quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Donos de concessionária do DF que deram calote e sumiram são presos

DF

Investigadores da 8ª Delegacia de Polícia (Setor de Indústria e Abastecimento) prenderam nesta terça-feira (29/1) os dois sócios da concessionária Wall Multimarcas, localizada na Cidade do Automóvel.
Segundo a PCDF, eles são acusados pela prática reiterada do crime de estelionato na consignação e compra de veículos, resultando em grande prejuízo para as vítimas. Além dois mandados de prisão preventiva, os policiais deram cumprimento a mandados de busca e apreensão nas residências dos acusados, sendo apreendidos cheques, documentos diversos, contratos de consignação, além de dois veículos.
A delegacia instaurou 55 inquéritos policiais e prossegue na investigação para identificar outros envolvidos no esquema.
O estabelecimento virou alvo de investigação policial após colecionar inúmeras denúncias e reclamações de clientes que afirmam terem sido lesados pela empresa. A agência declarou autofalência junto ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), encerrando as atividades.
As suspeitas também mobilizaram a Justiça do DF, que determinou o bloqueio de R$ 74 mil da empresa. A decisão judicial foi divulgada nessa segunda-feira (28). De acordo com os consumidores, a concessionária funcionava normalmente até o dia 21 de janeiro. Dois dias depois, no entanto, todos os veículos haviam sido retirados pelos funcionários. Os clientes, agora, querem saber como serão ressarcidos.
No Reclame Aqui, a loja coleciona 17 queixas. Em uma delas, uma pessoa afirma que o pai foi enganado “por essa empresa maldita”. “Deixou o carro para vender, uma caminhonete. A mesma foi vendida e deram um prazo de 30 dias para ele receber o dinheiro. O prazo passou, e até agora não pagaram”, disse em mensagem postada em 6 de janeiro deste ano.
A denúncia é de Luís Bittencourt, 31 anos. Segundo ele, o pai, de 59, “foi passado para trás” por funcionários da loja. “Em 2016, ele comprou uma Toyota Hilux, e agora precisou vender o carro. Lá [na concessionária] avaliaram o veículo em R$ 78 mil e fizeram uma proposta de compra de R$ 70 mil. Meu pai precisava de dinheiro e aceitou.”
De acordo com Luís, o pai foi “coagido” a assinar o Documento Único de Transferência (Dut) “mesmo sem ver a cor do dinheiro”. “Ele chegou a questionar a vendedora, mas ela disse que a loja estava há 26 anos na praça e não daria um prejuízo de R$ 70 mil”, explicou o filho da vítima.
Após o episódio, o homem procurou a 8ª Delegacia de Polícia (Setor de Indústria e Abastecimento) para registrar o boletim de ocorrência. No local, descobriu que não era o único com reclamações contra a concessionária. Segundo o delegado-chefe da unidade, Rodrigo Bonach, oito inquéritos policiais foram instaurados contra a empresa.
Bonach estima que, até o fim deste mês, pelo menos 30 inquéritos deveriam ser abertos contra os proprietários do estabelecimento. “As denúncias existem desde agosto do ano passado e estão sendo investigadas. [Os donos] Já prestaram depoimento em alguns casos e serão indiciados por estelionato. Eles já foram indiciados por associação criminosa”, explica.
De acordo com o delegado, “ficou claro que [os proprietários] captavam os veículos sem condições de pagar”. “Eles induziam as pessoas a vender o veículo consignado, vendiam para terceiros de boa-fé e não repassavam o dinheiro. Em cada caso desses, nós temos pelo menos duas vítimas”, explicou Rodrigo.
Outro lado
Em comunicado publicado na internet, a Wall Multimarcas culpou o “agravamento da crise financeira que assola o país e em especial as atividades da empresa, a qual vem passando por grandes dificuldades financeiras, o que inviabilizou a continuidade de seu funcionamento”.
Na nota, a concessionária diz ter tentado “todas as formas de continuidade” para que pudesse cumprir com as obrigações existentes. “Contudo, algumas ações impossibilitaram que as atividades pudessem se sustentar até a quitação de todos os débitos.”
A empresa finalizou o texto informando aos clientes que ajuizou o pedido de autofalência ao TJDFT e todos os credores deverão se habilitar ao crédito para recebimento do juízo.
A reportagem tentou contato pelo telefone informado na nota, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.
Confira o comunicado na íntegra:
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FONTE: METRÓPOLES

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