"O Brasil não será porto seguro para criminosos", diz Moro ao assumir ministério
TRANSMISSÃO DE CARGO
Ele recebeu o cargo das mãos de Torquato Jardim e Raul Jungmann, que comandavam as pastas que ficarão sob seu comando no governo Bolsonaro
Moro assumiu o cargo em solenidade na manhã desta quarta-feiraDIDA SAMPAIO / ESTADÃO CONTEÚDO
Em seu primeiro discurso como ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moroelencou as principais medidas que quer tomar a partir de agora e disse que uma das primeiras será enviar para o Congresso, já em fevereiro, um projeto de lei anticrime. Segundo ele, a "missão prioritária" dada pelo presidente Jair Bolsonaro foi "o fim da impunidade da grande corrupção, o combate ao crime organizado e a redução dos crimes violentos".
Na solenidade de transmissão de cargo, nesta quarta-feira (2), Moro disse ainda que o Brasil "não será um porto seguro para criminosos e para o produto de seus crimes".
— Quando países não cooperam, quem ganha é somente o criminoso. O Brasil não será um porto seguro para criminosos e jamais, novamente, negará cooperação a quem solicitar por motivos político-partidários — disse, sem citar explicitamente o caso mais notório, o do italiano Cesare Battisti.
O ministro também enfatizou a necessidade de se enfrentar os problemas de segurança pública no país com estratégia, inteligência e políticas públicas eficazes.
— Essas elevadas taxas de criminalidade, seja do crime de corrupção, seja do crime organizado, seja do crime violento, prejudicam o ambiente de negócios e o desenvolvimento. Pior do que isso, geram desconfiança e medo, afetando a credibilidade das instituições e, em certo nível, a própria qualidade da democracia e da vida cotidiana — discursou (clique aqui para ler a íntegra do discurso).
Um dos exemplos citados por Moro foi a padronização que a Secretaria Nacional de Segurança Pública fará junto às polícias estaduais e distrital para melhorar a gestão e a estrutura delas, respeitando a autonomia local. Outras duas medidas serão a incrementação das penitenciárias federais para o absoluto controle das comunicações das lideranças criminosas com o mundo exterior e a inclusão do perfil genético de todos os condenados por crimes dolosos no Banco Nacional de Perfis Genéticos para que sejam usados na elucidação dos crimes.
— Esse foi o mais importante avanço institucional dos últimos anos, legado do saudoso ministro Teori Zavascki. Pretendemos honrá-lo e igualmente beneficiar toda a população com uma Justiça célere, consolidando tal avanço de uma maneira mais clara na lei. Processo sem fim é justiça nenhuma — disse.
O novo ministro afirmou ainda que a pasta pretende propor outros projetos de lei "mais complexos" que dependerão de negociações com outros ministérios e órgãos.
— Um juiz em Curitiba pouco pode fazer a esse respeito, no âmbito de políticas gerais, mas no governo federal a história pode ser diferente — afirmou.
No esteio da defesa do combate à corrupção, Moro disse a seus convidados que queria explicar porque havia resolvido deixar uma carreira de 22 anos na magistratura, "com uma relativamente confortável carreira, pelo menos nos aspectos de vencimentos e aposentadoria".
— Ontem mesmo, verifiquei que o Brasil, apesar da Operação Lava-Jato e dos enormes esforços aqui e ali contra a corrupção, permanece em uma posição relativamente ruim nos índices de percepção quanto à existência de corrupção nos rankings anuais da Transparência Internacional — disse.
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