quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

MUNDO

Após meses de insultos, Trump se diz aberto a negociar com a Coreia do Norte

O presidente norte-americano, Donald Trump, hoje no Conselho de Ministros celebrado na Casa Branca.
© EFE O presidente norte-americano, Donald Trump, hoje no Conselho de Ministros celebrado na Casa Branca.
Tudo é frágil. Os falcões militares e o presidente norte-americano mantêm seu objetivo intacto: a Coreia do Norte deve abandonar o programa nuclear e balístico. Para alcançar essa meta, estão dispostos a continuar fechando o cerco e, caso se sintam ameaçados, Trump chegou a afirmar que não hesitaria em destruir seu inimigo. Pyongyang tem se mostrado firme em todos os momentos. Apesar das sanções e condenações internacionais, declarou ser um Estado nuclear no início do ano e recordou que “todo o território dos EUA está ao alcance” de sua bomba atômica.
Nesse contexto, a tensão parecia destinada a uma nova escalada, mas o regime norte-coreano buscou uma válvula de escape e se ofereceu para sentar e negociar com o Sul. O sinal de abertura foi rapidamente aceitou pelo vizinho. E as conversas começaram a dar resultado. Na primeira jornada realizada esta semana, Pyongyang anunciou que, em fevereiro, participaria dos Jogos Olímpicos de Inverno no Sul. Também se mostrou disposta a abrir um diálogo militar para “resolver as tensões atuais” entre ambos os países.
Visto no microscópio, esse movimento representa, mais do que um grande avanço, um respiro numa área saturada pela ameaça nuclear. Os sul-coreanos terão assegurada uma Olimpíada sem sobressaltos; já os vizinhos do Norte alteram uma dinâmica que os havia levado ao mais absoluto isolamento. Mas o grande problema, o armamento norte-coreano, fica sem resolver. A abertura de uma negociação direta entre Pyongyang e Washington parece, segundo alguns especialistas, a única via para solucionar a questão.
É um caminho que Washington nunca rejeitou. A expressão mais clara disso veio em dezembro através do secretário de Estado, Rex Tillerson. Apenas duas semanas depois do maior teste balístico norte-coreano, o chefe da diplomacia dos EUA ofereceu “um diálogo direto e sem condições prévias”. A proposta era excepcional. Abandonava a tradicional exigência de que a Coreia do Norte abrisse mão do arsenal nuclear e só pedia um “período de calma” para iniciar o diálogo.
“Não é realista dizer que eles só podem conversar se vierem à mesa prontos para prescindir de seu programa. Investiram muito nele [...]. Estamos dispostos a falar com a Coreia do Norte no momento que desejarem. Encontremos e falemos sobre o tempo, se for necessário, ou sobre se a mesa deve ser redonda ou quadrada, e depois comecemos a elaborar um mapa”, disse Tillerson numa conferência no think tank Atlantic Council.
Mas o diálogo, como é habitual no Governo Trump, logo ficou em segundo plano. Além do desdém manifestado pela Casa Branca, que se apressou em dizer que aquele não era o momento para conversas, vieram os longos discursos do Líder Supremo, Kim Jong-um, e os tuítes de Trump. O cenário de distensão se transformou em outro, de conflito. “Kim Jong-un disse que o botão nuclear está em sua mesa o tempo todo. Alguém pode dizer a esse regime depauperado e faminto que eu também tenho um botão, mas que o meu é muito maior e mais poderoso que o dele, e que funciona?”, disse o presidente no Twitter.
Passada a turbulência, e ante o bom começo de negociações entre as duas Coreias, Washington retomou a proposta do diálogo. Qualquer passo, segundo os especialistas, deve ser acompanhado por uma interrupção dos testes nucleares e balísticos, bem como de algum indicador de que há disposição para o diálogo. A Coreia do Norte ainda não respondeu. A bola, desta vez, está em seu campo.

Moon atribui o “mérito” a Trump

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, respaldou ontem Donald Trump. Numa declaração destinada a satisfazer o ego do mandatário norte-americano, Moon ressaltou que grande parte do mérito pelas conversas entre Seul e Pyongyang cabe ao republicano.
Para a Casa Branca, o diálogo entre as duas nações é fruto da política de pressões e sanções implementada pelo presidente logo após assumir. Um cerco hoje integrado pela China e que tem cortado as fontes de recursos da Coreia do Norte até deixá-la à beira da asfixia.

FONTE: EL PAÍS

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