Unidades da Susipe começam a receber visita da Imagem Peregrina
Ao som do hino que pede "a bênção bondosa” à senhora de Nazaré, internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF) de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, receberam na porta das celas a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré. A visita da imagem às unidades da Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) iniciou nesta sexta-feira (1º), no CRF. A peregrinação pelos centros de recuperação já está prevista na agenda de eventos que antecedem o Círio de Nazaré, que este ano será realizado no dia 8 de outubro. Dom Irineu Roman, bispo auxiliar de Belém, realizou a celebração e conduziu a Imagem Peregrina pelas dependências da instituição, junto com o diácono Ademir Silva, coordenador da Pastoral Carcerária em Belém.
No lugar onde crimes e sentenças são os mais variados, prevaleceu o sentimento de gratidão. Filha única entre sete irmãos, Nazaré de Souza contou que correu risco de morrer ainda na barriga da mãe. Esta depositou suas esperanças em Nossa Senhora de Nazaré, e prometeu que se a filha sobrevivesse, daria a ela o nome da padroeira dos paraenses. Hoje, ao ficar à frente da imagem, além do pedido de perdão, ela também agradeceu pela graça alcançada.
“A gente se sente feliz, se sente abençoada. É uma renovação de paz, de amor, só coisas boas. A história dela inspira muito sobre respeito, amizade, amor, perdão. Maria é mulher e sofreu muito também, não da forma que a gente sofre, mas a maioria aqui é mãe. Então, é um exemplo para todas nós. Eu agradeço por estar hoje bem pertinho dela e participar desse momento”, afirmou Nazaré de Souza.
Roteiro - Até a véspera do Círio, 18 centros de recuperação na Região Metropolitana de Belém irão receber a visita da Imagem Peregrina. O momento possibilita aos católicos encarcerados o encontro com a palavra de Deus, que eles recebem como sinal de libertação, transformação e fortalecimento da fé, além de uma vivência fraterna.
Para D. Irineu Roman, mesmo com a limitação do espaço físico os internos do sistema penal devem vivenciar uma parte do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que é também uma experiência de crescimento interior. “A vinda de Nossa Senhora de Nazaré é um sinal de fé, esperança e recuperação, porque Deus sempre quer o bem das pessoas. Nossa intenção é trazer Jesus, que Nossa Senhora traz em seu colo, com sua misericórdia infinita. Que todas elas tenham, a partir de agora, o propósito da vida à conversão, e possam fazer a experiência da fé, pois o Círio é um momento de renovação”, afirmou o bispo auxiliar.
Após a celebração, bíblias foram sorteadas entre as internas. Em seguida, a imagem foi carregada pelas detentas durante o trajeto pelas celas da unidade.
Para a diretora do CRF, Carmem Botelho, por se tratar de um espaço dedicado às mulheres, a vinda da imagem tem um grande significado. “Tê-la entre nós representa o amor, a paz, a fraternidade. Todas as vezes que Nossa Senhora vem aqui, elas têm um grande respeito, uma grande admiração. Elas passam a compartilhar mais do sentimento de compaixão, se tornam mais amigas, reduzem a intolerância e as brigas. Nossa Senhora sempre traz uma mudança, e essa mudança atua como uma semente que vai, ao longo do tempo, se transformando em um grande jardim. Nós, que estamos diariamente aqui, percebemos essa mudança de atitude”, relatou a diretora.
Pastoral Carcerária - Atuando nas unidades de recuperação do Pará há 25 anos, a Pastoral Carcerária, vinculada à Arquidiocese de Belém, evangeliza pessoas privadas de liberdade por meio de encontros periódicos, destinados à leitura da Bíblia, reflexão e ações de fraternidade. Uma novidade da Pastoral é a formação de Ministros da Palavra, para que os internos participantes sejam multiplicadores e integrantes da Pastoral Carcerária dentro da casa penal.
Para o coordenador da Pastoral Carcerária em Belém, diácono Ademir Silva, ao longo de sua existência a Pastoral já colheu excelentes frutos. “Muitos já foram convertidos pela palavra de Deus. O trabalho da Pastoral é partilhar. Nós evangelizamos e somos evangelizados. Nós somos como o porta-voz da palavra, assim como elas, por isto a formação dos Ministros. É um trabalho de mão dupla, onde todos saem evangelizados. Sabemos de pessoas que ao sair do cárcere permanecem em sua missão, e isso é muito gratificante”, afirmou o diácono.
Por Timoteo Lopes
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