sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Pobreza avança na América Latina e governos subestimam desigualdade, diz Cepal

MUNDO

População abaixo da linha da pobreza avançou de 30,1% no ano passado para 30,8%, aponta relatório da comissão


Foto:Pixabay

O combate à desigualdade na América Latina deve ser encarado como uma estratégia de desenvolvimento, defende a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). No Panorama Social da América Latina 2019, divulgado nesta quinta-feira, a entidade constata um avanço da pobreza na região e aponta que a deterioração econômica das faixas mais vulneráveis está sendo subestimada pelos governos.
Na América Latina, desde 2015 há uma tendência de crescimento da população abaixo da linha da pobreza. Em 2018, revela o estudo, 30,1% da população da região estava abaixo dessa marca e outra fatia de 10,7% encontrava-se em condições de extrema pobreza. Em 2019, a Cepal estimou avanço dos dois grupos, para 30,8% e 11,5%, respectivamente.
Os números representam um salto de 185 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza em 2018 para 191 milhões neste ano. O grupo em situação extremamente precária passou de 66 milhões para 72 milhões. 
“Destaca-se, nessa evolução, o fato de que praticamente todas as pessoas que são somadas às estatísticas de pobreza desse ano se integram diretamente à extrema pobreza”, aponta a Cepal. 
Entre 2014 e 2018, a entidade verificou incremento de 2,3 pontos porcentuais na parcela pobre da população, e atribui o movimento principalmente ao Brasil e à Venezuela, enquanto outros países apresentaram “tendência dominante” de queda. 
As populações mais vulneráveis à deterioração econômica são crianças e adolescentes, mulheres, povos indígenas e afrodescendentes, além de residentes de áreas rurais e desempregados. 
“Por quase uma década, a Cepal posicionou a igualdade como base do desenvolvimento. Hoje, constatamos novamente a urgência de avançar na construção do Estado de Bem-Estar, baseado em direitos e na igualdade, que outorguem a seus cidadãos e cidadãs acesso a sistemas integrais e universais de proteção social e a bens públicos essenciais, como saúde e educação de qualidade, habitação e transporte”, declarou a secretária-executiva da entidade, Alicia Bárcena, na apresentação do relatório. 
Políticas de inclusão social e do trabalho são defendidas pela Cepal, além de melhorias no mercado de trabalho que garantam “emprego de qualidade e salários decentes”. O órgão aponta também para a necessidade de eliminação de barreiras no mercado de trabalho e fortalecimento de sistemas de proteção social integrais e universais.

Valor / Caio Rinaldi

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