domingo, 19 de julho de 2020

Venda de usados volta a crescer, mas com forte desvalorização dos veículos

AUTOMÓVEIS 
Consumidores estão usando pouco o carro por causa da pandemia e, para reduzir os gastos e contornar a crise, decidem vender o automóvel, mas negociações rápidas acabam em depreciação

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FOTO: AUTOESPORTE
Para cada carro novo vendido no primeiro semestre de 2019 ao menos outros quatro modelos usados foram negociados. O dado divulgado pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), entidade que reúne os revendedores, mostra a relevância do segmento, que deve se recuperar mais rápido do tombo causado pela pandemia do coronavírus.
Modelos que acumularam grande volume de emplacamentos ao longo dos anos em diferentes gerações aparecem no topo do ranking. Embora haja queda acumulada de 35,1% no semestre, o mês de junho já foi positivo para o setor de veículos usados, segundo empresas que fazem intermediação de vendas.
De acordo com o portal OLX, a comercialização de veículos por meio da plataforma aumentou 12,2% no mês passado em relação ao mesmo período de 2019. Na InstaCarro, startup que faz a intermediação entre consumidores e lojistas, o crescimento das negociações na comparação entre os meses de junho é de 5%.
O principal motivo da expansão, de acordo com a empresa, se deve a consumidores que estão usando pouco o carro por causa da pandemia e, para reduzir os gastos e contornar a crise, decidem vender o automóvel.
— Acreditamos que, nos próximos meses, o crescimento será ainda maior, já que, por necessidade, as pessoas estão mais abertas a realizar a venda do que antes da pandemia — afirma Luca Cacifi, diretor-executivo da InstaCarro.
O efeito perverso da negociação para obter dinheiro rapidamente surge na depreciação: com mais gente ansiosa por vender indo ao encontro de lojistas ansiosos em recuperar as perdas, as propostas tendem a ser mais baixas.
O movimento afeta também consumidores que pretendem oferecer o carro atual como parte do pagamento de um modelo mais novo.
— Está dando uma diferença de mais de R$ 20 mil entre o que querem pagar pelo meu carro e o valor pedido por modelos idênticos em anúncios — diz o professor Luciano Pires, que, após nascimento do terceiro filho, pretende trocar seu Citroën C4 Cactus por um veículo mais espaçoso.
Para Luciano, a pandemia dificulta a venda por conta própria, porque interfere no funcionamento dos Detrans e, por consequência, na transferência de propriedade. Ele avalia que esse ponto tem sido usado pelos lojistas, que pagam menos por saber que o comprador teve as alternativas de negociação reduzidas.
  • folhapress

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