terça-feira, 17 de outubro de 2017

MEIO AMBIENTE

Cristalina, em GO, sofre com a falta de chuva e a má distribuição da água

Resultado de imagem para agricultura de cristalina goiás
Créditos: Reprodução Revista Globo Rural

O Globo Rural vem retratando, ao longo dos anos, a complicada situação de várias regiões quando o assunto é água. Às vezes, o problema é a falta de chuva, em outras, o desperdício e a má distribuição. Na maioria dos casos, é tudo junto.
Cristalina, em Goiás, não foge desse cenário. A reportagem especial mostra um raio-x da situação da água, nesse que é um dos principais polos de irrigação do país.
A água chegou no cerrado goiano e molha o cafezal na hora certa, mas a chuva é falsa.
Cristalina é a terra da irrigação. O horizonte seco vai só até o próximo pivô, são 716 deles em 6162 km quadrados. Junto com os vizinhos mineiros, Unaí e Paracatu, essa é a maior concentração de pivôs do Brasil.
Os primeiros pivôs surgiram no início da década de 1980 e a irrigação trouxe muitas vantagens, controlar a água é ter mais segurança caso a chuva não venha no momento necessário. É também aumentar o número de safras por ano e ampliar a gama de produtos. Hoje Cristalina tira do campo mais de 45 produtos diferentes.

Batata, cebola, tem feijão pra todo lado. Até morango tem, produtos que vão pra mesa de milhões de brasileiros, em todo o país. Sem irrigação, os produtores conseguiriam tirar da terra, no máximo, quatro produtos.
Mas os últimos anos foram críticos para essa parte do cerrado. A pouca chuva fez rios, como o Paracatu, ficarem quase secos. A estiagem, só desse ano, durou quatro meses e muitos agricultores tiveram que reduzir a irrigação.
Na fazenda Pamplona, propriedade de uma gigante agrícola do Brasil, é época de irrigação do trigo e colheita do algodão, hoje o carro-chefe. Dos 20 mil hectares plantados, 13% são irrigados em 22 pivôs.
“Nessa área irrigada, a gente consegue plantar duas safras e meia durante o ano agrícola. Se não fosse a irrigação, hoje a gente só conseguiria fazer uma safra”, explica Rafael Bellé, engenheiro agrônomo.
Há cinco anos a fazenda mede chuvas abaixo da média histórica, cerca de 20% menos. Só não faltou água por um motivo: barragens enormes. São duas, a maior delas, no leito do Rio Samambaia, tem 190 hectares de lâmina d'água para reservar a chuva.
A bacia do Rio Samambaia é a mais importante para a agricultura de Cristalina. Ao redor desser rio está boa parte dos produtores que usam irrigação.
Em 2014, eram 329 reservatórios no município, 60% mais que no ano 2000. O uso da água disparou e trouxe junto uma série de problemas.
É o caso da fazenda Maringá, que tem uma barragem em um afluente do Samambaia. Desde 1984, o paranaense Marcelino Sato viu a irrigação engatinhar. “Realmente, na época, a gente pensava na irrigação como um milagre nessa produção agropecuária. Mas não foi bem assim, conta.
A irrigação permitiu uma safra atrás da outra, mas com a terra sem descanso e sem cuidados, o solo se esgotou. A produtividade só caia. Foi a hora de parar e recomeçar.
Os técnicos da fazenda propuseram para Marcelino e para o filho Leandro um sistema de recuperação de solo, com uso de integração lavoura-pecuária. A família Sato investiu em curral, piquetes para gado e virou, também, pecuarista.
Ao todo hoje são cinco pivôs, um deles fica com capim e o gado, os outros com lavoura. Ao fim de dois ou três anos, o sistema gira.
A camada fértil do solo dobrou de tamanho com as mudanças. Com solo rico, as doenças foram controladas e o aproveitamento da água melhorou. A fazenda Maringá virou modelo em Cristalina.
Cristalina busca soluções e tem mais gente que saiu na dianteira, como a fazenda Figueiredo, que tem 2300 animais, mais de 800 em lactação, e uma produção de 28 mil litros de leite por dia. É muito leite e uma quantidade enorme de água usada na produção leiteira. Uma estação de captação da água e outra de tratamento do esgoto ajudam a propriedade.
Cristalina também é uma terra de pequenos produtores, aliás eles são maioria: 66% do total. Só que quando se olha para o número de irrigantes, aqueles que têm acesso à água, esse quadro muda completamente. Médios e grandes ficam com 93% das permissões de uso da água, enquanto os menores, só 6%.
Assista ao vídeo com a reportagem completa e veja como funciona o sistema de outorga, que é um documento necessário para o produtor usar a água, e como os pequenos sobrevivem neste cenário.

Fonte: Globo Rural

Nenhum comentário:

Postar um comentário