quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Educação prisional



Educação prisional

 

Alfabetização no cárcere contribui para a ressocialização

23/01/2018 17:17h
“Eu fui resgatado pela literatura e pela oportunidade que tive aqui dentro do cárcere. Quando cheguei aqui eu não sabia ler e nem escrever e hoje eu já vejo um mundo diferente e quero algo melhor pra mim”. A afirmação é de Eliezer Pereira, de 37 anos, um dos 16 detentos custodiados no Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), que recebeu nesta terça-feira (23) o certificado de conclusão do projeto “Tempo de Ler”.
O projeto é uma parceria entre a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) e o Instituto Brasileiro de Educação e Meio Ambiente (Ibraema) e oferece alfabetização para pessoas privadas de liberdade.
O projeto começou a funcionar no CRC em março do ano passado e desde então tem sido um sucesso. Nele, os facilitadores são os próprios internos, empregados para fazer a mediação do conhecimento junto aos outros apenados. “Os coordenadores do Ibraema vieram de Recife no início do projeto, para capacitar os presos que iriam ser facilitadores, assim como disponibilizaram todos os livros para que eles pudessem utilizar em sala de aula”, explicou Lindomar Espíndola, coordenadora de Educação Prisional do CRC.
O “Tempo de Ler” iniciou no cárcere em maio de 2016, com duas turmas no Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua. Hoje, o projeto já acontece também no Centro de Recuperação Feminino de Marabá (CRFMAB); Centro de Recuperação Regional de Redenção (CRRR); Centro de Recuperação Regional de Mocajuba (CRRMOC); Centro de Recuperação Regional de Breves (CRRBREVES); Presídio Estadual Metropolitano I (PEM I) e no Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC). No total, mais de 170 detentos já foram alfabetizados graças ao projeto.  
Segundo o último levantamento realizado em dezembro/2017, no Relatório Susipe em Números, mais de 26% da população carcerária do Pará está envolvida em algum tipo de atividade educativa carcerária. A taxa está acima da média nacional que é de 12%.
“A Susipe consegue resultados, como o de hoje, graças as parcerias que tem com empresas públicas e privadas, além dos servidores que também são incansáveis nessa luta com a gente no dia a dia. A educação é o primeiro passo para a ressocialização e nós só esperamos que esse conhecimento que estamos repassando aqui, seja sempre multiplicado”, disse Ivaldo Capeloni, diretor de Reinserção Social (DRS) da Susipe
O detento Regicleison Costa, de 34 anos, é um dos facilitadores do “Tempo de Ler”. Ele diz que o projeto veio para aumentar ainda mais a vontade de entrar na faculdade para cursar pedagogia.
“A minha família é formada por pedagogos. São nove no total e eu pretendo aumentar esse time. Para mim é um prazer ensinar e eu só tive essa oportunidade aqui dentro (na cadeia). A partir de agora quero seguir em frente, fazer uma faculdade e dividir o meu conhecimento com outras pessoas”, disse o interno.
Música – Nesta terça também aconteceu a certificação da turma de violão, através do projeto de música “ASAFE”, criado dentro do CRC pela professora Lindomar Espíndola.
“O nome do projeto foi baseado em um levita que escrevia salmos para instrumentos de cordas, que é justamente o que eles tocam. As aulas são ministradas por um detento, que já tinha o conhecimento dessa arte e decidiu ensinar os outros internos a tocar violão”, explicou Lindomar.
O detento Wagner Magalhães, de 45 anos, é quem coordena a turma de violão no CRC e já formou o primeiro grupo de músicos. “Estou formando uma turma de seis alunos agora, que jvão passar para o nível avançado e já vamos começar uma nova turma de nível básico. Estou muito feliz com a experiência”, disse o detento.  
“Tudo isso que hoje estamos comemorando aqui é mérito dos internos, que estão aproveitando a oportunidade que estamos dando a eles. Nós como facilitadores nesse projeto de ressocialização temos obrigação em fazer com que isso aconteça, para trazer resultados positivos como esse. Eu acredito que a educação seja através dos livros, da música, da cultura, é o ponto principal para que essas pessoas voltem ao convívio da sociedade com um outro pensamento”, concluiu Dorotéia Lima, diretora do CRC.
Por Timoteo Lopes

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