Tráfico de drogas cresceu em 2017 na Zona da Mata, aponta balanço da Polícia Militar
Viçosa, Muriaé e Ubá preocupam na região. Comando destacou importância de parceria com comunidade e ações de inteligência para identificar e prender criminosos.
Balanço dos dados de crimes violentos na área da 4ª Região, na Zona da Mata, foi apresentado em coletiva nesta sexta-feira (5) pela PM (Foto: Roberta Oliveira/G1)
O comando da 4ª Região de Polícia Militar (RPM) apresentou em entrevista coletiva nesta sexta-feira (5) o balanço de registros de crimes violentos - homicídios, roubo, sequestro com cárcere privado, estupro - em 2017 em 86 cidades da Zona da Mata.
No comparativo com 2016, aumentaram os índices de tráfico de drogas (44,14%) e as apreensões de adolescentes em Juiz de Fora. Na região, a preocupação é com Viçosa e Ubá, por causa do aumento de homicídios, e Muriaé, onde aumentou roubo.
De acordo com o Comandante da 4ª RPM, Coronel Alexandre Nocelli, os números confirmaram a tendência de queda na maioria dos registros, apresentada no balanço do 1º semestre, e revela as prioridades de combate para 2018.
"Um balanço positivo, mas ao mesmo tempo é um desafio. Tem que continuar nesta linha descendente de violência. É um trabalho que depende de uma articulação com outros órgãos do sistema para repressão qualificada, monitorar os autores contumazes da violência de Juiz de Fora e fazer um trabalho de prevenção inteligente junto à comunidade. A gente solicita que a sociedade denuncie e participe cada vez mais do processo, para nós é importante e eficaz no sentido dos resultados", disse.
Participaram da entrevista os comandantes e subcomandantes de batalhões e companhias que atuam em 86 municípios da Zona da Mata, uma população de quase 2 milhões de pessoas entre Orizânia, a 260 Km de Juiz de Fora até Chiador e Santana do Deserto, uma divisa de 342 Km com o estado do Rio de Janeiro.
Região
De acordo com os dados repassados pela Polícia Militar, 18.052 pessoas foram detidas ou apreendidas em 2017, resultado 3,81% superior a 2016, que terminou com 17.389 prisões. Nestes casos, os destaques foram os aumentos de 7,36% na apreensão de adolescentes, sendo 2.727 registros no ano passado contra 2.540 em 2016 e de 25,67% nas prisões ocorridas em cumprimentos de mandado judicial: de 1.052 em 2016 para 1.322 em 2017.
No entanto, como esperado, Viçosa e Muriaé, além de Ubá, foram as cidades que registraram aumentos de casos mais graves e, segundo Nocelli, são as prioridades para este ano.
"É uma preocupação muito grande com Viçosa, onde passamos de 47 para 74 homicídios consumados. Em Ubá, um aumento de ocorrências de homicidios [de 33 para 43]. Preocupa muito também a cidade de Muriaé, com aumento dos crimes violentos. São cidades de médio porte que inspiram atenção e vão ter este cuidado da 4ª região neste ano", analisou o comandante.
Durante a coletiva, foram destacadas as operações de respostas à criminalidade, como as duas fases da "Rota 040" em São João Nepomuceno em setembro e outubro. Em Viçosa, em setembro foram realizadas ações de combate ao tráfico e crimes violentos; outra onde foram 14 presos por homicídio e tráfico; e em outubro a PM prendeu um grupo suspeito de tráfico de droga. Em Muriaé, foram cumpridos mandados de busca, apreensão e prisão em março e em julho.
Juiz de Fora
Na cidade, a PM apontou uma redução geral de 29,51% nos crimes violentos, números próximos às estatísticas registradas em 2014. O ano fechou na cidade com 1.951 crimes violentos registrados, resultado menor que os 2.768 de 2016.
Avaliação do balanço e crimes em Juiz de Fora nos últimos anos (Foto: Polícia Militar/Divulgação)
O tráfico de drogas e a apreensão de adolescentes foram as estatísticas que tiveram aumento e há a promessa de combate especializado neste nao.
"Sobre o tráfico de drogas, a gente sabe que é uma dinâmica que comeca no uso e termina no homicidio. Por isso, existe toda uma dinâmica para reprimir o tráfico porque a gente espera ter o impacto nos casos de mortes. E é cada vez mais precoce a entrada de adolescentes na violência. A gente precisa fazer um trabalho de base, de prevenção, baseado nas causas para tirá-los e colocá-los e atividades proveitosas e produtivas para a infancia e adolescência deles", comentou coronel Nocelli.
Estatísticas registradas em Juiz de Fora em 2017:
- Homicídios consumados: 111 (2017) - 130 (2016) - redução de 14,62%
- Homicídios tentados: 162 (2017) - 209 (2016) - redução de 22,49%
- Roubos consumados: 1.624 (2017) - 2.351 (2016) - redução de 30,92%
- Furtos consumados: 7.859 (2017) - 7.963 (2016) - redução de 1,31%
- Armas de fogo apreendidas: 359 (2017) - 402 (2016) - redução de 10,70%
- Tráfico de drogas: 898 (2017) - 623 (2016) - aumento de 44,14%
Sobre a queda nos homicídios consumados e tentados, sendo que as estatísticas da PM consideram como consumados aqueles onde a morte já ocorreu ou ocorre durante o registro da ocorrência, o comandante quer articular uma estratégia conjunta para melhorar os resultados.
"A redução é timida, a gente tem consciência disso, mas é uma redução. A gente vai precisar desenvolver tendência de queda, a gente vai tentar um plano de redução de homicídios, conversando com Prefeitura, Judiciário, Polícia Civil e outros órgãos para tentar desenvolver uma estratégia mais contundente de redução ainda maior nos números de homicídios tentados e consumados", analisou coronel Nocelli.
Dos 1.624 roubos registrados, as principais categorias registraram queda, segundo os dados da PM:
- posto de combustíveis: 51 (2017) - 120 (2016) - redução de 57,50%
- estabelecimentos comerciais: 288 (2017) - 569 (2016) - redução de 49,38%
- motoristas de táxi: 59 (2017) - 103 (2016 - redução de 42,72%
- residência: 64 (2017) - 83 (2016) - redução de 22,89%
- transeunte: 980 (2017) - 1.251 (2016) - redução de 21,66%
- motorista e cobrador de coletivo: 80 (2017) e 90 (2016) - redução de 11,11%
"Sobre a repressão aos roubos, a gente tem que fazer policiamento inteligente, com estratégia e locais corretos, o que aumenta a possibildiade de prevenção deste delito e, mais que nunca, tirar de circulação os autores contumazes. A gente elegeu em todas as nossas companhias os top 10 e 20 dos criminosos reincidentes, para monitorar, cumprir mandado de busca e apreensão e providenciar a prisão deles", disse Nocelli.
Outra linha de combate é a apreensão de armas de fogo. "A gente está preocupado porque pistolas começam a chegar com mais intensidade na cidade. Buscamos essas informações com trabalho de inteligência; apreendemos três submetralhadoras de fabricação artesanal e uma réplica de fuzil. A gente precisa retirar estas armas de circulação porque é utilizada para cometer homicidios e roubo", comentou o comandante.
Outras estatísticas apresentadas apontam que, em Juiz de Fora, 6.894 pessoas foram presas ou apreendidas em 2017, índice 27,36% superior aos 5.413 registrados em 2016. Detenções em flagrantes subiram 30,10%, de 4.040 em 2016 para 5.256 em 2017. De acordo com a PM, foram realizadas 12.045 operações da PM em 2017 contra 14.476 em 2016. "Na cidade, optamos por menos ações, mas de maior qualidade e resultado", afirmou Nocelli.
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