Um em cada
quatro jovens vai abandonar o Ensino Médio até o final do ano
Alunos de escola pública na pracinha da Escola Classe em Taguatinga/ DF Foto: Pedro Paulo/ Jornal
Central Brasil
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A cada ano, quase três milhões de jovens abandonam a escola
no Brasil. É o que apontou o estudo Políticas Públicas para Redução do Abandono
e Evasão Escolar de Jovens, elaborado pelo Ensino Superior em Negócios, Direito
e Engenharia (Insper) e divulgado hoje (17).
Ao final deste ano, um em cada quatro jovens entre 15 e 17
anos de idade vão abandonar seus estudos, não vão se matricular para o ano
seguinte ou serão reprovados. Isso corresponde a um universo de 2,8 milhões de
pessoas (27%), entre os 10 milhões de jovens estimados no país nessa faixa
etária e que deveriam, de acordo com a Constituição, estar frequentando a
escola.
Desse total de 10 milhões de jovens, cerca de 15% ou 1,5
milhão, sequer vão se matricular para o início do ano letivo. Do restante,
entre aqueles que se matriculam, cerca de 7% ou 700 mil jovens vão abandonar a
escola antes do final do ano.
Além disso, cerca de 600 mil alunos (5%) serão
reprovados por faltas, o que completa os 2,8 milhões de jovens que estarão fora
da escola a cada ano.
Segundo o estudo, mais da metade desses jovens (59% do total
ou cerca de 6,1 milhões) vai concluir o Ensino Médio com no máximo um ano de
atraso.
Além de todos os problemas que isso provocará para o futuro desse jovem
e para o país, a evasão (ausência de matrícula no início do ano letivo) e o
abandono escolar (desistência durante o ano escolar) dos jovens também implica
em prejuízo econômico: cerca de R$ 35 bilhões por ano são desperdiçados no país
por causa dessa realidade.
O estudo mostra ainda que houve uma estagnação na matrícula
dos jovens entre 15 e 16 anos e que a porcentagem de jovens de 17 anos fora da
escola cresceu 6 pontos percentuais nos últimos 15 anos, passando de 34% para
39,8%. Isso, segundo o estudo, contradiz uma tendência mundial: dados da Unesco
apontam que 74% dos países avançam mais rapidamente na inclusão de jovens de 15
a 17 anos que o Brasil.
Os dados revelam que mais da metade das nações tem menor
porcentagem de jovens fora da escola que o Brasil. Se manter este ritmo, o país
levará 200 anos para atingir a meta estabelecida no Plano Nacional de Educação:
universalizar o atendimento escolar para essa faixa etária – que, pelo plano,
deveria ter sido concluída no ano passado.
Solução para o desengajamento
As principais razões para o chamado "desengajamento dos
jovens", segundo o estudo, estão associadas à pobreza e à dificuldade de
acesso, tais como a falta de escolas na comunidade onde o jovem vive ou a falta
de recursos para o transporte até a escola. Há também questões relacionadas à inadequação
do currículo adotado, do clima escolar e da baixa qualidade dos serviços
oferecidos pela escola.
Para reverter o quadro, o estudo propõe a criação de
políticas públicas para diminuir o desengajamento como a garantia de acesso
principalmente para aqueles que vivem em áreas rurais ou que têm alguma
deficiência ou para jovens que cumprem pena privados de liberdade.
O estudo também propõe a criação de cursos
profissionalizantes, um sistema de aconselhamento, práticas esportivas e
artísticas, aumento das atividades à distância e flexibilização dos horários
das aulas e do modelo de avaliação para ajudar a reduzir a evasão escolar.
O estudo Políticas Públicas para Redução do Abandono e
Evasão Escolar de Jovens é organizado pela Fundação Brava, pelo Instituto Unibanco
e pelo Instituto Ayrton Senna e está disponível no site Galeria de Estudos e
Avaliação de Políticas Públicas, o Gesta.
Fonte: Agência Brasil
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