segunda-feira, 29 de agosto de 2016

DISTRITO FEDERAL

Grupo marcha até a Esplanada para prestar apoio a Dilma

Presidente afastada responde a perguntas de senadores nesta segunda.
Ato fechou três faixas do Eixo Monumental; pela manhã, grupo levou rosas.


Manifestantes contrários ao afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff marcharam no fim da tarde desta segunda (29) da Torre de TV até a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para prestar apoio ao mandato da petista. Durante o trajeto, três faixas da via S1 do Eixo Monumental  (sentido Congresso Nacional) foram fechadas.
Segundo a Polícia Militar, cerca de 800 pessoas participaram da caminhada. Os organizadores dizem que são 5 mil manifestantes. Entre os presentes havia pessoas que estiveram na Esplanada dos Ministérios durante a manhã para acompanhar a sessão de julgamento de Dilma.

Os manifestantes chegaram à Esplanada por volta das 18h. Eles tiveram de fazer um desvio até a via N1 do Eixo Monumental, local destinado ao grupo pró-Dilma. Entre os participantes estavam dezenas com bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e de outros movimentos sociais.

Uma banda acompanha o grupo contrário ao afastamento definitivo da presidente Dilma. Eles acompanham os gritos a favor da petista e contrários ao governo do presidente em exercício, Michel Temer.
Manifesntantes contrários ao impeachment da presidente Dilma chegam à Esplanada dos Ministérios (Foto: Mateus Vidigal/G1)Manifestantes contrários ao impeachment da presidente Dilma chegam à Esplanada dos Ministérios
(Foto: Mateus Vidigal/G1)
Os manifestantes entoaram frases como "Fora Temer" e "Ai, ai, ai, ai, ai, ai. Se empurrar o Temer cai". Pouco antes das 19h, os participantes cantaram o Hino Nacional, acompanhados pela banda.

Parte do grupo se concentrou no asfalto da via N1 do Eixo Monumental e no gramado da Esplanada. O restante permaneceu nas arquibancadas montadas para o desfile de 7 de Setembro.

A professora aposentada Adriana Souza diz ter medo do cenário político caso Dilma Rousseff seja afastada definitivamente da presidência. "Acho que as pessoas estão preocupadas com a democracia. Ela foi eleita com a maioria dos votos e isto aqui é um ato que mostra isso." A professora se queixou da falta de um telão na Esplanada para acompanhar a sessão.
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Ao lado do Palácio da Justiça, manifestantes contrários a impeachment tocavam marchas como forma de protesto em uma das arquibancadas montadas para o desfile de 7 de setembro (Foto: Mateus Vidigal/G1)Ao lado do Palácio da Justiça, manifestantes contrários a impeachment tocavam marchas como forma de protesto em uma das arquibancadas montadas para o desfile de 7 de setembro (Foto: Mateus Vidigal/G1)
Os apoiadores da presidente afastada levaram rosas, faixas e cartazes no protesto pela manhã. Em algumas das faixas, estava escrito "Mulheres pela Democracia" e "Luto por Justiça".

Foram 350 manifestantes, segundo a PM. De acordo com os organizadores, cerca de 2 mil pessoas se juntaram a favor do mandato de Dilma.
Até a chegada de Dilma ao Senado, os manifestantes esperavam que ela fosse falar com apoiadores do lado de fora do Congresso. No entanto, ela entrou diretamente pela chapelaria da Casa, acenando para o público.
A arquiteta Daniela Fragoso veio de São Paulo para acompanhar o depoimento e participar de outros atos pró-Dilma. "Tenho que mostrar insatisfação por terem roubado meu voto. Luto por democracia e sempre fui petista", disse.
Manifestantes contrários ao impeachment reunidos em frente ao Congresso Nacional (Foto: Beatriz Pataro/G1)Manifestantes contrários ao impeachment reunidos em frente ao Congresso Nacional (Foto: Beatriz Pataro/G1)
Enquanto Dilma discursava no Senado, manifestantes tentavam ouvir a fala da presidente em rádios portáteis ou por celulares. Ao contrário da sessão do impeachment na Câmara dos Deputados, não foram instalados telões para que possam acompanhar o processo.
A funcionária pública Elite Dutra não veio preparada para ouvir o depoimento, pois imaginava que algum carro de som seria colocado no local. "Estamos passando de roda em toda para ouvir", disse. Ela veio do interior de Minas Gerais acompanhar o ato dos manifestantes em frente ao Congresso. "Estar aqui é imensurável. É colocar a mão na massa. Torcer de longe não é a mesma coisa", comentou.
Apoiadores de Dilma Rousseff escutam discurso da presidente afastada em rádio portátil (Foto: Beatriz Pataro/G1)Apoiadores de Dilma Rousseff escutam discurso da presidente afastada em rádio portátil (Foto: Beatriz Pataro/G1)
Trânsito
Por causa da sessão desta segunda, o governo do Distrito Federal bloqueou as vias N1 e S1 do Eixo Monumental no trecho entre a rodoviária do Plano Piloto e o Congresso Nacional. As interdições causaram congestionamento pela manhã. Na via S1, motoristas chegaram a enfrentar fila de até cinco quilômetros de extensão. Servidores que trabalham na região tiveram de deixar os carros nos anexos para acessar a Esplanada.
A expectativa do governo do DF é de que o bloqueio aconteça até o final do processo de impeachment. O GDF espera que um público entre 20 mil e 30 mil pessoas esteja no local durante o processo.
Trânsito congestionado no Eixo Monumental por causa dos bloqueios na via devido ao julgamento do impeachment (Foto: TV Globo/Reprodução)Trânsito congestionado no Eixo Monumental por causa dos bloqueios na via devido ao julgamento do impeachment (Foto: TV Globo/Reprodução)
“A todo instante nós estaremos monitorando a real possibilidade de manter esse trânsito interditado, visando sempre a garantia da incolumidade das pessoas que estarão nesse local. Contudo, o nosso planejamento é para que a N1 e a S1 permaneçam interditadas até o final do processo de impeachment, que esperamos que acabe na madrugada de 30 para 31 [de agosto]”, afirma o secretário-adjunto de Segurança do DF, Márcio Pereira da Silva para a Rádio Senado.
Efetivo
O efetivo empregado na segurança da cidade será de 380 homens nesta segunda-feira e 1.332 policiais na terça-feira. Caso o julgamento se estenda até quarta (31), o mesmo efetivo de 1.332 policiais será utilizado. No dia posterior ao término do processo, 290 militares ainda farão a segurança da Esplanada dos Ministérios.
Além da Polícia Militar, um efetivo de cem bombeiros e cem agentes de trânsito será  empregados todos os dias. A 5ª Delegacia de Polícia, que cuida da área central, também terá reforço.
"Tenho plena confiança na capacidade investigativa da Policia Civil. Em nenhum momento deixamos de contar com a Polícia Civil, tivemos todos os procedimentos assegurados. Brasília continua segura como sempre foi", disse. A categoria está em operação-padrão por salários melhores – nesta quarta, chefes de seção entregaram cartas de exoneração ao governo.

Grupos separados
O esquema de segurança foi definido na última quinta, após reunião com lideranças dos dois grupos. Segundo a pasta, a disposição dos manifestantes na Esplanada dos Ministérios será a mesma utilizada durante a votação da Câmara dos Deputados, que ocorreu no dia 17 de abril.
Mapa mostra divisão de grupos contra e favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff durante votação do processo (Foto: Secretaria de Segurança Pública do DF/Divulgação)Mapa mostra divisão de grupos contra e favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff durante votação do processo (Foto: Secretaria de Segurança Pública do DF/Divulgação)
O grupo a favor do impedimento definitivo de Dilma fica no lado da cúpula do Senado (do lado norte da Esplanada dos Ministérios); o contrário, ficará do lado da Câmara dos Deputados (lado sul). A divisão dos manifestantes é feita a partir da rodoviária do Plano Piloto.
De acordo com a secretária de Segurança Pública, Marcia de Alencar, a retomada da utilização do "muro do impeachment" é para garantir a "livre manifestação com a preservação das pessoas e do patrimônio".

Segundo o secretário-adjunto, Márcio Pereira da Silva, está combinado com os movimentos pró e contra o impeachment que ao final do julgamento o grupo “derrotado” deve se retirar da Esplanada.
Os manifestantes que forem até as proximidades do Congresso Nacional estão sujeitos a revistas da Polícia Militar. Estão proibidos paus de selfie, bastões, mastros de bandeiras, máscaras, bolas de gude e qualquer outro material que pode ser usados em ações agressivas.
"Muro do impeachment", como ficou conhecida a separação por grades na Esplanada dos Ministérios, voltou a ser erguida para o julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Roussef (Foto: Mateus Vidigal/G1)"Muro do impeachment", como ficou conhecida a separação por grades na Esplanada dos Ministérios, voltou a ser erguida para o julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Roussef (Foto: Mateus Vidigal/G1)
Muro
O governo do Distrito Federal reergueu o "muro" montado na Esplanada dos Ministérios para dividir manifestantes favoráveis e contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. A A reconstrução da estrutura teve início na última segunda-feira (22).
As grades de segurança não foram necessárias na última fase de votação do relatório da comissão especial, que ocorreu no Plenário do Senado no último dia 9, quando um público muito aquém do esperado pelo governo compareceu às proximidades do Congresso Nacional.
Naquele momento, a pasta estimava que 5 mil pessoas fossem à Esplanada. Apenas um grupo de 50 manifestantes favoráveis ao impeachment protestou ao lado da cúpula do Senado na ocasião. O muro foi utilizado pela primeira vez no dia 17 de abril, quando a votação para o processo do impeachment de Dilma ocorreu na Câmara dos Deputados.
Grades de metal isolam o perímetro do Congresso Nacional; manifestantes não poderão se aproximar no edifício pelo gramado (Foto: Mateus Vidigal/G1)Grades de metal isolam o perímetro do Congresso Nacional (Foto: Mateus Vidigal/G1)
Semana decisiva
A sessão desta segunda-feira faz parte da fase final do processo, na qual a presidente poderá usar a palavra por 30 minutos – período que poderá ser prorrogado – e, em seguida, responder a perguntas dos senadores, da acusação e da defesa.
Até a última atualização desta reportagem, 46 estavam inscritos para fazer perguntas, pelo tempo de 5 minutos cada. Dilma terá o tempo que for necessário para responder as questões.
Senadores que apoiam Dilma se reuniram para acertar as perguntas que farão na sessão. Uma das presentes, a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) informou que ainda tentará convencer os opositores de Dilma a altenar a participação com os apoiadores, para balancear de maneira mais uniforme o interrogatório.
Plenário do Senado, em Brasília, durante sessão que julga se a presidente afastada Dilma Rousseff vai a julgamento no processo de impeachment (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)Plenário do Senado, em Brasília (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

Fonte: G1

MUNDO

Cessar-fogo entra em vigor na Colômbia sem violações

No Twitter, presidente Juan Manuel Santos diz que começa uma nova História no país



BOGOTÁ — Depois de quatro anos de negociações, um cessar-fogo definitivo entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo entrou em vigor na meia-noite desta segunda-feira, encerrando o conflito armado mais longo da América Latina. Até o momento, não foi registrada nenhuma violação. É esperado que o acordo de paz final seja assinado no próximo mês.
“Este 29 de agosto começa uma nova História para a Colômbia. Silenciamos os fuzis. Acabou a guerra com as Farc”, comemorou o presidente Juan Manuel Santos no Twitter, um minuto após a entrada em vigor do cessar-fogo.
O líder das Farc, Rodrigo Londoño, mais conhecido pelo nome de guerra Timochenko, deu a ordem para o fim dos disparos. Desde julho de 2015, o grupo guerrilheiro já mantinha uma trégua unilateral, nem sempre respeitada.
— Nunca mais os pais enterrarão seus filhos e filhas mortos na guerra — disse Timochenko a jornalistas no domingo. — Todas as rivalidades e rancores permanecerão no passado.
O Congresso deverá aprovar nos próximos dias a realização de um referendo para a população decidir se apoia ou rechaça o acordo de paz definitivo, anunciado na última quarta-feira pelo governo e pelas Farc. A consulta popular foi previamente marcada para 2 de outubro.
Respaldado pela comunidade internacional, o pacto põe fim a um conflito que deixou cerca de 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados. Este é o quarto processo de paz com as Farc, depois de tentativas fracassadas em 1984, 1991 e 1999.
Alegando danos à pátria e impunidade, a oposição impulsiona uma campanha pelo "não" no plebiscito.
Fonte: O Globo

BRASIL

‘Nossa missão é realizar o ajuste fiscal’, diz Henrique Meirelles

Para ministro da Fazenda, aprovação do teto para os gastos públicos é a base para realização de outras reformas



BRASÍLIA - Principal fiador da política econômica do governo Temer, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirma que o futuro do país depende do ajuste fiscal. Segundo ele, a aprovação do teto para os gastos públicos é a base para a realização de outras reformas.
O que muda na condução da economia a partir da conclusão do processo de impeachment?
Vamos prosseguir no ritmo de ajuste fiscal. O que, basicamente, envolve uma modificação da Constituição, que é prerrogativa do Congresso. Vamos continuar participando intensamente do debate de maneira que possamos, de fato, conseguir a aprovação o mais rápido possível da PEC dos gastos, da reforma da Previdência e a conclusão da votação do projeto de (renegociação) da dívida dos estados. A agenda intensa vai continuar de forma acelerada. Do ponto de vista dos mercados, (a conclusão do impeachment) é positiva porque elimina uma incerteza que é baixa, mas existe. Consolida-se uma melhora de confiança na economia.
Vencida a agenda do impeachment, a pauta do governo será 100% concentrada na economia?
Sim. Não há dúvida de que passa a ser a prioridade número um. Hoje já é uma prioridade do governo, mas eliminada essa incerteza, o foco no ajuste fiscal passa a ser ainda maior. Do ponto de vista da equipe econômica, nossa missão é realizar o ajuste fiscal.
A necessidade do ajuste mudará a forma de atuação do governo?
Esse assunto vai muito além da postura do governo. É uma questão de que, pela primeira vez em 28 anos, estamos propondo uma mudança na trajetória da evolução dos gastos públicos no Brasil. O outro lado é que, porque é uma mudança constitucional, esse ajuste tem que seguir o rito legítimo e democrático que em qualquer país do mundo tem que ser discutido com o Congresso.
O governo não deveria mostrar mais claramente o compromisso com o ajuste? Existe a percepção de que o governo é duro no discurso, mas parece flexível nas ações...
Devemos esclarecer cada vez mais a essência do ajuste. Todos os ajustes feitos até agora no Brasil foram pontuais. Guerra de guerrilhas, ou seja, luta em cima daquela parcela do Orçamento que não é definida pela Constituição e que não é compressível. Estamos propondo um ajuste estrutural. Isto é, um limite para o crescimento das despesas que altera fundamentalmente sua dinâmica. De 1991 a 2015, as despesas cresceram uma média de 6% acima da inflação. De 2008 a 2015, mais de 50% acumulados acima da inflação. Aprovada a PEC, isso tem um efeito fortíssimo. Se a PEC 241 tivesse sido adotada em 2006, a despesa total do governo federal, ao invés de ser 19% do PIB hoje, seria de 10% do PIB. Isso mostra o impacto que essa medida tem ao longo do tempo. O Brasil seria outro país. Algumas pessoas dizem que (o efeito da PEC) demora, mas o que precisa ficar claro é que os mercados precificam as mudanças a valor presente.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista ao GLOBO - Michel Filho / Agência O Globo
Aprovada a PEC, a elaboração do Orçamento será uma questão de escolhas na hora da definição dos gastos dentro do limite estabelecido?
Exatamente. A partir daí, poderemos ter uma discussão orçamentária no país em outros termos. É discutir qual a vantagem de ter uma determinada despesa ou não ter. Despesas da União sempre têm alguma justificativa. Mas temos que discutir quais são as despesas públicas prioritárias no Brasil.
Isso tira o Congresso da zona de conforto, não?
Isso mesmo. Na nossa avaliação e muitos parlamentares concordam que isso vai valorizar o papel do Congresso e vai definir de fato quais são as despesas prioritárias da União.
Alguns analistas já apontam problemas na PEC, como o impacto do reajuste do Judiciário em 2017, que excederia o teto específico para esse poder. Isso é um risco para a proposta?
Isso foi olhado quando a PEC foi proposta. Isso pode ocorrer esse ano ou daqui a 10 anos. Sempre poderá existir de um poder ter despesas acima do teto. Se isso ocorrer, há mecanismos de ajuste na própria PEC.
E se eles não forem suficientes?
Será sempre suficiente porque a PEC prevê que estão vedados novos reajustes em caso de descumprimento do teto. Como o teto cresce com a inflação, certamente qualquer aumento a mais pode provocar uma violação. Novos reajustes não seriam possíveis. Evidentemente que nada impede também que o Executivo possa, se isso ocorrer, quando ocorrer, ceder parte do seu limite para algum outro poder. Já existe essa possibilidade entre governo federal e estados no caso das metas de resultado primário. Várias coisas, como esta, poderão ser debatidas posteriormente. O importante é que o teto tem que ser estabelecido. Com ele estabelecido, precisaremos cuidar de outros pontos, como a reforma da Previdência e questões referentes ao abono, etc...
Sem a PEC é o fim da política econômica do governo Temer?
O que digo é que a PEC é a medida mais eficaz, mas não existe algo que seja ou isto ou nada. Quaisquer políticas alternativas teriam um custo político muito grande ao país. Esse é o plano de ação. Mas mudança constitucional é uma prerrogativa do Congresso. Numa conversa com agentes de mercado, me sugeriram estabelecer uma linha e a partir daí não ceder mais. Respondi para eles: “suponha que não existisse uma democracia. Imagino que muitos nesta sala estariam nas ruas pedindo a volta da democracia”.
O senhor é o fiador da política econômica, mas houve recuos do governo no campo fiscal por motivação política, como a aprovação dos reajustes para inúmeras categorias de funcionários públicos na Câmara. Isso incomoda, não vai contra o ajuste?
Não. Minha visão não é política, é econômica. Estou pouco preocupado com algo que politicamente pareça isso ou aquilo. O importante é que a PEC que limita os gastos está sendo defendida pelo governo, pelos ministros da área política e pelos líderes da base. Aumentos dos servidores, desde que sejam consistentes com o teto para os gastos, estão enquadrados na política de ajuste fiscal. Nosso pressuposto não é que não haja aumento nenhum de gastos. É que haja aumentos apenas com base na inflação.
Mas se há reajuste para o funcionalismo, isso significa que faltará recursos para outras áreas, não?
Exatamente. Gastar dinheiro sempre tem aspectos positivos. Por outro lado, isso tem que ser financiado pela sociedade. É preciso encontrar um limite.
O senhor diz não ver necessidade de aumentar impostos agora, mas pode ser preciso no futuro. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, diz que o governo não vai aumentar imposto de jeito nenhum. Quem está certo?
As declarações de ministros dizendo que não haverá aumento de impostos estão consistentes com a minha indicação de que, nesse momento, não se configura a necessidade de aumento.
Quem fala pela área econômica é o senhor, correto?
O ministro Padilha é muito qualificado, muito inteligente e sabe o que está fazendo. Ele está fazendo uma declaração enfática na sua posição de que não vai haver aumentos de impostos. Agora, eu sou um ministro da área econômica, tratando com agentes econômicos e estou colocando a coisa no prazo longo. Eu sinalizo aos mercados tranquilidade, isto é, mostro que não há um problema ideológico contra aumentos de impostos.
O governo pode rever desonerações feitas nos últimos anos para reforçar as receitas?
Certamente. Nós iniciaremos, depois de aprovado o Orçamento, no devido tempo, uma revisão cuidadosa de todos os incentivos fiscais concedidos no país. Não só de desonerações setoriais, mas de toda a estrutura tributária.
Como o senhor classifica a situação em que se encontrava a economia quando assumiu o ministério?
Sendo um ministro da Fazenda e da área econômica, eu prefiro não usar adjetivos. Acho que os números falam por si só. E até usei outro dia uma frase usado por um escritor brasileiro (Nelson Rodrigues) que diz que nada é mais brutal do que um fato. Um déficit fiscal de R$ 170 bilhões (meta de 2016) fala por si só. Não precisamos usar adjetivos para mostrar que isso é insustentável.
Partidos da base, especialmente o PSDB, têm manifestado desconforto com a postura do Planalto em relação a algumas medidas, como o reajuste do Judiciário. Alguns atribuem isso a um temor da possibilidade de o senhor ser candidato a presidente em 2018. Como o senhor vê isso?
Em primeiro lugar, eu não comento boatos, rumores e percepções subjetivas. Outra coisa que eu já concluí é que é uma perda de tempo tentar avaliar quais são as intenções das pessoas em fazer algo. O importante são os fatos. O debate político no Congresso em torno de qualquer projeto de aumento de salários ou de outra ordem é democrático, legítimo e positivo. Seria estranho todos os partidos concordarem em tudo. Partidos discordarem e terem opiniões diferentes e, eventualmente, projetos políticos diferentes para as próximas eleições é natural.
Chegou a hora de a política ajudar a economia?
Sim. E nós temos uma concordância absoluta dentro do governo. Há uma visão unânime hoje de que o fundamental para o país é a recuperação da economia, que passa pelo ajuste fiscal. O futuro do país está diretamente ligado ao ajuste fiscal. Não existe país no mundo que tenha crescido sem controlar evolução das finanças públicas.
O senhor acredita que os investidores internacionais já estão retomando a confiança no Brasil?
Estamos agendando a nossa ida ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e ao Banco Mundial em outubro e existe um nível enorme de interesse de investidores para ouvir o Brasil. Está até difícil montar essa agenda.
O governo vai conseguir fazer a economia brasileira, para citar uma ilustração, voltar a ser vista como pela revista inglesa The Economist que usou em uma de suas capas a imagem do Cristo Redentor decolando?
Aquela capa, publicada em 2009, tinha uma essência econômica. Foi um período em que até nos eventos internacionais aos quais fui como presidente do Banco Central, fui congratulado. Fui aplaudido de pé quando entrei numa reunião de banqueiros centrais. Em 2013, a capa foi o Cristo dando um loop e mergulhando, ali também tinha um fundamento econômico. Previram uma recessão que veio. No momento em que a retomada da economia aconteça, então, claramente estaremos numa estratégia de recuperação e quem sabe teremos aí capas com o Cristo decolando de novo.
O que o senhor espera ver como missão cumprida quando chegar ao final do governo Temer em 2018?
Um ajuste fiscal, com aprovação da PEC do teto, encaminhamento e aprovação da reforma da Previdência e posteriormente o início de um processo de produtividade da economia, que vai passar por diversas reformas. O conteúdo dessas reformas envolve um projeto de longo prazo. Não é algo que se extinga em 2018. Processo vai demandar mais de um governo. Mas eu acho importante que o ajuste fiscal esteja concluído porque esta é a causa da crise. Isso faz com que as causas macroeconômicas estejam resolvidas. A partir daí o objetivo é como crescer mais, acima do potencial de 2%.
Qual a sua expectativa para o resultado do PIB do segundo trimestre de 2016?
Acho que ele vai mostrar uma retomada da economia. Estamos vivendo o final de uma queda e o início de um processo de recuperação. Independentemente do resultado dos três meses de abril, maio e junho. A média, se isso vai mostrar algum declínio, é menos importante. O importante é o resultado na margem e qual a tendência daqui para frente.


Fonte: O Globo

TECNOLOGIA

Facebook não se tornará empresa de mídia, diz Zuckerberg

Paul Sakuma/Associated Press
Zuckerberg afirma que Facebook continuará sendo uma plataforma de tecnologia
Zuckerberg afirma que Facebook continuará sendo uma plataforma de tecnologia
O Facebook não se tornará uma empresa de mídia, disse seu fundador e presidente-executivo, Mark Zuckerberg, nesta segunda-feira (29), afirmando a estudantes que a empresa continuará sendo uma plataforma de tecnologia.
Um número cada vez maior de usuários está se voltando às redes sociais, como Facebook e Twitter, para encontrar notícias, mas Zuckerberg disse que sua empresa não tem ambições de se tornar uma provedora de conteúdo.
"Não, nós somos uma empresa de tecnologia, não uma empresa de mídia", disse Zuckerberg, após um jovem italiano perguntar a ele se o Facebook pretendia se tornar uma editora de notícias.
Embora tenha consciência do papel que o Facebook tem em oferecer notícias aos usuários por meio de suas conexões e ressaltando as vantagens de obter informações de diferentes partes do mundo. "Nós produzimos ferramentas, não criamos qualquer conteúdo", afirmou Zuckerberg.
"Esse mundo precisa de empresas de mídia, mas também de plataformas de tecnologia, como a que fazemos. Nós levamos nosso papel nisso muito a sério", disse ele, falando na Universidade Luiss, em Roma.
Mais cedo nesta segunda-feira, Zuckerberg e sua mulher, Priscilla Chan, tiveram um encontro privado com o papa Francisco. Foi a mais recente de uma série de reuniões que o pontífice teve com líderes do Vale do Silício, incluindo o presidente-executivo da Apple, Tim Cook, e o presidente da Alphabet, controladora do Google, Eric Schmidt.
Zuckerberg contou que deu ao papa um modelo de Aquila, o drone movido a energia solar do Facebook que tem meta de ampliar o acesso à internet em lugares com pouca infraestrutura.
"Discutimos a importante de conectar as pessoas, especialmente em partes do mundo sem acesso à Internet", disse Zuckerberg.
CURADOR, NÃO PRODUTOR
O discurso de Zuckerberg é recorrente e, por vezes, a empresa recebe reclamações de que está suprimindo informações por meio da curadoria feita nos trending topics e pelo algoritmo da rede, que determina o que cada usuário vê de acordo com seus hábitos de navegação na internet.
Em maio, o Facebook abriu uma "investigação completa sobre as acusações de que editores da empresa haviam impedido reportagens de veículos de mídia conservadores de aparecer em uma seção do serviço de redes sociais", de acordo com o "New York Times".
Com isso, veio à tona uma questão mais óbvia que muitos não tinham levado em conta. De acordo com o jornal americano, as declarações de Zuckerberg evidenciaram a equipe de editores que o Facebook —que não divulgada o número de pessoas que desempenham esta função— e outras grandes empresas de mídias sociais montaram para selecionar, adequar e preencher lacunas no material produzido por usuários e companhias de mídia.

Fonte: Folha de S.Paulo

BRASIL


Dilma admite recorrer ao STF se impeachment for aprovado

Presidente afastada diz que o Senado vai cometer um ‘rotundo golpe’ se condenar uma inocente


BRASÍLIA - A presidente afastada Dilma Rousseff disse ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) - antigo colega de luta contra a ditadura - que o Senado estará cometendo um "rotundo golpe" ao condenar uma "inocente", sem crime de responsabilidade. Dilma indicou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal caso seja aprovado o impeachment.
— Se me julgarem sem crime de responsabilidade, é golpe, é um rotundo golpe, um golpe integral. Não recorro ao STF agora porque não esgotei essa instância. Vim aqui porque respeito a essa instituição. Essa instituição não está compactuando com o golpe hoje, mas, no momento em que proferir a sentença. Não cometam o crime de condenar uma inocente — disse Dilma, acrescentando que se deve respeitar as regras:
— Ou, do contrário, instaura-se o Deus nos acuda!
Dilma fez a resposta mais política e comentou a questão da ditadura militar, lembrada por Aloysio em sua pergunta.

— Você tem a árvore da democracia, você corta com machado (com uma ditadura). Mas agora é como se colocasse um parasita. Me condenem que esse golpe é irreversível! — disse a petista.
Aloysio lembrou a Dilma que também lutou contra o regime militar de 1964.
— A senhora se diz vítima de um golpe. E vivemos o golpe de 64. A senhora falseia a história sobre o processo que estamos vivendo. Esse processo visa ao cumprimento da soberania da lei e não o contrário. O país vive hoje um clima de paz e tranquilidade. Ninguém prega a violência — disse o tucano.
GOLPE CITADO NO DISCURSO
Mais cedo, durante seu discurso de defesa, Dilma afirmou em seu discurso ao Senado que o processo contra ela é um golpe de estado. A petista falou durante 45 minutos para um plenário cheio e que ficou em silêncio por quase todo o tempo. Ao final, foi aplaudida por aliados que gritaram “Dilma guerreira, do povo brasileiro”. (LEIA A ÍNTEGRA DO DISCURSO)

OS PRIMEIROS MOMENTOS DE DILMA NO SENADO

  • A presidente afastada Dilma Rousseff prepara-se para início do discurso na tribuna do SenadoFoto: André Coelho / Agência O Globo

  • A presidente cumprimentou o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, antes do início da sessãoFoto: André Coelho / Agência O Globo

  • O ex-presidente Lula chegou à galeria do Senado acompanhado por ex-ministros e pelo cantor Chico BuarqueFoto: André Coelho / Agência O Globo

  • Dilma sentou-se ao lado de seu advogado de defesa, o ex-ministro José Eduardo CardozoFoto: André Coelho / Agência O Globo

  • Dilma é recebida por Lewandowski e pelo presidente do Senado, Renan CalheirosFoto: André Coeho / Agência O Globo

  • Em seu discurso, Dilma afirmou que país está 'a um passo do golpe'Foto: André Coelho / Agência O Globo

  • Dilma lembrou que esteve à beira da morte quando foi torturada e quando enfrentou um tratamento de câncerFoto: André Coelho / Agência O Globo

  • Dilma citou tentativas de golpe contra os ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e João Goulart, comparando ao momento atualFoto: André Coelho / Agência O Globo

  • A presidente afastada ressaltou que foi eleita por mais de 54 milhões de votosFoto: André Coelho / Agência O Globo

  • No discurso, Dilma fez uma breve defesa de novas eleições, proposta que passou a apoiar na tentativa de conquistar votos no SenadoFoto: André Coelho / Agência O Globo

Dilma citou tentativas de golpe contra os ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e João Goulart, comparando ao momento atual, mas não falou no processo de impeachment de Fernando Collor de Mello.
— Hoje, mais uma vez, ao serem contrariados e feridos nas urnas os interesses de uma elite, vivemos uma tentativa de ruptura democrática – declarou.
Dilma afirmou que as acusações de crime de responsabilidade são “pretextos”. Destacou o papel do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de ter dado início ao processo e protestou contra o fato de ser julgada antes que a Casa decidisse sobre a cassação do peemedebista. Reclamou que o seu governo foi desestabilizado politicamente, o que teria ampliado a crise econômica.


Fonte: O Globo

TECNOLOGIA

EUA anunciam regras para uso comercial de drones

Apesar de facilitarem a profissionalização de pilotos, as novas regras criam barreiras práticas para aplicação de tecnologia na área de entregas

Um drone da Amazon realizando uma entrega durante testes da empresa.
Empresas norte-americanas que querem entregar compras para clientes por meio de drones podem começar a comemorar. Foram anunciadas nesta segunda-feira, 29, as novas regras para o uso comercial de drones, que passam a ser regulamentados pelo FAA (Administração Federal de Aviação), o órgão de aviação dos Estados Unidos. Agora, qualquer empresa poderá substituir, com algumas severas restrições, a sua equipe de motoboys e entregadores por simples aparelhos voadores no país.
Agora, o piloto do drone não precisa de uma licença de piloto para comandar o aparelho — documento exigido anteriormente pelo órgão. Basta ter 16 anos para fazer alguns testes de conhecimentos aeronáuticos e receber um certificado de piloto remoto. Em tese, as empresas passarão a ter menos dificuldade para achar pessoal capacitado para a tarefa.
No entanto, algumas regras vão dificultar o uso comercial de drones. Em primeiro lugar, o dispositivo voador tem que permanecer, o tempo todo, no campo visual do piloto. Ou seja: a pessoa tem que acompanhar a entrega durante todo o percurso, que – também de acordo com as novas regras – precisa ser feita durante o dia. Se o drone tiver luzes e alertas visuais, a entrega poderá ser feita à noite.
Além disso, drones não podem voar sobre pessoas que não estão participando diretamente da operação ou, ainda, ficar acima de 122 metros do solo ou voar em velocidade igual ou superior a 160 Km/h.
Opções. As empresas podem solicitar a "renúncia" da maioria das restrições operacionais, desde que elas possam provar que a sua proposta seja segura. Este processo deverá ajudar reguladores a entender como empresas querem utilizar drones para além destes regulamentos iniciais e limitados. Isso poderia um dia conduzir a regras para operações com drones mais complexos, tais como os propostos pela Amazon ou o Google.
"O novo conjunto de regras apenas padroniza o processo de isenção e diminui a barreira de entrada", disse o pesquisador de drones, Arthur Holland Michel, para o jornal Los Angeles Times.

Fonte: Estadão