População carcerária do DF dobra em 10 anos; GDF diz não ter estudos para próxima década
Em 2008, Distrito Federal tinha 7,4 mil internos; atualmente 15,7 mil cumprem pena em regime fechado. Apesar de superlotação, governo admite não ter estudos sobre perspectivas para próximos anos.
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Detentos na Papuda em 2013 (Foto: Ministério Público/Divulgação)
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostram que a população carcerária do Distrito Federal saltou de 7,4 mil internos, em 2008, para 15,7 mil em janeiro deste ano. Mesmo que o número de presos tenha mais que dobrado em uma década, o governo do DF admite que não traçou perspectivas de crescimento ou redução para os próximos dez anos.
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Diante da informação, o G1 consultou especialistas em Segurança Pública para explicar as consequências da ausência de planejamento sobre o aumento da população prisional. Os pesquisadores entrevistados foram unânimes ao afirmar que "não se pode fazer políticas públicas sem estudos".
A professora de direito penal e criminologia da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) Cristina Zackseski afirma que os governos estaduais e distritais "não assumem como prioritária a gestão da população prisional" e culpa a política criminal adotada no país – considerada pela pesquisadora como "punitivista" e "equivocada". Para ela, é a principal causa da superlotação em presídios.
"Não estamos punindo pouco. Continuamos prendendo ladrões de galinha e pequenos traficantes."
A afirmação da pesquisadora vai ao encontro de um outro dado da Secretaria de Segurança Pública. De acordo com a pasta, a maioria dos presos do DF – homens e mulheres – está custodiada por crimes contra o patrimônio e tráfico de drogas. No entanto, a SSP não confirmou o percentual atribuído a estas infrações no universo total de pessoas presas.
"Estamos prevenindo pouco e com a decisão [do governo federal] de congelar o teto dos gastos com saúde e educação até 2036, vamos piorar esta grave falha", pontua Cristina. Para a especialista, o "excesso de punições" geraria problemas de gestão no sistema e também de segurança para todos os envolvidos.
"Isso causa uma crise de legitimidade do próprio sistema."
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