quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Lideranças pedem atualização do Plano Nacional de Juventude, que aguarda votação na Câmara

Lideranças pedem atualização do Plano Nacional de Juventude, que aguarda votação na Câmara

Representante da UNE critica teto dos gastos e secretário do governo defende “bom senso” no uso do dinheiro público
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Comissão geral para debater o PL 4.530/04, que dispõe sobre o Plano Nacional de  Juventude
O Plano Nacional de Juventude, que aguarda votação na Câmara, cria políticas públicas para beneficiar jovens entre 15 e 29 anos 
Jovens representantes de entidades estudantis, da juventude e de partidos políticos defenderam a atualização do Plano Nacional de Juventude (Projeto de Lei 4530/04), que aguarda votação do Plenário da Câmara dos Deputados. A demanda é para que, passados mais de dez anos desde que foi aprovado pela comissão especial que o analisou, o plano seja modificado para atender aos atuais anseios da juventude brasileira por educação, trabalho, cultura, saúde e segurança.
A intenção da proposta é criar políticas públicas específicas que beneficiem a população com idade entre 15 e 29 anos, estimada em mais de 51 milhões de pessoas. O assunto foi discutido nesta quinta-feira (14) em comissão geral no plenário da Câmara, a pedido dos deputados Baleia Rossi (PMDB-SP) e André Amaral (PMDB-PB).
Em discurso lido por André Amaral, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, considerou ser “essencial verificar a atualidade do texto, se está em consonância com a realidade da juventude brasileira no presente momento”. 
Educação
O secretário de Juventude da Câmara, deputado Rafael Motta (PSB-RN), defendeu um plano de juventude que enxergue essa faixa etária como potencial de crescimento para o País e com inserção do jovem na política brasileira. “O desemprego e a violência não podem ser os temas centrais no que diz respeito à nossa juventude. A educação de qualidade tem que ser uma regra no nosso país”, declarou.
O governo federal já trabalha na atualização do plano, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Quatro audiências públicas foram realizadas em quatro regiões do País, faltando apenas o Norte. A nova versão do plano também está em consulta pública no portal da Secretaria Nacional de Juventude até esta sexta-feira (15).
O Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) deverá colaborar com a implementação e a fiscalização da nova lei, quando ela for aprovada.
Resultados
Na avaliação do presidente nacional do PSC Jovem, Samuel Oliveira, o novo texto deve sair do campo utópico e traçar metas e objetivos para gerar resultados. “Tramitando desde 2004, o plano foi criado a partir da percepção de que o País precisava atender aos direitos dos jovens, mas o texto já não atende a atual necessidade deles”, disse.
Segundo a representante do Levante Popular da Juventude, Katty Hellen, essas necessidades atuais passam pela ampliação do debate crítico e político da juventude dentro das escolas, pela garantia do primeiro emprego e de incentivos para produção cultural juvenil. Na avaliação dela, porém, as reformas do ensino médio e a trabalhista atrapalham a realização desses objetivos.
“Como ampliar o acesso da juventude dentro da educação se temos uma política de teto de gastos?”, questionou. “E temos uma reforma trabalhista que não deixa o jovem trabalhar e o deixa sem garantia de carteira de trabalho e de aposentadoria.”
A diretora de Relações Institucionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, acredita que o desafio é dar uma nova perspectiva para a juventude negra, a LGBT e a que está na periferia das cidades. Assim como Katty Hellen, Brelaz disse que a emenda à Constituição que impôs limite aos gastos do governo pode atrapalhar a tarefa. “Com limitação orçamentária, a gente não vai conseguir”, afirmou.
Estrutura
Por outro lado, o presidente do Fórum Nacional de Gestores Municipais de Juventude, Maicon Nogueira, ressaltou a dificuldade de fazer gestão sem estrutura. “Se não aprovarmos reformas estruturais, essa mesma juventude vai sofrer consequências devastadoras e não vai conseguir se aposentar daqui a alguns anos”, alertou. Para ele, o teto de gastos é o primeiro passo para reequilibrar as contas públicas e garantir o plano de juventude.
O secretário nacional de Juventude, Assis Filho, acrescentou que o teto de gastos é um bom senso no uso do dinheiro público. Em resposta às críticas, ele disse também que os governos anteriores tiveram a chance de aprovar o Plano Nacional de Juventude, mas não o fizeram.


ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Roberto Seabra

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