Ophir Loyola alerta estudantes sobre o tabagismo
O gosto amargo é mascarado por aromas e sabores diversos, além de embalagens chamativas cada vez mais bem elaboradas, é assim que a indústria tabagista torna o produto mais atrativo, principalmente para crianças e adolescentes. Depois da primeira tragada, esse é o grupo mais vulnerável à dependência da nicotina, apenas uma das mais de 4,7 mil substâncias altamente tóxicas e cancerígenas presentes na composição do cigarro, responsáveis por 30% de todos os tipos de câncer, 90% dos casos de câncer de pulmão e mais de 50 doenças relacionadas ao hábito de fumar.
E para chamar a atenção do grupo mais suscetível, a Rede Paraense de Combate ao Câncer (RPCC) reuniu estudantes e professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Augusto Meira durante o Seminário “Construindo um Mundo Sem Tabaco”. O encontro faz alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado hoje, 29, e apresentou as principais substâncias responsáveis pela dependência química, os males causados à saúde dos fumantes ativos e passivos e os principais tipos de câncer relacionados ao tabagismo.
O coordenador da Rede, Antenor Madeira, afirmou que conhecida como uma fase complicada, de rebeldia, de descobertas e de novas experiências, é na adolescência que as pessoas costumam ter o primeiro contato com o cigarro. “A indução ao consumo muitas vezes está associada à imitação de comportamento dos genitores, amigos e possui importantes implicações na vida do adolescente, que fica muito mais propenso ao uso do álcool e outras drogas ilícitas”, destacou.
Na família do estudante Ademir Junior, 17 anos, não há fumantes, mas ele tem alguns amigos que usam cigarros. “O seminário foi bem esclarecedor e mostrou quanto a prevenção é importante no combate às doenças, e que se fosse melhor desenvolvida, não haveria tantos gastos com o tratamento de doentes. As consequências da dependência química são alarmantes não são só para quem fuma, mas para as famílias dessas pessoas também”, descreveu.
O médico Hélio Franco esclareceu que o uso precoce das substâncias psicotrópicas aumenta a chance de dependência. “Quanto mais cedo a iniciação, maior será a dificuldade para largar o hábito e maiores serão os danos à saúde do fumante. Estudos apontam que 90% dos fumantes são ansiosos, o que dificulta ainda mais largar as substâncias psicotrópicas, e cerca de 95% precisa de ajuda para enfrentar a dependência química”, afirmou.
Segundo o Ministério da Saúde, 428 pessoas morrem por dia no Brasil por causa do tabagismo, 12,6% de todas as mortes que ocorrem no país podem ser atribuídas ao tabagismo. Em Belém, cerca de 61.376 moradores são fumantes, o equivalente a 6,1% da população, segundo uma pesquisa da Vigilância de fatores de Risco e Proteção Para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, realizada em 2016.
No Pará, nos últimos dois anos, pelo menos 200 pessoas passaram por tratamento contra câncer de pulmão no hospital Ophir Loyola, referência no tratamento de câncer pelo Sistema único de Saúde (SUS) no Estado. O índice não corresponde ao real número de casos no Pará, já que alguns procuram atendimento em planos de saúde.
No SUS, pesquisas acadêmicas realizadas no HOL observaram que a maioria dos pacientes é do sexo masculino, correspondendo a cerca de 70%, sendo que a maior procedência do interior do Estado, com aproximadamente 60%. A faixa etária de maior frequência de câncer de pulmão é de 61 a 70 anos de idade (35%).
Por Leila Cruz
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