F1: Por culpa dele e também das equipes, Alonso deixa categoria com menos títulos do que seu talento merecia
“Fernando Alonso teve chance de ganhar cinco títulos, mas a verdade é que onde ele vai sempre está uma bagunça. Ele é fantástico, mas gera muitos problemas”.
A frase é de ninguém menos do que Nelson Piquet, tricampeão mundial de Fórmula 1.
O piloto espanhol anunciou que aos 37 anos, 17 deles dedicados à maior categoria do automobilismo, está deixando a Fórmula 1 ao fim deste ano.
Alonso deixará a F1 com dois títulos mundiais, 32 vitórias (6º maior da história), 22 poles (13º) e 97 pódios (6º). Mas quem acompanhou sua carreira sabe que mesmo estando ao lado de nomes como Graham Hill, Jim Clark, Alberto Ascari, Emerson Fittipaldi e Mika Hakkinen – todos bicampeões -, seu talento merecia mais títulos.
E essa era a expectativa desde 24 de agosto de 2003, quando, na Hungria, aos 22 anos de idade, ele se tornou o mais jovem vencedor de uma corrida na história da Fórmula 1 pilotando uma Renault.
Dois anos depois, também na Renault, ele também se tornou o mais jovem campeão da história, aos 24 anos. Bicampeão aos 25, o espanhol começou a chamar atenção do mundo como postulante a quebrar o recorde de Michael Schumacher, seu rival na temporada de 2006, de 7 títulos na Fórmula 1.
Tudo indicava que isso seria seu caminho, ainda mais tendo em vista que depois da Renault ele só pilotou, além do time francês, por McLaren e Ferrari, as duas maiores escuderias da categoria. Mas o espanhol não conseguiu o tão sonhado título.
Parte disso foi por culpa das equipes que não lhe entregaram um carro em boas condições no grid. Mas Alonso também não se facilitou, tendo um comportamento negativo e que dividia as equipes por onde passava, tornando difícil o prazer dos funcionários em trabalhar ao seu lado aparecer.
2007 – MCLAREN
Alonso chegou à equipe como favorito ao título depois de conquistar o troféu em 2005 e 2006. Só não contava com o surgimento de um novato chamado Lewis Hamilton, cria de Ron Dennis desde a infância, e que mostrou um excelente potencial de cara.
O espanhol teve 4 vitórias, mas acabou entrando em rota de colisão com o britânico, a ponto de bloqueá-lo em uma tentativa nos treinos de classificação. No fim das contas, Alonso e Hamilton terminaram o campeonato um ponto atrás do campeão Kimi Raikkonen, que ganhou o título na última corrida, no Brasil. Ao fim de 2007, o bicampeão sairia da McLaren após apenas um ano tendo a sensação de que poderia ser tri.
2008 e 2009 – RENAULT
Alonso voltou para casa em 2008. E mesmo não tendo um carro competitivo, tirou duas vitórias em Cingapura e Japão com a Renault. A primeira ficou marcada pelo lado negativo da história pelo episódio em que Nelsinho Piquet bateu de propósito para que o espanhol fosse favorecido para ficar com o triunfo.
No ano seguinte, o carro da Renault piorou, e Alonso ainda assim conseguiu uma pole position na Hungria. Aos 28 anos, o espanhol vivia o auge da idade do atleta, mas sem um carro que acompanhasse seu talento. Isso mudaria no ano seguinte.
2010 a 2014 – FERRARI
Alonso estava de volta a uma equipe de ponta e logo no primeiro ano era o favorito novamente ao título. O carro da Ferrari não era o melhor (foi 3º no Mundial de Construtores), mas em 2010 ele chegou a última corrida na liderança com uma vantagem de 8 pontos para Mark Webber e 15 para Sebastian Vettel. Na última prova, o espanhol não conseguiu passar a fraca Renault de Vitaly Petrov por quase 40 voltas e chegou apenas em 7º, ficando com o vice.
No ano seguinte, a Red Bull de Vettel não deu chances a ninguém, vencendo 11 das 19 provas.
Em 2012, a Ferrari novamente era pior que a Red Bull. Mas Alonso chegou a ter 42 pontos de vantagem para Vettel na liderança do campeonato após metade das provas realizadas. Na última corrida, novamente no Brasil, o espanhol chegou a ser campeão do mundo por algumas voltas, chegou em segundo, mas Vettel fez uma corrida de recuperação e garantiu o tri com o 6º lugar, superando o piloto da escuderia italiana por 3 pontos.
Em 2013, novamente domínio da Red Bull. Alonso ainda chegou a liderar o campeonato, vencendo duas das cinco primeiras provas. Mas Vettel ganhou as 9 últimas e garantiu o seu tetra.
No ano seguinte, a Ferrari piorou ainda mais, ficando em quarto entre os Construtores. E as críticas do espanhol ao carro publicamente foram aumentando a ponto de tornar a relação insuportável. Ao fim de 2014, Alonso buscou novos ares numa velha conhecida. Mas mal sabia ele que os piores tempos de sua carreira estavam por vir.
2015 a 2018 – MCLAREN
O bicampeão chegou de novo na escuderia britânica alegando que tinha ‘trabalhos não terminados’. Mas os motores Honda acabaram dando as maiores dores de cabeça da vida de Fernando Alonso. Após 3 anos figurando entre as piores equipes da Fórmula 1 e nem cheirando de longe um pódio, a McLaren desfez a parceria com a empresa japonesa no fim do ano passado, dando a Alonso uma última esperança de competitividade em 2018.
Como se viu, o problema não estava só nos motores, mas sim na equipe. Veio 2018, e a McLaren segue longe dos pódios e estagnada no pelotão do meio da Fórmula 1. Sentindo desejo de competividade novamente, Alonso preferiu sair. Qual será seu próximo capítulo no automobilismo?
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