sábado, 27 de janeiro de 2018

DF

Blocos de carnaval de Brasília se unem contra assédio e violência na folia


Campanha #FoliacomRespeito surgiu em virtude do crescimento no número de denúncias no ano passado
Pedro Lino/Divulgação

No ano passado, durante os quatro dias de carnaval, as denúncias de assédio sexual subiram 90% em todo o Brasil, de acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres. Só no Distrito Federal foram registradas mais de 2 mil ocorrências no período, número similar ao registrado no mesmo período no Rio de Janeiro, considerado um dos maiores carnavais do país.
 
O aumento dos incidentes, o fato de o carnaval ser um período em que o problema fica ainda mais exposto (com casos de puxões de braço e cabelo, beijos forçados e estupros) e por inspiração de projetos em outras cidades, um coletivo formado por produtores, artistas e pessoas ligadas aos blocos alternativos do carnaval brasiliense lançou a campanha #FoliacomRespeito. “Ela veio de uma necessidade que os blocos já tinham verificado no ano passado com o crescimento dos casos e denúncias. Isso porque muitas pessoas sofrem assédio e acabam se sentindo coagidas e não denunciam. Era algo urgente e necessário”, explica Letícia Helena, do grupo Cantigas Boleráveis, integrante do Bloco do Amor e uma das envolvidas na campanha.
 
Com apoio de 33 blocos alternativos, o objetivo é empoderar as mulheres e também as minorias, como o público LGBT, que se tornou alvo de violência no período em 2017, para se manifestar em casos de violência e assédio. O objetivo principal é pregar também o sentimento de respeito ao longo da folia, que já teve início com as festas pré-carnavalescas e segue até depois do carnaval com as ressacas. “No nosso bloco (Vai com as Profanas), a gente deixa sempre muito claro que não tolera homofobia e machismo. Toda a nossa comunicação é de tentar passar uma mensagem de respeito que veio muito a casar com a campanha articulada pelos blocos”, explica Gabriela Alves, do Bloco Vai com as Profanas, um dos apoiadores do projeto.
 
Totalmente independente, a campanha foi pensada e bancada pelos blocos da cidade que fizeram uma vaquinha entre eles mesmos, em que arrecadaram R$ 1 mil. O valor foi utilizado para a divulgação do projeto, a concepção de vídeos, flyers (confira acima)e até de tatuagens temporárias, essas últimas feitas pela marca local Conspiração Libertina, que já tem como diretriz esse tipo de mensagem, como “Não é não”, “Respeitas as minas, as monas e as manas” e “Meu corpo, minhas regras”.
 
Parte da campanha começou a ser divulgada na internet e, a partir deste fim de semana, tomará as ruas nos blocos integrantes que desfilarão nesse período. É o caso de Vai com as Profanas, Maria Vai Casoutras, Bloco do Amor, Bloco das Divinas Tetas (que estará no projeto Imagina no Carnaval) e todo o chamado “Setor Carnavalesco Sul”, localizado no Setor Comercial Sul. “Esse é um dos temas que acaba sendo deixado de lado no carnaval. Nossa ideia é que as pessoas se sintam empoderadas o suficiente para construir um canal de comunicação”, analisa Letícia Helena.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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