quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Inclusão

 

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Diversidade é tema de capacitação em artes cênicas no Curro Velho

08/02/2018 11:44h
Este ano o Laboratório de Aperfeiçoamento, promovido pela Fundação Cultural do Pará (FCP) nas Oficinas Curro Velho, traz reflexões e práticas em diversidade voltadas para instrutores e futuros instrutores de artes cênicas. A programação, que terá três palestrantes, encerra nesta quinta-feira (8), com mesa redonda e atividades práticas.
Três temas pautam a programação: inclusão, raça, gênero e sexualidade. Segundo o coordenador de Linguagem Corporal da FCP, Jorge Cunha, este tipo de capacitação é oferecida todos os anos para instrutores e futuros instrutores, não apenas para quem deseja ministrar oficinas no Curro Velho.
A escolha do tema deste ano está ligada ao público diverso atendido pelo Curro Velho. Jorge Cunha esclarece que essa diversidade reflete no processo diário dos instrutores, fazendo com que eles precisem se adequar, mesmo tendo todo um plano de aula definido. “Essa capacitação serve para instrumentalizar as pessoas com temas e conteúdos que possam agregar na sua aptidão individual, enquanto arte-educadores, para desenvolverem um bom trabalho”, esclarece.
Raça - O debate sobre questões étnicas-raciais no Brasil fica ao comando da professora Joana Machado, militante do movimento negro. A conversa abordará a formação do pensamento social brasileiro em relação às heranças culturais africanas.
A educadora considera que existe um grande desconhecimento do continente africano por parte dos brasileiros. “O grande foco é o combate ao racismo, é entender que na nossa formação não vemos África, não sabemos nada da nossa ancestralidade nem da composição daquele continente. É preciso romper essa barreira da não-civilidade africana”, afirma.
Ainda segundo Joana Machado, é preciso entender o corpo negro e a mente africana. Ela revela também que o estado do Pará tem 78,4% da população autodeclarada negra e é o quarto maior em número de população quilombola. “A intenção do formador é despertar a busca por esse outro lado. Vamos trabalhar com a totalidade e multiplicidade das artes, e as diferenças para além do que está estabelecido”, finaliza.
Gênero - Para falar de questões de gênero e sexualidade nas artes cênicas, o antropólogo Amadeu Lima trará aos futuros instrutores situações do cotidiano que poderão ser aplicadas no dia a dia, com alunos de gêneros distintos. “Pensaremos essa diversidade dentro da sala de aula e entre outras questões”, afirma.
Durante a programação, os alunos poderão acompanhar uma entrevista aberta com uma transexual, inclusa na oficina “Corpo Transitivo”, onde ela contará sua história de vida, abordando lembranças da infância, juventude, transição e dias atuais.
O antropólogo acredita que essas discussões vão além da utilidade para a própria carreira, contribuindo para um amplo processo de humanização. “São questões pertinentes nesse momento momento pelo qual o País está passando, marcado por demonstrações de intolerância e desrespeito, principalmente no que concerne a questões raciais, LGBT e de gênero contra mulheres. Essa discussão acaba passando por tudo isso”, finaliza.
Inclusão – A professora Scheilla Abbud discutirá com os alunos situações pessoais vividas na condição de alguém que também possui deficiência, parcial na audição e visão.
O cadeirante Cleyton Bentes, de 36 anos, participará da programação. Ele é integrante da Companhia Do Nosso Jeito, projeto de dança artística da FCP.  Atualmente, a Cia é bicampeã do Campeonato Brasileiro de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas (CBDCR), representando o estado do Pará.
Cleyton considera muito importante este tipo de atividade desempenhada por pessoas que convivem com as diferenças todos os dias. “É preciso saber lidar não só com pessoas com deficiências, mas sim com toda essa diversidade”, afirma.
Cadeirante há oito anos e integrante da Cia há três, Cleyton não esconde a alegria em poder participar do aperfeiçoamento. “Tudo isso vai me ajudar, e muito, a trabalhar coisas que, no fundo, revelavam um preconceito que eu tinha comigo mesmo. É importante nos conhecermos primeiro para então conhecermos as outras pessoas, acabando com qualquer tipo de preconceito”, finaliza.
(Colaboração: Victor Barra)
Por Andreza Gomes

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