.
Assim como ela, cerca de 200 mil pessoas foram parar em abrigos improvisados em escolas, ginásios e bases militares, enquanto as autoridades tentam reduzir o nível do reservatório da represa de Oroville através de vertedouros comprometidos.
O risco não é pela represa em si, mas pelo transbordamento do reservatório de emergência que canaliza o excesso de água.
Um enorme buraco se abriu no reservatório principal da represa na semana passada, o que obrigou as autoridades a ativarem pela primeira vez o reservatório de emergência no sábado.
Mas o mesmo começou a sofrer um desgaste, ameaçando romper e desviar a água para as cidades do vale.
"Só tivemos uma hora ou menos de aviso, pegamos qualquer coisa e saímos de casa. Sei que vão resolver a situação, mas não sei quanto tempo vão precisar", disse Patricia à AFP.
Na segunda-feira, as autoridades afirmaram que o nível da represa, que havia aumentado após várias semanas de fortes chuvas, tinha diminuído, e que os riscos haviam reduzido.
No entanto, estima-se um período de pelo menos duas semanas para que a situação seja normalizada, e espera-se um novo ciclo de tempestades a partir de quinta-feira.
Na terça-feira, as autoridades continuavam drenando cerca de 3 mil metros cúbicos de água por segundo através do reservatório principal.
As áreas desgastadas do reservatório de emergência estão sendo cobertas com pedras, antes das chuvas previstas para quarta e quinta-feira, que podem voltar a encher a represa.
Patricia está refugiada em um centro de eventos do condado Placer, que tem capacidade para 500 pessoas.



Voluntários recebiam doações enquanto os afetados eram alojados em um espaço aberto com colchões infláveis, segundo um jornalista da AFP no local.
"Oferecemos mantas e travesseiros, mas também comida, e há banheiros atrás. Muitas dessas pessoas têm baixos recursos e não podem pagar um hotel", explicou o oficial de polícia Merv Screeton.
O governador da Califórnia, Jerry Brown, pediu na segunda-feira ao presidente Donald Trump que "emita uma Declaração de Emergência para Assistência Federal Direta" aos condados afetados.
"O incidente é de tal severidade e magnitude que uma capacidade de resposta efetiva e contínua escapa das capacidades do estado e dos governos locais afetados", acrescentou.
"Estamos fazendo tudo o que podemos para consertar a represa e que [os evacuados] possam voltar às suas vidas de forma segura e sem medo", indicou Brown em uma coletiva de imprensa.

MUNDO

Otan celebra primeira reunião da era Trump em busca de respostas

Ministros da Defesa da Otan participarão nesta quarta-feira (15) na primeira reunião com seu novo colega americano, James Mattis.




Os ministros da Defesa da Otan participarão nesta quarta-feira (15) na primeira reunião com seu novo colega americano, James Mattis, que tentará acabar com as dúvidas sobre o compromisso dos Estados Unidos com a Aliança Atlântica após as críticas do presidente Donald Trump.
"Esta tem sido a aliança de maior sucesso na história militar", disse à imprensa na viagem a Bruxelas o novo secretário americano de Defesa, que pretende tranquilizar os aliados com a mensagem de que Washington não trocará a Otan por Moscou.
Antes de assumir a presidência, Donald Trump chamou a Otan de "obsoleta", especialmente por não participar na luta contra o terrorismo, e questionou o compromisso de ajuda mútua aos aliados do Atlântico Norte caso não aumentassem os gastos de Defesa.
Mas desde sua posse, em 20 de janeiro, os dois lados do Atlântico tentam reforçar a mensagem de que os Estados Unidos "continuam fortemente comprometidos" com a Otan, como reiterou na quarta-feira o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg.
Stoltenberg também aproveitou a tradicional entrevista coletiva prévia às reuniões da Otan para destacar que os aliados dos Estados Unidos já começaram a gastar mais em defesa, concretamente 3,8% a mais em 2016 entre Canadá e os europeus no total.
Mas a nível nacional apenas cinco dos 28 países da Otan - Estados Unidos, Reino Unido, Grécia, Estônia e Polônia - cumprem a meta de 2% do PIB em gasto militar que deve ser alcançada até 2024.
Alguns países como França (1,78% em 2016), Alemanha (1,19%) e Espanha (0,91%) exigem que na conta seja levado em consideração o impacto em suas contas públicas das operações realizadas por suas Forças Armadas no exterior.

MUNDO

Agentes migratórios detêm jovem imigrante ilegal amparado por lei de Obama

Caso de Daniel Ramírez Medina é o primeiro conhecido nos EUA da detenção de um 'dreamer' após a chegada ao poder do novo presidente, Donald Trump.





Agentes migratórios dos Estados Unidos detiveram um jovem imigrante ilegal de 23 anos que estava amparado por um programa do ex-presidente Barack Obama para imigrantes que chegaram quando crianças ao país e que são conhecidos como "dreamers" ("sonhadores").
O caso de Daniel Ramírez Medina é o primeiro conhecido nos EUA da detenção de um "dreamer" após a chegada ao poder do novo presidente, Donald Trump.
Os "dreamers" são os jovens que se beneficiaram do programa de alívio migratório Ação Diferida (Daca) aprovado em 2012 por Obama e ao qual se acolheram cerca de 750 mil imigrantes ilegais que chegaram quando crianças ao país.
Trump prometeu durante a campanha que os "dreamers" seriam deportados com o resto de imigrantes ilegais que vivem no país (cerca de 11 milhões), mas há algumas semanas afirmou que "não deveriam se preocupar muito" porque tem "um grande coração".
Ramírez Medina, de nacionalidade mexicana e que chegou aos Estados Unidos em 2001 quando tinha sete anos, foi detido na sexta-feira passada em sua residência de Des Moines (estado de Washington), segundo denunciou sua defesa.
O jovem, que se acolheu ao programa Daca em 2014, carece de antecedentes e foi detido quando os agentes do Serviço de Imigração e Alfândegas (ICE) iriam deter seu pai por motivos não revelados.
De acordo com um comunicado do ICE dirigido à "Univision", Ramírez Medina é um "risco para a segurança pública", já que reconheceu fazer parte de "gangues".
"O senhor Ramírez, que admitiu ser membro de uma gangue, foi achado em uma residência em Des Moines, Washington, durante uma operação que tinha como alvo um criminoso que já tinha sido deportado anteriormente", apontou o ICE.
A defesa do jovem, no entanto, negou categoricamente que faça parte de alguma gangue e denunciou que os agentes o obrigaram a confessar isso, uma vez detido.
O ICE deteve na semana passada 680 imigrantes ilegais em várias operações em 12 estados.


MUNDO

Ex-nadador australiano Grant Hackett é preso após sofrer 'colapso' na casa dos pais

Pai do medalhista olímpico contou ao jornal local 'Gold Coast Bulletin' que chamou a polícia para que o ex-atleta de 36 anos recebesse ajuda.




O ex-nadador australiano Grant Hackett foi preso e detido pela polícia de Gold Coast, nesta quarta-feira (15), depois de sofrer um "colapso" na casa de seus pais, noticiou a mídia local.
O pai do medalhista olímpico contou ao jornal local "Gold Coast Bulletin" que chamou a polícia para que o ex-atleta de 36 anos recebesse ajuda.
"Grant tem um problema médico que se manifestou aqui nesta quarta-feira de manhã... ele estava delirando um pouco", disse Neville Hackett ao jornal.
"Ele está sendo tratado por um médico. Ele é grande e forte quando não está feliz. Decidimos que ele precisa de algum tratamento, mas ele não iria sair para se tratar hoje de manhã de jeito nenhum, então chamamos a polícia."
"A única maneira de a polícia poder fazer alguma coisa de acordo com a lei do país é prendê-lo por violência doméstica", disse.
Neville Hackett disse que o nadador não fez nenhuma ameaça, mas que não é "o que você chamaria de uma pessoa normal".
A rede local Channel Seven publicou imagens em vídeo de Hackett sendo levado a uma delegacia algemado.
O porta-voz da polícia de Queensland disse que um homem foi preso "após um distúrbio em uma residência de Surfer's Avenue, em Mermaid Waters, perto do meio dia".

O agente de Grant Hackett não foi encontrado para comentar o caso.
Hackett conquistou o ouro nos 1.500 metros na Olimpíada de Sydney de 2000 e nos Jogos de Atenas de 2004 e se aposentou depois da Olimpíada de Pequim de 2008, na qual ficou com a prata na mesma competição.