DF
Servidores da Secretaria de Saúde enviaram áudios para o G1 denunciando o esquema. FOTO: REPRODUÇÃO
Alvo do processo administrativo é supervisora de emergência do Hospital Regional de Taguatinga. Gravações mostram ela negociando procedimentos cirúrgicos; ouça áudios.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal instaurou processo administrativo para investigar um esquema de venda de cirurgias no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). O alvo da apuração é a supervisora de emergência do HRT, Ruby Lopes. Em áudios obtidos pelo G1, ela negocia procedimentos na unidade (ouça acima).
No começo da noite desta segunda-feira (27), o governador em exercício Paco Britto, assinou a exoneração de Ruby. O afastamento foi publicado em uma edição extra do Diário Oficial (DODF), após esta reportagem ser divulgada.
Edson dos Santos – que é o nome de batismo de Ruby – será substituído na Supervisão de Emergência do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) pelo servidor Luiz Ricardo Mota do Nascimento, informa o DODF.
Segundo relatos ouvidos pela reportagem, Ruby prometia a pacientes que conseguiria cirurgias e procedimentos a um preço muito abaixo do mercado, em um hospital particular de Brasília. Para isso, cobrava o pagamento de uma taxa.
No entanto, quando se aproximava a data do procedimento, ela avisava aos pacientes que o atendimento seria realizado no HRT, que é público e não pode cobrar. Em uma das gravações, Ruby Lopes negocia uma cirurgia por R$ 350,00.
Questionada pela reportagem, a servidora disse que preferia não se manifestar (veja abaixo).
Supervisora de emergência do HRT, Ruby Lopes que não quis comentar a denúncia
Áudios
Em uma das gravações obtidas pela reportagem, Ruby tenta explicar para o paciente o motivo do pagamento.
"Pra comprar os materiais que não está tendo, tá? É isso que eu estou falando pra você. É o fornecedor que está aqui para poder comprar os materiais. Agora você entendeu?"
No fim da conversa, a servidora ainda afirma que, se o paciente não pagar, terá de lutar por uma vaga em um posto de saúde.
“Se você não tem, marca no posto de saúde que ele regula não sei pra que ano. Beijo.”
Hospital particular
Em um dos áudios, a supervisora de emergência usa o nome do Hospital Santa Marta, que é privado, e afirma que conseguiria uma cirurgia. Na gravação, Ruby diz: “Por R$ 350, não dá nem para botar nem a gasolina no carro para poder ir lá no hospital”.
Procurado pelo G1, o Hospital Santa Marta informou que não tem conhecimento sobre Ruby Lopes, e nem vínculo com a servidora.
Segundo a instituição, “todo processo de orçamento e negociação de serviços hospitalares de cirurgias e internações particulares é realizado diretamente entre paciente e hospital, sem a participação de intermediários”. O Santa Marta informou ainda que está à disposição da Secretaria de Saúde para esclarecimentos.
Primeira trans
No ano passado, Ruby Lopes ficou conhecida por ser a primeira transexual a trabalhar na Câmara Legislativa do DF. Ela esteve lotada no gabinete da deputada distrital Telma Rufino (Pros).
Em fevereiro deste ano, Ruby foi nomeada para o Hospital Regional de Taguatinga. Segundo servidores da unidade, a indicação veio de Telma Rufino (Pros).
A deputada nega. Por meio de assessoria de imprensa, ela afirma que Ruby Lopes trabalhou 8 meses em seu gabinete na Câmara Legislativa do DF, mas que as duas não tem mais relações.
FONTE: G1 DF
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