domingo, 27 de agosto de 2017

Maior desafio

‘É o meu maior desafio até então’



“É o meu maior desafio até então” – é dessa forma que Ivan Bodra Guimarães fala sobre a nova função conquistada – a de Comandante da Marinha. Guimarães aponta que todos que trabalharam com ele puderam contribuir para que tivesse o conhecimento necessário e deram confiança para que exercesse esse importante cargo.
Ele que é de Catanduva fala que se apaixonou pela área ao acaso, quando tinha ainda 14 anos e estava de férias. Quando estava em Angra dos Reis teria conhecido o Colégio Naval. Demonstrou interesse, soube o quanto era difícil entrar para a Marinha, mas se sentiu desafiado e tentou, não foi na primeira tentativa que ele conseguiu, mas na segunda conquistou a vaga.
Sobre o que muda com a nova função, ele aponta que aumenta a responsabilidade. “Costuma-se dizer que, quando o Navio está no mar, tem uma pessoa que não tem a quem recorrer, sua decisão é a última e não pode abrir mão de decidir. Ele decide pela sua vida, pela vida de sua tripulação e pelo Navio. A este homem dá-se o nome de Comandante. A ele é atribuída a responsabilidade por tudo que ocorre a bordo”, explica.
Em entrevista especial ao O Regional, Guimarães fala sobre o que mais se recorda da infância na Cidade Feitiço, os segmentos da Marinha, o trabalho e sobre a nova função atribuída em Belém, no Pará. Confira:
O Regional – Do que mais se lembra da sua infância em Catanduva? Do que não abria mão de fazer na nossa cidade?
Ivan Bodra Guimarães – Lembro de poder brincar na rua, com os amigos e com os meus irmãos. Conseguia ir de bicicleta para escola e pro clube desde pequeno. Tínhamos muita liberdade e não nos preocupávamos com segurança.
O Regional – Como foi a escolha da carreira? Sempre sonhou desde muito jovem em se tornar um membro da Marinha?
Ivan Bodra Guimarães – Foi por acaso, eu tinha 14 anos e estava de férias com meus pais em Angra dos Reis quando conheci o Colégio Naval. Falaram muito bem da instituição e o quanto era difícil entrar para a Marinha. Eu me senti desafiado e tentei. Me inscrevi para fazer as provas e não passei, vi que era difícil mesmo. Me esforcei mais e no ano seguinte eu consegui.
O Regional – Quais são os segmentos da Marinha? Sua família sempre te incentivou?
Ivan Bodra Guimarães – A Marinha do Brasil atua em diversos segmentos. Além de ser responsável pela defesa da pátria, também fiscaliza o tráfego mercante, presta apoio a comunidades isoladas na Amazônia e no Pantanal, prepara os profissionais que trabalham no mar e faz o mapeamento dos mares e rios navegáveis. Sempre tive muito apoio da minha família, principalmente nos momentos mais difíceis de adaptação à vida militar.
O Regional – Quais foram os desafios encarados logo nos primeiros anos de profissão? Há quanto tempo faz parte da corporação?
Ivan Bodra Guimarães – Estou há 16 anos na Marinha. No início, nós aprendemos a trabalhar com disciplina e hierarquia e logo percebemos que a exigência dos estudos é elevadíssima. Com o tempo outros desafios vão surgindo e o principal, a liderança, está sempre presente ao longo da carreira, desde comandar um pelotão na escola de formação até um Navio.
O Regional – Recentemente se tornou Comandante. Como foi essa conquista para a sua vida?
Ivan Bodra Guimarães – É o meu maior desafio até então. Fiquei muito honrado pela confiança que meus superiores tiveram em mim ao me indicar para o cargo e representa o esforço de todos que de alguma forma me influenciaram. Meus pais, meus superiores, meus pares e meus subordinados. Todos que trabalharam comigo contribuíram para que eu tivesse o conhecimento técnico necessário e me deram confiança para exercer este importante cargo.
O Regional – O que muda agora?
Ivan Bodra Guimarães – Aumenta a responsabilidade, que é intrínseca ao cargo. Costuma-se dizer que, quando o Navio está no mar, tem uma pessoa que não tem a quem recorrer, sua decisão é a última e não pode abrir mão de decidir. Ele decide pela sua vida, pela vida de sua tripulação e pelo Navio. A este homem dá-se o nome de Comandante. A ele é atribuída a responsabilidade por tudo que ocorre a bordo. As ações de qualquer pessoa a bordo do navio são responsabilidade do Comandante. A ele é dado até o direito de julgar e punir, se for o caso, as contravenções disciplinares dos seus subordinados.
O Regional – Para quem não sabe, quais são as suas atribuições?
Ivan Bodra Guimarães – Na Marinha temos em torno de 100 navios, o Comandante é um Oficial selecionado entre os que cumprem certos requisitos da carreira e fica um período de um ou dois anos no cargo, depois passa para outro Oficial selecionado e segue sua carreira normalmente assumindo outras funções em organizações maiores do que o navio que comandou.
O Regional – Na sua área, tem algum profissional que te inspirou e ainda te inspira? Quem?
Ivan Bodra Guimarães – Vários Oficiais, e Praças também, foram importantes exemplos para mim, tive oportunidade de servir com excelentes profissionais e isso me motiva muito a buscar sempre o melhor. Citar um nome seria injusto, é possível tripular um Navio de grande porte só com as pessoas que tiveram uma influência positiva para mim.
O Regional – Como é a sua rotina de trabalho? Fica muito tempo em alto mar? Quanto tempo em alto mar e quanto tempo em terra firme, mais ou menos?
Ivan Bodra Guimarães – Essa talvez seja a característica que diferencia a vida do militar. Não temos rotina, estamos sempre disponíveis. Na média, as viagens duram 2 meses, com etapas de cinco dias no mar e dois dias em terra. Mas podemos viajar a qualquer momento para cumprir uma missão que dure um dia ou seis meses. Tem navio que fica até 40 dias em alto mar e vai para terra firme só para abastecer, em seguida volta às atividades.
O Regional – Se puder dar alguma dica para quem sonha em se tornar membro da Marinha, qual seria?
Ivan Bodra Guimarães – Estude muito, vale a pena.
O Regional – Morou por um tempo no Rio de Janeiro. Precisou de alguma adaptação da saída do interior para a Cidade Maravilhosa? Quais foram os locais que mais te encantam no Rio?
Ivan Bodra Guimarães – Fui muito bem acolhido, fiz grandes amizades no Rio de Janeiro e isso ajudou bastante. A cidade é realmente maravilhosa, eu não me canso de ir à praia para ver o mar. Recentemente eu fui transferido para comandar o Navio “Rio Tocantins” que fica sediado em Belém, no Pará. Estou me adaptando à cultura do Norte, bem conhecida pela sua rica culinária.
O Regional – O que mais te motiva na Marinha?
Ivan Bodra Guimarães – Particularmente eu gosto da diversidade. A mudança constante de trabalhos, funções, cidades, pessoas faz com que eu nunca me acomode.
O Regional – Vem para Catanduva com frequência? O que não pode faltar quando vem para cá?
Ivan Bodra Guimarães – Sempre que possível eu vou para São Paulo visitar a família. Costumava ter pudim de leite sempre que eu ia. Hoje em dia tem só de vez em quando. Acho que já se acostumaram com a minha ausência (risos).
Cíntia SouzaDa Reportagem Local
O Regional

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