sexta-feira, 8 de setembro de 2017

ESPORTES

Brasiliense de 51 anos vai competir em Mundial de Kickboxing 

 

Marcelo Ribeiro voltou aos combates despertado pelo diagnóstico de autismo do filho

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Voltar a praticar um esporte e competir em alto rendimento depois de um tempo afastado da rotina de exercícios pode ser um desafio. Para superar as dificuldades, muitos atletas buscam algum incentivo para conseguir ultrapassar os limites. É o caso de Marcelo Ribeiro, laureado campeão mundial de kickboxing em maio, após ter passado 15 anos sem competir. A inspiração para a jornada foi o filho de 2 anos, diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA). Aos 51 anos, o lutador brasiliense planeja conquistar outro título importante no domingo (10/9), em Buenos Aires, no Mundial Aberto de Artes Marciais.
 
O retorno de Marcelo ao kickboxing se deu por um convite de um antigo professor, no início do ano. “Ele me ligou e disse que precisava de um lutador para disputar a categoria máster no Mundial”, relembra o atleta, que topou o desafio, mas pediu um ano para se preparar. No entanto, o plano do professor era outro. A luta estava prevista para três meses depois. Ao saber, Marcelo pensou em desistir. “Eu estava treinando, mas a volta é muito dolorosa. Meu corpo não estava aguentando as dores.”
 
O incentivo para continuar veio da mulher de Marcelo. Maria Aparecida de Oliveira questionou o marido. “O Arthur aguenta, não desiste de nada e você vai parar de lutar?”, repete Maria. O pai diz que desconfiava do transtorno do filho desde que o menino tinha 9 meses, mas o diagnóstico só saiu no início deste ano. “Para mim, lutar é um jeito de mostrar a ele que surgirão várias barreiras e que ele precisa combater para vencê-las”. Um dos obstáculos é o preconceito enfrentado desde cedo — Arthur já chegou a ser proibido de brincar com colegas no bairro. 
 
Marcelo encarou o desafio e foi campeão nas categorias low kick e full contact no Mundial da União Internacional de Artes Marciais das Américas (Uiama), em maio, também na Argentina. Agora, o desafio é outro. Marcelo disputa o boxe, o kickboxing low kick e o full contact no torneio organizado pela União Mundial de Kickboxing (UMK).
 
 

Quinteto candango

Como representante do país pela Confederação Brasileira de Lutas e Artes Marciais (CBLAM), Marcelo diz que há boas expectativas. Ele é um dos cinco lutadores da capital que representam o país na competição. Altaceste Baptista, 54 anos, Washington Baptista, 33 anos, Wendel Ferreira, 38 anos, e Patrick Isaac, 37 anos, lutarão ao lado do amigo. 
 
Marcelo explica que, devido ao evento já ter lutas definidas, isso permite que o competidor dispute várias modalidades. “Já lutamos direto pelo cinturão contra o campeão mundial, como se fosse um UFC”, comemora. 
 
O lutador é envolvido com artes marciais desde os 13 anos. Marcelo conheceu a luta porque arrumava confusão na rua onde morava. “Um amigo meu me convidou para treinar em vez de brigar e estou aqui até hoje”, conta. A primeira modalidade que conheceu foi o caratê. Depois, o brasiliense passou por boxe, kickboxing e, por último, o vale-tudo.

Projeto voluntário

Além de incentivá-lo a voltar às competições, a síndrome do filho inspirou Marcelo a criar um projeto que ajuda crianças que enfrentam dificuldades por causa do autismo. A ideia surgiu quando o pai notou a melhora do filho num dos treinos. “Quando o levei à academia, percebi que ele interagiu com outras pessoas. Isso nunca tinha acontecido”, lembra o lutador, impressionado com a reação de Arthur. 
 
Junto dos tratamentos que faz, a luta ajudou Arthur a se desenvolver. “Essa parte de atividade é na qual ele mais se diverte e mais se destaca”, afirma. Dessa forma, a intenção é levar isso para outras crianças que precisam. “A ideia é começar a ajudar pela escola do Arthur, que também atende outros autistas. Depois, começar a expandir para creches”, imagina. 
 
Ainda em fase de planejamento, Marcelo conta com o apoio da equipe que treina com ele. “Como alcançamos um nível alto de luta, no qual ganhamos a maioria dos títulos, esse seria um novo desafio”, completa. A iniciativa tem caráter voluntário e pretende orientar os pais de crianças que não sabem como auxiliar no tratamento dos filhos. 

As modalidades

O kickboxing é dividido em submodalidades. Os atletas competem em diferentes categorias divididas por peso, graduação e idade

Full contact: os atletas podem utilizar técnicas de mão do boxe tradicional e todos os tipos de chutes que atinjam o adversário da cintura para cima. É permitido o nocaute.

Low kick: as mesmas definições técnicas do full contact, porém é permitido atingir adversário com chutes do joelho pra cima.

Semi contact: modalidade de contato controlado, na qual a luta é interrompida pelo juiz a cada golpe. Não é permitido nocautear o oponente. 

Light contact: tem as mesmas características do full contact, mas não é permitido nocautear o adversário. Na modalidade, o lutador visa tocar o maior número de vezes o oponente com o máximo de velocidade e sem grande potência.

 SE





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