Presidente envia proposta ao Legislativo que divide meio a meio a destinação de 30 bilhões de reais em disputa entre os dois Poderes
A polêmica gira em torno da destinação de cerca de 30 bilhões de reais do Orçamento deste ano. Projeto aprovado pelo Congresso prevê que esse montante será administrado pelo relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, o deputado federal Domingos Neto (PSD-CE), atendendo às indicações dos parlamentares e dos partidos.
O governo é contra porque entende que o Congresso já administra uma parte do Orçamento, por meio das chamadas emendas parlamentares e de bancadas – com o veto, Bolsonaro pretende que esse montante seja administrado pelo Executivo. Em meio à polêmica, o general Augusto Heleno (ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional) foi flagrado em áudio vazado dizendo que o Legislativo promove chantagem contra o governo e que deseja impor uma espécie de “parlamentarismo branco”, o que elevou a tensão da crise entre os dois Poderes.
Com o projeto enviado nesta terça-feira, Bolsonaro divide ao meio a quantia em disputa: 15 bilhões de reais ficam à disposição dos parlamentares e o restante volta para os cofres do Executivo. A proposta foi enviada no momento em que o Congresso, em sessão convocada pelo seu presidente, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), se prepara para discutir o veto. A sessão, que está em andamento, é conjunta e envolve os 513 deputados e os 81 senadores – eles ainda avaliam outros vetos antes de entrar no ponto mais polêmico da pauta.
O Palácio do Planalto aposta em uma vitória no Senado para manter o veto. Para que ele seja derrubado, é necessário o voto da maioria absoluta nas duas Casas – 257 na Câmara e 41 no Senado. Diferentemente da Câmara, onde há uma incerteza sobre a manutenção do acordo, há, no Senado, um grupo de parlamentares independentes, o Muda Senado, que se mobiliza para manter o veto do presidente à proposta.
Em entrevista a VEJA, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), integrante do Muda Senado, criticou o critério de divisão das emendas. “O problema não é o valor. Não concordamos com o formato. No Orçamento impositivo, temos as emendas de bancada desde 2016 e as individuais desde 2019. No formato atual (vetado pelo presidente), o relator tem controle de um valor maior que a soma das emendas individuais e de bancada, um valor maior, por exemplo, do que dispõem alguns ministros do governo Bolsonaro”, disse.
VEJA
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