quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Mulher escreve livro sobre experiência com bolsa coletora após luta contra o câncer: 'Me devolveu a vida'

Mulher escreve livro sobre experiência com bolsa coletora após luta contra o câncer: 'Me devolveu a vida'

Com bum humor, Cristiane Gomes da Luz aborda assunto particular após descoberta de câncer de ovário e metástase, no ano passado. Durante o tratamento, ela passou a usar uma bolsa de ileostomia, uma espécie de recipiente adesivo externo para armazenar as fezes.

Cristiane escreveu um livro sobre um aspecto particular da luta contra o câncer (Foto: Arquivo pessoal)Cristiane escreveu um livro sobre um aspecto particular da luta contra o câncer (Foto: Arquivo pessoal)
Cristiane escreveu um livro sobre um aspecto particular da luta contra o câncer (Foto: Arquivo pessoal)
Há quem queira esquecer a experiência de enfrentar um câncer. Mas também existe quem prefira registrar cada passo da luta contra a doença.
É o caso da porto-alegrense Cristiane Gomes da Luz, 38 anos. No ano passado, ela descobriu um câncer no ovário. Mas não foi só isso. Em poucos dias, exames apontaram uma constatação ainda mais grave: já era metástase.
Com a saúde bastante fragilizada, ela passou por cirurgia em vários órgãos e iniciou um tratamento com quimioterapia às pressas. Durante o processo, resolveu escrever um livro: "A Mulher de Bolsa", com lançamento nesta quinta-feira (23), em Porto Alegre.
"Minha mensagem é muito positiva. Não podemos perder a esperança. Nenhum diagnóstico é definitivo quando se tem amor e vontade de viver", afirma ela ao G1. "Quis escrever para dar esperanças para quem vai enfrentar essa doença tão cruel que tira vidas, mas que transforma outras tantas".
Mas não é só um livro sobre câncer. É sobre um aspecto bem particular a respeito de uma das consequências da metástase.
Na época do diagnóstico, Cristiane achou que o tumor estava concentrado apenas no aparelho reprodutor. Mas ele já estava espalhado. "Tirei vesícula, apêndice, um pedaço do baço, um pedaço do intestino", lembra ela.
Por conta da última remoção, Cristiane passou a usar uma bolsa de ileostomia, uma espécie de recipiente adesivo externo usado por quem tem uma abertura na região abdominal, para armazenar as fezes. E é disso que o livro trata.
"O assunto ostomia é muito pouco falado. Hoje já existem alguns blogs que falam do assunto, mas acredito que esse é o primeiro livro que fala sobre ostomia, na visão do paciente. E eu falo sobre tudo, desde situações mais corriqueiras como se vestir com a bolsa até as mais constrangedoras", conta.
Ela inclusive batizou a bolsa: Louis, uma referência à famosa marca italiana Louis Vuitton. "Não era uma bolsa qualquer, era uma bolsa que me devolveu a vida, precisava dar um nome carinhoso para ela. É uma brincadeira que todos os pacientes ostomizados fazem com suas bolsas", diverte-se.
Para concluir o livro, ela contou com apoio do oncologista Stephen Stefani, que acompanhou de perto o tratamento de Cristiane, e da escritora Ana Emília Cardoso, autora de "A Mamãe é Rock".
"Queria que meu médico lesse e me dissesse se tinha algum termo médico ou técnico errado. Ele gostou muito do que leu, deu bastante risada, inclusive. Depois a Ana Emília também leu e adorou, inclusive ela é uma das revisoras do livro e a pessoa que me deu os caminhos para publicar", explica.
Casada e mãe de dois filhos, João, de 5, e Maria, de 9 anos de idade, Cristiane se armou de autoestima e positividade para encarar a doença de uma forma mais tranquila. Ela chegou a organizar um chá de lençocom as amigas e fez um ensaio de fotos com o cabelereiro, dando adeus aos longos cabelos de que tanto gostava antes da quimio.
"O início do tratamento do câncer é muito assustador mas conforme vai se desenrolando você vai percebendo que não é todo esse monstro. A gente vai aprendendo a lidar com a dor e com as dificuldades, o tempo e a força dos amigos ajuda muito nessa construção da autoestima contra o câncer. Ninguém começa com superpoderes, a gente vai vencendo essa luta a cada dia", afirma.
Hoje Cristiane encara a recidiva do câncer - quando o paciente trata o tumor, mas algum tempo depois, a doença volta a se manifestar. E nem isso a deixa para baixo.

g1

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