TECNOLOGIA
Empresa aposta em desenvolvimento nacional de IA e analisa movimentos que reforçam debates sobre independência digital no país
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A inteligência artificial entrou em fase de adoção acelerada no Brasil e movimenta debates sobre autonomia, investimentos e governança. Levantamento recente indica intenção ampla de empresas que buscam ampliar aplicações, direcionando recursos para iniciativas que envolvem automação, dados e novos fluxos operacionais. O cenário impulsiona discussões sobre infraestrutura, regulação e caminhos que permitam construção de um ecossistema capaz de sustentar projetos sensíveis, sobretudo em setores que lidam com informações estratégicas. Nesse ambiente, a WideLabs surgiu durante a pandemia com foco em desenvolver tecnologia nacional.
A companhia estruturou uma Fábrica de IA que reúne etapas completas do ciclo de desenvolvimento, incluindo hardware, processamento, modelos proprietários e aplicações voltadas a instituições públicas e privadas. A proposta atende organizações que precisam operar sistemas em instalações próprias e que exigem controle sobre armazenamento, fluxos internos e conformidade com normas locais. Segundo Beatriz Ferrareto, responsável por desenvolvimento de negócios, organizações buscam adotar IA, mas muitas ainda enfrentam barreiras referentes à qualificação de dados, integração e segurança. Ela explica que existe distância entre intenção e capacidade prática de implementar projetos amplos e afirma que a companhia atua justamente nesse espaço, oferecendo arquitetura completa construída no país.
O ambiente reúne infraestrutura de GPUs, rotinas de treinamento, curadoria, alinhamento e implementação direcionada a áreas reguladas, permitindo controle integral das etapas. O modelo foi pensado para reduzir dependência de sistemas estrangeiros e atender órgãos que precisam de soluções com regras específicas de privacidade, além de continuidade operacional. A busca por autonomia tecnológica ganhou espaço na região e abriu caminhos para cooperação internacional.
A WideLabs firmou projetos com fornecedores globais e centros acadêmicos da América Latina para levar sua metodologia a países que estudam maneiras de diminuir riscos associados a plataformas sem presença local. Um desses projetos ocorre no Chile, no programa PatagonIA, desenvolvido pelo Instituto de Sistemas Complexos de Engenharia e inspirado em experiências brasileiras, entre elas o ecossistema Amazônia IA.
A iniciativa utiliza dados, sotaques e características regionais para formar modelos treinados em ambiente soberano, fortalecendo propostas de integração tecnológica no continente. Para Nelson Leoni, CEO da empresa, iniciativas desse tipo reforçam a necessidade de sistemas treinados com informações regionais, respeitando leis e práticas locais. Ele afirma que cada país precisa de infraestrutura própria para garantir continuidade de serviços essenciais e evitar interrupções causadas por decisões externas. Leoni destaca que o desenvolvimento de IA envolve governança, transparência e responsabilidade, além de competências técnicas. Ele acrescenta que tecnologias bem estruturadas podem ampliar acesso a serviços públicos, melhorar fluxos e apoiar políticas baseadas em evidências.
A companhia atua em projetos estaduais, federais e corporativos em áreas como saúde, justiça e indústria. Seu modelo de Fábrica de IA Soberana já atende instituições que representam grande parcela da população, oferecendo sistemas que operam em datacenters nacionais.
A aposta acompanha tendência global que discute marcos regulatórios, requisitos de privacidade e infraestrutura para suportar algoritmos avançados. Fundada em 2020, a WideLabs mantém parcerias com empresas de tecnologia, fornecedores de infraestrutura e centros regionais que apoiam pesquisa e desenvolvimento.
A empresa reúne equipes multidisciplinares que trabalham com ciência, engenharia, negócios e impacto social. Suas plataformas atendem governos e setores com alto nível de exigência regulatória, incorporando práticas que buscam autonomia operacional e segurança.
A expansão do mercado de IA no Brasil abriu espaço para modelos que combinam desenvolvimento local, alinhamento cultural e práticas responsáveis.
Fonte: Startupi