Saúde
20/11/2018 17:56h
Um encontro dedicado aos cuidados com a saúde e à prevenção do vírus HIV foi realizado na manhã desta terça-feira (20) pela Universidade Federal do Pará (UFPA), dentro do Projeto de Pesquisa e Extensão “Defesa e Paz Social”, desenvolvido por alunos do curso de Serviço Social, em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) e apoio da Universidade da Amazônia (Unama). A ação beneficiou internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF), localizado em Ananindeua (Região Metropolitana de Belém). O objetivo foi proporcionar troca de experiências, esclarecimentos sobre prevenção, tratamento e realização de teste para o diagnóstico do vírus HIV.
A ação é alusiva ao Dia Internacional de Combate e Prevenção ao Vírus HIV – 1º de Dezembro -, e reuniu um grupo de 27 alunos do curso de Serviço Social da UFPA, do curso de Enfermagem da Unama e profissionais da área de saúde, que promoveram palestras e testes rápidos para um grupo de internas.
Durante a palestra, a enfermeira Josete Dias falou sobre o vírus HIV, formas de transmissão, prevenção, mitos, cuidados durante a gravidez, amamentação e tratamento. Para ela, a informação e o conhecimento são as formas mais corretas de prevenir e cuidar da saúde, especialmente das internas que não têm acesso tão fácil à informação e acabam criando vários preconceitos no cuidado com a própria saúde.
Sem preconceito - “O nosso papel, enquanto profissionais da saúde, é o de educar e auxiliar na prevenção e orientação, para que as pessoas não venham a se contaminar com o vírus. Quando uma pessoa é soropositiva passa a sofrer uma série de preconceitos, o que acaba dificultando seu tratamento e sua qualidade de vida. Com essa oportunidade podemos desmitificar alguns enganos quanto à forma de contágio e tratamento, e ainda o cuidado e acolhimento com aqueles que vivem a doença”, explicou a enfermeira.
A fim de ajudar um parente soropositivo, a interna Rosilene Azevedo, 31 anos, participou pela terceira vez de uma palestra sobre o assunto e esclareceu várias dúvidas. “Sempre faço questão de participar das palestras e realizo os testes quando solicitado, pois sei que dessa forma consigo me informar e cuidar melhor daqueles que precisam de apoio quando convivem com a doença, além de manter em dia a minha saúde e os meus exames”, disse.
Thaila Ariane, aluna do 6º semestre de Serviço Social, realiza pesquisas há três meses dentro do presídio feminino, por meio do projeto de extensão, e pensa em trabalhar com mulheres no cárcere. “Essa experiência é muito proveitosa, pois a oportunidade de contato com essa realidade e acompanhar o dia a dia dessas mulheres acabou me fazendo ter certeza que esse é o caminho que quero seguir”, declarou.
A coordenadora do projeto de extensão do curso de Serviço social da UFPA, Verônica Abreu, acompanhou os alunos na ação, que aproxima a universidade da realidade prisional e proporciona troca de experiências. “Essa possibilidade de trazer os alunos e permitir com que eles possam realizar suas pesquisas em contato direto com a realidade dessas mulheres dentro de uma unidade prisional é única. Isso possibilita uma formação mais completa e um aprendizado muito grande para eles, que futuramente irão entrar no mercado de trabalho e terão que lidar com as realidades mais duras no dia a dia”, ressaltou a coordenadora.
Prevenção e tratamento - Todas as detentas do CRF de Ananindeua, quando chegam à unidade prisional, passam por uma triagem realizada pela equipe Biopsicossocial da unidade, que inclui testes de HIV e entrevistas, para saber se possuem ou não o vírus. O procedimento é o mesmo com os homens.
“Todas as internas que entram na unidade passam pelo teste de diagnóstico para saber se possuem o vírus HIV. Os testes rápidos não são obrigatórios. Mas, para nossa surpresa, todas, ainda que com certo receio, fazem o teste. Desta forma podemos acompanhar melhor os casos que se apresentam dentro da unidade”, informou a enfermeira Adriana Diniz.
Para a diretora do CRF, Carmen Botelho, ações preventivas são fundamentais, sobretudo para que as internas possam conviver tranquilamente e sem preconceito umas com as outras. “Essa integração entre universitários e o universo carcerário é muito valiosa, tanto para esses alunos quanto para as internas. A troca de experiências e a informação que eles trazem ajudam na construção de uma consciência mais sólida, para que elas possam cuidar melhor da saúde e conviver de forma pacífica e sem preconceito com as internas que apresentam o vírus”, reiterou a diretora.
Por Timoteo Lopes
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