Empresa responsável por contagem de votação na Venezuela denuncia manipulação do governo
Governo anunciou a participação de pelo menos um milhão a mais de votantes no pleito de domingo (30). Presidente do parlamento diz que pedirá investigação.
Por G1
Diretor-executivo da
Smartmatic, Antonio Mugica, afirmou nesta quarta-feira (2) que número de
participantes anunciados pelo governo foi manipulado (Foto: Niklas
Halle'n / AFP)

A Smartmatic, empresa responsável pelo sistema eleitoral na Venezuela,
afirmou nesta quarta-feira (2) que o número de eleitores que
participaram da votação que elegeu a Assembleia Constituinte foi
manipulado. O governo anunciou a participação de pelo menos um milhão a
mais de votantes no pleito de domingo (30).
Em uma entrevista coletiva em Londres, o diretor-executivo da
Smartmatic, Antonio Mugica, afirmou que “sem dúvida, a taxa de
participação na recentes eleiçõe para Assembleia Nacional Constituinte
foi manipulada”.
"Uma auditoria permitia conhecer a taxa exata de participação.
Estimamos que a diferença entre a participação real e a anunciada pelas
autoridades é de pelo menos um milhão de votos", afirmou.
Julio Borges, presidente do Parlamento (que é de maioria opositora),
anunciou que irá pedir à procuradoria uma investigação sobre a denúncia.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/k/6/TETxBETPAbk7K3BTKeKg/maduro.jpg)
Nicolás Maduro foi o primeiro a votar neste domingo (Foto: Miraflores Palace/Handout via REUTERS )
A oposição já questionava o número de eleitores apresentado pelo goveno. O Conselho Nacional Eleitoral afirmou que 8 milhões de venezuelanos
foram às urnas (ou 41,53% dos eleitores venezuelanos), mas a coalizão
opositora Mesa da Unidade Democrática dizia que o número não tinha
passado de 2,5 milhões (12,4% dos eleitores).
Entre 2004 e 2015, a Smartmatic participou de 14 eleições, instalou
mais de meio milhão de máquinas de votação e processou mais de 377
milhões de votos na Venezuela, de acordo com informações fornecidas pela
empresa ao jornal “El Universal”.

A denúncia acontece no dia em que estava prevista, inicialmente, a
posse dos 545 deputados que vão redigir a nova Carta Magna venezuelana e
tem potencial para aumentar ainda mais o nível de tensão no país.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, propôs a Constituinte como
solução para a grave crise política do país, mas a oposição, que exige
eleições gerais, considera a iniciativa uma manobra para tentar
prolongar o mandato do presidente. Os opositores têm maioria no
Parlamento.
O Conselho Nacional Eleitoral considerou a denúncia "irresponsável" e "sem fundamento".
"É uma afirmação irresponsável com base em estimativas sem fundamentos
no dado manejado exclusivamente" pelo CNE, disse a sua presidente
Tibisay Lucena.
Data da posse
Embora estivesse prevista para acontecer nesta quarta, o governo não
confirmou o dia e horário que a polêmica Assembleia Constituinte seria
empossada, o que tem criado confusão entre seus adversários.
Na terça-feira (1º), o vice-presidente venezuelano, Tareck El Aissami,
disse apenas que Assembleia seria instalada em "em poucas horas". Face à
indefinição, a oposição decidiu adiar para quinta-feira (3) a grande passeata de protesto que deve acontecer em Caracas.
O percurso da passeata de quinta-feira ainda não foi revelado, mas deve
tentar chegar ao Palácio Legislativo, sede do Parlamento de maioria
opositora e que em breve também será a sede da Assembleia Constituinte,
segundo a France Presse.
Mas em quatro meses de protestos da oposição, que deixaram mais de 120
mortos, as manifestações não conseguiram se aproximar em nenhum momento
do centro de Caracas, onde se concentram os poderes públicos e área que é
considerada um reduto chavista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário