sábado, 26 de outubro de 2013


Investigação

MP investiga pagamentos milionários a garimpeiros ligados a Edison Lobão


Investigação apura o destino de R$ 50 milhões repassados por mineradora canadense a uma cooperativa de Imperatriz (MA) pela exploração de Serra Pelada.

AJUDA
Gessé Simão de Melo (à esq.) com Edison Lobão. Com o apoio de um assessor do ministro, ele se tornou presidente da cooperativa de garimpeiros (Foto: Reprodução)

A dona de casa Antônia Alves de Oliveira, de 58 anos, leva uma vida tranquila em Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão – e, no mapa político do Brasil, capitania de Edison Lobão, do PMDB, ministro de Minas e Energia. Antônia gasta os dias cuidando do pequeno jardim de sua casa, no modesto bairro Parque Alvorada. Interrompeu os afazeres domésticos para receber ÉPOCA na tarde da última segunda-feira, sob um úmido calor de 33 graus. Não havia ar-condicionado. ...

Ela ofereceu água gelada, servida em copos de alumínio. Contou a história de sua família. É uma história que, como muitas outras em Imperatriz, se confunde com a aventura do garimpo de Serra Pelada, no sul do Pará. Na década de 1980, ele chegou a ser o maior do mundo. Imperatriz fica relativamente perto de Serra Pelada, e a oportunidade de fazer dinheiro levou muitos pais de família ao sul do Pará. Além do ex-marido de Antônia, seus três irmãos foram garimpeiros. Um deles, Davi Alves Silva, aliado de Lobão no PFL, antigo partido do ministro, se elegeu deputado estadual, deputado federal e prefeito de Imperatriz, quando Lobão era governador do Maranhão, em 1990. Davi foi assassinado em 1992, ano em que o governo federal resolveu pôr fim ao garimpo em Serra Pelada – ao menos com as mãos, não era mais possível achar ouro. A partir dali, apenas com alta tecnologia. “Serra Pelada deu muita chateação, mas ainda tem muito ouro lá”, diz Antônia. Se, para a maioria dos garimpeiros, o ouro acabou, para alguns poucos, como Antônia, o ouro continua brotando da terra, como que por milagre.

O santo se chama Edison Lobão, padroeiro dos garimpeiros de Serra Pelada. Ele afirma, em discursos e campanhas, ser o político que mais lutou em Brasília pelos direitos dos garimpeiros. “Olhando o sofrimento desses brasileiros – 70% dos quais maranhenses –, recordo-me do que foi também o sofrimento dos judeus, retirados do Egito por Moisés, que durante 40 anos peregrinaram pelo deserto, em busca de um lugar onde ficar”, afirmou Lobão na tribuna do Senado em 2010. “Não é diferente, salvo quanto ao tempo, o que ocorre com os garimpeiros. Esses homens foram para Serra Pelada, descobriram ouro; extraíram-no e o entregaram, por algum pagamento, ao governo federal; ajudaram o governo federal a fazer seu lastro com ouro, ativo financeiro de grande valor, e, hoje, expulsos da Serra Pelada, em nome de direitos da Companhia Vale do Rio Doce, estão sem saber o que fazer da vida.” Se a história de Imperatriz passa por Serra Pelada, a história de Serra Pelada passa por Lobão.

Foi por influência dele que, em 2007, o governo convenceu a Vale a abdicar do tesouro ainda existente em Serra Pelada. Estima-se que o ouro remanescente valha, por baixo, R$ 3 bilhões. Por apenas US$ 59 milhões, a Vale aceitou transmitir a uma cooperativa de antigos garimpeiros os direitos de exploração mecanizada da área. Antônia e outros garimpeiros tomaram o controle da cooperativa. Com o aval do Ministério de Minas e Energia, já ocupado pelo PMDB, tornaram-se sócios da empresa de mineração canadense Colossus. Em 2010, com Lobão no ministério, a Colossus aumentou sua participação no consórcio com os garimpeiros de 51% para 75%. O que rendeu aos garimpeiros – especialmente a partir 2010, ano em que Lobão venceu mais uma eleição ao Senado – a quantia de R$ 50 milhões, segundo a própria Colossus.

De acordo com o Ministério Público, a dona de casa Antônia recebeu dos canadenses, em sua conta pessoal no Banco do Brasil, R$ 19,2 milhões, entre janeiro de 2010 e março de 2011. Um rastreamento do Conselho de Controle das Atividades Financeiras, o Coaf, que investiga casos de lavagem de dinheiro, revelou que 65% desse total foi sacado na boca do caixa. Alguns dos saques foram superiores a R$ 100 mil. Antônia era tesoureira da cooperativa. Como o dinheiro foi sacado, os investigadores não conseguiram descobrir os beneficiários finais da fortuna. O que Antônia fez com tantos milhões? Claramente, o dinheiro não foi investido em seu jardim, embora ela tenha também uma casinha na Vila Lobão, bairro batizado em homenagem ao padroeiro. “Não ficava nada comigo. Podem abrir minhas contas no banco. Se entrasse o dinheiro às 11 horas, às 17 horas não tinha mais nada. Tinha uma lista de pagamentos para fazer”, afirma Antônia. Ela não conta para quem passava o dinheiro. No máximo, diz que fazia “pagamento de despesas administrativas” da cooperativa.

Antônia é amiga do garimpeiro Gesse Simão de Melo, o entusiasmado senhor que aparece no palanque da foto acima, junto a Lobão. Gesse era presidente da cooperativa, quando Antônia era tesoureira. Para chegar ao comando da cooperativa, os dois receberam a ajuda do radialista Antônio Carvalho Duarte, ex-assessor de Lobão no Senado Federal. Hoje Antônio comanda outra associação de garimpeiros. Foi Gesse quem assinou parte dos contratos com a Colossus. Segundo o Coaf, ele recebeu R$ 344 mil dos canadenses, após o dinheiro passear pela conta de quem ele diz ser seu assessor – um sujeito que ganhou R$ 890 mil da Colossus. Essas operações foram rastreadas entre março e junho de 2010. No dia 4 de maio daquele ano, sob a supervisão do Ministério de Minas e Energia, a cooperativa, representada por Gesse, fechara com a Colossus o acordo que aumentava para 75% a participação dos canadenses no negócio. O acordo já estava encaminhado dentro do ministério, àquela altura representado pelo ministro interino, Márcio Zimmermann. Lobão deixara o ministério havia pouco para se dedicar à campanha eleitoral – Gesse foi cabo eleitoral de Lobão. O documento de 4 de maio é o que respalda até hoje a parceria entre a Colossus e os garimpeiros. Depois dessa data, a Colossus ampliou as milionárias transferências para as contas dos garimpeiros ligados a Lobão.

DINHEIRO VIVO
Antônia Alves de Oliveira e trechos do relatório da investigação do Ministério Público. Ela fez saques na boca do caixa em valores superiores a R$ 100 mil (Foto: Rosana Barros/Imperatriz/ÉPOCA)

Assim como Antônia, Gesse mora em Imperatriz. Recebeu ÉPOCA em sua casa e negou que tenha se apropriado do dinheiro dos garimpeiros, ou que tenha repassado esse dinheiro a terceiros. Disse que os recursos foram usados para despesas com a realização de assembleias gerais convocadas pela cooperativa. “Era gente de todo lugar que tinha de trazer para Curionópolis (em Serra Pelada)”, afirmou. “É um povo sem recurso. E que não podia ficar de fora dessas assembleias, eram decisões importantes para o futuro do garimpo.” A conta bancária da cooperativa, segundo Gesse, estava bloqueada por causa de dívidas questionadas na Justiça. “Ou você recebia desse jeito ou parava a cooperativa.” Outros dois garimpeiros que receberam dinheiro da Colossus, ambos funcionários públicos do Estado do Maranhão, disseram que repassaram parte do dinheiro, em espécie, ao advogado Jairo Leite, ex-funcionário do Senado ligado a Lobão.

Tanto para o Ministério Público do Pará quanto para o Ministério Público Federal, é ilegal a operação que permitiu aos canadenses tomar conta de Serra Pelada. O promotor Hélio Rubens apresentou denúncia na Justiça contra Gesse, Antônia e outros três garimpeiros ligados a Lobão. Acusa-os de apropriação indébita de dinheiro, ocultação de valores desviados e formação de quadrilha. O Ministério Público Federal tenta cancelar o contrato com os canadenses. Segundo os procuradores, o contrato foi feito sob medida para a Colossus, e o aumento da participação dos canadenses no consórcio foi fechado sem o aval da maioria dos garimpeiros. Essa ação também tramita na Justiça. Em 2012, diante dos fatos, a Justiça determinou o afastamento da turma do comando da cooperativa. Os investigadores ainda tentam descobrir quem recebeu o restante dos R$ 50 milhões. Procurado por ÉPOCA, o ministro Lobão afirmou que conheceu Gesse como militante político em Imperatriz nos anos 1980. Disse que conheceu Antônio Duarte na mesma época e confirmou que ele trabalhou duas vezes em seu gabinete de senador, como assessor de imprensa. Lobão afirma desconhecer o relatório do Coaf que apontou as movimentações atípicas de Gesse e Antônia. Ele informou ainda que não recebeu qualquer ajuda financeira da Colossus durante as eleições de 2010.

Cláudio Mancuso, CEO da Colossus, disse a ÉPOCA que os valores transferidos à cooperativa estavam previstos no contrato firmado com os garimpeiros para retomar a exploração mineral em Serra Pelada. Segundo ele, cerca de R$ 50 milhões foram repassados à cooperativa desde o início da parceria, incluindo a “compra de direitos minerários”, antes pertencentes à cooperativa. “Fizemos as transferências para contas indicadas pela cooperativa”, disse ele.

Quem recebeu os R$ 50 milhões? Certamente os beneficiários não estão na sede da cooperativa em Imperatriz, conhecida como “casa do garimpeiro”. No escritório, há até máquina de escrever. Na manhã de terça da semana passada, havia cerca de 20 garimpeiros na casa, todos senhores, jogando dominó e batendo papo sob a sombra das árvores. Todos reclamavam da vida que tiveram no garimpo. Nenhum deles confirmou ter recebido dinheiro dos canadenses nem de nenhum santo padroeiro.
Fonte: BLOG DO SOMBRA

Investigação

No rastro de uma lavanderia no Ministério do Trabalho


Documentos em posse da Polícia Federal e do Ministério Público revelam que uma transportadora de Betim pode estar sendo usada para esquentar parte dos R$ 500 milhões desviados da União e para o pagamento de propinas.


Uma transportadora de veículos localizada em Betim, Minas Gerais, pode ser a chave para desvendar um esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina a autoridades ligadas ao Ministério do Trabalho. A AG Log Transportes foi criada em 2010 por Ana Cristina Aquino, uma emergente social que costuma pagar revistas de celebridades para falar quanto gasta com os eventos que promove. Apesar de não prestar serviços a nenhuma grande empresa, a transportadora declarou ter faturado, de junho de 2012 a junho de 2013, R$ 112 milhões, uma enormidade perto do que faturam empresas do setor. Em apenas três anos de funcionamento, período que a maioria das companhias leva para maturar um negócio e não embolsar lucros milionários, Ana adquiriu jatinho, helicóptero e uma dezena de carros de luxo – e tem orgulho de tornar pública a gastança. É a origem desse dinheiro que a Polícia Federal quer descobrir. ...


Seria apenas um caso de excentricidade não fossem os detalhes estranhos que envolvem a história. O primeiro deles é a relação entre a AG Log e o advogado João Graça, integrante da cúpula do PDT nacional e assessor especial do ministro do Trabalho, Manoel Dias. Graça, que foi assessor do ex-ministro Carlos Lupi, não aparece em nenhum documento oficial da empresa como sócio ou cotista e nega qualquer participação na sociedade. Entretanto, a sede da transportadora em Curitiba foi registrada no mesmo endereço do escritório de advocacia Graça Associados, do qual é o fundador. Há dois meses, enquanto representava o ministério em um evento promovido pela Câmara dos Deputados, Graça sacou do bolso uma dezena de cartões de visita da transportadora, enquanto explicava que estava sem o cartão do novo cargo no ministério. Não é só. Um e-mail obtido por ISTOÉ traz uma conversa entre Ana Cristina e João Graça. Na mensagem enviada a Graça, Ana se refere à AG Log como “nossa empresa”.


Outros documentos com detalhes das operações financeiras da transportadora estão sendo analisados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Eles constam do inquérito da Operação Esopo, que há dois anos investiga desvios de recursos do Ministério do Trabalho, sob o comando do PDT, e prováveis pagamentos de propinas a servidores públicos. A operação prendeu 22 pessoas e as suspeitas são de que cerca de R$ 500 milhões tenham sido desviados do ministério nos últimos anos. Agentes que trabalham nas investigações afirmam que o caso não foi concluído ainda porque houve problemas operacionais. Os 11 especialistas que fizeram os primeiros laudos foram substituídos meses antes das prisões por conta de uma greve, que deteriorou o andamento dos trabalhos. Graças à falta de pessoal, a PF enfrenta dificuldades para avançar nas apurações e oferecer a denúncia referente à Esopo. Por isso, a documentação em poder da polícia sobre a transportadora de Ana Cristina e suas despesas ainda não foi inteiramente analisada.


Alguns fatos, entretanto, chamaram a atenção durante a análise do inquérito. Uma planilha de despesas da AG Log revela que a empresa justificou gastos de R$ 3 milhões como referentes à regulamentação do Sindicato dos Cegonheiros de Pernambuco (Sincepe). Detalhe: a solicitação de registro do Sincepe tramita atualmente no Ministério do Trabalho. De acordo com documentos apresentados ao próprio ministério, Ana Cristina consta como presidente do Sincepe e um de seus filhos integra o conselho fiscal. O escritório de João Graça advogou pela criação do sindicato até março de 2013. Em abril, de acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, a AG Log começou a gastar, mensalmente, R$ 600 mil para a formatação do sindicato. Segundo a planilha de gastos da empresa, foram cinco cheques de R$ 600 mil (que totalizam R$ 3 milhões) depositados de abril a agosto. A última movimentação no processo de criação do Sincepe ocorreu no dia 17 de outubro, quando o coordenador de registro sindical, Cesar Haiachi, encaminhou ofício para Ana Cristina solicitando o envio de documentos para a conclusão do processo de regulamentação.

CONTATO
O ex-ministro Carlos Lupi: João Graça foi seu assessor

Ana Cristina chamou a atenção das autoridades pelo despudor com que exibe seus dotes econômicos. Ela costuma usar um helicóptero diariamente e, para ir da casa onde mora em Betim (MG) ao escritório, escolhe um entre os seis modelos de carros de luxo estacionados em sua garagem. Entre os bólidos, um Corvette vermelho e um jipe Cherokee. Nos jornais, costuma dar entrevistas falando do gosto por joias e roupas. Na festa de inauguração da empresa, que contou com a presença do advogado João Graça, Ana Cristina fez declarações sobre seu sucesso financeiro. No aniversário da filha, contratou o cantor Gustavo Lima, que até foi buscar a adolescente na escola dirigindo um Camaro amarelo. As contas da festança, de mais de R$ 1 milhão, também constam na planilha de gastos da transportadora. Desde a festa, o cantor sertanejo estreitou os laços com a família Aquino e agora está prestes a se tornar sócio da transportadora.


Segundo ex-funcionários de Ana Cristina, João Graça se afastou nos últimos meses por discordar da forma como a empresária atua nos bastidores do poder. À ISTOÉ, Graça afirmou jamais ter sido sócio da empresa (leia quadro). “Nunca utilizei e usei do meu cargo para locupletar-me para absolutamente nada”, disse. “Tanto é fato que quaisquer acusações sempre foram refutadas pela minha história. O único patrimônio que possuo é meu nome, e zelo por ele.” Sobre o e-mail trocado com a Ana Cristina em que ela se refere a uma sociedade com ele, João Graça afirma o seguinte: “Nada tenho a dizer porque desconheço seu conteúdo. Reitero que jamais fui sócio da Ana Aquino e ouso a qualquer um provar o contrário.” Entretanto, segundo os registros de mensagens eletrônicas, ele não apenas teve conhecimento dos emails como respondeu uma hora depois, utilizando um celular BlackBerry. Ana Cristina não retornou as ligações da ISTOÉ e não respondeu a nenhum dos quatro e-mails que questionavam as suspeitas em torno da sua empresa. O grande desafio da polícia nos próximos meses será rastrear a origem das receitas da empresa e as operações da transportadora, separando o que podem ser gastos legítimos dos ilegítimos. Até lá, Ana Cristina continuará levando uma vida de milionária.

foto: RAFAEL MOTTA/NITRO
fotos: CELSO JUNIOR/ESTADO CONTEúDO/AE; Pedro Ladeira/Folhapress
Fonte: blog do Sombra

Embate na Militância

Petistas chamam governo Dilma de 'conservador' e Temer de 'sabotador'


Em encontro dos seis candidatos à presidência do partido, leilão do campo de Libra é condenado e as alianças, sobretudo com o PMDB, são questionadas.

Desabafo. Ao ouvir colegas, Falcão disse sentir uma certa melancolia com as críticas; apoiado pela corrente majoritária do PT, ele é favorito na disputa

Críticas ao governo Dilma Rousseff, pregações contra a aliança com o PMDB e inconformismo com o leilão do campo de Libra marcaram o último debate entre os seis candidatos à presidência do PT, na noite de quinta-feira, em Brasília. O vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) chegou a ser chamado de "sabotador" por um dos concorrentes e a administração de Dilma foi definida como "conservadora" e de "instabilidade" econômica. ...

Ao defender o governo e a parceria com o PMDB, o presidente do PT, Rui Falcão, ouviu vaias da plateia e até gritos de "pelego" vindos do fundo do auditório da Câmara Legislativa do Distrito Federal, onde foi realizado o debate. Provável coordenador da campanha de Dilma em 2014, e candidato a novo mandato no PT, o deputado disse ter visto com "muita melancolia" os ataques à administração petista.

"Às vezes dá a impressão de que somos oposição ao nosso governo", afirmou Falcão, que acabou aplaudido. "Devemos defender o governo da presidenta Dilma e manter a aliança com o PMDB e com os outros partidos da coligação. Qual é a política de alianças que se põe no lugar dessa?", indagou Falcão.

Revoltados, petistas se queixaram de Temer, do senador José Sarney, do governador do Rio, Sérgio Cabral, e do vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli, todos do PMDB. "Não concordo com a proposta de retirar Filippelli da chapa do governador Agnelo Queiroz (PT)", insistiu Falcão, favorito na disputa com o apoio da corrente Construindo um novo Brasil (CNB), majoritária no PT.

Para o deputado Paulo Teixeira (SP), candidato do grupo Mensagem ao Partido, é preciso fazer um "adensamento à esquerda" em eventual segundo mandato de Dilma e de outros governos petistas. "Não sou daqueles que quer isolar o PT, mas também não podemos dissolver o partido nas alianças", reagiu Teixeira, que é secretário-geral da sigla.

"O vice-presidente da República é um sabotador e agiu contra o plebiscito da reforma política", esbravejou Markus Sokol, candidato da corrente "O Trabalho". "Agora vão de novo se agarrar ao órgão do PMDB para não deixar a coalizão naufragar?" No auditório cheio de cartazes contra o leilão do pré-sal de Libra, o clima era de encontro estudantil, com torcidas organizadas, aplausos e vaias. A eleição que renovará o comando do PT está marcada para 10 de novembro, em todo o País, com voto dos filiados.

"Dilma privatizou rodovias, portos, aeroportos, o pré-sal e diz que não foi privatização. Não foi? Chamaram a Shell, a Total e as estatais chinesas para morder o nosso petróleo. É um processo de pilhagem", protestou Serge Goulart, candidato da "Esquerda Marxista", que defendeu a reestatização de todas as empresas privatizadas.

"Você concorda em estatizar a livraria que você tem na rua Tabatinguera, em São Paulo?", provocou Falcão, dirigindo-se ao colega, longe do microfone, com um sorriso irônico.

Piloto automático. Secretário de Movimentos Populares do PT, o deputado Renato Simões disse que a eleição de Dilma corre risco se o partido não sair do "piloto automático" na campanha. "Vivemos turbulências em junho e julho, o avião deu solavancos, subiu, desceu, agora a bonança voltou e acham que o piloto automático vai nos levar ao céu em 2014. Não será assim. Há uma crise internacional e o governo Dilma é de instabilidade econômica", afirmou Simões, que concorre pela corrente "Militância Socialista".

Na avaliação de Valter Pomar, candidato da "Articulação de Esquerda", o PT precisa mudar de tática para a eleição presidencial. "Não basta estabelecer como objetivo reeleger Dilma. É necessário criar condições para que o segundo mandato dela seja melhor do que o primeiro, assim como fizemos com Lula."

Embora a última pesquisa Ibope, realizada em parceria com o Estado, tenha indicado que Dilma venceria a disputa no primeiro turno, se a eleição fosse hoje, Pomar foi cauteloso: "Não nos iludamos com pesquisas. A campanha de 2014 vai ser duríssima." Foi ovacionado.
Fonte: BLOG DO SOMBRA

Denúncia

A farra de Henrique


Deputado Henrique Eduardo Alves transforma a presidência da Câmara em reduto de apadrinhados que não dão expediente e até de condenados pela Justiça

CREDIBILIDADE?
Henrique Eduardo tem à dispoisção 58 funcionários que recebem salários
de até R$ 14,8 mil. Na lista há gente séria, mas há aproveitadores também

Em 1987, quando dirigia a Assembleia Constituinte que colocou de pé o mais amplo regime de liberdades da história republicana, o deputado Ulysses Guimarães possuía uma equipe de 30 pessoas para ajudá-lo nas tarefas burocráticas da presidência da Câmara de Deputados. Em 2013, três décadas e meia depois, quando o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) ocupa a cadeira de Ulysses, o número praticamente dobrou: são 58 funcionários. O salário desses cidadãos começa em R$ 3,2 mil e pode chegar a R$ 14,8 mil mais benefícios, como tíquete alimentação de R$ 800 reais e diárias por serviços externos. O aspecto mais curioso dessa turma é que ali há de tudo. Não faltam  cidadãos que acordam cedo para pegar no batente e justificam cada centavo recebido. Mas há casos surpreendentes, inclusive de pessoas condenadas pela Justiça que conseguiram ser contratadas antes de cumprirem a pena.  ...

Lobista condenado a quatro anos de prisão por desvio de recursos da União, Eurípedes Marinho dos Santos chegou a ser preso durante a Operação Carranca, da Polícia Federal. Como tem direito a cumprir pena em regime aberto, Eurípedes logo teve a ideia de bater às portas da Câmara – e foi atendido com a ajuda do deputado  licenciado e prefeito de Coruripe (AL), Beltrão (PMDB). “O Eurípedes estava pleiteando uma vaga para trabalhar na presidência da Casa e eu concedi apoio”, diz Beltrão. A contratação de Eurípedes ocorreu no início do ano, ainda que seu caso devesse chamar a atenção numa instituição que mexe com dinheiro público, pois fora condenado por formação de quadrilha e corrupção passiva. Ao apurar a situação do funcionário-condenado, ISTOÉ descobriu um fato espantoso. Nem mesmo a assessoria do presidente Henrique Eduardo sabia das pendências judiciais do caso. Num esforço para diminuir a repercussão, a Câmara resolveu demitir Eurípedes na semana passada. “Assim que o gabinete da presidência foi informado sobre a situação jurídica do servidor, decidiu-se por sua exoneração” informou, em nota, a presidência da Casa.

 DIÁRIO OFICIAL
Os funcionários contratados pela Câmara: Eurípedes chegou a ser preso e Dheyfesson e José Geraldo costumam se ausentar do trabalho, segundo colegas

O ambiente de descontrole da Câmara é antigo. Em 2006, quando ocupou a presidência da Casa, o atual ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), estabeleceu regras para deixar claro que os ocupantes de cargos conhecidos pela sigla CNE (ou Cargo de Natureza Especial) são funcionários administrativos da Casa. Isso quer dizer que não podem exercer qualquer atividade política. Outra determinação é que tenham residência em Brasília e não se ausentem da capital federal em dia de expediente. Essa cláusula, nem sempre é cumprida. Na semana passada, ISTOÉ tentou localizar funcionários que, conforme os colegas, são notados pela ausência no trabalho. Um deles é o agropecuarista José Geraldo Moura da Fonseca Júnior. Apadrinhado pelo próprio Henrique Eduardo, José Geraldo tem um contracheque de R$ 11,1 mil reais. No ano passado, questionado sobre a atividade profissional do apadrinhado, o então líder do PMDB Henrique Eduardo respondeu que ele ficava na sede do partido, em Natal, onde recebia prefeitos do interior. Hoje dirigente do Sindicato dos Pecuaristas do Rio Grande do Norte, José Geraldo dá expediente todas as tardes na sede do sindicato em Natal, segundo uma funcionária da entidade. Procurado por ISTOÉ, ele não retornou as ligações.

Outro funcionário conhecido pela ausência em Brasília é Dheyfesson Pinheiro, um dos líderes do PRP de Roraima. Ele foi preso em 2010, acusado de comprar votos. Quando recuperou a liberdade, Dheyfesson recebeu proteção do senador Romero Jucá (PMDB-RR), maior liderança do Estado, apontado como intermediário do pedido de nomeação assinada por Henrique Eduardo Alves. Através de sua assessoria, Jucá nega ter prestado o favor: “O senador não tem qualquer indicação de funcionário na presidência da Câmara”. Embora tenha recebido recados para comentar o caso, Dheyfesson não retornou as ligações da revista.  
Fonte: BLOG DO SOMBRA

Decisões às Escuras

Corrida contra o tempo


Presidente do Senado se compromete a incluir PEC do voto aberto na pauta de quarta-feira, mesma data em que os distritais devem julgar Raad em sigilo. Mudança constitucional, ao entrar em vigor, deverá ser aplicada no DF.

Para a Justiça, Raad Massouh deve ser julgado por voto secreto
Em discussão no Congresso Nacional, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que institui a análise aberta para votações no Poder Legislativo pode mudar a sessão de julgamento do deputado distrital Raad Massouh (PPL). O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se comprometeu com líderes partidários, entre os quais o senador Rodrigo Rollemberg (DF), do PSB, a levar o texto à votação no plenário na próxima quarta-feira. Caso seja aprovada sem modificações, a PEC poderá ser promulgada imediatamente.

Para o promotor de Justiça Antônio Suxberger, a nova regra passa a vigorar automaticamente em todo o legislativo e valerá, inclusive, para processos já em andamento, como é o caso do distrital. “Estando vigente, a mudança na Constituição deverá ser aplicada imediatamente no Distrito Federal”, explica o assessor para Controle de Constitucionalidade da procuradora-geral de Justiça do DF, Eunice Amorim Carvalhido. ...

Entre os defensores do voto aberto, começa agora uma corrida contra o tempo. O presidente da Câmara Legislativa, Wasny de Roure (PT), convocou para terça-feira reunião da Mesa Diretora em que será definida a data do julgamento de Raad. O distrital é suspeito de participar de esquema de desvio de recursos públicos de uma emenda, de sua autoria, no valor de R$ 100 mil, destinada a evento em Sobradinho, em 2010. É provável que a sessão que vai definir em sigilo a condenação ou absolvição de Raad ocorra justamente no dia em que o Senado votará a PEC do voto aberto.

Por decisão unânime do Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), a Câmara Legislativa deverá adotar o voto fechado no caso de Raad, apesar de a Lei Orgânica do Distrito Federal estabelecer o contrário.

Com origem no Ministério Público, o deputado distrital Chico Leite (PT), autor do projeto que instituiu no DF a transparência nas votações, diz que a Câmara Legislativa deveria esperar um posicionamento do Congresso. “O ideal é aguardar. A sociedade ganha com isso”, acredita.

Povo fala

Você é a favor do voto sob sigilo em cassação de mandato parlamentar?

Pedro Henrique de Oliveira Santos Ribeiro, 22 anos, estudante, morador da Asa Norte


“Sou contra. Vivemos em um país democrático. Os parlamentares estão nos representando. Só estão lá por conta dos votos e com o objetivo de defender os interesses de quem confiou neles. Sendo assim, nós temos o direito de saber qual foi a escolha que fizeram. Só com transparência, a democracia é real.”

Nancy Alves, 28 anos, secretária, moradora de Ceilândia

“Sou completamente contra. O político tem que mostrar a cara. As pessoas têm o direito de saber se o candidato em quem votou defende ou não as maracutais. Se é aliado ou não dos corruptos. Assim, a gente pode pensar e decidir melhor se vota de novo no mesmo ou se procura outro para votar. O voto secreto nega esse direito ao eleitor.”

Márcio Mazani, 36 anos, funcionário público, morador de Samambaia

“Sou contra, lógico. Eu quero saber o que político em quem eu votei para me representar está fazendo. Os parlamentares estão lá porque as pessoas votaram nele e o elegeram. Além de saber como cada um se manifestou, eu acho que eles tinham que explicar a decisão deles. Expor os motivos que o levaram à decisão.”

João Batista, 71 anos, funcionário público, morador de Vicente Pires

“Sou contra. As decisões dos políticos tinham que ser claras e explícitas para toda a população. No caso de cassação de mandato, tem que parar com essa pouca vergonha de encobrir quem não presta por amizade, por interesse. Com o fim do voto em sigilo, a gente vai saber, pelo menos, quem quis ajudar o colega que é ladrão.”

Patrick Sales, 20 anos, estudante, morador do Recanto das Emas


“Sou a favor do voto secreto. Se o voto for aberto, os políticos vão ter que se manifestar de acordo com a base deles. Para evitar problemas com partido ou alguma coisa assim, podem ajudar quem não presta. Assim, vai ficar bem mais difícil para os políticos votarem de acordo com o que realmente pensam e querem.”

Ueslei Pedro Rangel, 22 anos, militar, morador de Brazlândia

“Sou contra o sigilo. Os parlamentares precisam mostrar a cara. Nós temos o direito de saber como os políticos votaram. Quem sabe assim eles param de encobrir o sujeito que aprontou, por companheirismo ou algum interesse. Sabendo a cara de quem ajudou o colega o corrupto, a população deixa de ser enganada e passa a saber o que estão aprontando. Chega de corrupção!”
Fonte: BLOG DO SOMBRA

Alexandre Padilha:

"O PT me vê como um nome para acabar com os 20 anos de PSDB"


Indicado pelo PT para disputar o governo paulista, o ministro da Saúde fala de sua candidatura, da renovação do PT e defende o programa Mais Médicos

MAIS CANDIDATO
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele foi apontado pelo PT para disputar o governo de São Paulo (Foto: Igo Estrela/ÉPOCA)
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, está saindo da toca. Há dois meses, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o investiu como candidato petista ao governo de São Paulo. Padilha terá uma tarefa árdua: impedir a reeleição do tucano Geraldo Alckmin e encerrar duas décadas de comando do PSDB no Estado mais rico do Brasil. Na semana passada, Padilha se sentiu mais apto à tarefa. A presidente Dilma Rousseff sancionou a lei do programa Mais Médicos, com que Padilha pretende coroar sua gestão. Será seu principal trunfo para a campanha eleitoral no próximo ano. Ainda reticente no figurino de candidato, nesta entrevista ele dá as primeiras estocadas no PSDB.
 
ÉPOCA – O senhor é candidato ao governo de São Paulo?
Alexandre Padilha – Estou atento às manifestações do PT, do ex-presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva) e de aliados da presidente Dilma Rousseff que dizem que meu nome é forte, positivo e renovador. Fico feliz em ser visto como um nome para acabar com o cansaço de 20 anos de governo do PSDB em São Paulo. O PT me vê como esse nome, mas nunca tratei do tema com a presidente. Quero merecer sua confiança para ficar no ministério o tempo que ela quiser. Se a presidente falar para ficar, eu fico. Quem determina meu futuro é ela. ...
 
ÉPOCA – Caso sua candidatura seja consolidada, como defende o PT paulista, o que pode ser feito para melhorar a saúde no Estado?
Padilha – Os debates eleitorais começam em 2014. Estive e estou concentrado no programa Mais Médicos e nas outras tarefas do ministério.

ÉPOCA – Entre as muitas críticas ao Mais Médicos, sobressai a de que ele desvia o foco dos verdadeiros problemas da saúde, a falta de dinheiro e a má gestão.
Padilha – O Mais Médicos quebrou um tabu: dizer que não faltam médicos no país. Mudou também o conceito de que só se faz saúde dentro de um hospital cheio de equipamentos. Nos últimos anos, o Brasil reduziu a mortalidade infantil mais que a América Latina e os Brics. As crianças precisam, agora, de pediatra. Aumentamos o acesso a medicamentos de hipertensão e diabetes, e a mortalidade cardiovascular caiu. É preciso, agora, mudar os hábitos relacionados a essas doenças. O perfil epidemiológico do país mudou. O SUS tem quatro desafios. O primeiro é formar médicos. O Brasil não terá saúde universal com, proporcionalmente, menos médicos que a Argentina. O segundo é o financiamento. Com o fim da CPMF, a saúde perdeu R$ 40 bilhões. O terceiro é a gestão. É preciso aprovar a Lei de Responsabilidade Sanitária, que estabelece regras e punições para quem não cumpri-las. O quarto é aumentar a capacidade de produzir e ofertar medicamentos.

ÉPOCA – O senhor se debruçou sobre as questões de saúde de São Paulo?
Padilha – De São Paulo e do Brasil inteiro. Os municípios e o governo estadual podem aproveitar mais as oportunidades que o Ministério da Saúde dá. Com relação ao combate ao crack. Colocamos à disposição do Estado R$ 500 milhões para ampliar a rede de enfrentamento à droga, com consultórios na rua.

ÉPOCA – Há posições antagônicas sobre o combate ao crack. A prefeitura petista defende o tratamento dos dependentes nas ruas. O governo estadual tucano defende a internação. Quem tem razão?
Padilha – É preciso haver menos polêmica e mais ação. Não existe verdade absoluta nisso. Milhares de jovens e famílias sofrem com o crack. Tem espaço para todo mundo. O ministério atuará para que instituições públicas ou privadas ampliem a rede de atendimento. Essa é a diferença do programa Crack – É Possível Vencer em relação a outras iniciativas. Propusemos a construção de uma rede que ofereça tipos de atendimentos diferentes para situações diferentes. Ele só não dá espaço para quem não respeita direitos humanos e trata o paciente de crack como traficante. Ou seja, com segurança, com autoridade e com polícia.

ÉPOCA – Como conter, então, a violência associada ao crack?

Padilha – Com uma ação articulada entre cuidado, prevenção e segurança. É a diferença entre o programa Crack – É Possível Vencer e iniciativas que não geram ações articuladas. Não se mexe na realidade urbana sem cooperação entre as guardas municipais, as polícias militares e a Polícia Federal. É preciso combinar o combate ao tráfico com ações de saúde.


ÉPOCA – Interceptações telefônicas comprovaram recentemente que o tráfico em São Paulo é controlado das cadeias. Como se resolve um problema de segurança dessa magnitude, que causa uma epidemia de dependentes?
Padilha – Não é só qualquer paulista, como eu, que fica preocupado quando conhecem diálogos. É qualquer brasileiro. A chave para resolver o problema está na forte cooperação entre a Polícia Federal e estruturas estaduais e municipais de combate ao tráfico e de garantia da ordem pública.

ÉPOCA – O senhor se considera um exemplo de renovação do PT?
Padilha – 
Não tenho dúvida de que sou de uma nova geração do PT, como o (prefeito) Fernando Haddad. Sou de uma geração que começou na política na primeira eleição de Lula, mas vivi e aprendi muito com as gerações anteriores. Respiro política desde que nasci. Meu pai, Anivaldo Padilha, era da Ação Popular durante a ditadura. Foi preso e exilado no Chile, nos Estados Unidos e na Suíça. Tinha 6 anos quando o abracei pela primeira vez. Eu me comunicava com meu pai por gravações de fita cassete ou por carta. Quando encontrei um dos meus irmãos, ele tinha 4 anos. Ele pensava que eu morava na caixinha do gravador onde meu pai guardava minhas fitas. Minha mãe, doutora Léa, pediatra, era do PCdoB. Até meus 4 anos, ela e eu moramos em vários bairros de São Paulo, em Minas Gerais e Maceió. São Paulo foi a locomotiva. Agora, tem de ser um avião supersônico nos temas nacionais   O ex-presidente Lula sempre apostou em formar novas lideranças e dar oportunidades a novas gerações. Em 2004, me nomeou ministro da Secretaria de Relações Institucionais. Aprendi muito. Sinto-me muito feliz de ser visto como uma renovação do PT. Mas essa renovação não é só de nomes, pessoas e faixa etária. O PT precisa compreender, e acho que compreende, seu novo papel. Nos últimos dez anos, mudamos o país. Agora, temos de construir um projeto que continue os avanços.

ÉPOCA – E como o Estado de São Paulo se encaixa nessa mudança? Pode dar um exemplo?
Padilha –
 Existe um cansaço em relação aos 20 anos de PSDB em São Paulo. Não é só o PT que sente isso. Outros partidos terão candidatura, porque também sentem isso.
Nosso Estado sempre cresceu mais que a média do país. São Paulo foi a locomotiva do Brasil. Outro dia, disse que tem de ser um avião supersônico, para voltar a crescer mais que a média e influenciar nos temas nacionais. O PSDB perdeu a capacidade de renovação e de entender o que mudou para dar um novo salto. O Brasil ocupou outro lugar no mundo. São Paulo tem de ocupar um novo espaço também. Tem de ser referência para políticas públicas desenvolvidas na Europa, nos Estados Unidos, no Sudeste Asiático para enfrentar a pobreza, para a segurança e para a inovação tecnológica.

ÉPOCA – Pode dar um exemplo de como fazer isso?
Padilha – 
A política de inovação tecnológica que desenvolvemos no Ministério da Saúde. Ela permite que indústrias privadas instaladas em São Paulo desenvolvam tecnologias com parcerias público-privadas. Pode ser um exemplo para o mundo. Com os hospitais públicos e privados que tem, São Paulo pode ser uma cidade de turismo de saúde. Também pode ser um polo de atração de turismo médico, indústria médica, produtos e insumos, recuperando também a capacidade de atrair indústrias. São Paulo já tem a segunda maior feira hospitalar do mundo. Pode disputar, não só em quantidade de pessoas, mas em tecnologias a incorporar. Isso pode ser feito com estímulos tributários e financeiros.

ÉPOCA – Que outros problemas o senhor vê na atual gestão?
Padilha –
 Não vou elencar. Mas, como paulista e paulistano, sei que um dos maiores problemas é o transporte público na capital e na região metropolitana. Ele precisa ser enfrentado com coordenação e cooperação entre o governo federal, do Estado e dos municípios. O cidadão às vezes perde duas horas no trânsito. É ruim também para quem tem carro e faz a região metropolitana de São Paulo perder competitividade na economia. 
Fonte: BLOG DO SOMBRA


Eleições 2014

Campos e Aécio querem apoio do PPS


Presidente do PSB conversa com Freire, que também deverá se reunir com tucano.

Em um esforço para aumentar o tempo nos palanques eletrônicos para a campanha à sucessão presidencial, PSDB e PSB iniciaram nas últimas semanas uma disputa pelo apoio do PPS, partido de oposição ao governo federal. Ontem, em viagem à capital paulista, o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, reuniu-se com o dirigente nacional do PPS, Roberto Freire, em encontro agendado no início desta semana. Em almoço, discutiram sobre a filiação de Marina Silva ao PSB e sobre os resultados da Pesquisa Ibope, divulgada na quinta-feira. ...

Nas últimas semanas, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, também iniciou uma ofensiva para garantir o apoio do PPS nas eleições presidenciais do ano que vem. O comando nacional tucano tem mantido conversas semanais com a direção da sigla de oposição e há expectativa de um encontro entre Roberto Freire e Aécio Neves na semana que vem, em Brasília.

O PPS era uma das legendas que disputava a filiação de Marina Silva após ter sido negado o registro para a criação da Rede. Em conversa com o GLOBO, Roberto Freire confirmou o encontro ontem com Eduardo Campos e reconheceu que um apoio do PPS ao PSB é "uma das alternativas" para as eleições do ano que vem. Segundo ele, há integrantes do partido que defendem uma candidatura própria, mas não se trata da maioria da sigla.

- Há pessoas que defendem candidatura própria. Eu posso dizer que a (opinião) majoritária está entre Aécio Neves e Eduardo Campos - disse Freire.

Ontem, em entrevista à Rádio Estadão, Eduardo Campos defendeu que, na campanha presidencial do ano que vem, seja promovido um "debate qualificado" entre os candidatos e avaliou que, na disputa eleitoral de 2010, da qual fazia parte a sua aliada Marina Silva, faltou profundidade nas discussões de temas como Educação, saneamento e moradia. Segundo ele, o resultado da Pesquisa Ibope foi positivo para o PSB e a definição de quem ocupará a cabeça de chapa na candidatura da legenda ficará para 2014.

- Nós vamos acertar um método para que, até junho, possamos ter os programas definidos para apresentarmos ao grande debate nacional que será a campanha. Diferente de 2010, em que a gente não teve um debate em profundidade sobre temas como Educação, que é estratégico para melhorar a qualidade de vida, sobre ciência e tecnologia, sobre inovação, sobre a questão do saneamento, da moradia. Esses temas serão objeto de grande reflexão - afirmou.

Em evento na capital paulista, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, avaliou que não se trata de uma "perseguição" o pedido para que o governo de Pernambuco devolva aos cofres federais recursos repassados ao Porto de Suape. Segundo ele, a cobrança é feita pelos órgãos de controle, sem relação política.

- A presidenta não tem nada a ver com essa história, é uma história que os órgãos de controle que estão trabalhando. Não esperem nunca de nenhum de nós ato persecutório ou discriminatório em relação a outro candidato.

Em viagem ao interior de São Paulo, Aécio Neves respondeu às críticas de Dilma a governos anteriores pela falta de investimentos em metrô:

- A Dilma está com a memória fraca. Durante a gestão do presidente Lula, as principais capitais do país ficaram esperando recursos, que nunca vieram. Não houve um palmo de metrô em Belo Horizonte e Porto Alegre.
 
Fonte: BLOG DO SOMBRA

Corrupção

Corrupção em dose dupla


Investigações mostram que o lobista acusado de intermediar propinas da Siemens no escândalo do Metrô também operou para a Alstom.

LIGAÇÕES SEGURAS
Alquéres exalta ainda a cooperação entre a Alstom e autoridades paulistas.
Cita o governador Geraldo Alckmin e o então prefeito eleito José Serra

A cada passo que damos nas investigações sobre o cartel, nos deparamos com o mesmo personagem: Arthur Teixeira.” A frase dita por um integrante do Ministério Público encontra eco entre colegas da Procuradoria da República e da Polícia Federal envolvidos na apuração dos crimes cometidos pela máfia formada por empresas de transporte sobre trilhos para vencer e superfaturar licitações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô paulista. Os investigadores do caso estão convencidos de que o lobista Arthur Teixeira é uma das peças-chaves neste esquema criminoso que se perpetuou durante sucessivos governos do PSDB em São Paulo. Ele une duas qualidades que, segundo as apurações, tornam seus préstimos concorridos e recomendados. Teixeira circula com desenvoltura no tucanato paulista e em gabinetes das estatais e ainda é dono de uma sofisticada engrenagem financeira de intermediação de propinas. Em momentos distintos, tanto a Siemens como a Alstom – as duas principais empresas do cartel – recorreram aos seus serviços para vencerem certames com o governo paulista. ...
 
LIGAÇÕES PERIGOSAS
Ex-presidente da Alstom, José Luiz Alquéres (à esq.) elogia para executivos na matriz os serviços
do “consultor” Arthur Teixeira (acima), também investigado por pagar propinas para outras empresas do cartel
Documentos enviados há duas semanas pelo MP suíço para autoridades brasileiras deixam clara a importância de Teixeira na obtenção dos contratos superfaturados. Entre eles, há um e-mail revelador com o título “Uma estratégia vencedora para oportunidades de curto prazo para o Setor de Transporte do Estado de São Paulo”. A mensagem foi enviada em novembro de 2004 pelo então presidente da Alstom no Brasil, José Luiz Alquéres, a executivos da matriz na França. “Assim como em muitas outras negociações, nós temos sido auxiliados pelo consultor Arthur Teixeira, da Procint”, escreveu Alquéres. Ele destacou, entre aspas, que a eficiência de Teixeira revelou-se “tanto em bom quanto em mau tempo”. O então dirigente da Alstom também expõe o cenário da operação da empresa em contratos na área de transporte com o governo. “Sofremos duas grandes derrotas nas licitações públicas, as primeiras em muitos anos”, comenta. Ele, no entanto, salienta a “longa história de cooperação” da Alstom com as autoridades do Estado de São Paulo. “O novo prefeito recém-eleito (José Serra) participa das negociações que nos permitem reabrir a Mafersa como a Alstom Lapa, assim como o atual governador (Geraldo Alckmin)”, narra Alquéres. Na mensagem, o executivo diz acreditar no sucesso em quatro licitações da CPTM e do Metrô que ocorreriam, em breve, e que representariam “um total de 250 MEUR (milhões de euros)”. Para obter êxito nelas, recomenda a “utilização da expertise” do lobista Arthur Teixeira nesses projetos. Na semana passada, Alquéres alegou que os serviços contratados foram lícitos e que se alguém fez pagamentos de proprina que “arque com as consequências perante a Justiça”.

Como ISTOÉ mostrou em julho, Arthur Teixeira também operou para outras companhias do cartel dos trilhos. Ele é citado por um ex-dirigente da Siemens em uma carta enviada ao ombudsman da empresa em 2008. Nela, o executivo revela que para viabilizar o contrato da CPTM Linha G, que passou a ser a linha 5 do Metrô paulista, “cada empresa tinha sua própria forma de pagar a propina ao pessoal do PSDB e à diretoria da CPTM”. A Alstom e a Siemens se utilizaram das empresas de consultoria, relata, de Arthur Teixeira e do seu irmão Sérgio Teixeira, morto em 2011.



O esquema usado por Arthur Teixeira para intermediar os acordos envolve diversos países. As companhias do cartel contratam a offshore uruguaia Gantown Consulting S/A ou a brasileira Procint – de sua propriedade – para serviços oferecendo porcentagens em contratos da CPTM e do Metrô paulista a serem licitados. Os valores são creditados, mas o trabalho realizado na prática é outro. Por meio de suas contas bancárias, como a 524374 Rockhouse, no banco Credit Suisse em Genebra, Arthur Teixeira realiza o pagamento de suborno a autoridades do governo paulista. Foi por essa engrenagem, por exemplo, que ele efetuou um depósito de US$ 103,5 mil na conta Milmar em 27 de abril de 2000. O beneficiário foi João Roberto Zaniboni, diretor de operações da CPTM entre 1999 e 2003 (gestões dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin). 
Fonte: BLOG DO SOMBRA
FARRA OFICIAL EM MOSCOU VAI CUSTAR MUITO CARO
FARRA OFICIAL DE SENADORES EM MOSCOU VAI CUSTAR CARO AO CONTRIBUINTE

Parece mixaria diante dos gastos estratosféricos no Congresso, mas a inutilidade da viagem a Moscou dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) para “interceder” pela libertação da bióloga brasileira do Greenpeace, Ana Paula Maciel, custará ao otário e exaurido contribuinte, em passagens e hotel, no mínimo R$ 50 mil. Mas só se ambos optarem por viajar em classe executiva. Leia mais na Coluna Cláudio Humberto.

FONTE: DIÁRIO DO PODER
EX-MINISTRO PERDE ANTT, MAS GANHA ‘BOQUINHA’
EX-MINISTRO PAULO SÉRGIO PASSOS (TRANSPORTES) GARANTIU CARGO EM ESTATAL

Paulo Sergio Passos - Antonio Cruz

O ex-ministro dos Transportes Paulo Sérgio Passos garantiu uma “boquinha” na estatal Empresa de Planejamento e Logística (EPL), dois dias depois de ser convidado a desistir da sabatina no Senado, quarta-feira (23). A presidenta Dilma resolveu dar um “drible” nos senadores, depois de ser informada que eles rejeitaram a indicação de Passos para a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Leia mais naColuna Cláudio Humberto.

FONTE: DIÁRIO DO PODER

Felipe treina no Flamengo após torcer joelho e enfrenta a Portuguesa


Não passou de um susto a lesão do goleiro Felipe na última sexta-feira. Após torcer o joelho esquerdo, o camisa 1 do Flamengo se recuperou e treinou normalmente neste sábado no CT Ninho do Urubu. Ele está liberado e enfrenta a Portuguesa, domingo, às 16h (de Brasília), no estádio Castelão.
Felipe realizou todos os movimentos que da posição sem queixar-se de dores. O lateral João Paulo também treinou e pode atuar caso seja escolhido pelo técnico Jayme de Almeida.
Suspenso, o meia Carlos Eduardo será substituído por André Santos. Apesar de enfrentar o Goiás na semifinal da Copa do Brasil, quarta-feira, em Goiânia, o Rubro-Negro vai com força máxima no objetivo de reduzir ainda mais qualquer risco de rebaixamento.
O time deve entrar em campo com a seguinte escalação: Felipe; Léo Moura, Wallace, Chicão e João Paulo; Amaral, Luiz Antonio, Elias e André Santos; Paulinho e Hernane.

FONTE: UOL ESPORTES

Satisfeito com classificação, Massa promete largada ousada na Índia


Felipe Massa fechou o treino de sábado na quinta posição
Felipe Massa fechou o treino de sábado na quinta posição

O brasileiro Felipe Massa ficou satisfeito com o quinto lugar obtido na classificação para o Grande Prêmio da Índia de Fórmula 1, que será realizado no próximo domingo. Sobretudo porque a posição no grid permitirá que ele tente um início ousado na prova.
Massa vai largar uma posição atrás de Mark Webber, da Red Bull, que usará pneus médios no início da prova de domingo. O brasileiro começará a prova com um conjunto macio, o que justifica o otimismo.
"Como os carros terão diferentes estratégias, qualquer coisa pode acontecer amanhã [domingo]. Eu vou tentar passar Webber na largada, esperando tirar proveito do fato de ele estar com pneus médios", explicou Massa.
A estratégia de pneus é uma das principais questões sobre a prova do próximo domingo. Na classificação, o companheiro de Felipe Massa na Ferrari, Fernando Alonso optou por um conjunto médio e fez apenas o oitavo tempo.
"Eu escolhi usar os pneus macios por causa de Nurburgring, quando eu fiz uma opção diferente e não tive sucesso. Muito vai depender do comportamento dos pneus no domingo", explicou o brasileiro.
Entre os pilotos que ficaram à frente de Massa no grid, apenas Webber fez a qualificação com pneus médios. Por isso, o brasileiro aprovou o rendimento da Ferrari dele no treino deste sábado.
"Eu não consegui fazer uma volta perfeita, mas fiquei razoavelmente satisfeito. Perdi um pouco de tempo no segundo setor, e isso deve ter custado uma ou duas posições", finalizou o piloto.
FONTE: UOL ESPORTES