sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Reservatório do Descoberto atinge 5,5%, e governo do DF diz 'esperar pelas chuvas'

Reservatório do Descoberto atinge 5,5%, e governo do DF diz 'esperar pelas chuvas'

Nível é apenas 0,5 ponto percentual acima dos 5% vistos pela Caesb como 'preocupantes'. Ao G1, Rollemberg afirmou que 'neste momento, não trabalha com hipótese do racionamento de 48 horas'.

O governador Rodrigo Rollemberg reuniu-se com o diretor do Inmet, Francisco de Assis para avaliar a situação climática do DF (Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília)O governador Rodrigo Rollemberg reuniu-se com o diretor do Inmet, Francisco de Assis para avaliar a situação climática do DF (Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília)
O governador Rodrigo Rollemberg reuniu-se com o diretor do Inmet, Francisco de Assis para avaliar a situação climática do DF (Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília)
O reservatório do Descoberto – que abastece 2 em cada 3 imóveis residenciais, comerciais e industriais do Distrito Federal – atingiu o volume de 5,5% nesta quinta-feira (23). O nível é apenas 0,5 ponto percentual acima dos 5% vistos pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) como "preocupantes".
Em outubro, a companhia havia informado que seria possível manter o ritmo atual de abastecimento e racionamento, pelo menos, até que o reservatório do Descoberto atingisse a cota de 5%. Antes, o "gatilho" para reduzir a captação de água na bacia era de 9%.
Nesse mesmo mês, a bacia do Descoberto baixou 1,5 ponto percentual (de 7% para 5,5%) em meros seis dias, segundo a medição da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa). Mesmo com a proximidade do limite, o governador Rodrigo Rollemberg afirmou ao G1, nesta quinta, que segue "esperando pelas chuvas".
“Nós contamos que, com as chuvas de novembro e de dezembro, tenhamos um aumento do volume das águas da bacia do Descoberto, como tradicionalmente acontece neste período. Estamos em permanente observação para tomarmos as medidas que tragam segurança e, ao mesmo tempo, menos desconforto para a população de Brasília”, diz Rollemberg.
À tarde, o governador se reuniu com o diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Francisco Diniz, o diretor-presidente da Adasa, Paulo Salles, e o presidente da Caesb, Maurício Luduvice. No encontro, os gestores analisaram as previsões meteorológicas para o fim deste mês.
“Tivemos um volume de chuva razoável neste mês de novembro, mas, exatamente, na barragem do Descoberto, onde mais precisamos, nós tivemos um volume de chuvas 50 milímetros a menos do que em outras regiões do DF", afirmou o chefe do Buriti.
"Há previsão de chuvas para esta última semana de novembro. E há previsões apresentadas pelos modelos do Inmet, de chuvas mais intensas na primeira semana de dezembro, até dia 8.”

Chuvas instáveis

Embora a capital tenha acumulado 196,7 milímetros de chuva até a última quarta-feira (22) – a média prevista pelo Inmet para todo o mês de novembro é de 231,1 milímetros –, os níveis dos reservatórios só diminuem, dia após dia. A bacia de Santa Maria operava, tarde desta quinta (23), com 21,9 da sua capacidade. Na última segunda, o volume do reservatório era de 22,3%.
Mesmo diante desse cenário, a Caesb não divulgou quando o plano de racionamento de dois dias consecutivos será implementado na capital. O projeto foi enviado à Adasa há exatamente um mês.
A medida foi autorizada mas, mesmo depois dessa assinatura, a companhia mantém o seu conteúdo sob sigilo. De acordo com o governador do DF, neste momento, o Palácio do Buriti não trabalha com a hipótese de um rodízio de 48 horas.
Margem da barragem do Descoberto com 11,7% de água, em imagem feita em 16 de outubro de 2017 (Foto: Pedro Ventura/GDF/Divulgação)Margem da barragem do Descoberto com 11,7% de água, em imagem feita em 16 de outubro de 2017 (Foto: Pedro Ventura/GDF/Divulgação)
Margem da barragem do Descoberto com 11,7% de água, em imagem feita em 16 de outubro de 2017 (Foto: Pedro Ventura/GDF/Divulgação)
Desde quando a proposta foi elaborada, o G1 tenta obter acesso ao documento. Em nota, a Caesb afirmou que “o plano de racionamento de 48 horas é uma decisão estratégica da Companhia e só será divulgado quando for aplicado”.

Mais sigilo

Na última quarta-feira (22), o G1 entrevistou o presidente da companhia, Maurício Luduvice. Ao ser questionado sobre as curvas de acompanhamento do Descoberto, controladas pela Adasa, Luduvice disse que o atual nível da barragem é “preocupante”, mas não detalhou quando medidas mais severas em relação ao rodízio de água serão aplicadas.
Nesta quinta, Luduvice afirmou que “espera não usar o plano de racionamento de 48 horas".
“O plano existe. Planos de contingência, a gente faz o tempo todo. A gente espera não utilizar (...). Estamos trabalhando para evitar um segundo rodízio, que é ruim para todo mundo.”
Em maio, a Adasa passou a realizar um controle do nível de metas para os reservatórios do DF por meio das curvas de acompanhamento. O objetivo, de acordo com a agência, é adotar possíveis medidas para assegurar o volume adequado dos reservatórios. A meta do Descoberto para o mês de novembro era 12%.
“A curva é uma orientação. Ela não perdeu o seu papel. A gente finalizou os estudos e estamos trabalhando com a cota de 5% na bacia [Descoberto] para novembro. O ideal é a que gente não atinja esse nível”, afirmou o presidente da companhia.

Obras da Caesb

Durante o encontro na sede do Inmet, o presidente da Caesb, Maurício Luduvice, disse que “a companhia espera pela chuva, mas não espera parada”. O gestor listou algumas das obras que foram feitas no sistema de captação de água no Distrito Federal.
O governador Rodrigo Rollemberg e o ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, inauguram obra emergencial de captação de água do Lago Paranoá (Foto: Bianca Marinho/G1)O governador Rodrigo Rollemberg e o ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, inauguram obra emergencial de captação de água do Lago Paranoá (Foto: Bianca Marinho/G1)
O governador Rodrigo Rollemberg e o ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, inauguram obra emergencial de captação de água do Lago Paranoá (Foto: Bianca Marinho/G1)
A Caesb inaugurou, em 2017, obras que aumentaram a captação de água em 16,5%. Segundo cálculos da própria empresa, a capacidade de puxar água da natureza passou de 9.500 litros por segundo para 11.076 litros por segundo, no auge de captação.

As obras:

  1. o subsistema do Bananal, capaz de retirar uma média de 726 litros por segundo do córrego. A obra custou R$ 20 milhões, bancados pela Caesb com financiamento do Banco do Brasil, e deve contribuir com o abastecimento de 170 mil habitantes de áreas como Asa Norte, Sudoeste, Cruzeiro e Noroeste.
  2. a obra emergencial de captação do Lago Paranoá, que retira cerca de 700 litros por segundo do lago artificial, em uma estação no Setor de Mansões do Lago Norte. A estrutura custou R$ 42 milhões, pagos pelo Ministério da Integração Nacional, e envia água para o sistema Santa Maria/Torto.
g1

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