Inflação é a menor em 19 anos, mas DF fica acima da média

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O ano de 2017 terminou com a inflação um pouco menor que a meta de 3% do Banco Central para o período – 2,95%, já retirando a margem de erro de 1,5%. Segundo o IBGE, esse foi o menor índice desde 1998, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 1,65%. Em Brasília, porém, a situação foi diferente. O índice na Capital foi de 3,76%: o maior entre as capitais, empatando só com Goiânia, e ficando acima da média brasileira.
Em 2016, o IPCA fechou o ano em 6,29%. A diferença para 2017 foi de 3,34 pontos percentuais. Enquanto o governo comemora a queda, a população fica atenta ao supermercado, já que o principal responsável pela diminuição do índice foram a alimentação e as bebidas, que representam 25% das despesas das famílias brasileiras. A queda foi de 1,87%, em especial nos alimentos para consumo em casa.
Só o feijão carioca, item essencial na mesa de muitas famílias, teve uma diminuição de 46,06% em todo o Brasil e de 41,89%, no DF. Para a analista administrativa Alessandra Ferreira, 43, o produto deixou de ser um vilão e voltou às panelas de sua casa. Ela, inclusive, comemorou ao ver o preço de R$ 3,49/kg, já que chegou a comprar um saco até pelo dobro desse valor.
O preço do leite também a animou. Depois de ter comprado a caixa por quase R$ 4, ver a unidade por pouco mais de R$ 2 foi muito bom. “Não consegui abandonar o leite. Acompanho o preço e agora está bem melhor. Dá até para compra mais”, afirma Alessandra. Em Brasília, a queda no valor do leite longa vida – 11,37% – ficou maior que no Brasil, 8,44%.
Transportes puxam alta
Porém, quando Alessandra lembra do que paga pelo litro da gasolina, se entristece: “Sem ter como utilizar transporte público, acabo pagando a gasolina, mesmo cara . Acabo me privando de outras coisas e fico a procura de postos no Plano Piloto que sejam mais baratos”. Os constantes aumentos na gasolina, por conta da política de preços da Petrobras e da alta de impostos, totalizando 17,86%, e a elevação de 25% no preço da passagem de ônibus puxaram os índices do DF para cima.
Assim, Brasília chegou a 3,76% de acumulado em 2017 no IPCA, com a maior inflação do país no ano passado. O conselheiro do Conselho Federal de Economia Ronalde Lins analisa que os brasilienses perderam parte poder de compra e sofrem com a diminuição de investidores com a pecha de local com maior inflação. Para ele, seria preciso que o governo pensasse um pouco mais em como amenizar esses problemas para a população.
O economista reconhece que o índice melhorou em relação ao acumulado em 2016 – 5,62%, mas ainda tem muito o que caminhar. Em relação ao Brasil, ter ficado abaixo da meta é importante, porém a inflação ainda corroeu o salário da população. Além disso, é preciso combater o desemprego. “Não adianta diminuir IPCA e taxa de juros se a população não tem emprego para comprar. O crescimento tem que estar aliado a geração de emprego, pois para quem está desempregado continua a mesma complicação”, ressalta.
E o salário fica cada vez mais mínimo
O reajuste do salário mínimo ficou abaixo da inflação de 2017. O cálculo costuma ser feito com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que encerrou o ano acumulado em 2,07%. O governo, no entanto, utilizou o percentual de 1,81% para calcular o reajuste, vale desde 1º de janeiro.
Caso fosse corrigido pela inflação observada, o salário mínimo teria subido de R$ 937 para R$ 956, em vez dos R$ 954 válidos atualmente. Com a diferença, o governo prevê economizar R$ 3,4 bilhões.
Essa é a menor correção aplicada ao salário mínimo desde 1995, primeiro ano após a criação do Real.
Por lei, esse valor é corrigido levando em conta a inflação no ano anterior e o PIB de dois anos anteriores.
Aposentado ainda perde para preços
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como referência para o reajuste dos benefícios previdenciários, acumulou 2,07% em 2017, segundo o IBGE. É a menor taxa anual registrada desde a implantação do Plano Real.
Com isso, pelo segundo ano consecutivo o reajuste das aposentadorias e benefícios do INSS de quem ganha acima de 1 salário mínimo deverá ser superior ao aumento do salário mínimo, que teve reajuste de 1,81% e passou de R$ 937 para R$ 954 no dia 1º de janeiro – o menor aumento em 24 anos.
Versão oficial
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse ontem que a volta da inflação para a meta de 4,5% em 2018, como previsto, está relacionada à retomada da economia e o crescimento do emprego. “Para nós é normal haver essa volta porque ela está associada ao crescimento. Ela não atrapalha o crescimento da economia, mas está associada a ele”, respondeu. Ilan citou que houve reação dos preços dos alimentos em dezembro e avaliou que isso mostra por que o Banco Central precisa ter cuidado ao reagir a choques de alimentos. “Por isso o BC deve deixar os preços de alimentos caírem ou subirem, e controlar o resto dos preços”, explicou.
FONTE:João Paulo Mariano/ Jornal de Brasília
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