Pamonha “contemporânea” é tema de aula-show na CLDF
O professor Marcos Lelis ensinou receita de pamonha com produtos que iriam para o lixo
Com a receita de uma pamonha "contemporânea", em aula-show proferida pelo professor do Iesb Marcos Lelis, especialista em alimentação saudável, prosseguiu na tarde desta sexta-feira (1º) o "Seminário Alimentação Saudável", na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Utilizando ingredientes naturais e característicos do Cerrado, Lelis mostrou como é fácil aproveitar alimentos que habitualmente vão parar na lata de lixo.
Antes da demonstração culinária, no auditório da CLDF, o professor discorreu sobre a importância do alimento para a humanidade e defendeu uma alimentação mais natural. "A comida, além de fonte de sobrevivência, é um pilar da sociedade, responsável pela sociabilidade", afirmou, chamando a atenção para o fato de que, atualmente, "mais de 76% dos alimentos provêm da indústria".
Também foram abordados temas como as plantas alimentícias não convencionais (pancs) e o aproveitamento do lixo orgânico. Paulo Melo, do E-Cozinha, iniciativa de donos de restaurantes brasilienses para dar destinação correta aos resíduos produzidos nos estabelecimentos, explicou que uma das diretrizes do projeto é criar pátios de compostagem a partir do lixo orgânico: "Podemos pensar que cada quadra poderá ter o seu".
O nutricionista Aldemir Mangabeira elogiou o evento, promovido Frente Parlamentar para a Promoção do Desenvolvimento Social do DF da Câmara Legislativa, "por contribuir para a disseminação de práticas alimentares saudáveis". Ele também argumentou a favor da "preservação da herança alimentar", um dos temas abordados por Marcos Lelis, enquanto preparava a pamonha "contemporânea".
Receita – "A pamonhada é um evento que reúne dezenas de pessoas em torno de uma receita. Uma ideia de mutirão, um rito que promove a sociabilização e que precisa ser preservado", declarou Lelis. Para fazer a pamonha, ele utilizou um caldo de hortaliças – que tem por base restos e aparas de, por exemplo, talos de cenoura e pedaços de cebola –, ao qual acrescentou milho, previamente ralado e depois processado no liquidificador, um pó de ervas (também preparado com restos de temperos como salsinha e coentro desidratados no forno micro-ondas) e sal.
Depois de cozida, Lelis "despejou" a pamonha sobre um "mix" de folhas picadas e finalizou o prato, "por uma questão de estética", com ingredientes do Cerrado. "O mais importante é perceber onde queremos chegar. A mudança dos hábitos alimentares é uma decisão que só traz resultados positivos", apontou, reafirmando sua militância contra produtos industrializados. O professor também evidenciou a CSA, sigla para "Comunidade que Sustenta a Agricultura", que cria uma relação direta entre quem produz e quem consome os produtos.
Debates – O seminário também teve espaço para debates. Autoridades, especialistas e estudantes trataram dos temas "Saúde e sustentabilidade ambiental do alimento que chega à nossa mesa" e "Agricultura urbana e periurbana no DF – resultados e desafios". Houve ainda uma oficina para jovens de 15 a 17 anos de idade, sobre a importância da alimentação saudável, na qual aprenderam a fazer "suco verde".
O "Seminário Alimentação Saudável", na CLDF, é um dos eventos da "Virada do Cerrado" – mobilização para a educação ambiental que realiza atividades integrando o Distrito Federal em um grande movimento pela sustentabilidade, destacando boas experiências e melhores práticas. A "Virada do Cerrado" prossegue até domingo (3).
Marco Túlio Alencar - Coordenadoria de Comunicação Social/CLDF
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