GADO EM EXPOSIÇÃO
Melhorado geneticamente, gado em exposição custa 15 vezes mais que comum; novilhas passam de R$ 200 mil
A promissora aliança que uniu tecnologia e pecuária, colocando o Brasil
em destaque mundial quando se fala em criação de bovinos, comprova, no
pavilhão de leilões da 53ª Expoagro, a prosperidade do setor em meio a
crise. Destinados à diferentes usos, os animais expostos pelos
corredores podem custar até 15 vezes mais do que os comuns, como no caso
dos touros reprodutores Senepol, avaliados em R$ 15 mil. Da mesma
raça, as vacas classificadas como “doadoras” podem passar de R$ 200 mil,
graças a seus valiosos óvulos geneticamente melhorados.
Neste caso a biotecnologia permite que se amplie a eficiência dos
animais, aumentando o número de descendentes com melhor carga genética,
em um curto período de tempo. Em resumo o método, chamado de FIV+TE,
consiste na coleta dos oócitos da doadora, que são fertilizados em
laboratório com sêmen de touros selecionados, dando origem a diversos
embriões. As células são então transferidas para vacas de baixo valor
comercial, conhecidas como “barriga de aluguel”.
O proprietário do grupo Senepol da Conquista, Fábio Mello, que
disponibilizou para o evento mais de 500 animais, também exemplifica o
sistema. “Uma vaca pare um bezerro por ano, na gestação normal. Por meio
dessa tecnologia, o veterinário retira os óvulos e em laboratório
insemina com o sêmen de um touro. No oitavo dia de vida desse embrião,
ele vai pra uma barriga de aluguel. Então você consegue fazer de uma
vaca, 40 bezerros no ano, ao passo que se fosse uma gestação só dela,
seria só um.”
Ele também explica que a raça, própria ao Pantanal por sua
adaptabilidade, apresenta tempo em pasto bastante precoce, uma vez que é
oriunda do cruzamento com o gado Nelore. Assim, do choque entre as duas
raças, a primeira de taurinos e a segunda de zebuínos, surge um animal
com acabamento de gordura melhor, mais rústico e que vai morrer mais
cedo. Combinados os fatores se convertem em lucro para o pecuarista.
“Ao invés de esperar para matar o boi em 24 meses, ele consegue matar
com 20 ou 18. Engorda mais rápido e ele não fica no pasto por tanto
tempo.” Deste modo, nestes casos, as vacas são mais valorizadas. “Ela é
uma forma de multiplicação, ao passo o touro vai ter que estar no campo
fazendo cruzamento. No mercado hoje a escala de venda é muito maior de
touro do que de vaga. Quem vai comprar a vaca senepol é só quem é
criador", explica Fábio.

Para além destes exemplares, com preços fixos estabelecidos, os leilões
também são responsáveis por grande parte dos investimentos no evento. Só
no ano passado, quando a crise economia estava mais acentuada e a 52ª
edição sofreu com cortes, a organização da Expoagro registrou um
faturamento de R$ 30 milhões. Metade do montante é proveniente da
realização dos Leilões. O balanço deste ano deverá ser divulgado na
próxima semana, após o encerramento da feira.
Enquanto mostra os touros da raça Nelore, o gerente de pecuária do grupo
Celeiro, Sérgio Mazziero fala sobre os valores adotados na modalidade
“shopping” e no leilão. “São animais preparados para leilão, aí o que
rege é o mercado, depende do dia lá. O ano passado tivemos o oitavo
leilão e veio subindo essa média de R$7 mil pra R$12,4 mil. São touros
preparados pro leilão e já aptos pro trabalho. Os que estão colocados a
venda aqui saem por R$15 mil, no preço fixo.”
Também com a genética modificada, os animais oferecem sêmen específico
para a criação de gado de corte. “O pecuarista de cria quer um bezerro
pesado, independente da cor. O gado a campo, a finalidade é o abate,
então tem que ser pesado, com bastante rendimento de carne. Hoje o
Nelore, com essas integrações genéticas a gente consegue melhorar ele
pra chegar ao peso ideal de abate precoce e com a qualidade de carne
diferente de um europeu, por exemplo. O Nelore tem mais sabor na
carne.”
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