SAÚDE
Insulina usada em pacientes com diabetes — Foto: Reprodução / EPTV
Pacientes dependem do insumo para manter nível de glicose sob controle. Ministério fornece produto, mas apenas para grupo de diabéticos.
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Pacientes com diabetes tipo 2 que dependem da rede pública para obter a insulina ultrarrápida enfrentam, há meses, uma crise de desabastecimento no Distrito Federal. Na Policlínica de Taguatinga, um dos postos de distribuição, o insumo não há aparece desde dezembro.
Moradora de Águas Claras, a dona de casa Elza Maria, de 65 anos, liga no posto há meses em busca da insulina para o marido José Antonio, de 76. Ele precisa de três doses diárias da versão ultrarrápida do produto – antes de cada refeição. Sem ela, a qualidade de vida cai substancialmente.
"Além da diabetes tipo 2, ele faz hemodiálise todos os dias. A situação dele é bem grave", afirma Elza. A medicação tem custo alto, e a família passou a recorrer às doações de parentes e amigos para não interromper o tratamento.
A aposentadoria paga pelo INSS a José Antônio, segundo Elza, é pouca até para as contas fixas do mês, como o condomínio. "Olha, não é fácil! Tudo é caro, tem que comprar. A aposentadoria não dá."
"Meu marido se aposentou por causa da doença, e a gente está sempre pedindo coisas para as pessoas", diz ela.
O preço da insulina ultrarrápida na rede privada varia de acordo com o laboratório e a dosagem. Segundo Elza, os filhos ajudam como podem, mas também têm as próprias despesas e não conseguem custear todo o tratamento. Ela não trabalha, porque a saúde do marido exige atenção integral.
- Sem previsão
Diariamente, Elza Maria liga para a Policlínica de Taguatinga em busca da medicação. De tanto procurar, ela diz que os funcionários já a reconhecem pela voz. Apesar da insistência, a resposta é sempre a mesma.
"Eles sempre falam a mesma coisa: 'liga amanhã', ou 'essa semana deve chegar', ou 'o governo não está disponibilizando e não tem previsão de entrega", desabafou em entrevista ao G1.
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, apenas os pacientes com diabetes tipo 1 estão recebendo a insulina ultrarrápida. Isso porque, para esse grupo, o insumo é fornecido pelo Ministério da Saúde e a reposição é regular.
Para os portadores de diabetes tipo 2 – ou os do tipo 1 que foram rejeitados no cadastro do ministério por algum motivo –, a Secretaria de Saúde é responsável pela compra. E neste caso, não há sequer previsão de reabastecimento.
A pasta diz que já fez a aquisição, mas não sabe quando o lote será entregue – a previsão era em dezembro, mas "problemas na documentação da empresa" motivaram o atraso. Enquanto isso, os pacientes têm de se virar por conta própria, sem alternativa na rede pública.
Outras insulinas
O governo garante que os outros tipos de insulina - NPH, regular, glargina e detemir – estão disponíveis nas unidades de saúde do DF. Ainda de acordo com o GDF, 2,5 milhões de fitas glicêmicas foram compradas e disponibilizadas em janeiro, suficientes para a demanda de 12 meses.
A Secretaria de Saúde afirma que, hoje, 3,5 mil diabéticos do DF têm cadastro no Ministério da Saúde para receber a insulina comprada com verba federal.
Os pacientes com diabetes tipo 1 precisam atualizar o cadastro junto ao governo, ou podem perder o direito às doses de insulina. Para isso, é preciso ir à Policlínica de Taguatinga ou à Escola de Farmácia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), na Asa Norte.
G1 DF
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