segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Conselho de Comunicação Social repudia "censura prévia" determinada por ministro do STF

01/10/2018 - 20h06


Nota de repúdio será divulgada na próxima reunião do conselho, no dia 5 de novembro, depois do segundo turno das eleições gerais deste ano
Waldemir Barreto/Agência Senado
Reunião do Conselho de Comunicação Social. À bancada:  representante da categoria profissional dos jornalistas, Maria José Braga, em pronunciamento; representante das categorias profissionais de câmera e vídeo, Luiz Antonio Gerace; representante da categoria profissional dos radialistas, José Antonio de Jesus da Silva.
Maria José Braga: "Este caso é muito grave. Tem que haver uma reação da sociedade brasileira para que fique caracterizado como ato de censura"
Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, órgão auxiliar do Parlamento em questões referentes à comunicação social, decidiu nesta segunda-feira (1º) emitir uma nota de repúdio à "censura prévia" determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que impediu o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba (PR), de conceder entrevistas.
A decisão também impediu que, caso a entrevista seja feita, venha a ser publicada.
No entanto, uma nova decisão desta segunda-feira do ministro do STF Ricardo Lewandowski, que originalmente havia permitido a entrevista, restabelece o direito de o ex-presidente Lula ser entrevistado.
A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, levantou a discussão durante a reunião do conselho. "Esse caso é muito grave. Tem que haver uma reação da sociedade brasileira para que fique caracterizado, sim, como um ato de censura da Suprema Corte do Brasil e que precisa de ser revisto", afirmou.
Representante da sociedade civil no Conselho de Comunicação, o jurista Miguel Matos alertou para as consequências que uma decisão como essa pode ter. "Nós estamos aqui diante de um caso absurdo. O mais absurdo é que vem da Suprema Corte: essa decisão se espraia para qualquer decisão judicial, para qualquer nível do Judiciário. Então, o perigo aqui é o juiz de uma cidade do rincão do País começar, com base nessa decisão, a proibir que se divulgue qualquer coisa", disse Miguel Matos.
Pós-eleição
Por sugestão do conselheiro José Carlos da Silveira Júnior, representante das empresas de rádio, o conselho decidiu que só irá divulgar a nota na próxima reunião do colegiado, no dia 5 de novembro, depois do segundo turno das eleições gerais deste ano.
"É evidente que é uma violência contra a liberdade de expressão. Porém, nós estamos a cinco dias da eleição. Evidentemente que, apesar de todo o interesse jornalístico que tem, este fato será usado politicamente. Não creio que, neste momento, caiba uma nota do Conselho de Comunicação Social", disse o conselheiro.
Demandas ao conselho
Na reunião desta segunda-feira, o Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional também decidiu modificar o seu regimento interno, excluindo de suas atribuições receber demandas da sociedade civil, do Poder Executivo e dos próprios conselheiros para elaborar pareceres e estudos sobre os assuntos que lhe dizem respeito. O conselho, a partir de agora, só atenderá solicitações dos integrantes das duas Casas do Congresso (a Câmara dos Deputados e o Senado).
Reportagem – Newton Araújo
Edição – Pierre Triboli

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário