Número 'não é motivo para alarde', diz GDF. Cobertura vacinal até julho foi de 84,8%; meta anual é alcançar 95%.
Por Luiza Garonce, G1 DF
Uma a cada sete crianças com idade para se vacinar contra poliomielite e sarampo não está protegida contra as doenças no Distrito Federal, segundo dados da Secretaria de Saúde. A pasta contabiliza apenas quem tomou todas as doses necessárias – 3 da pólio e 2 da tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola).
Considerando que o número corresponde ao índice parcial de imunização, das crianças vacinadas de janeiro à julho, a pasta afirma que não há motivo para alarde. Até esta quinta-feira (5), o DF havia atingido 84,8% de cobertura vacinal – a meta anual é de 95%.
Cobertura vacinal contra poliomielite no DF
Porcentagem anual de crianças que tomaram as três doses da vacina
Fonte: Secretaria de Saúde do DF
Em comparação com outras cidades brasileiras, a capital federal está em vantagem. Em São Paulo, apenas 30,6% das crianças foram vacinadas, segundo o Ministério da Saúde. No Mato Grosso, sete cidades estão com cobertura abaixo de 45%.
Entre os estados, a Bahia oferece o maior risco de retorno da pólio. De acordo com o ministério, 63 cidades não vacinaram nem metade do público-alvo no ano passado. Quanto ao sarampo, há surto em Roraima e no Amazonas, além de 15 casos suspeitos no Rio de Janeiro.
Cobertura vacinal da tríplice viral no DF
Porcentagem anual de crianças que tomaram as duas doses da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola
2015
● Cobertura vacinal: 91,5
● Cobertura vacinal: 91,5
Fonte: Secretaria de Saúde do DF
O dado de Brasília, porém, funciona como alerta para que os pais não se esqueçam de manter a caderneta de vacinação dos filhos em dia. "Vacina não falta, unidade que vacina também não falta. O que a gente precisa é que as pessoas levem os filhos para vacinar", disse o subsecretário de vigilância à saúde, Marcus Quito, ao G1.
'Não tem memória'
A erradicação da pólio, desde 1990, e do sarampo, desde 2016, é a principal hipótese do Ministério da Saúde para a baixa no número de vacinações contra as doenças em todo o país. No Distrito Federal, a aposta do governo é a mesma: falta de referência.
A última vez que Brasília registrou um caso de paralisia infantil foi em 1987 e o último caso confirmado de sarampo é de 1999. No Brasil, não há registros de poliomielite há 30 anos.
"Não se tem falado, nem visto as doenças. Elas não fazem parte da rotina das pessoas", disse Quito. "A proteção que conseguimos alcançar nos permitiu ter uma população que não tem essa memória."
"Como os pais não vêem crianças com sarampo ou poliomielite, não têm a sensação do risco."
Segundo o subsecretário de vigilância em saúde, praticamente todas as pessoas que têm filhos de até um ano estão imunizadas, porque elas mesmas ou os pais delas são de uma geração que teve contato mais próximo com as doenças.
Notícias falsas e desinformação também contribuem para que os adultos deixem a caderneta de vacinação dos filhos na gaveta. "Existem mentiras de toda sorte, mas o programa é extremamente seguro e desenvolvido no nosso país desde 1973."
"É considerado pela Organização Mundial de Saúde e pela Organização Panamericana de Saúde o melhor modelo de vacinação do mundo."
Estoque cheio
O freezer da central de vacinação do DF, que mantém estocadas as ampolas recebidas do Ministério da Saúde, guarda uma quantidade suficiente para pouco mais de um mês de imunização, segundo o GDF
São 21 mil doses contra poliomielite e 5,4 mil da tríplice viral. O número não leva em consideração as vacinas que já foram distribuídas para as unidades básicas – a central faz repasses semanais. A demanda mensal da vacina contra pólio é de 10 mil doses e da tríplice, de 4 mil.
Às vésperas da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, que ocorre entre 6 e 31 de agosto, a Secretaria de Saúde informou que as doses não serão retiradas deste estoque. Novas ampolas devem ser entregues pelo governo federal logo antes do começo da ação – com duas ou uma semana de antecedência.
Monitoramento do sarampo
A Secretaria de Saúde do DF monitora o sarampo e outras doenças infeciosas de duas formas: por avaliação epidemiológica (semanal) e por busca ativa. A primeira estratégia consiste em avaliar e projetar riscos a partir de casos registrados.
Neste caso, os profissionais de saúde são orientados a registrar todos os pacientes que forem identificados com sintomas característicos da doenças. A partir daí, a pasta vai em busca de quem teve contato com essa pessoa para tentar conter a proliferação do vírus.
"Recentemente fomos atrás de todos os passageiros de um voo onde estava um menino do Rio de Janeiro com suspeita de sarampo", disse o subsecretário de vigilância em saúde, Marcus Quito.
Outro método de controle epidemiológico é a busca ativa, que ocorre primodialmente na atenção primária. "É mais fácil identificar quem não tem vacina, porque as equipes de saúde da família estão em contato direto e frequente com aquelas pessoas. Isso tem ganhado força e tende a ampliar nossa cobertura vacinal também."
Como vacinar?
Poliomielite
Também chamada de "paralisia infantil", a doença infecto-contagiosa é transmitida por um vírus e caracterizada por um quadro de paralisia flácida.
Também chamada de "paralisia infantil", a doença infecto-contagiosa é transmitida por um vírus e caracterizada por um quadro de paralisia flácida.
Para evitar contaminação, a primeira dose da vacina deve ser aplicada na criança aos 2 meses de vida. A segunda, aos 4 meses; a terceira, aos 6 meses; e a quarta dose (chamada de reforço) com 1 ano e 3 meses.
O Brasil está livre da poliomielite desde 1990, segundo o Ministério da Saúde. Em 1994, o país recebeu a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
SarampoDoença infecciosa aguda, transmitida por vírus, de caráter grave e "extremamente contagiosa", o sarampo é transmitido pelo ar e por contato físico.
A vacinação é a única maneira de prevenir a doença. A recomendação é que as crianças sejam imunizadas aos 12 meses e, depois, tomem uma segunda dose com 1 ano e 3 meses. O reforço deve ser aplicado aos 4 anos.
Jovens e adultos também podem se vacinar com algumas condições. Até os 29 anos, quem não tiver tomado as duas doses obrigatórias ou não se lembrar se tomou, precisa se imunizar.
Acima dos 29 anos, a regra é ter tomado pelo menos uma dose da tríplice viral. Caso não tenha ou não se lembre, a pessoa também precisa se vacinar. Depois dos 49 anos, a vacinação só é recomendada se houver contato com alguém contaminado.
O Brasil recebeu o certificado da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) de eliminação da doença em setembro de 2016.
Onde vacinar?
Todas as unidades básicas de saúde do Distrito Federal oferecem, gratuitamente, a tríplice viral e a vacinação contra a pólio, segundo a Secretaria de Saúde. O horário de atendimento é das 7h às 19h, de segunda à sexta.
Os postos que atendem mais de 15 mil pessoas, como os de Ceilândia, Taguatinga e Samambaia, também abrem aos sábados, das 7h às 13h.
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