Flórida sofre êxodo em massa com aproximação de furacão Irma
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O governador da Flórida informou que todos os 20,6 milhões de moradores do estado devem se preparar para partir |
Agência France-Presse
As
autoestradas da Flórida estavam engarrafadas nesta sexta-feira, com
famílias fugindo de suas casas para escapar do furacão Irma, que se
aproxima deste estado do sudeste dos Estados Unidos, depois de matar ao
menos 17 pessoas e reduzir muitas construções a escombros em sua
passagem pelo Caribe.
Uma
fila interminável de carros serpenteava ao norte da península,
carregados com colchões, galões de combustível e caiaques, à medida que
os residentes foram levando a sério os alertas insistentes de
evacuação.
O governador da Flórida informou que todos os 20,6 milhões de moradores do estado devem se preparar para partir.
"Isto
é o mais real possível", dizia um aviso postado pelo Serviço
Meteorológico Nacional para Key West - uma das ilhas ao sul da Flórida
que serão as primeiras a enfrentar a fúria de Irma no sábado à noite.
"Nenhum lugar em Flórida Keys estará seguro. Você ainda tem tempo de sair".
"O
furacão Irma tem proporções épicas, talvez seja o maior que já vimos",
alertou o presidente Donald Trump no Twitter. "Fiquem em segurança e
saiam de seu caminho se possível".
Varrendo
tudo em sua passagem pelo Caribe, a monstruosa tempestade matou ao menos
17 pessoas ao atingir uma série de pequenas ilhas, como São Bartolomeu
(Saint Barth) e São Martinho (Saint Martin), onde 60% das casas viraram
escombros e cenas de saques foram registradas, antes de seguir para as
Ilhas Virgens e Porto Rico.
"Casas foram
esmagadas, o aeroporto está inoperante, postes de telefone e
eletricidade estão no chão", contou à AFP Olivier Toussaint, morador de
Saint Barth. "Carros de cabeça para baixo foram parar em cemitérios.
Barcos estão submersos na marina, lojas foram destruídas".
Durante
a noite, o Irma foi rebaixado de furacão de categoria 5 - algo raro -
para 4, ainda letal, e continua a trazer ventos extremamente perigosos
de 240 km/h.
Enquanto Irma avança em direção à
Flórida, os meteorologistas monitoram de perto outros dois furacões:
José - de categoria 4 que segue o caminho de Irma no Atlântico - e
Katia, que deve atingir o México nesta sexta-feira.
Ajuda interrompida no Caribe
O
furacão José prejudicou as operações de emergência no Caribe, já que a
piora do clima impediu que os barcos saíssem com provisões de emergência
e que as aeronaves decolassem.
Os poderosos
ventos de Irma começaram a ser sentidos no leste e no centro de Cuba,
onde cerca de um milhão de pessoas deixaram suas casas para ficar com
familiares ou em abrigos oficiais.
Maior ilha
do Caribe, Cuba já tinha evacuado dez mil turistas estrangeiros de seus
resorts de praia e elevou seu nível de alerta de desastre ao máximo à
medida que Irma se aproximava.
Havana deve ser poupada do pior, mas permanece em alerta de furacão.
Na
Flórida, onde meteorologistas alertam que a tempestade pode elevar em
até oito metros os níveis normais do mar, mais de meio milhão de pessoas
estão sob ordens de evacuação, provocando um êxodo em massa que é
dificultado por engarrafamentos e falta de combustível.
A
normalmente fervilhante Miami Beach estava deserta e as vitrines das
lojas, vedadas com tapumes, alguns com pichações como "Say no to Irma"
(Diga não a Irma) ou "You don't scare us Irma" (Irma, você não nos
assusta).
"Ninguém pode se preparar para uma
maré de tempestade [elevação do mar associada ao fenômeno climático].
Ela pode destruir tudo", declarou David Wallack, de 67 anos, dono de um
clube de salsa que fazia o seu melhor para garantir a segurança de sua
propriedade na Ocean Drive, em Miami.
"Só podemos rezar pelo melhor. Você coloca o que pode em uma mala e espera", acrescentou.
Carros
de polícia circulavam pelas vias costeiras de West Palm Beach,
repetindo a mensagem: "Atenção, atenção, esta é uma zona de evacuação
obrigatória. Por favor, saiam".
Na vizinha
Geórgia, o governador Nathan Deal também determinou a evacuação da
cidade de Savannah, com uma população de cerca de 150 mil pessoas, e de
outras zonas costeiras.
De acordo com o Centro
Nacional de Furacões, com base em Miami, Irma deve atingir as ilhas
Florida Keys na noite de sábado, antes de avançar pelo continente.
'Poderoso e mortal'
Às
17h00 locais (19h00 de Brasília) desta sexta-feira, o furacão estava
sobre o extremo norte de Cuba e a parte central das Bahamas, avançando
para o oeste com uma velocidade de 19 km/h.
"A tempestade é poderosa e mortal", advertiu o governador da Flórida, Rick Scott, em alusão a Irma.
"Não ignorem as ordens de evacuação. Todos devem se preparar para a evacuação em breve", disse Scott.
"Lembre-se, nós podemos reconstruir sua casa, mas não podemos devolver sua vida", acrescentou.
O
Exército americano mobilizava milhares de soldados e enviou grandes
embarcações para auxiliar nos trabalhos de evacuação e socorro
humanitário.
No Caribe, ventos violentos
arrancaram telhados e destruíram fachadas de prédios, derrubaram blocos
de concreto, carros e inclusive contêineres.
Pelo
menos duas pessoas morreram em Porto Rico e mais da metade dos três
milhões de habitantes ficaram sem eletricidade depois que rios
transbordaram no centro e no norte da ilha.
Outras quatro pessoas morreram nas Ilhas Virgens, e vários feridos graves foram levados por via aérea para Porto Rico.
Uma pessoa morreu na minúscula Barbuda, onde 30% das propriedades foram demolidas e 300 pessoas, evacuadas para Antigua.
A
França informou que pelo menos nove pessoas morreram em seus
territórios no Caribe, enquanto outras sete estão desaparecidas. Houve
112 feridos, dois com seriedade.
Na parte holandesa de São Martinho (St Martin), uma pessoa morreu, segundo fontes oficiais.
No
Haiti, um motociclista está desaparecido depois de ser arrastado quando
tentava cruzar um rio, e várias estradas foram arrasadas.
Os
países europeus se mobilizaram rapidamente para ajudar seus cidadãos no
Caribe. A França e a Holanda enviaram centenas de policiais a St Martin
para combater uma onda de saques, em meio a escassez de comida, água e
petróleo.
O governo francês disse que enviará
400 policiais após registros de "pilhagem" em St Martin, onde a maioria
dos 80 mil habitantes perderam suas casas.
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