terça-feira, 3 de abril de 2018

Jatene reforça interesse do Pará em sediar campus da Universidade de Segurança da ONU

Jatene reforça interesse do Pará em sediar campus da Universidade de Segurança da ONU

02/04/2018 17:54h
O governador do Pará, Simão Jatene, representou nesta segunda-feira (2), em São Paulo, os governadores dos estados brasileiros no Fórum Internacional para a Segurança Humana na América Latina. Jatene defendeu o interesse do Estado em receber um campus da futura Universidade Mundial de Segurança e Desenvolvimento Social da Organização das Nações Unidas (ONU), que está planejando instalar sua sede no Brasil. A instituição deverá disseminar o conhecimento internacional da segurança, a partir da troca de conhecimento, investimento em tecnologia, inteligência e inovação. O Fórum é realizado pelo Comitê Permanente da América Latina para Prevenção do Crime (Coplad), um programa do Instituto Latino-Americano da Organização das Nações Unidas para Prevenção do Crime e Tratamento do Delinquente (Ilanud).
“A questão da segurança humana tem uma caracterização mais ampla que a questão da segurança pública. Nos debates durante o evento, discutiu-se a necessidade de promover políticas públicas em conjunto com toda sociedade para o enfrentamento e combate da pobreza e desigualdade, que está na origem da questão do desafio da segurança pública. A Amazônia deve ser incluída nesse debate, por sua posição estratégica e pela sua importância no cenário nacional e internacional e, por isso, deixamos esta sugestão, que já havíamos apresentado em outras oportunidades”, destacou Simão Jatene.
O Pará está representado no Coplad, tendo o professor da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Edmundo Oliveira, como coordenador geral do Coplad. “A proposta da Universidade é criar a sede central no Brasil, com a reitoria em Brasília, além de construir quatro campus em diferentes regiões: em São Paulo, um campus para a segurança humana; no Rio de Janeiro, um campus para a prevenção do crime; no nordeste, em Fortaleza, um campus para as cidades mais seguras e inclusivas; e um campus na Amazônia, com sede em Belém, para proteção ambiental e desenvolvimento sustentável”, detalhou Edmundo Oliveira, ao reforçar que essa é a primeira universidade mundial que será criada em toda história da humanidade.
“Com a universidade criada vamos promover a ciência, estudos e pesquisas que trarão certamente maior desenvolvimento social para o Brasil, com bem estar, qualidade de vida e status social para elevação da cidadania dos brasileiros”, complementou o coordenador geral do Coplad.
A estratégia que busca atrair o campus para o Estado faz parte do mecanismo adotado no âmbito do Pará Sustentável, através de parcerias com instituições reconhecidas em suas áreas de atuação. O Pro Paz, inclusive, chegou a ser reconhecido pelo Coplad como um dos importantes programas para combater a violência por meio da inclusão social das comunidades. O Pará também implantou o primeiro curso superior público da Amazônia em bacharelado em Relações Internacionais e Tecnologia do Comércio Exterior, através da Uepa, em parceria com a Escola de Governança Pública do Estado do Pará (EGPA).
Sobre a proposta de Jatene, o Coplad já estuda a possibilidade, dentro de uma perspectiva mais ampla da instalação da universidade especializada em segurança no país. “Sem dúvida que a Amazônia é uma parte importante da segurança do planeta. E não se pode pensar em desenvolvimento apenas pensando no produto, no que gera. Mas sim em como as comunidades se desenvolvem”, disse o presidente do Coplad e membro da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), Eugenio Raúl Zaffaroni.
Raízes da violência - Segundo o jurista argentino, o momento na América Latina exige que se faça uma reflexão séria sobre este tema "porque esta não é uma região segura". "Criar uma Universidade que trate da segurança é mais que uma boa ideia: é uma necessidade da nossa região. É preciso ter um centro acadêmico com este fim. Vivemos num continente com sérios problemas de subdesenvolvimento. E o custo pago pelos povos são mortes", disse Zaffaroni.
Em tom duro, Zaffaroni ainda refletiu sobre a condição dos países da região. "Isto (o subdesenvolvimento) não é à toa. Somos uma região colonizada. Somos parte de um capitalismo periférico. Os resultados letais desta violação massiva ao direito ao desenvolvimento é o sofrimento geral ao longo de toda a região, em todos os países. Criar um centro acadêmico é de vital importância e de suma necessidade fazer isto no Brasil. A localização aqui é vital, pois o Brasil é uma vítima do problema de segurança. E é a maior vítima pela dimensão de sua população", destacou. "Quando o problema da segurança é muito grande, como está, trata-se de uma questão nacional", pontuou Zaffaroni.
Ao encerrar, Zaffaroni apontou ainda que um centro de reflexão pode auxiliar a buscar soluções mais consolidadas e duradouras, indo além do senso comum e do discurso fácil. "Não estamos procurando culpados. Talvez sejamos todos. O Brasil passa por um problema sério. Temos que enfrentar ‘formadores’ de opinião, que na verdade são deturpadores de opinião, que promovem mais violência. Temos que enfrentar políticos inescrupulosos, que usam a violência para discursos rasos, interessados apenas no voto e no sensacionalismo", afirmou Zaffaroni.
Violência da corrupção – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, também presente na abertura do evento, destacou que o Brasil passa por uma onda de negatividade, mas “ela não me pegou”. “Conquistamos ao menos três eixos fundamentais: estabilidade constitucional, estabilidade monetária e expressiva inclusão social. Permanecem desafios, mas avançamos muito”, disse.
Em sua fala, Barroso citou o pronunciamento do governador Simão Jatene, que afirmou que era preciso que a Amazônia pudesse ser vista com o desafio de cumprir um duplo papel: ser prestadora de serviços ambientais em escala planetária, mas também base de vida digna para todos que ali vivem. “O Brasil ainda é o 10º país mais desigual do planeta. Concordo com o governador Jatene. A Amazônia foi explorada, mas não produziu PIB (Produto Interno Bruto), riqueza”, disse.
O ministro do STF destacou o esforço que vem sendo feito, que precisa de uma grande mobilização e perseverança, para enfrentar a corrupção no país, que também mata. “É que houve um modo de se fazer política e de se fazer negócios no Brasil. E significava mais ou menos o seguinte: o agente político relevante indicava o dirigente de ministério ou de estatal com metas de desvio de dinheiro. O dirigente contratava empresa por meio de licitação fraudada, que viria a ser parceira no esquema de desvio de dinheiro. A empresa parceira superfaturava os preços para gerar o excedente de caixa que iria ser distribuído para o agente político que nomeou o dirigente estatal e os seus correligionários. Este não foi um caso que se descobriu. Não foi um caso isolado. Este era e talvez ainda seja o modelo padrão de se fazer política e de se fazer negócios no Brasil. E nós precisamos enfrentar isso”, destacou Barroso.
Ao finalizar, Barroso destacou ainda que essa é uma luta que se ganha por pontos e não por nocaute. “Precisamos ter persistência, resistência, motivação. O trem saiu da estação. A história está ao nosso lado, mas nosso papel é empurrá-la para o curso certo. Encerro lembrando as palavras de um jovem, que me disse o seguinte, numa conferência que participei: eu não quero viver em outro país. Quero viver em outro Brasil", disse.
Esforço por políticas conjuntas – Também participou da mesa de abertura do evento o conselheiro especial do secretário geral da Organização das Nações Unidas para Assuntos de Segurança Humana e representante do Fundo das Nações Unidas para Segurança Humana, Yukio Takasu.
Em sua abordagem, Takasu ressaltou o esforço para maior acesso à justiça de forma igual para todos nos países da América Latina. Também disse que a ONU tem apoiado projetos na área da segurança e que possam estar alinhados com o desenvolvimento sustentável, uma vez que a questão da segurança está diretamente ligada à questão social e geração de emprego e renda. “A ONU tem um fundo criado há 20 anos e que apóia projetos nesse sentido. Certamente podemos construir parcerias e auxiliar, mas nunca faremos isso sozinhos. Precisamos do esforço conjunto de governos, da sociedade, de todos”, afirmou.
Por Governo do Estado do Pará

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