terça-feira, 11 de agosto de 2020

Em meio à desconfiança de especialistas, Rússia anuncia primeira vacina contra o coronavírus

 PANDEMIA 

Ministro da Saúde russo afirmou que teste imunológico mostrou eficácia e segurança da fórmula, batizada de 'Sputnik V'; Putin diz que filha já tomou dose
Foto da vacina contra o coronavírus divulgada pelo governo russo Foto: Divulgação / AFP
Foto da vacina contra o coronavírus divulgada pelo governo russo Foto: Divulgação / AFP
MOSCOU — O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta terça-feira que o paísregistrou a primeira vacina do mundo contra o novo coronavírus, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Moscou, após menos de dois meses de testes em humanos. Ela foi batizada de "Sputnik V", em referência ao satélite soviético lançado em 1957 na órbita da Terra. O ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko, afirmou que o teste imunológico mostrou eficácia e segurança.
Na semana passada a Organização Mundial de Saúde (OMS), pediu respeito às diretrizes estabelecidas para que uma vacina fosse criada com segurança . O temor da OMS, de cientistas e autoridades internacionais é de que, na corrida política pelo pioneirismo da criação do imunizante, etapas que garantam eficácia e segurança sejam negligenciadas. A China já havia aprovado outra vacina, desenvolvida pela CanSino Biologics, mas para uso restrito aas Forças Armadas do país.

— Esta manhã, pela primeira vez no mundo, uma vacina contra o novo coronavírus foi registrada — disse Putin durante uma videoconferência com integrantes do governo exibida pela televisão. — Sei que é bastante eficaz, que proporciona imunidade duradoura — acrescentou.

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O presidente ainda informou que uma de suas filhas foi vacinada contra a Covid-19.

— Uma das minhas filhas tomou esta vacina. Acho que ela participou nos experimentos — disse Putin, segundo a agência Interfax, antes de acrescentar que ela teve um pouco de febre e "nada mais".

Segundo Kirill Dmitriev, presidente do fundo soberano que financiou as pesquisas, mais de 1 bilhão de doses ja foram encomendadas por 20 países estrangeiros e há previsão de parceria para produções nacionais, incluindo o Brasil. O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), deve anunciar um acordo entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) na tarde desta terça-feira, segundo o G1.

Os planos do fundo também incluem testes clínicos no Brasil, além da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Índia e Filipinas. A produção, por sua vez, também está sendo acertada com India, Coreia do Sul, Turquia, Cuba e Arábia Saudita.

Embora a Rússia afirme que a fórmula do Instituto Gamaleia já está no terceiro estágio dos ensaios clinicos, a base de dados da OMS inclui o imunizante na fase um, o estágio mais preliminar no desenvolvimento de uma vacina.

Médicos terão prioridade

O início da produção em massa deve ocorrer em setembro, ainda de acordo com Dmitriev. A vice-primeira-ministra russa para políticas de Saúde, Tatyana Golikova, prevê que médicos comecem a ser vacinados no fim deste mês. A Rússia é o quarto país mais atingido do mundo, com mais de 895 mil casos e 15 mil mortes, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins (EUA).

A vacina será distribuída em 1º de janeiro de 2021, informou o registro nacional de medicamentos do ministério da Saúde, consultado pelas agências de notícias russas. Murashko, no entanto, já havia anunciado uma campanha de vacinação em massa para outubro.

A fórmula desenvolvida pelo instituto Gamaleia usa duas cepas de adenovírus, usualmente responsáveis por gripes, e recebem o RNA do novo coronavírus para gerar uma resposta imune. A técnica é parecida, por exemplo, com o modelo da vacina candidata da Universidade de Oxford (Reino Unido) feita em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.



Fonte: O Globo 


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