Caminhadas e corridas podem prevenir Doença de Alzheimer, diz médico
Cardiologista
Nabil Ghorayeb comenta estudo feito com idosos ativos e sedentários que
mostrou que o risco da doença pode ser reduzido através da simples
prática de atividade física
Por Nabil Ghorayeb, São Paulo
Caminhar ou correr mantém o cérebro ativo e saudável depois dos 60
anos. É o que sugerem novos estudos científicos de alta credibilidade.
Os idosos que andam ou trotam entre 6km e 9km por semana apresentaram
mais massa cinzenta no cérebro do que aqueles que levam uma vida
sedentária. O exercício físico regular ajuda a proteger contra a
deterioração do tecido cerebral no hipocampo e em outras áreas críticas
para a memória, podendo proteger contra o Alzheimer e outros tipos de
demência. O conceito atual é de que maiores quantidades dessa massa
cinzenta significam um menor risco de vir a sofrer de distúrbios de
memória e de comportamento em geral.
Com o avançar da idade o cérebro encolhe muito, o que afeta quase todas
as suas funções. Na doença de Alzheimer, as células nervosas morrem e
são substituídas por pedaços de proteína chamada Beta–Amiloide (Aβ).
Junto com outra proteína cerebral chamada TAU, elas se agrupam em
depósitos anormais de fragmentos, as placas dessas proteínas entre as
células nervosas, formando a Doença de Alzheimer, um tipo de demência
(que é a perda da função cerebral).
Benefícios da prática de exercícios ocorrem em qualquer idade (Foto: Getty Images)
Nos últimos anos, a identificação dos biomarcadores para essa doença
permitiu comparar os níveis das proteínas patológicas naqueles que são e
aqueles que não são fisicamente ativos. A atividade física aeróbica não
só melhora a função comportamental, como também o fluxo sanguíneo
cerebral, reduzindo os níveis do Beta-Amiloide e Tau, proteínas
causadoras dessa terrível demência.
Assim torna-se obrigatório, por parte dos profissionais da saúde,
incentivar o exercício físico, em todas as fases da vida, dadas as
evidências crescentes de que o risco da Doença de Alzheimer pode ser
diminuído através da prática da atividade física como o simples caminhar
e mesmo a corrida. Sem dúvida esses benefícios em qualquer idade, são
um verdadeiro imperativo da saúde pública.
Devemos intervir no estilo de vida - alimentação saudável, reduzir o
estresse, ter sono adequado e aumentar atividade física - para prevenir a
demência. Todas as pesquisas demonstram que o exercício é de resultado
efetivo superior quando se trata de preservar a saúde mental: cognição,
memória, etc.
A partir de relatos pessoais sobre exercícios físicos, pesquisadores
dividiram os pacientes em dois grupos, os que relataram menos de 150
minutos por semana (baixo exercício) e aqueles que relataram 150 minutos
ou mais por semana (alto exercício). O grupo de baixo exercício
apresentou mais sintomas depressivos, conforme medido pela Escala de
Depressão Geriátrica. No grupo de baixo exercício, o nível médio de
Beta-Amiloide cerebral foi maior do que nos que estavam no grupo de alto
exercício. Essa quantificação foi pela tomografia computadorizada
cerebral.
Nos últimos anos, também foram identificados biomarcadores para a
Doença de Alzheimer, o que permitiu comparar os níveis Beta -amiloide
(Aβ) e Tau - ambas as características da Doença de Alzheimer - naquelas
pessoas que são e das que não são fisicamente ativas.
Fonte: Conferência Internacional de Associação de Alzheimer (AAIC) 2017.
*As
informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira
responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto
de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.
Formado em medicina pela FM de Sorocaba PUC-SP, Doutor em Cardiologia
pela FMUSP , Chefe da Seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese
Cardiologia, Especialista por concurso em Cardiologia e Medicina do
Esporte, Médico Sênior do Grupo Fleury Medicina e Saúde, Coordenador da
Clínica CardioEsporte do HCor, CRM SP 15715 , Prêmio Jabuti de
Literatura Ciência e Saúde. www.cardioesporte.com.br. (Foto: EuAtleta)
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