terça-feira, 8 de agosto de 2017

MPF


MPF diz que Cabral recebeu quase R$ 145 milhões de propina em esquema no transporte do RJ

Ministério Público ofereceu mais duas denúncias contra o ex-governador e mais 23 investigados em operação. 'Fica difícil imaginar o final', diz procurador sobre a atuação da quadrilha em diversas áreas do governo.

Por Fernanda Rouvenat, G1 Rio  

Procuradores detalham esquema de corrupção desvendado com a Operação Ponto Final (Foto: Fernanda Rouvenat / G1 Rio) 

Procuradores detalham esquema de corrupção desvendado com a Operação Ponto Final (Foto: Fernanda Rouvenat / G1 Rio)  

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foi denunciado mais duas vezes pelo Ministério Público Federal por centenas de crimes de lavagem de dinheiro, contra o sistema financeiro e organização criminosa. De acordo com o órgão, há provas de que, a partir da “caixinha de propina”, 26 empresas de ônibus fizeram repasses a políticos de mais de R$ 250 milhões entre janeiro de 2013 a fevereiro de 2016. Além de Cabral, outras 23 pessoas também foram denunciadas.
 
As investigações apontaram que a propina da Fetranspor destinou R$ 144,7 milhões para Cabral entre julho de 2010 e outubro de 2016, além de R$ 43,4 milhões de julho de 2010 a fevereiro de 2016 ao ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviário do Estado do Rio de Janeiro (Detro) Rogério Onofre.
 
De acordo com a denúncia, os crimes contaram com a participação decisiva da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado, que reúne 10 sindicatos, como o Rio Ônibus.
 
Para o Ministério Público, já ficou comprovado que o dano causado pela organização criminosa liderada pelo ex-governador é enorme. "Desde a Calicute, nós avançamentos muito nessa definição da extensão do dano causado pela organização criminosa chefiada por Cabral. De fato, fica difícil imaginar o final. Basta ver no organograma da administração pública. Nós fizemos a Operação Fratura Exposta, da Secretaria de Saúde, agora na Secretaria de Transportes, de Obras, a administração como um todo parece que a ainda há muita coisa a ser feita", afirmou o procurador da república Leonardo de Freitas.  

Agora, o ex-governador já é denunciado em 14 processos, sendo que em um deles, já foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão. As outras 13 denúncias ainda serão julgados.
A Força-Tarefa da Lava Jato ainda pediu que, junto com a condenação dos denunciados, a Justiça determine o bloqueio de pelo menos R$ 520 milhões para reparar os danos causados pela organização com esses crimes.
 
 
Com os repasses, empresários como José Carlos lavouras, Jacob Barata Filho, Lélis Teixeira, Marcelo Traça e João Augusto Monteiro garantiam a hegemonia no setor de transportes, benefícios na política tarifária e de gestão desse serviço público.  

Ainda de acordo com a denúncia, para desviar recursos e remetê-los ao exterior, a organização se estruturou em quatro núcleos interdependentes: econômico (donos de empresas de ônibus à frente da Fetranspor); administrativo (gestores do Estado que pediam vantagens indevidas pagas por empresários); financeiro-operacional (responsáveis por operações para lavar ativos); e político (ex-governador e líder da organização).
 
 
A propina era recolhida nas garagens das empresas de ônibus e, muitas vezes, guardadas em transportadoras de valores. Entre os fatos narrados na denúncia estão a concessão do aumento das passagens de ônibus intermunicipais em 7,05% e o desconto de 50% no IPVA das empresas de ônibus em janeiro de 2014.  

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral deixa a sede da 7ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro, na região central do Rio de Janeiro, após ser interrogado na manhã desta segunda-feira, 10. Cabral está preso desde novembro do ano passado, acusado de chefiar um esquema de corrupção que teria movimentado centenas de milhões de reais. Em maio, o ex-governador foi transferido do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio, para um presídio reformado em Benfica, na zona norte, onde ficava o antigo Batalhão Especial Prisional (BEP) e atualmente abriga detentos com diploma de nível superior ou acusados de não pagamento de pensão. 10/07/2017 (Foto: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO)
 
 

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral deixa a sede da 7ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro, na região central do Rio de Janeiro, após ser interrogado na manhã desta segunda-feira, 10. Cabral está preso desde novembro do ano passado, acusado de chefiar um esquema de corrupção que teria movimentado centenas de milhões de reais. Em maio, o ex-governador foi transferido do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio, para um presídio reformado em Benfica, na zona norte, onde ficava o antigo Batalhão Especial Prisional (BEP) e atualmente abriga detentos com diploma de nível superior ou acusados de não pagamento de pensão. 10/07/2017 (Foto: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO) 

Confira a lista dos denunciados:

  • Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho
  • José Carlos Reis Lavouras
  • Jacob Barata Filho
  • Lélis Marcos Teixeira
  • Marcelo Traça Gonçalves
  • João Augusto Morais Monteiro
  • Álvaro José Galliez Novis
  • Edimar Moreira Dantas
  • Rogério Onofre de Oliveira
  • Cláudio Sá Garcia de Freitas
  • Dayse Deborah Alexandra Neves
  • Alexsander Luiz de Queiroz Silva
  • Bernardo Lederman Zajd
  • Carlos Emanuel de Carvalho Miranda
  • Luiz Carlos Bezerra
  • Márcio Marques Pereira Miranda
  • David Augusto da Câmara Sampaio
  • Eneas da Silva Bueno
  • Octacílio de Almeida Monteiro
  • Carlos Roberto Alves
  • Regina de Fátima Pinto Antonio
  • Eni da Silva Gulineli
  • Claudia da Silva Souza Ferreira
  • Francisca da Silva Medeiros
 

 

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