quarta-feira, 10 de abril de 2019

Presidente interino da Argélia promete eleição presidencial em 90 dias

MUNDO
Resultado de imagem para Presidente interino da Argélia promete eleição presidencial em 90 dias Abdelkader Bensalah gesticula ao deixar reunião no Palácio das Nações, em Argel, 9 de abril de 2019 - AFP



O recém-nomeado presidente interino da Argélia, Abdelkader Bensalah, se comprometeu nesta terça-feira (9) a organizar, em 90 dias, "uma eleição presidencial transparente e regular", em um discurso ao país, retransmitido pela TV nacional.

"Somos obrigados a competir, cidadãos, classe política e instituições estatais, para cumprir as condições, todas as condições, de uma eleição presidencial transparente e regular, da qual seremos todos garantidores, eleições que permitirão ao nosso povo exercer sua eleição livre e soberana", disse.

Ele também se comprometeu a organizar esta eleição em 90 dias, como prevê a Constituição.

Presidente do Conselho da Nação (Senado), Bensalah foi nomeado presidente interino uma semana após a renúncia de Abdelaziz Bouteflika, uma decisão constitucional, mas contrária ao desejo dos argelinos que exigem o fim do "regime".

Reunido em sessão plenária, o Parlamento nomeou Bensalah, de 77 anos, considerado um produto do 'sistema', para ocupar o cargo por 90 dias.

Após este período, uma eleição presidencial deverá ser organizada e, nela, Bensalah não poderá se apresentar.

Nesta terça-feira, ao meio-dia, milhares de estudantes argelinos ocupavam as ruas do centro da capital para gritar "fora, Bensalah!".

Pela primeira vez em sete semanas de protestos, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos d'água para tentar dispersar os manifestantes.

Apesar disso, os estudantes seguiam presentes na praça do Grande Poste, o epicentro do movimento de protesto em Argel.

O ex-presidente Bouteflika, de 82 anos, com saúde frágil desde o derrame sofrido em 2013, renunciou em 2 de abril após 20 anos no poder, sob a pressão das ruas e do Exército.

Desde 22 de fevereiro, os argelinos se manifestam contra a possibilidade de Bouteflika se apresentar para um quinto mandato nas eleições a serem realizadas em abril.

Uma semana após a saída de Bouteflika, os deputados da Assembleia Popular Nacional (APN, Câmara baixa) e do Conselho da Nação (Câmara alta) foram convocados para nomear um novo presidente interino.

Abdelkader Bensalah, presidente do Conselho da Nação por quase 17 anos, era um homem leal a Bouteflika.

"Vou trabalhar pelos interesses do povo", prometeu Bensalah ao Parlamento.

"É uma grande responsabilidade que a Constituição me impõe", acrescentou este homem que foi deputado, embaixador, senador e presidiu as duas câmaras.

O principal partido islamista da Argélia, o Movimento da Sociedade pela Paz (MSP), que apoiou Bouteflika por um tempo antes de romper com ele em 2012, anunciou na segunda-feira (8) que iria boicotar a sessão parlamentar por sua "posição contrária às exigências do povo".

Até mesmo o jornal pró-governo El Moudjahid havia sugerido na terça-feira que Bensalah fosse descartado.

"Esta personalidade (...) não só não é tolerada pelo movimento cidadão, que exige sua saída imediata, mas também pela oposição e parte dos representantes das formações políticas da maioria das duas Câmaras do Parlamento", indicou El Moudjahid.

O problema é que o chefe do estado-maior do Exército, o general Ahmed Gaid Salah, de fato o novo líder do país, exige que a sucessão de Bouteflika seja feita dentro do quadro estrito da Constituição.

Já o movimento de protesto exige instituições de transição que permitam reformas profundas e eleições livres. 

AFP

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